O SONHO (Aula nº 108 D)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                (Clique na imagem para ampliá-la.)

A mulher adormecida em cima do sofá sonha que foi transferida para este bosque e que está a ouvir os sons do encantador de serpentes. O motivo do canapé inserido nesta pintura, deve-se a esse fato. (Rousseau)

A imagem irradia beleza, isso é indiscutível. Creio que ninguém vai rir este ano. (Guillaume Apollinaire)

É com Rousseau que podemos falar de a primeira vez do Realismo Mágico. (André Breton)

A composição O Sonho é uma obra-prima do pintor francês Henri Rousseau que traz como tema a selva, perfazendo um total de vinte e seis telas com essa mesma versão. Este é o último dos quadros com motivos selváticos, o maior deles e também o último do artista. O mais interessante é notar que, de um quadro para outro, a criatividade Rousseau foi ficando cada vez mais aguçada. Nesta tela em particular, segundo informações, existem mais de vinte tons de verde, sendo considerada uma obra-prima da arte moderna. Todos os pormenores são cuidadosamente trabalhados (haste, folha, flor, etc.). Trata-se de um dos mais belos ícones da pintura visual. Esta obra foi exposta no Salão dos Independentes, poucos meses antes do falecimento de artista francês.

O pintor deixa bem claro em sua criação que se trata de um sonho, daí a razão de a mulher encontrar-se reclinada e nua na tela, à esquerda, numa espécie de sofá de estilo francês, no meio da selva. A retratada é Yadwigha, amante polonesa da juventude do pintor. Arrebatada, ela aponta para o encantador de serpente, ali naquele mundo surreal, que se desenrola em seu derredor, composto por uma paisagem exótica, com folhagens variadas e diversos tipos de animais, dentre os quais são vistos macacos, aves, felinos, um elefante e uma cobra. Enquanto a leoa traz os olhos voltados para a sonhadora mulher, o leão mira o observador com seus olhos perscrutadores.

Um nativo negro, encantador de serpentes, vestindo uma saia colorida e tocando um instrumento de sopro semelhante a uma flauta, ocupa quase que a parte central da composição. Seu corpo mistura-se com o escuro da folhagem, mas seus olhos brilhantes destacam-se, chamando a atenção do observador – a quem fita intensamente. Apesar de tênue, a lua cheia joga sua luz sobre a selva, deixando-a a descoberto para ser admirada. Uma cobra escura, com barriga alaranjada, ondula em meio à vegetação colorida, lembrando as curvas dos quadris e da perna da jovem mulher, enquanto gigantescas e coloridas flores circundam-na.

Embora nunca tivesse deixado seu país, Rousseau transpôs para alguns de seus quadros um mundo fantástico, no qual a natureza é senhora absoluta. Nesta sua última obra, assim como a folhagem entrelaçada da floresta, ele fundiu o exótico e o comum, a selva representativa de um mundo distante e misterioso e o divã comum ao chamado mundo civilizado, numa junção dos dois extremos. As cenas sobre a selva, criadas pelo artista, foram inspiradas pelas visitas que fazia ao Museu Paris de História Natural e também aos jardins botânicos e estufas, e pelas revistas populares da época.

Nota: conheça os detalhes desta pintura, acessando o link abaixo. Não se esqueça de marcar “traduzir”: http://artsnfood.blogspot.com/2013/11/closely-looking-at-heri-rousseaus-dream.html

Ficha técnica
Ano: 1910
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 204,5x 298,5 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, EUA

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
http://www.henrirousseau.net/the-dream.jsp
http://www.visual-arts-cork.com/paintings-analysis/dream-rousseau.htm

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A SABEDORIA POPULAR

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Autoria de Lu Dias Carvalho

 

jaja

Os provérbios são os cavalos da fala. (Prov. Ioruba)

Os provérbios são as filhas da experiência cotidiana. (Prov. Holandês)

Provérbios são frases curtas extraídas de longa experiência. (Prov. Cervantes)

A sabedoria popular está presente em todas as línguas, sendo expressa através de vários nomes: provérbios, adágios, sentenças, aforismos, parêmias, apotegmas, anexins, rifões, ditos e ditados populares. O provérbio apareceu bem antes da história da escrita, sendo transmitido, ao longo dos séculos através das tradições orais dos mais diferentes povos. A sua existência é tão remota que exemplos de sua presença datam de 2600-2550 a.C. É interessante notar como os provérbios foram difundidos através dos tempos, abrangendo formas diversas:

  • forma oral
  • forma escrita
  • no espaço local
  • no espaço nacional
  • no espaço internacional

Segundo pesquisas, o humanista Erasmo de Rotterdam foi um dos mais conhecidos colecionadores de provérbios. E ele, por sua vez, dizia que Aristóteles foi o primeiro a  entregar-se a tal tarefa. O filósofo levava sempre um caderno consigo, no qual recolhia os ditos populares. Já mais próximos de nós, Shakespeare e Cervantes também tinham grande admiração pelos provérbios, como comprovam a leitura de suas obras.

Os provérbios expressam, com poucas palavras, conhecimentos adquiridos pela sabedoria popular ao longo dos tempos, através da observação. Eles devem ser analisados sempre dentro de um contexto, para que sejam mais bem compreendidos, pois possuem um uso instantâneo em ocasiões propícias. Trazem em si diversas funções: solucionar um mal-entendido, dar conselhos, ensinar regras de vivência, pôr um ponto final numa discussão, usar de ironia, dar prosseguimento a um diálogo, ou dizer uma verdade que o emissor não quer dizer diretamente ao receptor, mas deseja levá-lo à reflexão. Num provérbio pode estar embutido:

  • um conselho: Em vez de dar o peixe, ensine a pescar;
  • um aviso ou previsão: Quem não ouve conselho, ouve coitado;
  • uma observação: Em boca fechada, não entra mosca;
  • uma afirmação abstrata: A união faz a força;
  • uma experiência concreta: Quem planta e cria, tem alegria.

Nos tempos atuais não resta dúvida de que a importância dos provérbios foi reduzida nas culturas nas quais predomina a escrita, mas eles ainda persistem com força. Estão na Bíblia, no Corão, no Talmude, nos Vedas, nos textos poéticos, políticos ou religiosos. Nas culturas orais os provérbios encontram-se nas citações dos chefes e anciãos que citam seus ancestrais como seus representantes. Eles sempre iniciam com as palavras: “Como diziam nossos antecipados…”. Essas pessoas são respeitadas e admiradas pelo vasto conhecimento de provérbios que detêm, sabendo utilizá-los no momento necessário. Saber usar bem os provérbios é uma arte.

Fontes de pesquisa
A Sabedoria Condensada em Provérbios/ Nelson Carlos Teixeira
Provérbios e Ditos Populares/ Pe. Paschoal Rangel
Nunca se Case com uma Mulher de Pés Grandes/ Mineke Shipper

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FESTA DE SÃO JOÃO (Aula nº 108 C)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Festa de São João é uma obra do compositor, cantor, sambista e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, palavra que significa “ingênuo” ou “inocente” em francês e que tem naïve como sua forma feminina. Os pintores que se incluíam em tal gênero não eram levados a sério até então, sob o argumento de que não possuíam formação acadêmica, ou seja, não carregavam em seu bojo a educação formal exigida pelo mundo artístico até então.

Numa pracinha circular de chão batido, rodeada por quatro casas à vista, enfeitada com bandeirolas coloridas, um grande grupo de pessoas festejam o São João, festa popular brasileira muito apreciada em todo o país. A criançada diverte-se soltando balões e tentando subir no pau de sebo — brincadeira própria das festividades juninas — que divide a composição ao meio. Alguns adultos, na parte esquerda da composição, observam a cena.

Quatro músicos tocando seus instrumentos estão à direita do quadro, próximos a duas mulheres com seus vestidos de chita coloridos e rodados. Mais à frente crepita uma fogueira e próximos a ela dela dança um casal e três mulheres. Dois garotos brincam com um balão.

Heitor foi convidado em 1943 parar participar da mostra dedicada à Arte Latino-Americana, no Roual Air Force (RAF) em Londres, em benefício das vítimas da Segunda Guerra Mundial. Sua tela Festa de São João foi indicada por seu amigo Augusto Rodrigues que também fazia parte da mostra, juntamente com outros artistas de vários países. A obra de Heitor chamou a atenção da rainha Elizabeth (à época, princesa) que, impressionada com a alegria e a espontaneidade vista no trabalho do artista, acabou comprando o quadro. Ela também se interessou por ele, fato que trouxe grande notoriedade para seu trabalho no mundo das artes plásticas, pois nesse mesmo ano ele foi convidado a expor, individualmente, em Belo Horizonte, no diretório acadêmico da Escola de Belas Artes.

Ficha técnica
Não encontrada

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A ESPERTEZA QUANDO É GRANDE…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Conta uma fábula que certa raposa chegou à conclusão de que algumas aves estavam sempre em busca de corpos sem vida para bicá-los, à procura dos insetos que neles pousavam. Espertalhona como sempre, achou que deveria tirar proveito de tal ladinagem. Não precisou matutar muito para saber o que fazer para levar vantagem. Quando a matreira sentia-se faminta, deitava de barriga para cima, abria a boca e ali ficava inerte, como se morta estivesse, pronta para abocanhar as ingênuas avezinhas.

De tanto persistir em seu comportamento interesseiro, a raposa nem mesmo se deu conta de que, uma vez com a pança cheia, acabava dormindo em tal posição, o que a deixava indefesa diante de seus predadores. As facilidades exageradas sempre apresentam um perigo, pois a capacidade de reflexão escafede-se.

De uma feita, a comilança da espertalhona raposa foi à beira do rio Amazonas, onde acabou toscanejando, pois o hábito de observar tudo em volta não mais lhe incutia cuidado algum. O receio há muito fora embora em razão da facilidade com que atingia seus objetivos. A velhaca estava cada vez mais senhora de si e de sua impunidade em relação ao meio em que vivia. E foi assim que a finória acabou esmagada sob o abraço efusivo de uma gigantesca jiboia, fazendo valer o ditado de que a esperteza quando é grande demais come o dono.

Neste nosso Brasil do salve-se quem puder, a esperteza tem sido uma finória raposa (que me perdoe o inocente animal) a transitar por todos os nossos  “podres poderes” federais, estaduais e municipais. É fato que tais  Vulpe vulpes em sua grande maioria continuam encasteladas em confortáveis poltronas, contabilizando o valor do saque feito à nação, enquanto o povo servil, subestimado e desdenhado paga a conta do butim, sem ter usufruído das benesses da vergonhosa, obscena e infame pilhagem. À gentaça resta apenas esperar que a “esperteza” coma REALMENTE os velhacos, astutos e finórios ladravazes da nação, pois somente assim haverá um país em que a decência seja a principal bandeira. Por enquanto, a lama está mais para porcos (peço desculpas aos inteligentes animais) do que para sucuri.

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Carracci – ADÔNIS DESCOBRINDO VÊNUS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Annibale Carracci (1560–1609) era oriundo de uma família de artistas. Ele e seu irmão trabalharam inicialmente na oficina do primo Ludovico Carracci que se imagina tenha sido seu mestre. Ao viajar por Parma e Veneza, acabou se inspirando nas obras de Corregio, Ticiano, Rafael e Michelangelo. Aliado a isso, estudou intensamente a natureza e criou um estilo harmonioso, claro e direto. Sua criação reflete a arte da Antiguidade e do Alto Renascimento, livrando-se da influência do Maneirismo. Tornou-se um grande pintor de Roma, rivalizando-se com Caravaggio. É mais conhecido por seu trabalho no Farnese Gallery Ceiling, encomendado alguns anos depois deste trabalho, em que incorporou elementos de Vênus, Adônis e Cupido no teto, entre outros contos mitológicos.

A monumental composição intitulada Adônis Descobrindo Vênus e também Vênus, Adônis e Cupido ou simplesmente Adônis e Vênus, tema mitológico comum a muitos outros artistas, é uma obra do artista. Contudo, ao contrário de outros pintores que representam o momento em que Adônis despede-se de Vênus para ir caçar, Carracci mostra o primeiro encontro entre a deusa e o belo mortal numa pintura de aparência naturalista em que ele despreza os elementos dramáticos e narrativos, para focar-se nos emocionais, retratados no contato visual e gestos das duas figuras principais, de modo a aumentar a tensão emocional da cena.

Vênus, deusa da beleza e do amor, encontra-se brincando com seu filho Cupido, ambos com seus corpos torcidos, numa paisagem de floresta, quando se fere acidentalmente com a flecha que ele traz na mão, vista com a ponta cheia de sangue. Ela se encontra nua, sentada sobre um manto vermelho, com o corpo reclinado para trás, com o filho nos braços.

Ao feri-la, Cupido faz despertar o amor de Vênus pelo jovem e belo caçador que por ali
passava. Adônis fita a deusa com grande admiração e ela, já sob o efeito da seta da paixão, imediatamente cai de amores por ele. Sua cabeça volta-se fascinada para o musculoso Adônis com sua vestimenta de pele de animais, sandálias douradas e seu manto esvoaçante. Com a mão esquerda ele segura seu arco e com a direita remove um galho de árvore para enxergar melhor a deusa. Três cães acompanham o caçador, estando um deles parcialmente cortado.

O ferimento ocasionado pela flecha pode ser visto entre os seios da deusa. Cupido, por sua vez, olha meio zombeteiro para o observador, enquanto aponta o dedinho da mão
direita para sua mãe, como se mostrasse o que acabara de fazer. As figuras de Vênus, de Adônis e de Cupido, com seus cabelos dourados e cacheados, são bem elaboradas e possuem um elemento clássico. Dois pombinhos brancos, simbolizando o amor, estão presentes na tela.

A paisagem ao fundo, mostrando árvores, folhas, um riacho, rochas e o que parece ser ruínas, assim como a luz crepuscular, remete à obra de Ticiano. As pequenas aberturas mostradas na paisagem levam a visão para mais longe, trazendo a sensação de amplitude, de profundidade. O artista, para criar suas figuras, foi buscar inspiração na escultura greco-romana e na obra de Veronese, Corregio, Rafael e Michelangelo. Anibal Carraci recebeu inúmeras influências, mas sempre as reinterpretando à sua maneira.

Ficha técnica
Ano: c. 1590
Técnica: óleo sobre cobre
Dimensões: 217 x 245,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://en.wikipedia.org/wiki/Venus,_Adonis_and_Cupid

1000
obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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A ENCANTADORA DE SERPENTE (Aula nº 108 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Quando eu entro nas casas de vidro (jardins botânicos em Paris) e vejo as plantas estranhas de terras exóticas, parece-me que eu entro em um sonho. (Rousseau)

A composição A Encantadora de Serpente é uma obra-prima do pintor autodidata (naïf) francês Henri Rousseau, criada após ser descoberto pela vanguarda francesa. É tida como uma das mais famosas criações do artista. Foi encomendada pelo pintor Robert Delaunay, seu grande admirador, para sua mãe, Berthe Comtesse de Delaunay, uma influente mecenas que levou o pintor alemão e colecionador de arte Wilhelm Uhde, assim como Max Weber, a conhecer as obras de Rousseau. Tal publicidade contribuiu para que grandes nomes da arte adquirissem obras do artista francês. O mundo fantástico desta composição assimétrica, com cores brilhantes repassa a sensação de ser bidimensional. O pintor faz uso de inúmeros tons de verde e anuncia o Surrealismo — um novo estilo.

Uma personagem feminina curvilínea, vista contra a luz de uma lua cheia que desenha sua silhueta e intensifica o brilho de seus olhos, trazendo mais mistério à cena, posiciona-se de frente para o observador, numa selva exótica em meio a alguns animais, na mais perfeita harmonia. Seus olhos brilhantes intensificam o mistério do cenário. Ela se encontra nua, possui cabelos compridos, jogados para trás, que vão até a dobradura dos joelhos. Toca uma flauta de madeira. Em torno de seu pescoço, descendo pelo tronco, contornando os seios, está uma imensa cobra. Outro ofídio, enrolado num tronco de uma árvore, à direita, ergue seu corpo volumoso e paira sua cabeça acima da mulher. Um flamingo, próximo a duas cobras que dançam, também parece hipnotizado pela música que emana do instrumento musical.

A natureza exuberante — apesar de apresentar uma intensa harmonia com a encantadora de serpente — repassa uma atmosfera de tensão, sem qualquer vestígio de idílio. Três tufos de uma mesma planta em primeiro plano, à esquerda, parecem chamegar. Atrás da mulher está um rio e, mais adiante, ao fundo, a continuidade da mata. Uma lua esbranquiçada e redonda paira no céu claro, mas fosco, refletindo-se nas águas do rio que banha a selva. A lua é também responsável por permitir que o observador possa enxergar a cena, ainda que essa se mostre obscurecida pela noite.

O artista usou vários tons de verde com o objetivo de expressar profundidade e espaço na sua obra. A pintura é feita em camadas. Os padrões entrelaçados de folhas e flores também trazem profundidade, mesmo sem a presença de uma perspectiva linear tradicional. Ele pintou ondulações horizontais na água a fim de intensificar a sensação fantasiosa de imobilidade.

Os artistas acadêmicos Félix Auguste Clément e Jean-Léon Gérôme aconselharam Rousseau a permitir que sua única mestra fosse a natureza, tamanho era o encanto que sentiam por suas obras.

Ficha técnica
Ano: 1907
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 169 x 189,5 cm
Localização: Museu d’Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Rousseau/ Editora Taschen
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
http://www.rivagedeboheme.fr/pages/arts/oeuvres/rousseau-la-charmeuse-de-serpents-1907.html

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