Mestres da Pintura – TICIANO VECELLIO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor Ticiano Vecellio (1485?–1576), também conhecido como Tizian Vecellio de Gregorio, Tiziano, Titian ou ainda como Titien, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai — Capitão Conte Vecellio — reconhecendo o pendor artístico do menino, retira-o da pequena Pieve Cadore onde nascera e envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Ali, ainda nos seus oito anos de idade, é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois pelas de Giorgione que o acolhe com entusiasmo. Ticiano sorve com tanto interesse os ensinamentos de Giorgione que, com 20 anos incompletos, tem uma de suas pinturas confundida com a obra do mestre. Oportunidade em que o aluno percebe que não existe mais nada a ser aprendido com ele e passa a caminhar por conta própria. Aos 57 anos, o pintor — já extremamente conhecido — faz uma visita a Roma, onde é acolhido com as honras de um monarca convidado.

O pintor, inteligente e intuitivo, compreende que determinados temas trazem-lhe uma rica clientela, pródiga em aplaudi-lo e encher-lhe os bolsos de moedas de ouro. Por isso, sua  pintura é, muitas vezes, de índole adulatória, pois lisonjear os poderosos traz sempre um bom retorno. Assim, príncipes, prelado, embaixadores e toda a sociedade rica e fútil almejam ter um retrato pintado pelo famoso Ticiano. Mas, com o imenso volume de encomendas, o artista opta pelos compradores mais interessantes que se incluíam entre os mais endinheirados. Como nem todos os clientes fossem bons pagadores, o artista enviava a cobrança para aqueles que detinham os mais altos cargos, jamais ficando no prejuízo. Com o dinheiro investia em propriedades, tornando-se cada vez mais rico. Era bajulado não apenas pelo mundo da arte, mas também pela sociedade. Chegou a receber das mãos do imperador Carlos V o título de conde e Cavaleiro da Espora de Ouro.

Ticiano, artista extraordinário, possuidor de um profundo sentimento cromático, foi um dos principais representantes da Escola Veneziana no Renascimento, antecipando diversas características do Barroco e até mesmo do Modernismo, sendo igualmente bom tanto em retratos ou paisagens, como em temas mitológicos ou religiosos, impregnando sua obra de um grande lirismo. Foi o primeiro artista a obter fama internacional, recebendo encomendas de soberanos de vários países. Inspirou El Greco, Peter Paul Rubens, Diego Velázquez, Rembrandt, Eugène Delacroix, Edouard Monet e Willem de Kooning. Aos 86 anos é colhido pela peste, tendo o mesmo fim que sua esposa e os grandes amigos Sansovino (arquiteto) e Aretino (escritor). O féretro é acompanhado por um cortejo de gôndolas drapeadas de preto sob o olhar de multidões. Os sinos das igrejas são repicados em sua honra.

Nota: Autorretrato feito quando o pintor tinha 75 anos. Traz na mão direita um pincel, alusão à sua profissão. A dupla corrente de ouro ao pescoço é sinal de sua condição de cavaleiro.

Nota: Veja mais sobre a vida do artista em: Ticiano – O SOL ENTRE AS ESTRELAS

Ficha técnica da pintura:
Ano: 1566
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 86 x 69 cm
Localização: Museo del Prado, Madrid

Fonte de pesquisa:
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras primas…/ Könemann
Os pintores mais influentes/ Girassol

Views: 2

Weyden – DEPOSIÇÃO DA CRUZ

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Autoria de Lu Dias Carvalho

(Clique na gravura para ampliá-la.)

A intensidade das expressões em suas obras dá aos temas tradicionais uma nova realidade. (Margaret Whinney)

A composição intitulada Deposição da Cruz ou Descida da Cruz é um dos trabalhos mais famosos de Rogier van der Weyden, considerado uma obra-prima da pintura antiga dos Países Baixos. Por muito pouco o mundo não perdeu esta maravilha que, ao ser enviada à Espanha pela regente húngara Maria, quase pereceu num naufrágio. Esta obra — pintada para a capela de Crossbowmen de Louvin — mostra o auge da maturidade artística de Van der Weyden.

A Deposição da Cruz é a parte central de um tríptico, cujos painéis laterais, uma vez separados, acabaram se perdendo com o tempo. A obra foi encomendada pela Guilda dos Arqueiros de São Jorge em Louvain, na atual Bélgica. Nos cantos do quadro o pintor adicionou arcos (bestas) — estruturas decorativas em homenagem aos arqueiros que a encomendaram. Assim como as esculturas contemporâneas, ela é disposta teatralmente. Um exíguo espaço abriga dez figuras esculturais, comprimidas, sendo três no centro, quatro à esquerda e três à direita, impedindo o aprofundamento do cenário arquitetônico.

A obra possui forma retangular, sendo que no centro está um saliente (ressalto) na parte superior, onde se encontra o jovem na escada, responsável por ajudar a descer o corpo de Cristo. A composição com tema religioso tem um fundo liso de ouro — elemento típico da arte gótica — que simboliza a eternidade e o próprio divino. As figuras que pendem da esquerda para a direita parecem esculturas multicoloridas. As paredes são responsáveis por enclausurar o palco do acontecimento. O chão é de pedra e nele crescem algumas plantinhas floridas.

A cena pintada por Van der Weyden em que o corpo de Cristo é retirado da cruz é carregada de intensa emoção e realismo, com os personagens profundamente consternados, ocupando um reduzido espaço sem profundidade, o que ressalta mais ainda o sofrimento das nove figuras presentes à deposição de Cristo. Há em toda a pintura um perfeito equilíbrio advindo da simetria das figuras e da profunda expressão dos rostos dos personagens, como os olhos avermelhados e as lágrimas que escorrem pelo rosto de alguns deles.

Van der Weyden mostra diversas expressões de dor diante do corpo do Cristo crucificado. Elas  vão desde o desespero de Maria Madalena, com as mãos contorcidas, à extrema direita, ao sofrimento silencioso dos santos que ajudam a segurar o corpo de Jesus. Juntas no espaço e no sofrimento as personagens repassam a ideia de que vivem um momento dramático em razão de tão grande perda. A postura plácida dos anciãos contrasta com a dos demais personagens.

As cores apresentadas na composição são fortes, evidenciando a simbologia medieval que acentua o clima de tragicidade. São João Evangelista — segurando a Mãe de Cristo em seu desmaio — veste um manto rubro que simboliza a Paixão de Cristo. Por sua vez, o azul das vestes da Virgem simboliza a perseverança da Fé. O branco do tecido que envolve sua cabeça, representa a pureza e a inocência. Os trajes luxuosos de Nicodemos — segurando os pés de Jesus — simbolizam a fugacidade do luxo e da pompa dos dominadores da terra, diante da caveira e dos ossos dispersos — o fim de todo homem.

O corpo sem vida de Cristo — amparado por José de Arimateia — está postado bem à frente do observador. Ele é o centro da composição. Apesar das cinco chagas  e da coroa que lhe perfura a cabeça, o corpo de Jesus é formoso. José de Arimateia segura-lhe o tronco, enquanto Nicodemos segura-lhe os pés. As áreas vermelhas presentes nas roupas de alguns personagens, além de serem simbólicas dão destaque às chagas de Jesus. O branco do lençol de linho com que José de Arimateia e Nicodemos envolvem o corpo do Mestre contrasta com a sua pele marmórea.

São João Evangelista — a quem Jesus pediu para tomar conta de sua mãe — está inclinado para a frente na tentativa de amparar a Virgem em seu desmaio. De seu rosto escorrem lágrimas. Seu sofrimento é visível, embora contido, pois tem que repassar forças para Maria — a mãe do crucificado — que passa por uma extrema agonia emocional ao ver seu filho morto sob tamanha tortura. Sua pele tem a mesma cor pálida do filho. Ambos estão na mesma posição de abandono. Atrás de São João Evangelista está Maria, mulher de Cléofas — um dos discípulos de Jesus. A mulher de verde não é identificada, sendo provavelmente uma das seguidoras de Cristo. Embora a Bíblia não registre nada sobre isso, era comum adicionar três ou quatro Marias na Crucificação de Cristo.

O homem que se encontra atrás de Nicodemos é um dos seguidores de Cristo. Ele traz na mão direita um pote de unguento. Recostada nele se encontra Maria Madalena, dobrada numa grande contorção em razão da dor extremada que sente ao ver o Mestre morto. Ela usa um cinto que simboliza a virgindade e a pureza. O cinturão está alinhado com os pés de Cristo e a cabeça da Virgem. Sobre a escada que conduz à cruz espremida no centro da composição está o criado, cuja cabeça não é visível em sua totalidade. Ele traz na mão direita os pregos retirados das mãos de Cristo, enquanto com a esquerda segura seu braço inerte.

Van der Weyden fez diversas correspondências na pintura: o movimento do corpo de Cristo assemelha-se ao da Virgem, assim como sua mão esquerda corresponde à  direita de Maria e  sua mão direita corresponde à esquerda dela. Assim, Maria aparece na mesma posição de seu filho, significando que ela sofre  a mesma dor pela qual ele passou. Por sua vez, a posição de São João Evangelista numa ponta do quadro é similar à de Maria Madalena na outra. A presença de um crânio no lado inferior esquerdo da composição — entre Maria e São João — tem a finalidade de reforçar o objetivo pelo qual Cristo se imolou — remir o pecado original cometido por Adão e Eva que simbolizam toda a humanidade.

A Deposição da Cruz é uma obra que tem sido muito copiada ao longo dos tempos. Ela domina a pintura flamenga do século XV, sendo muito difundida na Espanha e objeto de inumeráveis cópias. Já na década de 1430 teve uma réplica feita por um pintor desconhecido para a capela de uma família de Lovaina, na igreja de São Pedro e que se encontra hoje no Museu Stedelijk de Lovaina. Vale a pena ampliar a figura acima (clicando nela) e observar os detalhes das roupas e adornos dos personagens, sobretudo o véu de Maria Madalena e seu cinto.

Ficha técnica:
Ano: c. 1435

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 220 x 262 cm
Localização: Museo del Prado, Madrid, Espanha

Fontes de pesquisa:
501 grandes artistas/ Sextante

Gênios da pintura/ Abril Cultural
A história da arte/ E.H. Gombrich
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Gótico/ Taschen
Tudo sobre arte/ Sextante
Arte em detalhes/ Publifolha

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ÍNDIA – GANDHI SERIA BISSEXUAL? (X)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A mais recente biografia do maior herói indiano, que leva o título de Great Soul – Mahatma Gandhi and His Struggle with Índia (Grande Alma: Mahatma Gandhi e Sua Luta com a Índia), ainda sem versão para o português, de autoria do escritor que foi correspondente do jornal The New York Times na África do Sul e na Índia, países onde, respectivamente, Gandhi iniciou e terminou sua carreira, põe à mostra a vida do “homem santo”, mostrando-nos que em alguns momentos de sua vida a santidade foi de menos.

Joseph Lelyved conta em seu livro que o indiano Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948), que pregou ao mundo o exemplo da revolução não violenta, pois acreditava que, quando uma pessoa deixava de reagir, tirava a razão do agressor, de modo que ela acabaria por ganhar a causa depois, não era tão pacifista como se apresentava aos olhos do mundo. Segundo o escritor, o mito que o envolve não resiste a uma análise mais profunda de sua vida. Gandhi participou diretamente de três esforços de guerra e era obcecado pelo pensamento de que o sexo gerava violência.

O escritor pesquisou tão meticulosamente a vida de Gandhi, através de documentos históricos e cartas pessoais, que o resultado disso trouxe a proibição da venda de seu livro no estado indiano onde Gandhi nasceu. Vamos aos fatos retratados pelo autor:

  • Gandhi foi submisso aos interesses inglês, fazendo tudo para ser reconhecido como um deles.
  • Antes de ganhar o apelido de Mahatma (Grande Alma, em sânscrito), iniciou uma peregrinação por povoados rurais, tentando recrutar soldados para servir o império inglês. Tentava convencer as mulheres a deixarem seus maridos partirem, apelando para a espiritualidade hindu: Eles serão de vocês na próxima encarnação. A arregimentação foi um fiasco.
  • Entregou aos ingleses uma lista de 100 voluntários, incluindo parentes e membros de comunidades agrícolas fundadas por ele, e com seu nome encabeçando a lista, para fazer parte da luta.
  • Afirmou em carta ao vice-rei da Índia, lorde Chelmsford: Eu amo a nação inglesa e desejo evocar em cada indiano a lealdade aos ingleses. O assunto não foi levado adiante.
  • Na África do Sul, onde trabalhava como advogado, ajudou os ingleses na Guerra dos Boêrs (1899 a 1902), quando o império inglês massacrou os colonos descendentes de holandeses, que se rebelaram contra os planos de anexação de seus territórios. Ele conduziu 1100 carregadores indianos para resgatar os ingleses feridos nos campos de batalha.
  • Participou da repressão à rebelião dos zulus, que empunharam lanças contra os colonizadores, em 1906. Assumiu o posto de sargento-mor e comandou um pelotão com 19 carregadores de macas para resgatar os ingleses.
  • Sobre o episodio acima escreveu: Para a comunidade indiana ir para o campo de batalha deve ser uma decisão fácil. Por que temer a morte que pode nos atacar repentinamente na batalha? Nós temos muito que aprender com o que os brancos estão fazendo.
  • Mesmo em 1908, quando já se encontrava insatisfeito com as políticas raciais dos colonizadores, acabou expondo seus próprios preconceitos ao dizer: Nós entendemos o fato de não sermos classificados como brancos, mas nos colocar no mesmo nível dos nativos é demais. (…) Os kaffirs (negros) são problemáticos, muito sujos e vivem quase como animais.

Quando acabou a guerra com os zulus, Gandhi comunicou à sua mulher, Kasturba, que se tornaria celibatário. E, a partir daí elegeu o sexo como o responsável pelos impulsos violentos do ser humano. Desaparecia durante meses, deixando a mulher com quatro filhos. Ao ser repreendido pelo irmão, ele retrucou dizendo que sua família passara a englobar todos os seres vivos.

Acontece que, quatro anos depois de ter deixado mulher e filhos, Gandhi passou a se envolver com o fisiculturista alemão Herman Kallenbach, dividindo a mesma casa até 1914. A correspondência travada entre eles levanta muitas dúvidas quanto ao verdadeiro relacionamento existente entre os dois, pois dá a entender que havia um componente romântico na amizade. Gandhi escreveu:

  • Seu retrato, o único, permanece no criado-mudo do meu quarto.
  • Você tomou posse do meu corpo, completamente. Isso é escravidão com vingança.

Gandhi também exigia que o alemão não olhasse para outras mulheres com segundas intenções. Mas, quando começou a I Guerra, ele voltou para a Índia, sozinho, pois o alemão foi impedido pelos ingleses de acompanhá-lo.

Até a sua morte, o Mahatma pregou que resistir à tentação sexual era uma virtude. Contudo, no fim de sua vida ele se cercou de jovens mulheres. Requisitou, inclusive, os cuidados pessoais da bela Manu, uma garota de 17 anos, filha de seu sobrinho. Obrigava a garota a dormir a seu lado com um mínimo de roupa possível e justificava:

Um homem perfeito é aquele capaz de dormir nu ao lado de uma mulher nua, não importa quão bonita ela seja, sem que desejos sexuais apareçam.

Segundo o escritor Lelyveld, Gandhi construiu seu mito graças a uma estranha capacidade de transformar argumentos incompreensíveis em credo. Uma fórmula infalível para gurus aproveitadores.

Fica aqui a sugestão para que os leitores leiam o livro do escritor Joseph Lelyveld e tirarem as suas próprias conclusões.

Fonte de Pesquisa:
Revista Veja/ Abril Cultural

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Mestres da Pintura – ROGIER VAN DER WEYDEN

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A intensidade das expressões em suas obras dá aos temas tradicionais uma nova realidade. (Margaret Whinney)

Rogier van der Weyden (c. 1400/? – 1464) é outro grande artista nórdico de quem se sabe pouca coisa. Nasceu na cidade de Tournai, região sul de Flandres. Estudou pintura com o mestre Robert Campin — um dos mais renomados mestres da cidade. Seu aprendizado consistia em copiar esculturas e portais de igrejas, conhecimento que muito o favoreceu em sua pintura. Fez parte da corporação de ofício dos pintores de Bruxelas, sendo posteriormente nomeado pintor oficial da cidade, onde ornamentou o Palácio Municipal com quadros alusivos às lendas medievais e à vida do Imperador Trajano. Mas em 1695, durante o cerco à cidade, as telas foram queimadas por soldados franceses.

Por volta de 1450, já muito famoso em seu país, Van der Weyden partiu para a Itália, dirigindo-se para a cidade de Ferrara. É também provável que tenha passado por Milão e Florença antes de chegar a Roma. Presume-se que na Itália o pintor tenha conhecido os afrescos de Masaccio, a ponto de incorporar à sua obra elementos da linguagem artística do pintor italiano. Na Itália ele trabalhou para famílias importantes, inclusive para os Medici de Florença. A todos encantavam a forte emotividade e o caráter dramático do trabalho do artista. A pintura a óleo era uma técnica desconhecida na Europa meridional, sendo Van der Weyden o responsável por transmiti-la aos italianos, o que contribuiu grandemente para desenvolver a rica arte renascentista.

Van der Weyden era um homem muito religioso e tinha uma vida familiar impecável. Seu trabalho e conduta subordinavam-se aos compêndios estéticos e morais vigorantes na época, quando um puritanismo exacerbante via licenciosidade em tudo. Tido como um dos mais importante pintores de Flandres, ele teve patronos estrangeiros renomados, como Felipe III, duque de Borgonha. Recebeu reconhecimento internacional e fez fortuna. Em razão de um engano a respeito de sua identidade, sua obra foi quase ignorada durante o século XVIII.

 O pintor Van der Weyden levou a arte dos Países Baixos para fora de suas fronteiras, tanto no que diz respeito à composição quanto ao desenvolvimento das figuras. Recebeu encomendas públicas, eclesiásticas e particulares, tanto dentro como fora de seu país. Dentre os seus trabalhos mais notáveis  está a Deposição da Cruz, que apresenta uma cena de vívida emoção.

Nota: Rogier van der Weyden, pintura de Cornelis Cort, 1572

Fontes de pesquisa:
501 grandes artistas/ Sextante
Gênios da pintura/ Abril Cultural
A história da arte/ E.H. Gombrich
Gótico/ Taschen
Tudo sobre arte/ Sextante

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ÍNDIA – GANDHI, KASTURBA E HARILAL (IX)

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Autoria de Lu Dias Carvalho gan12

O filho mais velho de Gandhi, Harilal, parecia não se esquecer da mágoa que tinha do pai. Reagia sempre ao contrário à vida exigida por ele: embriagava-se, fumava, relacionava-se com prostitutas e nem sempre era honesto em seus negócios. Uma de suas ações que deixaram Gandhi muito aborrecido, pois era adepto convicto do hinduísmo, foi a sua conversão ao islamismo, motivo de muita alegria e zombaria por parte dos muçulmanos.

Quando Gandhi e sua esposa Kasturba estiveram juntos na prisão, ele começou a lhe ensinar história e geografia da Índia, coisa que não teve oportunidade ou vontade de fazer antes. A princípio, logo que se casaram e após a sua volta de Londres, pelo excesso de relação íntima, e depois, em razão do excesso de afazeres, como declarava ele. Finalmente sobrava um tempinho para a sua esposa tão ignorada por ele.

Kasturba não era uma mulher saudável. Ela sofria de arritmia cardíaca, o que lhe acarretava muitos desconfortos, como falta de ar e dores no peito. Com o tempo, os remédios passaram a não fazer mais efeito, sendo suspensos por Gandhi. Em uma de suas crises, ela recebeu a visita dos três filhos, pois, o quarto, Manilal, encontrava-se na África do Sul, para onde voltara. Outra visita feita por Harilal, deixou-a muito nervosa, ao ver o filho embriagado.

A fiel companheira de Gandhi morreu em 1944, tendo vivido ao lado dele durante 62 anos. O sári que envolveu seu corpo foi feito com fios fiados por ele. Familiares e amigos acompanharam sua cremação. Harilal, por sua vez, morreu aos 50 anos, vitimado pela tuberculose agravada pelo alcoolismo.

Após a morte de Kasturba, Gandhi tornou-se mais carinhoso com sua família. Seu filho Manilal comentou:

Uma das coisas que me surpreenderam foi a extrema suavidade da atitude de meu pai em comparação àquela assumida por ele, quando meus três irmãos e eu éramos pequenos.

Gandhi continuou exercitando suas experiências sexuais, dormindo com suas seguidoras, afirmando que a castidade estava na falta de desejo carnal. Ao trocar a companhia de Sushila Nayar por sua sobrinha-neta Manu Gandhi, que fora criada por sua mulher, após perder a mãe aos 12 anos, acabou rompendo com a primeira, que se sentiu enciumada. Com a morte de Kasturba, tendo Manu cerca de 16 anos, Gandhi assumiu a educação da garota em todos os sentidos. Os fatos complicaram quando eles foram encontrados juntos na cama. Apesar das críticas negativas recebidas de todos os lados, inclusive do filho Manilal, Gandhi continuou no seu intento, até que um dos seus mais devotados seguidores alertou-o dizendo que estava comprometendo o seu trabalho. Mas teve a sabedoria de também pedir a Manu para falar com Gandhi, para interromper aquela prática.

A fama angariada por Gandhi despertava o interesse das mulheres por ele, de modo que qualquer uma o serviria, bastando que ele lhe pedisse. Mesmo entre as mulheres que o seguiam havia muito ciúme e inveja. Elas disputavam para banhá-lo, dormir a seu lado e acompanhá-lo no banheiro…

 Fontes de pesquisa:
Gandhi, Ambição Nua/ Jad Adams
Gandhi/ Louis Fischer
Líderes que Mudaram o Mundo/ Gordon Kerr

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Rafael – A TRANSFIGURAÇÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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E enquanto Ele orava, a aparência do seu rosto tornou-se outra e a sua roupa, branca, refulgente. Ele transfigurou-se diante deles e o seu rosto resplandeceu como o sol; e as suas roupas, porém, tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, como a luz, como nenhum lavadeiro sobre a terra as pode tornar tão brancas.

Mestre, eu te trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando ele o toma, atira-o pelo chão. E ele espuma, range os dentes e se contorce. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas não o conseguiram.

Nesta grande prancha de madeira o artista italiano Rafael Sanzio pintou dois episódios retirados dos Evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos. O jovem pintor deixa a serenidade — tão presente em suas outras pinturas — para apresentar parte de um mundo terreno, extremamente conturbado e parte do mundo divino. Muitos veem na obra um caminho para o estilo Barroco.

O primeiro episódio — ocupa a parte mais alta da composição — retrata a transfiguração de Cristo no Monte Tabor, levitando entre a Terra e o Céu, acompanhado dos discípulos Pedro, Tiago Maior e João, para que O vissem com suas vestes brancas, banhado em luz, falando com Moisés e Elias, personagens do Antigo Testamento, revelando, assim, a sua essência divina. Os três apóstolos tapam os olhos diante da resplandecência da luz que emana do Cristo transfigurado.

O segundo episódio — ocupando a parte baixa da composição — retrata o milagre do menino possesso que foi levado à presença dos nove apóstolos por seus pais, para que esses o curassem. Mas eles nada puderam fazer sem a presença de Jesus Cristo que se encontrava no Monte Tabor, mas garantiram aos pais que, tão logo o Mestre descesse do monte, o garoto seria libertado do espírito opressor.  Dois dos apóstolos apontam os braços esquerdos para a cena da transfiguração, como se estivessem indicando o local onde o Mestre encontrava-se. Para alguns estudiosos o menino estava na verdade acometido por um ataque de epilepsia — doença que era vista como possessão demoníaca à época.

Na primeira cena, à direita e à esquerda do Cristo transfigurado, estão Elias e Moisés. Algumas fontes trazem como se fossem os santos Justos e Pastor — irmãos e protetores de Narbonne. No chão encontram-se três apóstolos que escondem o rosto — tamanho é o fulgor emanado de Cristo. Dois outros personagens que assistem à cena encontram-se ajoelhados em profundo êxtase.

Na apresentação do menino possesso que parece olhar diretamente para Jesus Cristo transfigurado, a cena divide-se em dois grupos, separados pela mulher de costas, trajando uma veste rosa e um manto azul, que indica o garoto aos apóstolos com as duas mãos e também direciona os olhos do observador para o menino e sua comitiva. À esquerda dela estão os apóstolos, gesticulando com um ar de grande preocupação.  À sua direita encontram-se o garoto, seus pais e as pessoas que os seguem.

A mãe do garoto traz um olhar de súplica, enquanto o pai mostra-se horrorizado com o que está acontecendo ao filho que tem os olhos revirados, a boca entreaberta, pernas e braços desgovernados e todo o corpo contorcido. O menino também representa o sofrimento da humanidade, enquanto espera pela misericórdia divina.

As duas cenas, embora distintas, são maravilhosamente combinadas na composição. O Monte Tabor é a separação entre o mundo divino e o terreno. Em meio à comitiva que acompanha o garoto e seus pais, um dos presentes estende os braços em direção ao Cristo transfigurado, como se fizesse, juntamente com o garoto e dois dos apóstolos, um elo entre os dois episódios da composição.

O pintor usa uma associação de luz e sombra. Rafael pinta a primeira cena com cores mais claras e resplandecentes, enquanto na segunda usa cores mais escuras e muita sombra. A Transfiguração é tida como uma das mais belas pinturas já criadas em todo o mundo. O cardeal Giulio de Médici foi quem encomendou esta obra ao pintor italiano Rafael Sanzio, com o objetivo de enviá-la para a Igreja de Narbonne, sua sede episcopal na França.

Quando Rafael morreu repentinamente, a Transfiguração ainda estava em seu estúdio. O quadro foi levado à frente do féretro para homenageá-lo. Foi o bastante para que a obra se transformasse num símbolo de imortalidade do grande gênio que morrera tão jovem. Em razão desse acontecimento o papa resolveu colocar a última pintura de Rafael — uma sinopse de toda a sua obra — na Igreja de San Pietro em Roma e encomendou aos dois melhores alunos de Rafael — Giulio Romano e Giovani Francesco Penni — uma cópia da obra.

Dados técnicos:
Artista: Rafael
Data: 1518 -1520
Tipo: óleo sobre madeira
Dimensões: 410 x 279 cm
Localização: Pinacoteca Vaticana, Roma/ Itália

Fontes de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Tudo sobre Arte/ Sextante
Grandes Mestres/ Abril Coleções
Os Pintores mais Influentes do Mundo/ Girassol

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