BIPOLARIDADE – SOU UMA MULHER BIPOLAR

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Maria Amália Silva

Fui diagnosticada com bipolaridade aos 26 anos de idade, tenho agora 38. Sempre tive um comportamento incomum. A minha mãe correu vários médicos, psicólogos, terapeutas, mas nada que levasse a algum lado. Fui mãe a primeira vez aos 19 anos, fruto de um planejamento mal feito. Nunca quis ter filhos, mas o “grande amor” que vivia naquela altura queria por tudo ser pai. Eu nem me lembro de pensar nos riscos. Fui e concretizei o sonho dele. Que grande loucura, vi depois, quando me abandonou grávida de oito meses. Foi muito difícil, mesmo, mas tive a ajuda da família. Levei dois meses chorando, desejando morrer e pensando em como o faria, mas consegui me recuperar, mas não totalmente.

Dois anos depois, fui confrontada com o suicídio do meu pai. Sabendo o que sei hoje, concluo que também era bipolar, mas sem diagnóstico. Foi tão surreal! Peguei as rédeas da situação e tratei da família, de tudo. Nunca senti necessidade de fazer luto, acho que sempre o entendi. Fui tendo altos, baixo, mas nada que fosse alarmante. Era solteira, quase tudo era normal.

Quando tinha 26 anos, tive o meu primeiro surto de euforia. Sexualmente muito ativa, tudo era festa, não havia hora de comer e nunca tinha sono, nem precisava dormir. Dava conta de tudo. Do trabalho, da filha, das saídas. Sempre no mais alto de mim. O que me levou a procurar ajuda foi ter ficado paranoica por não dormir. Cheguei a estar nove dias sem uma hora de sono. Aí já tudo me irritava, já estava a ficar deprimida, zangada e com desinteresse por tudo. Tantas horas no vazio levava a minha mente a todo lado. Comecei em sofrimento. Sentia-me só e não via sentido na vida. Pensei muitas vezes em suicídio. Uma das vezes não conseguia dormir e tomei a caixa toda de sedativos. Fui encontrada pela minha irmã que me levou à urgência médica. Fui medicada. Finalmente consegui dormir e me levantar um pouco do buraco em que tinha entrado. A medicação foi longe demais e houve a elevação de humor novamente. Outro tratamento. Parecia agora equilibrada.

Quando conheci o meu ex-marido, estava a recuperar da minha primeira grande crise de euforia e medicada havia quatro meses. Ele não acreditava em desiquilíbrio da química da mente. Convenceu-me de que não precisava de medicação e eu deixei os remédios. Pareceu-me que ele estava certo e que estaria sempre ali para me ajudar, como foi acontecendo. Estivemos juntos ao todo quase 11 anos, oito de casados. Tive vários episódios, incluindo mais ou menos um ano em que estive em crise depressiva. Lembro-me de me deitar todos os dias a pensar que não queria acordar no dia seguinte, e ficava triste por acordar.

Alguns picos de elevação de humor, mas que serenaram sem grandes problemas envolvidos. Chegamos a estar um mês separados. Mas ele dizia que me amava e ia tomar conta de mim. Eu o amava e estava disposta a perder os medos e traumas e arriscar realizar o seu sonho de ser pai. Lutei vários anos com esse assunto, mas o meu amor por ele levou a melhor. Há quatro anos fiquei grávida, correu bem, mas nos últimos dois meses não consegui dormir. Eu culpava a barriga, o calor, o desconforto, tudo. Não podia mostrar que estava em pânico com o facto de ir passar novamente pela experiência de ser mãe, pois comprometi-me com este sonho.

Dediquei-me inteiramente às milhas filhas e marido. Nunca cuidei de mim, nem da minha saúde mental. Fiquei em casa a cuidar da mais nova. Eu vivia todos os dias em pânico, temendo que algo acontecesse, sempre assustada, sempre tomando conta de tudo. Comentava por vezes com o meu marido. Mas nunca foi dada importância. Ao fim de dois anos e meio eu estava completamente esgotada, deprimida, só chorava. Novamente a minha mente deu uma reviravolta. A euforia instalou-se. Afastei o meu marido, pedi a separação, fiz de tudo para ele se afastar. Mas nunca deixei de amar aquele homem. Não tenho muita noção de todos os acontecimentos. Quando caí em mim, pedi ajuda médica, estou medicada até agora. Com a medicação a funcionar fui ganhando noção de alguns acontecimentos. Sinto muita falta do meu marido, quero-o de volta, mas ele já tem outra pessoa neste momento.

Ainda tenho muitas questões na minha mente, gostaria de obter respostas, gostaria de voltar a tê-lo ou conseguir esquecê-lo, pois este assunto está a mexer muito comigo, a fazer-me sofrer muito. Não quero cair novamente. Quero arranjar explicação sem me vitimizar, mas não consigo entender que a culpa seja minha realmente, pois simplesmente desconectei da realidade e deixei de ter noção. O que não ajuda em nada para arrumar o assunto e seguir em frente, seja em que sentido for.

Ilustração: Noite de Verão, 1889, Edvard Munch

Views: 0

TARDE DE DOM. NA GRANDE JATTE (Aula nº 88)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                          (Clique na imagem para ampliá-la.)

Eu pintei assim, porque queria obter algo novo – um tipo de pintura que fosse só meu. (Georges Seurat)

A composição denominada Tarde de Domingo na Grande Jatte é uma obra-prima do neo-impressionista francês Georges Seurat que à época estava com 30 anos, portanto, no auge de sua maturidade. Trata-se de uma pintura monumental, tendo o pintor levado dois anos para concluí-la. Até então, o artista fazia parte do grupo de impressionistas, embora não tivesse abraçado o estilo totalmente. Quando sua pintura foi apresentada numa exposição em 1886, no Salão dos Independentes, ela causou um grande escândalo e serviu de zombaria para os críticos, além de despertar o riso do público.

Uma obra como esta era inédita na arte. O pintor usou as árvores e as figuras humanas de pé para criar linhas verticais. O mesmo rigor matemático é visto nas horizontais. A mulher segurando uma sombrinha vermelha e uma garota com roupa branca formam o centro calculado da tela. O artista abriu mão de cores vivas e permitiu mínimos movimentos em seu quadro. Tudo nele é diferente, quer pelo tema incomum, com elementos poéticos e simbólicos, quer pela técnica usada, até então desconhecida, na qual busca a percepção da luz.

O artista apresenta um grupo de parisienses à margem do rio Sena, durante uma tarde de domingo. Ali estão presentes oito figuras humanas, três cachorros, um macaco e oito barcos. Muitas das figuras estão debaixo das árvores ou de sombrinhas. São pessoas das mais diferentes classes sociais, como é possível identificar através das roupas. A impressão que se tem é que o pintor pediu que as pessoas ficassem estáticas para serem fotografadas, embora certas cenas esbocem um pouco de movimento, como a garota correndo, borboletas voando e o cãozinho com laço no pescoço, também correndo, situado em primeiro plano.

No canto direito inferior, em primeiro plano, um casal vestido de acordo com a moda dos anos de 1880, visto de perfil, observa o cenário. A mulher segura pela correia um macaco-prego, atado pela cintura. Uma outra correia supostamente pertence ao cãozinho com um laço no pescoço que é deixado livre para brincar. Sua dona veste um corpete de espartilho e saia com anquinhas e traz uma sombrinha aberta, enquanto o homem segura uma bengala debaixo do braço e traz na mão um cigarro. A presença do macaco chama a atenção, porque foi adicionado bem depois da obra pronta, embora o pintor tivesse tal animal sempre presente em seus trabalhos. O macaco era associado à prostituição, sendo a mulher que o conduz, tida como um tipo bem coquete. O fato é que não se conhece a explicação real para a presença do bichinho no quadro. Qual teria sido a intenção do artista?

No canto inferior, à esquerda, estão um remador com o corpo reclinado, fumando seu cachimbo; uma dama de classe média com o leque no gramado, fazendo tricô, e um homem bem vestido, usando cartola e segurando uma bengala. Também se encontram no quadro um homem tocando trompete, dois soldados vigiando o local, remadores, mulheres pescando ou sentadas sobre o gramado, crianças, um casal abraçado, outro casal andando, etc.

Para fazer esta tela, Georges Seurat fez inúmeras visitas à Grande Jatte – ilha localizada no rio Sena – aonde as pessoas iam aos domingos para divertir-se. O local não era visto com bons olhos, pois prostitutas vendiam sexo nas suas margens, fingindo que estavam pescando, para que os policiais não as reconhecessem, pois a prostituição era proibida. Alguns críticos de arte têm como prostitutas algumas mulheres presentes neste quadro.

Seurat fez 38 esboços a óleo e 23 desenhos preparativos para esta obra, daí a razão do tempo gasto na sua feitura. O mais interessante é que esta pintura foi criada em seu ateliê e não ao ar livre, ao contrário dos trabalhos dos impressionistas. Como modelos para suas figuras, ele usou estampas de moda, retiradas de revistas. Em sua obra usou cores puras fragmentadas. Os pigmentos são misturados pela olho, quando vistos a certa distância, técnica também conhecida como pontilhismo, vindo a ser muito usada por outros artistas. Uma Tarde de Domingo na Ilha da Grande Jatte é a obra mais importante do pontilhismo. Paul Signac foi aluno de Seurat e ajudou-o a desenvolver o novo estilo.

Na confecção de sua obra, Seurat pintou-a primeiramente usando a técnica dos impressionistas. A seguir ele acrescentou uma camada de pontilhismo. É interessante notar que a menininha de branco não foi coberta pelo pontilhismo. A moldura do quadro, pintada na própria tela por Seurat, segue a mesma técnica.

Ficha técnica
Ano: 1884-1886
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 205 x 304 cm
Localização: The Arte Institute of Chicago, EUA

Fontes de pesquisa
Arte em detalhes/ Publifolha
http://obviousmag.org/archives/2012/10/uma_tarde_de_domingo_na_ilha_de_grande_jatte.html

Views: 14

CONVERSA MOLE PARA BOI DORMIR

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho lixo123

Meu avô Joaquim Valentim não era um homem letrado, pois pouco ou quase nada conhecia das letras, mas era extremamente sábio. Além disso, era incapaz de fazer mal a uma mosca. Era a ele que um bando de netos, curiosos e inquietos, recorria para entender melhor o mundo, já que os adultos achavam que pergunta de criança não devia ser levada em conta, sempre nos pedindo para sossegar o facho.

De uma feita, nós que só vivíamos a rodear nosso avô, captamos uma conversa sua com o seu compadre João Galocha. Ainda que estivéssemos envolvidos com nossas bolhinhas de sabão saindo dos talos de mamona e não déssemos qualquer importância à prosa dos dois, ao ouvirmos a expressão conversa mole para boi dormir, entremeada no bate-papo, a nossa bisbilhotice ganhou vida, criando as mais mirabolantes suposições. O que se deveria falar para que o boi dormisse? Será que tal fala também serviria para que cavalos, cachorros e gatos caíssem no sono?

Mal a visita saiu, pois não podíamos nos intrometer em conversa de gente grande, sob pena de ganhar um bom castigo, rodeamos apressados nosso avô em busca de uma explicação que matasse a nossa curiosidade. Queríamos saber que conversa era aquela que fazia boi dormir. Ele pegou sua caneca azul esmaltada com seu cafezinho cheiroso, assentou-se calmamente em sua cadeira de descanso, esperou que todos nós nos acomodássemos ao seu redor e pôs-se a explicar-nos, com uma paciência de Jó, como se fora ele o mais dedicado dos mestres:

– Meus filhos, sempre existiu e sempre existirá neste mundo de meu Deus gente que fala muito, mas que não se apura nada de sua prosa. Gosta de contar vantagem ou vem com desculpas esfarrapadas, ou com um lero-lero de fazer doer a cabeça, querendo engabelar as pessoas, levar vantagem em tudo. Gente assim não é verdadeira, ao contrário, é muito perigosa, pois é capaz de dar nó até em pingo d’água.

Meu primo Nandinho, querendo mais explicações, perguntou em sua candura:

Vô Valentim, por que não pode ser conversa mole para cachorro dormir?

Por que o boi, meu bom menino, foi sempre um animal muito importante na vida do homem. Por isso, ele se encontra presente em muitos expressões populares: boi de piranha; boi de presépio; boi manso, quando aperreado, remete; boi na linha; água que boi não bebe; um pé de boi – ele calmamente respondeu.

Neiva, uma das netas presentes no grupo, antes mesmo que nosso avô terminasse de dar sua resposta ao último indagador, atalhou apressada:

Por que se diz “dou um boi para entrar numa briga e uma boiada para não sair”?

Nosso avô pressentiu que aquela seria uma longa conversa em se tratando de criaturinhas tão curiosas, ávidas por conhecer os mistérios da língua popular. Respirou fundo, pediu para que alguém lhe trouxesse mais um café e continuou…

 

Views: 2

IMPRESSIONISMO E NOVAS TENDÊNCIAS II (Aula nº 87)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

O termo Pós-impressionismo, criado pelo pintor e crítico de arte inglês Roger Fry, engloba, na verdade, a obra de quatro artistas: Paul Cézanne, Georges-Pierre Seurat, Vincent van Gogh e Paul Gauguin. Sendo todos eles, de uma forma ou de outra, influenciados pelo Impressionismo, como mostram as evidências: Cézanne foi atraído pela estrutura pictórica; a Seurat interessou o caráter científico da cor; Van Gogh usou as pinceladas fortes para transmitir sua intensidade emocional; e Gauguin fez experiências com o uso simbólico da cor e dos traços. São tidos como os principais precursores dos movimentos artísticos do século XX. A eles foram agregados os nomes de Renoir e Toulouse-Lautrec.

O Pós-impressionismo foi a expressão artística utilizada para definir a pintura e, posteriormente, a escultura no final do impressionismo, por volta de 1880, marcando também o início do Cubismo, já no início do século XX.  Diz respeito a um grupo de artistas e de movimentos diversos que seguiram as suas tendências para encontrar novos caminhos para a pintura. Acentuaram a pintura nos seus valores específicos – a cor e bidimensionalidade. A maioria deles iniciou como impressionista, partindo daí para diversas tendências distintas, não mais representando fielmente os preceitos originais do Impressionismo, ainda que não tenham se afastado totalmente de tal estilo. Queriam ir além, ultrapassar a Revolução de Manet. Os pintores mais consagrados desta época foram: Vicent van Gogh, Paul Gaugain, Toulouse-Lautrec, Paul Cézanne, Odilon Redon, Georges Seurat e Eliseu Visconti (brasileiro em Paris).

Os estudiosos da arte consideram o Pós-impressionismo como sendo uma extensão do Impressionismo e não um estilo específico. Não se pode negar que o Impressionismo transformou e elevou a arte francesa, ao mostrar novas maneiras de retratar o mundo físico. Os pintores em questão achavam que ele já se esgotara. Queriam bem mais do que pintar sombras e reflexos. Tanto é que, dentre as mudanças efetuadas por eles, estavam o uso de cores vivas, camadas grossas de tinta e pinceladas expressivas que fortaleciam as formas geométricas.

O Pós-impressionismo diz respeito à pintura criada por artistas donos de um estilo particular, incapazes de enquadrar-se em qualquer movimento artístico, a exemplo de Vincent van Gogh, Henri de Toulouse Lautrec, Paul Gauguin, Paul Cézanne, etc. Suas obras desses são vistas na História da Arte como uma preparação para o nascimento da pintura moderna.

Vincent van Gogh (1853-1890) criava formas simples, usava pinceladas dinâmicas e usava as cores com integridade absoluta, vindo a causar profunda admiração na geração de artistas que o sucedeu. Dizia que punha paixão em tudo que pintava. Teve uma vida curta e muito difícil, tendo conseguido vender apenas uma de suas obras. Apenas após a sua morte é que sua obra ganhou a dimensão que tem hoje, encontrando-se entre as mais caras dos leilões de obras pictóricas. Suas obras possuem tendências impressionistas, tendo influenciado o Expressionismo e outros movimentos que se seguiram.

Henri de Toulouse Lautrec (1864-1901) teve uma vida muito curta. Escolheu a vida boêmia de Paris como tema de suas obras. O modo esboçado, inacabado e fragmentário de seus trabalhos chegou ao nível de um princípio estilístico. Não dava nenhuma importância às divisões de classes e às hierarquias. Revolucionou o design gráfico ao criar cartazes publicitários como os do cabaré Moulin Rouge.

Paul Cézanne (1839-1906) dedicou-se com afinco à pintura, estudando seus princípios fundamentais. Seu ponto de partida era a natureza, contudo não aceitava criar uma mera reprodução do que via. Ao estudar as relações encontradas entre cor, forma, luz e espaço, atingiu uma perfeição tamanha que franqueou o caminho para o Cubismo e para a abstração. Os objetos, os volumes e o espaço passaram a ter como base interpretações pictóricas de padrões e formas geométricas básicas. Transformava os elementos da natureza em elementos geométricos (cilindro, cone, esfera, etc.). É visto como o pai da arte moderna.

Paul Gauguin (1848-1903) embora houvesse pintado paisagens impressionistas, queria encontrar outras formas de expressão e de formulação para sua arte. Ao atingir uma forte linguagem visual, acabou trilhando o caminho da arte moderna, mas sem jamais ter aberto mão de vários aspectos do Impressionismo, como o fato de pintar ao ar livre. Algumas de suas pinturas trazem referências simbolistas. Gostava de usar cores intensas como vermelhos, violetas, amarelos e verdes. Mais tarde veio a dedicar-se à arte primitiva.

Nota: conheça mais sobre a vida de Van Gogh, acessando os links abaixo:

  1. Mestres da Pintura – VINCENT VAN GOGH
  2. Van Gogh – SUA PAIXÃO PELA ARTE
  3. Van Gogh – SUA SEDE DE AMOR
  4. Van Gogh – O PINTOR DOS GIRASSÓIS
  5. Van Gogh – CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE SUA VIDA

Fontes de pesquisa
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
Obras-primas da pintura ocidental/ Taschen
Apenas arte/ E. H. Gombrich

Views: 12

EM PAPOS DE ARANHA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

aran

Vivemos tempos de vacas magras. Não é recomendável abaixar a guarda, pois tudo pode acontecer num piscar de olhos. Deparamos com situações que nos fazem sentir na boca do leão ou em papos de aranha. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Parece que vivemos em guerra aberta contra o mundo, num mato sem cachorro. Somos obrigados a tomar decisões desafiadoras a todo o momento, a não ser que viremos caramujos ou ajamos como avestruzes.  Os acontecimentos ruins caem sobre nós como um rolo compressor. A bruxa parece estar solta. É realmente o fim da picada. Ainda assim, não podemos abandonar a luta, faz-se necessário aguentar o rojão, pois do contrário a vaca vai pro brejo. Botemos todos a boca no trombone!

Segundo alguns filólogos (estudiosos da língua), no que diz respeito à expressão que dá título a este texto,  o correto seria dizer “palpos” em vez de “papos”, pois as aranhas são possuidoras de palpos e não de papos. Contudo, o povo tem a sabedoria de simplificar ou mudar a língua, de modo que ela se adapte ao seu falar, optando sempre pela forma mais simples e mais fácil. Assim, o “L” foi suprimido, caiu fora do baralho. A maioria dos autores aceitam as duas expressões como corretas. Resta aos puristas ficar a ver navios, pois assim é e assim será. O fato é que o povo brasileiro encontra-se tanto em palpos de aranha quanto em papos de aranha, comendo o pão que o diabo amassou, a começar pela inflação que corrói seu bolso.

Views: 0

IMPRESSIONISMO E NOVAS TENDÊNCIAS I (Aula nº 86)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de LuDiasBH

Os estudiosos da Arte consideram o Neoimpressionismo e o Pós-impressionismo como uma extensão do Impressionismo, originados do descontentamento de alguns artistas com as limitações do estilo impressionista, embora não se possa negar que o Impressionismo transformou e elevou a arte francesa, ao mostrar novas maneiras de retratar o mundo físico. Esses pintores achavam que tal estilo já se esgotara. Queriam bem mais do que pintar sombras e reflexos. O Impressionismo dava primazia às questões técnicas, como a luz natural e a pintura ao ar livre, enquanto seus segmentos, além da técnica, valorizavam a expressividade e a emoção no momento em que se criava. Dentre as mudanças efetuadas por eles estavam o uso de cores vivas, camadas grossas de tinta e pinceladas expressivas que fortaleciam as formas geométricas. Havia, portanto, uma tentativa de evolução e superação da pintura impressionista.

Os dois termos, portanto — Neoimpressionismo e Pós-impressionismo —, dizem respeito a um período (1880 a 1910) de renovação artística ímpar. Eram variados os estilos e os temas dos pintores desses 30 anos de novas tendências do Impressionismo. Em nenhum dos casos tratava-se de grupos coesos com objetivos específicos ou com um estilo em comum. Os artistas dessa fase, dotados de estilos específicos, não podem ser enquadrados em um movimento artístico específico. O Neoimpressionismo foi iniciado pelo artista Georges Seurat. Os pintores mais consagrados desta época foram: Georges Seurat, Paul Signac e Pissarro.

Muitos dos artistas que trabalharam nesse período haviam passado pela fase impressionista ou foi por este movimento influenciado em um ou outro aspecto de sua caminhada. Essa nova geração de artistas almejava, além da busca pelo naturalismo, expressar sentimentos e ideias — o que não estava presente no Impressionismo — através de suas pinceladas, do uso radical da cor e do contexto. Dentre esses pintores, Paul Cézanne foi aquele que maior influência exerceu sobre outros artistas. Foram seus experimentos com a composição e o volume que levaram ao Cubismo e à Arte Abstrata.

Os artistas desse período recriaram a arte da pintura, ao ressaltar as formas geométricas e aplicar um colorido artificial, a exemplo de Cézanne que revolucionou a perspectiva com a aplicação de planos interrompidos de cor e de Georges Seurat que desenvolveu uma técnica conhecida como “pontilhismo” (ou divisionismo), ao estudar as cores complementares, aplicando-as sobre a tela como pequenos pontos regulares de cor pura, com o objetivo de que esses se fundissem diante do olhar do observador, dando vida a uma mistura óptica de cores.

A tela intitulada “Tarde de Domingo na Ilha da Grande Jatte” (ilustração) de autoria de Georges Seurat foi responsável por lançar o Neoimpressionismo. Após sua morte precoce aos 31 anos, seu grande amigo Paul Signac tornou-se o líder do grupo, tendo escrito que “a técnica dos impressionistas é instintiva e instantânea e a dos neoimpressionistas é deliberada e constante”. O Neoimpressionismo caracteriza-se pelas pinturas de Seurat e pelo modo como ele usava pontos de cor pura.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

Views: 4