MULHER COM SOMBRINHA  (Aula nº 83 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Mulher com Sombrinha, também conhecido como Madame Monet e o Filho, ou O Passeio, ou ainda como Camille e Jean na Colina, está entre os quadros mais famosos do pintor impressionista Claude-Monet. Sua primeira mulher Camille e seu filho Jean servem de modelo para a composição. O mais incomum é que ambos são vistos de baixo para cima, além do grande espaço que a esposa ocupa na composição. O dia está maravilhosamente ensolarado e o céu cheio de nuvens brancas, passando ao observador uma sensação de tranquilidade e frescor, pois luz e brisa parecem ultrapassar os limites da tela.

O pequeno Jean, bem distante da mãe, aparece mais ao fundo, à esquerda, com seu chapeuzinho redondo e com suas mãozinhas nos bolsos, como se a sua presença fosse apenas acidental, sendo a mãe a personagem mais importante da cena. Embora seus traços sejam apenas esboçados, ele se mostra bastante sério, mantendo um olhar distante. A vegetação cobre-lhe quase que metade do corpo, enquanto ele parece focar algo distante.

A presença do vento na pintura pode ser percebida através do esvoaçar das vestes de Camille e do dobrar da vegetação. Seus pés não são vistos, pois estão encobertos pela relva e flores. Mesmo assim, Camille mostra-se vaporosa e parece flutuar, levada por sua sombrinha delicada, mas firme, postada à direita de seu corpo. Seu olhar parece dirigir-se ao observador. O efeito luminoso no quadro é perceptível através do delicado resultado dégradé colorido da sombra que a sombrinha de interior verde joga sobre o corpo da modelo, e as sombras espalhadas pela vegetação, onde se fundem vários tons de verde e o amarelo de pequenas flores. Vários matizes estão refletidos no vestido volateante de Camille, assim como os diferentes azuis do céu.

Observando o céu e a relva, notamos que o artista usou longas e rápidas pinceladas, principalmente ao pintar as nuvens, como se não tivesse tempo a perder, se quisesse captar aquele momento, pois a presença do vento ainda torna as nuvens mais fugidias. O vento agita a roupa da modelo, assim como seu véu, balança a sombrinha, dobra a vegetação e brinca com as nuvens. Monet em seu quadro dá um show de luz, cor e brisa, transmitindo ao observador todas essas sensações visuais. E é isso que faz de O Passeio, Mulher com Sombrinha, um resumo do Impressionismo e um dos quadros mais belos do grande mestre.

Doze anos após a pintura em que Camille e Jean serviram de modelo (e sete anos após a morte de Camille), Monet voltou ao mesmo tema, só que dessa vez sem a presença de um garoto. Suzanne Hoschedé, uma das filhas de sua companheira Alice, serve de modelo. Com ela, fez duas composições: Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Direita e Ensaio de Figura ao Ar Livre, Voltada à Esquerda. Mas a natureza presente nesses quadros não nos passa a mesma leveza e o mesmo frescor sentidos na observação da pintura de Camille e Jean. Também não existe a mesma expressividade vista no rosto da esposa. As obras são incomparáveis.

Ficha Técnica:
Ano: 1875
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 100 x 81 cm
Localização: Nattional Gallery of Art, Washington, Estados Unidos

Fonte de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Monet/ Editora Taschen
Monet/ Editora Girassol

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VISTAS DA CATEDRAL DE ROUEN (Aula nº 83 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

            

     

Todos os dias eu capto e me surpreendo como alguma coisa que ainda não tinha sabido ver. Que difícil de fazer é essa catedral! Quanto mais avanço, mais me fatiga restituir o que sinto; eu me digo que aquele que diz ter terminado uma tela é um terrível orgulhoso. (Monet)

Na verdade, neste monumento gótico, está o extremo da sólida realidade que, mediante a observação e habilidade de Monet, transformou-se em evanescente fantasia. (Perry T. Rathbone)

Monet fez vários quadros paisagísticos em que inseriu igrejas e catedrais. Mas nesta série, ele pegou como tema único a Catedral de Rouen. Foram pintadas cerca de trinta telas, nas quais o artista reproduz o jogo de luz e as inúmeras mudanças na atmosfera em vários momentos do dia, através da fachada da catedral. Aqui o tema central não é a catedral, pois sua arquitetura é quase imperceptível, mas a variação da luz sobre sua fachada em diversos momentos do dia. Essa série é famosa no mundo inteiro.

O pintor chegou a duvidar de sua capacidade de poder transferir para a tela as diferentes mudanças cromáticas, ao pintar a Catedral de Rouen em diferentes momentos. Ele desabafou dizendo que “tudo muda, inclusive a pedra”. A série foi pintada durante os meses de inverno de 1892 e 1893, como ele via a catedral da janela de onde se encontrava (num quarto alugado em cima de uma loja do lado oposto da praça fronteiriça com a catedral) em diferentes momentos do dia. Em todas as pinturas a fachada da Catedral de Rouen ocupa sempre o primeiro plano. É possível ver como a luz, ao incidir sobre aquelas formas complexas, altera a forma e a cor, num jogo de imensa beleza. Ele trabalhou seu olhar, não para ver o modelo, mas, sim, a luz que o envolvia e a atmosfera que se mostrava entre ele e o objeto de sua atenção.

Para pintar os inúmeros quadros da série, Monet submeteu-se a um grande número de sessões, indiferentemente da hora do dia e do tempo. Ele pintou sob o sol, sob a névoa, ao amanhecer, ao entardecer… O método empregado era a substituição de telas de acordo com as variações da luz. Ele trabalhou no tema em dois períodos distintos, havendo um intervalo de cerca de um ano. Antes de iniciar a sua pintura, estudou a construção e os efeitos luminosos. O seu ateliê foi montado de frente para a catedral.

De um total de trinta telas da Catedral de Rouen, apresentada como se fosse imaterial, foram expostas vinte em 1894. Na época, o jornalista Georges Clemenceau que viria a ser primeiro-ministro da França e também responsável pela doação das “Ninfeias” ao Estado francês, mostrou a sua preocupação no sentido de que as telas viessem a ser vendidas separadamente, pois, para ele, todo o bloco constituía um único trabalho, ou seja, uma única obra dividida em vinte sequências, além de ser a prova da fascinação e dedicação do artista ao Impressionismo.

Artistas e críticos acolheram muito bem essa série de Monet, pois se tratava de um grande acontecimento. Como escreveu Georges Clemenceu, ela dizia respeito a “uma forma nova de olhar, de sentir, de expressar uma revolução”. Tanto é que artistas como Picasso, Braque ou Lichtenstein viram a série de pinturas sobre a Catedral de Rouen como “de importância fundamental na história da arte”, pois “obrigaria gerações inteiras a mudar suas concepções”.

Nota: A primeira gravura trata-se da reprodução de uma foto da catedral.

Ficha técnica: (catedral azul)
Ano: 1893
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 106 x 73 cm
Localização: Museu d`Orsay, Paris, França

Fontes de Pesquisa:
Claude Monet/ Coleção Folha
Grandes Mestres da Pintura/ Editora Abril
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Monet/ Editora Taschen
Monet/ Editora Girassol

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Botticelli – A NATIVIDADE MÍSTICA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Natividade Mística de Jesus, também conhecida apenas como Natividade, refere-se ao nascimento do Salvador. Esta é uma obra do mestre renascentista italiano Sandro Botticelli. É cheia de grande simbologia. O pintor combina o nascimento de Cristo com a sua segunda vinda. Esta obra, cheia de figuras alegóricas, símbolos e inscrições, tem levado os estudiosos a muitas discussões.

A pintura foi realizada um milênio e meio depois do nascimento de Jesus, época em que as modificações políticas e religiosas tornaram-se responsáveis por admoestações proféticas sobre a proximidade do final mundo. Nela, o artista traz à tona as dúvidas e os problemas  de sua juventude, como podemos notar na profética  inscrição grega:

“Esta pintura, do fim de 1500, durante as perturbações na Itália, eu, Allesandro, pintei-a no intervalo após essa época, durante o cumprimento do Capítulo XI de S. João, na segunda calamidade do Apocalipse, e segunda liberação do demônio por três anos e meio, o qual será novamente encadeado no Capítulo XII e nós o veremos […] como nesta pintura.”.

A cena da pintura, portanto, trazem à tona os sermões do monge Savonarola.

O Menino Jesus nasceu. Reunidos no estábulo, José, Maria, reis, pastores e uma legião de anjos celebram seu nascimento com grande alegria. Na parte superior da pintura doze anjos, vestidos nas cores da fé, esperança e caridade, dançam graciosamente em círculo, carregando nas mãos vistosos ramos de oliveira. Sobre eles, o céu abre-se numa maravilhosa cúpula cor de ouro, simbolizando o paraíso que, assim como o ouro, é eterno. Amarradas aos ramos, três coroas douradas balançam. Os pergaminhos presos aos ramos celebram Maria: “Mãe de Deus”, “Noiva de Deus”, “Rainha única do mundo”.

Logo abaixo dos anjos dançarinos, sobre o telhado, estão três anjos ajoelhados, segurando o livro sagrado do cristianismo – a Bíblia. Vestem roupas de cores branca, vermelha e verde e têm asas vermelhas.

A Virgem Maria, ajoelhada em adoração diante de seu Filho, usa um manto azul sobre um vestido vermelho e tem ao lado o boi, deitado, e o jumento, de pé, que também observam o Menino, enquanto José cochila atrás da criança. A Virgem Mãe e seu filho Jesus apresentam-se em escala superior à dos demais personagens. Maria é tão grande que, se ficasse de pé, bateria no telhado do estábulo. O destaque dado pelo artista mostra que eles são as pessoas mais importantes e santas presentes na composição.

O Menino repousa sobre um tecido branco que lembra o mesmo lençol em que seu corpo será enrolado um dia, enquanto a gruta é uma menção ao seu túmulo. Os pastores, à direita, com suas roupas curtas, presentes no lado direito da pintura, louvam a criança que acaba de nascer. Todos estão coroados com ramos de oliveira, símbolo da paz. Um anjo com roupa branca conversa com eles, enquanto outro, meio encoberto pelos ramos e trazendo um ramo de lírios na mão, está de frente para o grupo.

Na parte inferior da pintura em primeiro plano, três anjos, usando vestes verde, branca e vermelha, abraçam afetuosamente três homens que vêm visitar o Menino. Os seres alados carregam consigo um ramo de oliveira e, preso a estes estão pergaminhos com frases em latim que dizem: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.” Atrás do grupo quatro demônios, em escala bem reduzida, fogem aterrorizados, alguns empalados em suas próprias lanças, para buracos no chão.

À esquerda estão os reis, despojados de suas insígnias, usando vestes longas. Também estão usando coroas de oliveira. O anjo que, junto aos três reis, à esquerda da pintura, aponta a mão para o Menino, segura a inscrição “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Em frente à estrebaria vários caminhos cruzam em zigue-zague. As paredes da rocha parecem lanças. Inúmeras árvores verdes estão atrás do local onde acontece a cena.

Esta obra de Botticelli não é convencional ao representar os acontecimentos tradicionais do nascimento de Jesus Cristo. O artista inspirou-se nas profecias do Apocalipse de São João para pintar tais eventos. No topo da obra podemos ver a inscrição de um texto. Vemos ali a influência do monge fanático e pregador Savonarola sobre Botticelli.

Ficha técnica:
Data: c. 1501
Técnica: têmpera e óleo sobre tela
Dimensões: 108, 5 x 75 cm
Localização: National Gallery, Londres, Reino Unido

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obra de arte/ Taschen
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia

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UM NOVO ESTILO – IMPRESSIONISMO III (Aula nº 83)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Impressionismo era essencialmente uma nova forma de pintar, ainda assim é difícil obter uma definição que abrace toda a gama de telas que se inserem dentro do termo “impressionista”. Contudo, um tipo de quadro é inequívoco: a paisagem impressionista por excelência — a exemplo de A Regata de Argenteuil de Monet, ilustração acima, criada em 1874 — uma vez que suas características são bem fáceis de serem identificadas: 1- possuía um tamanho relativamente pequeno e irregular no que diz respeito à composição; na maioria das vezes era feita ao ar livre; as cores usadas eram quase sempre brilhantes e contrastantes; e a pincelada era livre e intuitiva.

Quase todos os paisagistas, antes dos impressionistas, ao criar suas obras de grandes dimensões e dar-lhes um acabamento impecável para serem exibidas, faziam uso do estúdio, tomando como referência pequenos estudos preparatórios feitos ao ar livre, portanto, não foram os impressionistas os primeiros a usar as pinturas a óleo realizadas ao ar livre. Os paisagistas franceses, desde os finais do século XVIII, já faziam esboço a óleo ao ar livre, como parte de seu aprendizado, como mostram os pequenos estudos de Pierre Henri de Valenciennes, feitos na década de 1780, hoje presentes no Louvre.

Há exemplos de Valenciennes esboçando o mesmo tema sob diferentes condições meteorológicas, como Monet viria a fazer. Também na Inglaterra, no início do século XX, esse mesmo tipo de estudo foi realizado, como pode ser visto nos esboços a óleo de John Constable.  A diferença é que essas pequenas pinturas a óleo feitas ao ar livre não eram tidas como acabadas, tratando apenas de apontamentos sobre a luz e o ambiente que os pintores viriam a usar para fazer suas grandiosas pinturas no estúdio.  

A admiração dos artistas pelas pinturas obradas ao ar livre foi aumentando com o passar dos anos. O pintor francês Jean-Baptiste Camille Corot expôs no Salão alguns estudos exteriores, ao invés de usar composições feitas em estúdio. E Charles-François Daubigny, aluno da escola de Barbizon, começou a expor, entre as décadas de 1850 e 1860, imensas paisagens que possuíam grande parte delas trabalhada ao ar livre. Assim, tal tradição francesa antecedeu as obras ao ar livre dos impressionistas, mas não é provável que esses tenham tido ciência das tentativas anteriores que lograram êxito ao comporem obras exteriores.

Os impressionistas mostravam-se cada vez mais obstinados a compor ao ar livre, fazendo uso de telas menores. Consideravam os seus pequenos óleos, feitos ao ar livre, como obras terminadas, nas quais o que contava era a sua tendência natural e o frescor do registro da natureza. Ao criar um quadro paisagístico, primeiro buscavam por um ponto de vista que definisse de que maneira as formas que apareciam diante dos olhos deveriam interagir entre si e com os limites do quadro, embora usassem diferentes perspectivas. Monet e Cézanne gostavam das composições que não eram captadas de maneira direta, enquanto Sisley, Renoir e Pissarro optavam por uma estrutura de perspectiva simples e claramente definida.

Imagina-se que a maioria das paisagens de dimensões reduzidas, criadas e expostas pelos impressionistas na década de 1870, tenha sido totalmente pintada ao ar livre, ou ao menos em sua maior parte. Do grupo composto por eles, apenas Degas não pintou externamente. É possível também que Camille Pissarro tenha usado seu estúdio na década de 1870, quando criou grandes óleos. O fato é que a partir de 1870 a maioria das paisagens impressionistas diferenciavam-se no uso da cor das paisagens francesas pintadas anteriormente.

Os impressionistas, contudo, após 1880, passaram a compreender que as pinturas feitas ao ar livre eram muito limitantes e consistiam num paradoxo, uma vez que tais obras externas adornavam ambientes internos. Também compreenderam que a fugacidade dos efeitos da luz impossibilitava-os de fazer um registro real e imediato do que viam. Em razão disso passaram a trilhar caminhos diferentes. Renoir, nos seus últimos anos de vida, passou a usar pequenos esboços feitos ao ar livre para trabalhar em seu estúdio. Pissarro voltou ao trabalho no estúdio. Embora Monet desse a impressão de que seu trabalho continuava sendo executado totalmente ao ar livre, suas correspondências provavam o contrário, ou seja, ele usava o estúdio para dar acabamento às suas telas. A partir da década de 1890 ele revisou a maior parte de sua obra na quietude de seu estúdio.

Os paisagistas impressionistas não se ativeram apenas aos temas declaradamente modernos. Também pintaram paisagens que deixavam evidente o trabalho humano (estradas, pontes, campos, aldeias, etc). Monet e Cézane retrataram a natureza em seus aspectos mais rústico (montanhas e rochas). Monet também se viu atraído pelas forças bravias dos elementos (neve e gelo, mar e vento contra as escarpas), mostrando a insignificância do homem diante das forças da natureza.

O Impressionismo foi o movimento artístico que – durante a história da arte até então – que mais valorizou o trabalho ao ar livre. Os paisagistas impressionistas foram responsáveis por trazer consigo uma utilização livre, espontânea e sincera, mostrando as diferentes texturas da natureza e destacando o valor de cada pincelada.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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UM NOVO ESTILO – IMPRESSIONISMO II (Aula nº 82)

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

 O Impressionismo — movimento artístico que pertenceu ao período situado entre 1860 e 1890 — teve origem na união de um grupo de artistas com ideias afins que se reuniam nos cursos de arte e nos cafés de Paris no início na década de 1860. A esse grupo juntaram-se outros alunos entusiasmados com as novas concepções artísticas, ficando o grupo conhecido posteriormente como “os impressionistas”. O que interessava a esses pintores era retratar a vida moderna como a viam num determinado instante, ou seja, buscavam a captura da impressão do momento no qual estavam presentes os fugitivos efeitos da luz solar, ao incidir sobre os objetos e a paisagem, ficando as figuras sem contornos nítidos. Ao pintar sob tais condições, suas obras pareciam inacabadas sob o olhar do século XIX, ainda afeito ao academicismo.

A pintura impressionista era tradicionalmente apresentada como totalmente casual e desordenada na composição. Quanto à evolução do plano cromático vista nos quadros impressionistas, essa jamais foi teórica ou científica. Embora se mostrasse aparentemente informal, a arte impressionista possuía uma tentativa decidida de mostrar a percepção instantânea que o artista concebeu do mundo que o rodeava. Os objetivos dos artistas impressionistas eram definidos em termos pictóricos, sem nenhum outro compromisso social. Desejavam apenas retratar, através da pintura, as sensações que sentiam diante da natureza, como escreveu Claude Monet: “Faço o que considero melhor para expressar o que experimento diante da natureza, para imprimir minhas sensações”.

As pinturas impressionistas, ao serem apresentadas na década de 1870 ao júri responsável pela escolha das obras a serem expostas no Salão de Paris, eram recebidas com desdém, uma vez que não representavam as superfícies lisas com pinceladas invisíveis como as exigidas pelo Salão oficial, mas traziam cores fortes e ousadas e suas pinceladas eram soltas e visíveis. As cenas pintadas eram tidas como extravagantes, radicais ou impróprias (paisagens de Paris, bailarinas atando sapatilhas, lavadeiras e passadeiras trabalhando, etc.). Mais uma vez um estilo de arte posicionava-se contra a influência exercida pela arte acadêmica em que predominavam os temas históricos, religiosos e mitológicos.

Por ocasião da primeira exposição independente organizada pelo grupo de impressionistas em 1874 — artistas descontentes com os caminhos da pintura, com a postura intransigente do Salão oficial e também na busca por um meio que os levasse a conseguir visibilidade e saída para a venda de suas obras —, o pintor Claude Monet expôs uma marinha que tinha por título “Impressão, Sol Nascente” (ver quadro ilustrativo acima). O crítico Louis Leroy ali presente, como uma forma de insulto, cunhou o termo “impressionista” num artigo que se intitulava “A Exposição dos Impressionistas”, no qual escreveu: “Impressão… qualquer papel de parede é mais bem acabado do que esta marinha!”. Aos artistas envolvidos com a exposição não agradaram as críticas recebidas e tampouco o título de “impressionistas”, mas o que havia nascido como uma crítica desdenhosa acabou por se transformar no nome de um dos movimentos mais significativos do século XIX.

As gravuras japonesas (ukiyo-e) que apareceram em Paris na década de 1860 serviram como inspiração para o grupo de impressionistas. Elas traziam com simplicidade cenas da vida diária em cores puras e brilhantes, possuíam um traçado simples e composições dinâmicas, muitas vezes descentralizadas, sendo que as figuras mostradas em primeiro plano podiam aparecer cortadas pela borda dos quadros. Havia também uma atitude de despreocupação no que diz respeito às leis da perspectiva linear, totalmente diferente da europeia, na definição do espaço.

O colorido das estampas japonesas, principalmente as de Ando Horishige, descobertas na Paris da década de 1860, contribuíram para reforçar o uso de planos simples de cores justapostas, contudo, não foi por si só responsável por criar a técnica de cor impressionista. Os próprios artistas impressionistas foram os principais responsáveis, ao fazer o estudo da natureza. Eles chegaram aos efeitos dos contrastes da cor através da própria experiência que ganharam ao trabalhar em com contato estreito com a natureza.

Embora nem todos os estudiosos da arte aceitem, a fotografia também é vista como outra fonte de inspiração para o movimento impressionista, como mostram as bailarinas de Edgar Degas que, segundo alguns, são inspiradas nas imagens congeladas das fotografias de Eadweard Muybridge. Alguns estudiosos, no entanto, deduzem que os efeitos instantâneos captados pela fotografia quase nada têm a ver com o trabalho de Degas, dono de um planejamento detalhado, com efeitos de assimetria estudada — o que já fazia antes da popularização dos recursos da fotografia.  

Através de suas câmaras portáteis, os fotógrafos aprisionavam o movimento na forma de borrões. As composições não eram convencionais, podendo seguir uma ordem incerta, com primeiros planos vazios e com cortes incomuns. As primeiras fotos em movimento, mostrando como as pessoas e os animais se movimentavam foram impactantes para os impressionistas, principalmente quando fotografavam cenas de corridas de cavalo.

Mesmo nutrindo interesses comuns, nem todos os artistas impressionistas foram fieis aos princípios da escola e, assim, podem ser definidos alguns deles: Monet foi o mais fiel com sua temática moderna e compromisso com a captura da impressão visual originadas pela fugacidade dos efeitos de luz; Sisley possuía uma temática mais específica, direcionada às paisagens; Degas estava voltado para o desenho e a pintura de interiores, criando suas obras no estúdio; Pissarro mostrou sua predileção pelas cenas rurais. No que diz respeito às pinturas das impressionistas Morisot e Mary Stevenson Cassat, essas retratavam mulheres em ambientes domésticos.

O Impressionismo era essencialmente uma nova forma de pintar, contudo Degas e Renoir também criaram esculturas. Escultores contemporâneos também foram influenciados pelo Impressionismo, como Medardo Rosso e Auguste Rodin que se negaram a aceitar a precisão e o idealismo da escultura acadêmica. Embora o círculo impressionista tenha se desfeito no final da década de 1880, a sua influência foi grande e duradoura. Mesmo tendo atingido o seu auge na França, o Impressionismo propagou-se por todo o Ocidente, ainda que nunca tenha chegado a ser uma escola no sentido exato da palavra.

Os impressionistas adotaram diferentes caminhos em relação à técnica depois de 1880, resumindo-se a tentativas de colocar em evidência com o pincel certas características da superfície da composição, mas conservaram a mais importante de todas as inovações: deixar as pinceladas individuais bem visíveis sobre a superfície pictórica. É certo que a maior parte das obras impressionistas foram criadas em óleo sobre tela, contudo, muitos dos artistas, buscaram experimentar outros meios, como aconteceu com o pastel, principal meio utilizado por Degas a partir do final da década de 1870 e com Cézanne ao usar a aquarela.

O Impressionismo, em termos gerais, é fundamentalmente um estilo pictórico, mas numa análise mais apurada, os artistas impressionistas estiveram ligados ao período do naturalismo, ao se preocupar apenas em fazer um registro de suas experiências e das cenas relativas ao mundo que os cercava. Embora o grupo de impressionistas convivesse com escritores e pessoas da intelectualidade, não se pode dizer que a pintura impressionista carregue algo de literário. O que lhe interessava era retratar o mundo em que vivia com os seus pinceis, fazendo uso da forma e da cor. Embora o Impressionismo tenha surgido, de acordo com as convenções da época, como uma arte radical e revolucionária quanto à técnica e ao tema, não se pode dizer que seus artistas pleiteassem ideias políticas revolucionárias.  Isso não significa que eles não fossem conscientes das divisões sociais vigentes, mas simplesmente retratavam-nas objetiva e desapaixonadamente.

Ao não querer depender das exposições patrocinadas oficialmente, nas quais um júri escolhia as obras que lhe agradava, os impressionistas foram abrindo caminho para os outros grupos que viriam, quer através de exposições coletivas menores quer através de mostras individuais montadas por marchands. As descobertas feitas pelo movimento impressionista foram importantes para que outras surgissem no campo da pintura. Contribuiu também para que ruísse a ideia de que um quadro deveria ser grande e possuir um acabamento perfeito, ao dar lugar a uma pintura mais informal que expressasse a personalidade do artista. Vários movimentos da arte em território francês abraçaram diversas características dos impressionistas, a exemplo dos fauvistas, neoimpressionistas, cubistas, etc.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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UM NOVO ESTILO – IMPRESSIONISMO I (Aula nº 81)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Na nossa viagem pela História da Arte passamos por diferentes épocas da história da humanidade: Pré-História (Período Paleolítico/ Período Neolítico/ Idade dos Metais), Antiguidade, quando nos defrontamos com a arte do Mundo Antigo (Egito/ Grécia/ Roma) e a Arte Bizantina. Na Idade Média tivemos contato com dois importantes estilos: Românico e Gótico. Na Idade Moderna travamos contato com os seguintes estilos: Renascimento, Maneirismo, Barroco e Rococó. Adentramos na Idade Contemporânea — esta em que vivemos, iniciada no século XVIII, continuando até os nossos dias —, responsável por um grande leque de estilos. Já vimos: Neoclassicismo, Romantismo, Realismo e agora nos embrenhamos na história belíssima do Impressionismo.

Na segunda metade do século XX um grupo de artistas revoltou-se com o excesso de temas históricos e o refinado acabamento que o Salão de Paris exigia, excluindo suas obras da exposição do Salão Oficial. O que interessava a esses pintores era retratar a vida moderna como a viam num determinado instante, a captura da impressão do momento no qual estavam presentes os fugitivos efeitos da luz solar. O contato entre eles teve início na década de 1860. Claude Monet conheceu Camille Pissarro por volta de 1860.  Alfred Sisley, Frédéric Bazille e Claude Monet conheceram-se em 1862 e Paul Cézanne passou a relacionar-se com o grupo por volta de 1863, ano em que o Salon des Refusés (Salão dos Recusados) expôs os quadros recusados pelo Salão oficial. Por sua vez, Edgar Degas e Édouard Manet vinham travando contato com o resto dos pintores desde finais da década de 1860. Eles se reuniam no Café Guerbois, onde trocavam ideias relativas à arte vigente. Seus quadros foram aceitos até o ano de 1870 pelo Salão oficial, angariando um relativo êxito, mas, após essa data, o júri passou a não os admitir com muita frequência.  

Claude Monet e Bazille tinham como projeto a realização de uma exposição independente que acabou não sucedendo, mas foi o germe para a que viria a acontecer anos depois. Veio a guerra franco-prussiana que desmanchou o grupo em 1870. Claude Monet e Camille Pissarro voltaram de Londres em 1871, onde se exilaram, mas não contavam mais com a presença de Frédéric Bazille que havia morrido na frente de batalha. O grupo resolveu deixar o Salão oficial, com exceção de Édouard Manet que ali continuou a expor seus trabalhos regularmente. As exposições independentes do grupo aconteceram entre os anos de 1874 a 1886. Tinham como objetivo encontrar uma saída para suas obras que se viam à margem do Salão oficial. Dentre os participantes da primeira exposição encontravam-se: Claude Monet, Camille Pissarro, Pierre-Auguste Renoir, Alfred Sisley, Edgar Degas, Paul Cézanne e Berthe Morisot. Esses sete artistas, responsáveis por realizar a primeira exposição em 1874, junto a Édouard Manet e a Edgar Degas (ainda que esses dois em razão de seus métodos e técnicas se mostrassem mais distantes do grupo) são tidos como os mais importantes pintores impressionistas.

Embora esse grupo de impressionistas tivesse como foco as exposições independentes, não significava que carregassem os mesmos ideais artísticos ou as mesmas concepções. Os objetivos artísticos e as ideias sobre a existência das exposições foram ficando cada vez mais diferenciados, como indica a mostra de 1886, a última delas, na qual se encontravam, como participantes do grupo inicial, apenas Edgar Degas, Camille Pissarro e Berthe Morisot. Os demais eram todos artistas novos, como Paul Gauguin, Georges Seurat e Paul Signac. As duas impressionistas mais conhecidas são a francesa Berthe Marie Pauline Morisot e a estadunidense Mary Stevenson Cassat que retrataram mulheres em ambientes domésticos, pois damas “respeitáveis” não podiam ter o mesmo comportamento dos homens à época. Esses podiam sair livremente a pintar cenas da vida contemporânea pelos campos e parques da cidade.

Os artistas impressionistas inspiravam-se no temperamento realista de Gustave Courbet e de seus seguidores, assim como nas paisagens em plein air (ar livre) dos pintores da Escola de Barbizon — Theodore Rousseau, Charles-François Daubigny e Jean-Baptiste-Camile Corot —, só que esses, excetuando Daubigny, acabavam suas pinturas no estúdio, o que, para os pintores impressionistas como Monet, Sisley, Renoir e Bazille — pelo menos no início do movimento — era totalmente impróprio. O poeta e teórico da arte francesa Charles-Pierre Baudelaire, já na década de 1840, solicitava aos artistas que refletissem sobre o tema do “heroísmo da vida moderna”. E Eugène Boudin, um dos mais interessantes pintores precursores do Impressionismo, escreveu em 1868 que “queria encontrar uma maneira de tornar aceitáveis os homens com casacos e as mulheres com impermeáveis, pois os burgueses que caminham pelo quebra-mar para o poente têm o mesmo direito que os camponeses de ser retratados nos quadros”.

Monet e Renoir passaram a retratar os passatempos suburbanos dos burgueses, a classe média passeando e divertindo-se pelos parques e campos dos arredores cidade parisiense. Pissarro enveredou-se pelos povoados dos arredores de Paris, interessando-se pelos camponeses que ali trabalhavam. Manet, Monet e Pissarro também representaram a temática da estação de trem e os trens. Durante a década de 1870, Renoir, Degas e Manet agregaram a seu trabalho outros temas da vida moderna: o mundo dos entretenimentos da cidade — da ópera ao café da classe trabalhadora. Degas, por sua vez, foi encantado pelo balé, através do qual externava os sentimentos dos bailarinos e também o entrelaçamento intrincado das figuras.  O nu feminino também foi retratado pelos impressionistas.

Muitos artistas que compunham o grupo de impressionistas continuaram envoltos por uma grande amizade, principalmente Claude Monet, visto como o pai dos impressionistas, Pierre Auguste Renoir e Camille Pissarro, no entanto, no que diz respeito ao trabalho artístico, começaram a tomar caminhos diferentes, como é comum acontecer na história da Arte. Mesmo que o círculo impressionista tenha se desfeito no final da década de 1880, a sua influência foi grande e duradoura. Mesmo tendo atingido o seu auge na França, o Impressionismo propagou-se por todo o Ocidente, ainda que nunca tenha chegado a ser uma escola no sentido exato da palavra. O Impressionismo em termos gerais é fundamentalmente um estilo pictórico.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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