Pieter Bruegel, o Velho – O PAÍS DA COCANHA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem. (Provérbios 23:20-21)

 A alegoria O País da Cocanha, também conhecida como A Terra da Cocanha, é uma obra do artista Pieter Bruegel, o Velho, renomado pintor e gravurista holandês do século XVI. Em sua composição, ele toma como tema um dos chamados “sete pecados capitais”. É bom que o leitor saiba antes que, nos tempos medievais, “Cocanha” era considerada uma terra mítica de grande abundância, contudo, Bruegel usa-a como pano de fundo para sua condenação à gula.

O pintor traz para sua alegoria uma terra de fartura e prazeres, na qual se encontram: um camponês, um clérigo (ou acadêmico) e um cavaleiro (ou soldado), representantes de diferentes classes. Cansados de tanto comer, eles se deitam debaixo da árvore da fartura, representada por um tronco, no qual está inserida uma tábua de madeira (mesa) cheia de guloseimas, e em cujos galhos há pães. À esquerda, um nobre vestindo uma armadura de cavaleiro medieval, descansa debaixo de uma tenda coberta por empadões e tortas, mas está de olho no pombo assado a voar, que, infelizmente, foi removido acidentalmente durante o trabalho de restauração da obra. E mais ao fundo, em segundo plano à direita, outro personagem cava um túnel numa montanha de pudim.

Os personagens, com suas formas adiposas, são dispostos, pelo pintor, debaixo da árvore da fartura, como se eles fossem os raios de uma roda, numa alusão ao ciclo formado pela roda, que não tem fim, pois assim também funciona a gula, pois deixa a pessoa sempre insatisfeita. Em volta deles circulam petiscos: um ovo cozido com duas pernas traz uma faca dentro de si; um frango assado deita-se numa bandeja sobre uma toalha branca, formando o quarto raio da roda; um leitão, cortado em seu dorso, traz uma faca de cabo preto enfiada em sua pele; e de uma roda de queijo, à esquerda, próxima ao refúgio do nobre, já foi retirada uma parte. Sobre a mesa estão dispostas inúmeras iguarias, e os jarros virados dão a entender que os personagens já comeram até não mais se aguentarem de pé. Salsichas enroladas, à esquerda, delimitam parte da área próxima ao abismo.

Um despenhadeiro leva a um mar sereno, na parte superior da tela, onde são vistas duas embarcações, o que também pode ser uma referência àqueles que, por não abrirem mão dos vícios, jamais encontram tranquilidade na vida, como a vista abaixo.

Ficha técnica
Ano: 1567
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 52 x 78 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Land_of_Cockaigne_(Bruegel)

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