PROVÉRBIOS – MENINA OU MENINO?

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Autoria de Lu Dias Carvalhomeome

Os provérbios existentes em todas as culturas valorizam a presença dos filhos na vida dos pais. Eles são vistos como suporte para seus genitores principalmente na velhice. Contudo, em algumas culturas a diferença entre menino e menina é bem clara, como veremos a seguir.

Os tibetanos chegam a afirmar que “um filho não é a mesma coisa que uma filha”, ou seja, ele é muito mais desejado. Embora se saiba que a mulher é de fundamental importância para uma cultura, inclusive na descendência e criação de novos indivíduos, o nascimento de uma menina tem sido preterido em muitas delas. Tal postura contribui para colocar a fêmea humana à margem das decisões sociais e políticas da sociedade em que vive, uma vez que é vista como um indivíduo inferior.

Diz certo provérbio que “Quem não tem o que se ama, ama o que se tem”, portanto, não havendo outra saída, a garota indesejada é recebida, mesmo que a contragosto, pelos pais. Mesmo assim, ela continua vítima da mordacidade dos provérbios populares nas culturas machistas. Os chineses dizem que “Num tanque sem peixes salvam-se os girinos”, ou ainda, “Na falta de mercúrio, a argila serve”. Tais provérbios poderiam ser traduzidos como “Quem não tem cão caça com gato” em sua modalidade atual. Outros ditos populares acompanham a malícia em relação ao nascimento de meninas, mas também é possível pinçar aqui e acolá alguns provérbios que fogem à regra, ainda que se tenha que ler, nas entrelinhas, certo tipo de consolo:

  • A filha mais velha é a ama dos irmãos. (Prov. vietnamita)
  • Bendita a casa em que a filha nasce antes do filho. (Prov. judaico)
  • É melhor dar à luz uma boa filha, e depender de um genro, do que parir um mau filho. (Origem desconhecida)
  • Primeiro uma filha, depois um filho, e então a família. (Prov. estadunidense)
  • Uma boa filha equivale a dez filhos, se achar um bom noivo. (Prov. bengali)
  • Uma família sem uma única filha é como um fogo apagado. (Prov. coreano)

As sociedades que trabalham com essa diferença arcaica entre o sexo masculino e o feminino partem do pressuposto de que “A casa paterna é território dos rapazes e restaurante das moças”, como apregoa um provérbio chinês. Alegam que, ao casar-se, a jovem passa a pertencer à família do marido, enquanto o moço fica permanentemente ao lado dos pais, zelando por eles. Um provérbio coreano chega a ser mais rude ao rezar que “A jovem que se casa perde o parentesco”, pois seus filhos não são considerados como descendentes de sua família original, passando a fazer parte do clã do marido. E, como se não bastasse a negação por parte da própria família, a esposa, muitas vezes, também não é aceita pelo clã do marido, sob a alegação de que “A mulher não é parente de ninguém”, como alerta um provérbio mongol. Mulheres que vivem em culturas deste tipo são, certamente, frágeis e vulneráveis, repassando para suas filhas a mesma insegurança, numa cadeia continuada que só tende a enfraquecer a própria sociedade em que se encontram.

O que fica patente nessas culturas é o desprezo pela mulher, pelo fato de essas não serem provedoras, limitando-se apenas a manter a casa e a criar os filhos, como se tais funções desmerecessem-nas. O mesmo aconteceu com as mulheres de vários países, hoje tidos como civilizados, quando eram apenas “donas de casa”. Ao assumirem funções de trabalho fora do lar, elas passaram a ser vistas com respeito. Quanto ao fato de a mulher casar-se em determinadas culturas e passar a fazer parte da família do marido, o que vemos no Ocidente é o contrário. Reza um provérbio bem conhecido que “Quando um homem se casa, a família da mulher ganha um filho e a sua perde um”, pois a filha acaba sempre levando o marido para sua família, com a qual mantém maior contato. O ideal é que ambas as famílias se enriqueçam com o novo membro, seja ele homem ou mulher.

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

4 comentaram em “PROVÉRBIOS – MENINA OU MENINO?

  1. Hyde Flavia

    Minha avó quando nascia alguém na família corria para perguntar: É menino ou menina? Se menina, tinha na ponta da língua a resposta:
    “Barrigada perdida!”

    Responder
    1. Lu Dias Carvalho Autor do post

      Hyde Flávia

      Como você mostra, tal comportamento não vai muito longe, embora sua família seja de origem árabe, não é mesmo?

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Eliana

    Como dizia Agnaldo Timóteo em sua música: ” Ela é a rainha do lar”
    Ratificando eu diria: Não só do lar, mas por onde passa.

    Responder
    1. Lu Dias Carvalho Autor do post

      Eliana

      Você trouxe uma boa lembrança, pois esse “lar” representado pela música de Timóteo retrata aquela mulher submissa, voltada apenas pelos afazeres domésticos. Do lado do meu pai venho de uma avó matriarca, já naqueles tempos. Mulher não quer ser rainha de nada, mas companheira, vida de igual para igual com o seu cônjuge, não é mesmo?

      Beijos,

      Lu

      Responder

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