Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição As Tentações de Santo Antão é uma obra do pintor mexicano Diego Rivera, obra essa que beira ao Surrealismo, lembrando o trabalho de Hieronymus Bosch. Neste quadro, a fantasia do pintor ultrapassa a captação figurativa da realidade. Ele usa os rabanates, sobre o solo sulcado e raízes, formando corpos de pessoas.
Embora sugira rabanetes por causa da cor, a planta, retratada pelo artista, é na verdade a mandrágora, altamente tóxica. Suas raíz, através dos tempos, vem sendo utilizada em rituais de magia, porque se assemelha à figura humana. É usada em bruxarias desde a Idade Média, com base no mito de suas propriedades mágicas. Dizia-se que jamais poderia ser arrancada aos pedaços, pois seu grito mataria a pessoa. Para retirá-la da terra, era necessário cavar em volta, para que saísse inteira. A pintura de Rivera, portanto, representa o mito da mandrágora, que segundo as crendices populares, nascia deibaixo dos patíbulos, onde costumava cair o sêmen do enforcado, em suas convulsões finais, ou mesmo após sua morte.
Em primeiro plano, à esquerda, preenchendo quase toda a base infeiror da pintura, um homem-rabanete, com seus cabelos feitos de galhos enfolhados, encontra-se deitado no solo, com a mão direita levantada, com seu pequeno pênis à vista, tendo ao lado outra raiz, que forma a parte direita de seu corpo, e, que tem a forma de um lábio vaginal entumecido. Na extrema esquerda inferior da tela, junto às duas figuras, os sulcos na terra tomam a forma de dois lábios vaginais.
Ao fundo, na direção da cabeça do homem-rabanete, está uma mulher-rabante, com suas formas arredondadas, com grandes seios de bicos salientes, braços em torno do corpo e um grande galho de folhas brotando-lhe da cabeça, como se formasse um chapéu. Ela parece caminhar em direção ao suposto companheiro, e pode também simbolizar uma bruxa.
À direita, um homem-rabanete está montado num rabanete em forma de arco sinuoso que, ao mesmo tempo, parece-se com uma lagarta ou um grande pênis. Ele traz duas raízes brancas na cabeça, que têm a forma de chifres, e uma grande raiz na mão esquerda, parecida com um tridente. A raiz montada simboliza o pênis com a ponta envolta pela ejaculação, e o homem montado seria o diabo. Observando a ponta do suposto pênis, é possível ver a forma de dois lábios vaginais. Um rabanete-bicho, à direita, com quatro pernas e a boca aberta, tanto pode simbolizar um cão, um lagarto ou outro animal qualquer.
É possível que Rivera tenha se referido A Santo Antônio de Pádua, que passou por muitas tentações, em sua juventude, que só desapareceram após sua entrada para um mosteiro, onde dedicou sua vida à Virgem Maria.
Ficha técnica
Ano: 1947
Técnica: óleo sobre linho
Dimensões: 90 x 111 cm
Localização: coleção particular
Fontes de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
https://sublimite10.wordpress.com/2014/05/23/las-tentaciones-de-san-antonio-diego-rivera/
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Prezada Lu Dias
A tragédia do celibato deveria ser retratada, pois ele é o culpado pelas tentações de clérigos que viraram santos de pau oco!
Abração
Mário Mendonça
Mário
Vá lá mergulhar no mundo do fanatismo religioso e ficará lelé da cuca. Acabei de ler um livro do famoso inglês Thoreau que, embora não fosse ligado à religião, era celibatário, pregando os pontos positivos da abstinência sexual. Irei ver o filme.
Abraços,
Lu