Autoria de Lu Dias Carvalho
Decênios depois, a menor das modelos, então Lady por ter casado com o general Townsend of Kut, relembraria que o tédio das sessões era compensado pelo prazer de vestir o elegante vestido de renda. (Ettore Camesasca)
Parti imediatamente após terminar o retrato das meninas Cahen, tão cansado que nem lhe sei dizer se a pintura é boa ou ruim. (Renoir)
A obra Rosa e Azul, nome popularmente conhecido da composição em razão das cores das vestimentas das meninas, é também conhecida como As Meninas Cahen d`Anvers. Trata-se de um dos retratos mais conhecidos de Renoir que era exímio em retratar crianças. É também um dos quadros mais visitados no Museu de Arte de São Paulo, onde se encontra desde 1952.
Renoir retratou na composição as duas irmãs: Alice — a de cabelos escuros — e Elizabeth — a de cabelos loiros — filhas de um banqueiro judeu. Elas se encontram com a idade de cinco e seis anos, respectivamente. As duas garotinhas são representadas com seus vestidos rendados, embebidos de luz, com longas faixas na cintura. As meias e os laços dos cabelos possuem a mesma cor das faixas: uma rosa e outra azul, cores reforçadas pelo forte tom do tapete e das cortinas.
A irmã mais velha segura na mão da mais nova, como se quisesse protegê-la do cansaço. Os cabelos de Elizabeth, amarrados com um enorme laço, caem-lhe pelas costas e na frente, quase tocando-lhe a cintura, enquanto os de Alice, também amarrados com um laço, estão jogados para trás. As perninhas abertas da menor — de modo a sustentar o corpo com mais facilidade — denotam o seu cansaço, enquanto descansa a mão na sua faixa rosa. Seus olhos chorosos fitam o observador, como se estivesse a pedir uma pausa para um descanso.
Conforme relatou Renoir, não foi fácil retratar as duas pequenas, sendo necessárias várias e penosas sessões de poses. Elizabeth, a mais velhas, mostra-se vaidosa, segurando delicadamente a renda de seu vestido, mas Alice, a menorzinha, parece cansada, trazendo o rostinho fechado, querendo chorar.
Ao que parece, a família Cahen não ficou satisfeita com o resultado da composição, pois além de ter demorado um ano para pagar o pintor, ainda colocou o quadro na ala dos empregados da casa, o que denotou o seu desprezo pela pintura das filhas, embora Renoir já tivesse pintado outros quadros dessa mesma família.
A obra foi descoberta em 1900 — aparentemente abandonada — e depois disso fez uma longa caminhada até chegar ao Brasil. Foi adquirida em um leilão em Nova York em 1952 pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), com recursos doados por Assis Chateaubriand, fundador do Museu. O quadrinista Maurício de Sousa também criou as suas fofas menininhas, alusivas à composição, com os personagens Magali e Mônica de Rosa e Azul.
Ficha técnica:
Ano: 1881
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 119 x 74 cm
Localização: Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil
Fontes de pesquisa:
Renoir/ Folha Coleções
Renoir/ Abril Coleções
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Lu
Essa obra de Renoir é um ícone do Impressionismo francês. As duas garotas chamadas de Alice (a de azul) e Elizabeth (a de rosa) eram filhas de um banqueiro judeu. Renoir foi contratado para fazer várias obras pictóricas para a família.
Rosa e azul eram os tons preferidos do artista. As duas garotas apresentam-se bem vestidas em tons pastéis, sendo que os detalhes do vestido, faixas e rendas, dão bastante ênfase às vestimentas das garotas burguesas. Alice viveu por muitos anos, mas Elisabeth morreu a caminho de um campo de concentração alemão, provavelmente por ter origem judia.
Hernando
Esse ícone do Impressionismo francês encontra-se em nosso país. O Brasil possui pouquíssimas obras-primas estrangeiras. É uma pena o que aconteceu a Elisabeth. O nazismo e sua crueldade. E pensar que há indivíduos que tentam justificá-lo. Insanos é o que são!
Abraços,
Lu