Autoria do Dr. Telmo Diniz
O termo aposentadoria refere-se ao afastamento remunerado que um trabalhador faz de suas atividades, após cumprir com uma série de requisitos estabelecidos por lei, a fim de que possa gozar dos benefícios de uma previdência social e/ou privada. Recentemente saiu um estudo apontando que a aposentadoria traria prejuízos à saúde das pessoas.
O estudo em questão, publicado pelo Institute of Economics Affairs (IEA), com sede em Londres, em parceria com a entidade beneficente Age Endeavour Fellowship, comparou aposentados com pessoas que continuaram a trabalhar, mesmo após terem alcançado a idade mínima para a aposentadoria, e também levou em conta possíveis fatores, e descobriu que a aposentadoria leva a um “drástico declínio da saúde”, no médio e longo prazos.
A pesquisa sugere que as pessoas devam trabalhar por mais tempo não só por razões financeiras, mas também por uma questão de saúde. Segundo a pesquisa, a aposentadoria pode aumentar em 40% as chances de desenvolver depressão, enquanto aumenta em 60% a possibilidade do aparecimento de problemas físicos, em especial os cardiovasculares. Os pesquisadores sugerem que os governos deveriam desregular as aposentadorias e permitir que as pessoas trabalhassem por mais tempo. E que, com isso, haveria uma desoneração previdenciária e de quebra melhoraria a saúde das pessoas.
O estudo, focado na relação entre atividade econômica, saúde e política pública na Grã-Bretanha, sugere que há uma pequena melhora na saúde imediatamente depois da aposentadoria, mas constata um declínio significativo na saúde desses indivíduos no longo prazo. A explicação é que, possivelmente, as pessoas não se prepararam para o envelhecimento. Elas trabalham sempre pensando no amanhã e se esquecem de viver “o agora”. A aposentadoria representa, para grande parte das pessoas, que o amanhã chegou. Como estão condicionadas a viver em função do futuro, isso acaba desestruturando sua existência. A vida passa a ficar sem sentido.
É preciso entender que a aposentadoria é um prêmio pelo esforço de anos de trabalho. Nunca deveria ser um causador de doenças. Ela é o reflexo de como se encara a vida no decorrer do desempenho profissional. O trabalho é apenas mais uma função que se desempenha e, quando a aposentadoria chega, o indivíduo deve canalizar suas energias para outro foco. Com isso, esse “descanso” passa a ser a oportunidade de realizar projetos abandonados por falta de tempo, como o estudo de um novo idioma, fazer uma grande viagem, ou mesmo se dedicar a trabalhos voluntários. O que as pessoas devem entender é que o trabalho que elas desenvolvem durante a vida profissional terá de ser substituído por outras atividades que estimulem o intelecto e o corpo.
A vida é movida por sonhos e desafios. O cérebro necessita ser estimulado. Portanto, a recomendação é que todos aprendam a dividir bem seu tempo. Aproveite o período profissional desenvolvendo paralelamente outras atividades que deem prazer. Com a aproximação da aposentadoria, crie novas metas a serem conquistadas. Com isso, o afastamento da vida profissional não significará o fim, mas um recomeço.
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Lu Dias
O assunto é de uma tremenda complexidade, concordo quando o doutor Telmo diz que não estamos preparados para a terceira idade, mas temos que pensar por áreas ou etapas. Entendo que algumas profissões são tão estressantes que o profissional envelhece antes do tempo mínimo de aposentadoria, enquanto em outras, acontece o contrário. O que deveria acontecer é uma reavaliação do grau de risco de determinadas atividades, aí, sim, determinarmos um tempo próximo do real; difícil é conseguirmos isso quando o problema se torna político.
Abração
Mário Mendonça
Mário
Você foi muito sábio no seu comentário.
Não resta dúvida de que algumas profissões são muito estressantes e que acabam com o trabalhador num período pequeno de tempo, enquanto outras são bem agradáveis.
O correto seria mesmo uma avaliação mais profunda de cada uma.
Não dá para olhar o problema de cima.
O mais absurdo ainda são as ditas aposentadorias políticas.
Abraços,
Lu
Dr. Telmo tem toda a razão, pois, as pessoas não são preparadas para a aposentadoria.
Não há adulto que, quando criança, não ouviu a pergunta sobre o que gostaria de ser no futuro.
Há um culto ao trabalho, fruto do capitalismo, e um pouco caso para com os aposentados, como se fossem inúteis e nada tivessem feito em prol da humanidade.
Penso que isso seja fruto de nossa cultura ocidental.
Excelente texto!
Lu