A obsolescência é um termo normalmente empregado para designar um produto ou serviço que deixa de ser útil (fica obsoleto), mesmo estando em perfeito estado de funcionamento, geralmente devido ao surgimento de outro produto ou serviço tecnologicamente mais avançado. Para que o leitor fique mais atento ao tema, podemos citar como exemplos de obsolescência: a substituição do telégrafo pelo telefone, do disquete que foi trocado pelo pen drive, ou quando uma máquina de lavar roupa é programada pela fabricante para deixar de funcionar dentro de cinco anos, o que se denomina de obsolescência programada. Esses são alguns exemplos, dentre vários outros, utilizados principalmente no mundo corporativo.
Como médico, estou formado há 20 anos e observo que a saúde no Brasil pouco mudou. O Sistema Único de Saúde (SUS) funciona mal e os mais necessitados sofrem nos corredores dos hospitais públicos. De outro lado, as operadoras dos planos de saúde fazem o que querem e sufocam o trabalho dos médicos, pagando valores que aviltam quem estudou e continua estudando continuamente a favor de uma saúde mais justa e melhor para todos.
Os planos de saúde floresceram diante da incompetência e enorme ingerência de nossos governantes, pois, sua obrigação constitucional é a de oferecer assistência médica e hospitalar à população. Aos médicos, que atendem a troco de tão pouco, só resta a alternativa de explicar à população que é tarefa impossível trabalhar nessas condições e pedir descredenciamento em massa dos planos que oferecem remuneração vil.
O que se vê é que nossa saúde é completamente obsoleta. É um sistema que remunera mal quem mais trabalha por ela. Para se ter uma ideia, a remuneração média de uma consulta médica paga pelas operadoras está em torno de R$ 45. Para efeito comparativo, sem desmerecer as classes trabalhistas listadas, podemos citar: sapateiro (troca de solado inteiro) R$52; pet shop (banho e tosa em cachorro pequeno) R$51; eletricista (instalação de chuveiro elétrico) R$57; faxina (8h/dia) R$ 67; pintor (pintura de 10m2) R$80; cabeleireiro (escova progressiva) R$204; encanador (reparo de válvula de descarga de banheiro) R$69; pedreiro (instalação de batente de porta) R$167; animador de festa (palhaço por duas horas de trabalho) R$251; animador de festa (mágico por 40 minutos de trabalho) R$385. (Dados de maio/2012)
Nossa saúde é mal gerenciada. Está obsoleta, caduca, mas não há movimentos que tentem mudar o atual cenário. Salvo exceção do Conselho Federal de Medicina (CFM) e respectivos Conselhos Regionais que vêm de forma incisiva lutando por condições mais dignas de trabalho para os médicos e a saúde como um todo. Vamos ter paciência para que algo de novo possa surgir e tornar nossa saúde mais condizente com o Brasil atual, mais eficiente, menos corrupto e mais justo. É isso que espero para meus filhos.
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