O CÉREBRO E AS EMOÇÕES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Felicidade e infelicidade possuem seus próprios circuitos e sua química especial, mas isso não significa que emoções agradáveis e desagradáveis sejam independentes umas das outras. (Stefan Klein)

Nos últimos tempos a mente vem sendo cada vez mais estudada, o que tem permitido conhecer com mais profundidade o seu funcionamento. Dentre as inúmeras descobertas está a de que os sentimentos positivos e os negativos são produzidos no cérebro por sistemas diferenciados, levando-nos à compreensão de que a ausência de tristeza não remete à felicidade. Prova disso é que não são poucos os momentos em nossa vida em que coisas boas e ruins acontecem ao mesmo tempo, quando por um lado nós nos mostramos imbuídos de sentimentos positivos e, por outro, invadidos por sentimentos negativos. Uma mãe, por exemplo, cujo filho ganhou uma bolsa de estudos no exterior, sente-se feliz pelo futuro do filho e infeliz por dele se afastar – ao mesmo tempo. Alguém que perdeu um ente querido alegra-se pelo fato de vê-lo libertar-se de seu contundente sofrimento e padece por não mais contar com sua presença neste mundo.

O portador de uma vida sem tristezas não traz o atestado de que é feliz. Muitas vezes ouvimos alguém dizer que não tem motivos para estar triste, mas, ainda assim, sente-se infeliz. Isso acontece porque as reações boas e as ruins acontecem em estruturas diferenciadas no cérebro, podendo, algumas vezes, acontecerem simultaneamente. Se fossem no mesmo sistema, a presença da alegria anularia a da tristeza e vice-versa, o estudo mais detalhado do cérebro prova que não é assim. Até mesmo os neurotransmissores (substâncias que, liberadas por células nervosas, transmitem impulsos nervosos a outras células) são diferentes na linguagem dos mediadores neuroquímicos. As reações boas contam com agentes intitulados dopamina, oxitocina e betaendorina, enquanto as negativas são comandadas pela acetilcolina e pelo cortisol (hormônio do estresse).

Prazer e desprazer são engendrados de modos desiguais em nossa mente, assim como diferentes são os sinais para expressar tais sentimentos, mas não significa que as emoções positivas e as negativas sejam independentes uma das outras. Veja bem, uma pessoa que assiste ao seu time jogar, sente-se ao mesmo tempo feliz e aflita. Ela teme que ele leve um gol e fica alegre com a possibilidade de que ele venha a ganhar. Por que um sentimento não exclui o outro? Porque, como explica o filósofo e biofísico Stefan Klein, “Os sistemas cerebrais para as percepções positivas e negativas são interligados”. Portanto, não se trata de um paradoxo, se nos encontrarmos aflitos e alegres ao mesmo tempo, uma vez que a batalha entre reações conflitantes acontece a todo o momento em nosso cérebro.

Já vimos em outro artigo que o cérebro é dividido em dois hemisférios: direito e esquerdo. Contudo, no que tange às emoções, ambos os hemisférios trabalham para processá-las. O que difere é a intensidade do trabalho que cada lado realiza. O hemisfério direito é mais ativo no que diz respeito às emoções negativas, enquanto o esquerdo trabalha mais em relação às positivas. O lado dominante dos destros é o esquerdo e o dos canhotos é o direito, por isso, existem indícios de que os distúrbios emocionais acontecem mais entre os canhotos (fato ainda não comprovado).

Fonte de pesquisa
A Fórmula da Felicidade, Stefan Kleina, Editora Sextante

Géricault – RETRATO DE NEGRO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791 – 1824), filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel, foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo romântico em seu início, na França. Sua mãe era uma mulher inteligente e culta. Desde a infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. A família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando ele tinha dez anos, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse a sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

A composição intitulada Retrato de Negro é também uma das obras do artista que nutria grande solidariedade, preocupação racial e simpatia pelo movimento abolicionista. No período de 1822 a 1823 – dois anos antes de sua morte – ele pintou inúmeros retratos de negros. Pretendia criar uma grande tela evidenciando o tráfico negreiro, voltando o seu foco de pintor humanista para os dramas desses personagens, mas sua morte prematura, aos 32 anos, frustrou seus sonhos.

Géricault, neste retrato – iria fazer parte de sua ambicionada tela sobre o tráfico negreiro –, faz com que, através de suas pinceladas, os olhos do personagem falem. Neles estão contidos suas saudades e o sonho nostálgico, ainda que sem esperança, de um dia saborear a liberdade. A composição repassa uma grande simpatia do pintor pelo retratado.

Ficha técnica
Ano: 1822/1823
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 45 x 37 cm
Localização: Museu Drenon, Châlon-sur-Saône, França

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Jigoku Zoshi – MAQUIMONOS DO INFERNO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

No período de Kamakura no Japão (1185 – 1333) o país foi assolado por longas guerras civis, calamidades e muita miséria. Em razão disso, o pensamento religioso tornou-se pessimista, concluindo que todos os pecados deveriam ser espiados.

A arte – responsável por retratar os momentos tensos da história humana – logo tomou o caminho esperado. Cenas de juízo final e punição eterna passaram a multiplicar-se na arte sacra do país, sendo descritas nos textos canônicos.

Alguns maquimonos (escrita ou pintura aplicada a um papel que se enrola) passaram a ilustrar, com exagerados pormenores, os tormentos e agonias sofridas pelos seres humanos que iam parar num dos chamados “Oito Infernos”.

Este maquimono, pintado a cores sobre papel, apresenta o padecimento em forma de uma nuvem de fogo. Aqui estão sendo queimados os pecadores que cometeram transgressões  tais como terem bebido demais em vida; posto água no vinho de alguém; feito outros beber sem que quisessem; embebedado monges para em seguida zombarem deles, etc.

Sob as chamas ensandecidas e rubras que sobem aos céus, monstros são vistos empurrando os seres humanos que tentam delas fugir. Apesar da temática escabrosa é impossível não ver beleza nas chamas com seus vigorosos ritmos lineares.

Ficha técnica
Ano: fim do séc. XII
Autor: Jigoku Zoshi
Período Kamakura
Dimensões: 26,1 x 242,1 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

Hogen En’i – BIOG. ILUST. DO MONGE IPPEN

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O monge Ippen Shônin (1239 – 1289) ganhou uma série com 12 maquimonos que ilustram a sua vida e o seu trabalho. Esta é a sétima delas. Ele foi o fundador da seita budista Ji-shu em 1275, cujo objetivo era recitar continuamente o Nembutsu (invocação budista que significa “Em nome de Buda”). Ippen Shônin pregava que, para salvar o Japão, seria preciso contar com a intercessão do misericordioso Buda Amitabha.

Ippen Shônin teve a sua biografia compilada por um de seus discípulos e ilustrada por Hogen En’i, um pintor japonês que viveu entre os séculos XIII e XIV, 10 anos após a morte de Ippen. As principais partes da ilustração dizem respeito aos principais acontecimentos da vida do monge em seu trabalho de pregação, incluindo os lugares por onde ele passou.

A cena vista neste maquimono mostra inúmeros personagens, realizando as mais diferentes tarefas, junto a uma ponte que cruza o Rio Katsura, na cidade de Quioto, onde o monge viveu.

Ficha técnica
Ano: 1299
Autor: Hogen En’i
Período Kamakura
Dimensões: 32,8 x 802 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

SARCOPENIA – ATENÇÃO AO ENVELHECIMENTO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Sarcopenia é um processo natural e progressivo, caracterizado pela perda de massa muscular que ocorre por ocasião do envelhecimento. No texto desta semana vamos tratar de um assunto muito falado entre os geriatras e que é de extrema importância para uma qualidade de vida com independência em idades mais avançadas.

O envelhecimento é naturalmente acompanhado de uma lenta e progressiva diminuição da massa muscular. Com o tempo, ela acaba sendo substituída por colágeno e gordura. A redução excessiva desse suporte, junto da diminuição da capacidade funcional da musculatura, é que está por trás da sarcopenia. Isso já se inicia a partir dos 30 anos, mas se acentua após os 40 e pode ir piorando ano a ano, se algo não for feito.

Os maiores inimigos da independência individual na velhice são as deficiências cognitivas características das demências e a perda da massa muscular. A sarcopenia representa um fator de risco importante para a fragilidade e a perda de independência nas pessoas mais idosas. Também está ligada a um maior risco de sofrer acidentes, quedas e fraturas.

As causas da sarcopenia são várias, tais como:

  • vida sedentária,
  • queda dos níveis de testosterona, estrogênio e hormônio do crescimento,
  • infiltração de gordura entre as fibras musculares,
  • perda dos neurônios que conduzem o estímulo aos músculos,
  • resistência à insulina,
  • deficiência de vitamina D,
  • até uma ingestão deficitária de proteínas na dieta.

O grupo que corre maior risco de sarcopenia incapacitante é daqueles que enfrentam períodos longos de inatividade, como nas internações hospitalares – foi o que ocorreu com o sr. Aurélio, que tiver o prazer de conhecer recentemente e que me inspirou a escrever esta coluna, além de ser um dos meus leitores fiéis. Existe uma estimativa aproximada de que a imobilidade dos mais idosos em leitos hospitalares provoque a diminuição de até 2% da massa muscular por dia, ou seja, pode ocorrer uma perda de massa magra de 30% numa internação de apenas 15 dias.

Quando a sarcopenia começa a dar os sinais de fraqueza muscular é porque o processo já se encontra mais avançado. Por exemplo, a pessoa passa a ter dificuldade para subir uma escada, sentar e se levantar sozinha, abaixar-se e pegar um objeto que caiu no chão, etc. Se providências não forem tomadas a tempo, a sarcopenia passa a prejudicar a capacidade de manter as atividades no dia a dia com independência.

As pessoas de mais idade com esses tipos de dificuldades, se não quiser ficar dependente do cuidado de terceiros, deve combater a sarcopenia. As estratégias de prevenção mais estudadas e que dão mais certo para corrigir a perda de massa muscular envolvem o estilo de vida. A influência dos exercícios com levantamento de pesos e de força contra resistências mostrou aumentos significativos da massa muscular. Aliado aos exercícios musculares, deve ocorrer melhora da nutrição, com aumento da carga de proteínas na dieta diária. A suplementação pode, em alguns casos, ser considerada, porém deve ser acompanhada por médico ou nutricionista. Sua independência física na terceira idade vai depender de uma musculatura robusta. Pense nisso!

Nota: imagem copiada do blog.jaleko.com.br

Tengu Zoshi – ILUSTRAÇÕES DO TENGU

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Yamato era um estilo de pintura que foi progressivamente abandonado lá pelo final do século XIII no Japão, mas que retornou no fim do período Edo. Um dos temas mais comuns nesse estilo de pintura era a crítica mordaz direcionada aos monges que, apesar de pregarem a santidade, levavam uma vida mundana, principalmente os dos grandes templos.

Tais monges eram vistos pelos pintores das famílias Tengu Zoshi – extremamente satíricos – com grande ironia e amargura. Eram comparados aos “tengu” – seres das lendas budistas e do folclore japonês, gênios oniscientes, peritos na arte militar – tidos como sete espíritos do mal, responsáveis pelas calamidades naturais.

O maquimono apresenta um detalhe em que um grupo de monges e fiéis são mantidos à distância por um monge armado de bastão que os impede de se aproximar de uma área sagrada. Numa plataforma, à esquerda, duas pessoas dançam.
 
Ficha técnica
Ano: fim do séc. XIII
Autor: Tengu Zoshi
Período Kamakura
Dimensões: 29,4 x 1074,2 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric