A DANÇA DA VIDA (Aula nº 90 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O norueguês Edvard Munch (1863–1944) era o segundo filho do casal Christian Munch e Laura Catherine. Seu pai era um médico tradicional, muito devoto, moralista e castrador. O artista perdeu sua mãe quando ela tinha 30 anos de idade, vitimada pela tuberculose, assumindo a tia Karen Bjolstad, irmã dela, o controle da família. Aos 16 anos de idade Munch matriculou-se para estudar engenharia, mas um mês depois deixou o curso para estudar pintura. Aos 26 anos de idade o pintor fez sua a primeira viagem a Paris, ocasião em que perdeu o pai. Foi influenciado pelo trabalho de Vincent van Gogh e Paul Gauguin.

A composição intitulada A Dança da Vida faz parte de uma série de pinturas e gravuras do artista sobre a condição humana. Munch era capaz de desenvolver sua iconografia sem que para isso houvesse qualquer perda de inteligibilidade.  Trata-se, portanto, de uma obra simbolista em que ele usa ao máximo os recursos expressivos da linha, da cor e do ritmo, ampliando sua relação com o tema.  É uma composição em friso (banda ou tira pintada em parede), levemente simétrica, com a finalidade de levar o observador a fazer uma série de comparações.

O artista toma como temática de sua obra as três idades da mulher, mostrando também estágios diferenciados do amor, numa cena que se desenrola como uma dança numa praia. Não existe uma localização específica, ou seja, um cenário determinado, parecendo encontrar-se fora do tempo e do espaço, assim como não há uma passagem lúcida ou verossímil do primeiro plano para o fundo da composição. Ali se misturam a areia, o prado e o horizonte.

O ritmo da pintura está ligado à disposição das figuras que se mostram em dois terrenos narrativos. Em primeiro plano estão as três figuras femininas, uma delas com seu par de olhos fechados, ambos distantes do mundo em derredor e unidos, através de linhas onduladas, numa única figura. Ao fundo outras figuras são vistas a dançar agitadamente. A composição está centrada a partir do casal em primeiro plano. O sol (ou lua) é formado por um ponto brilhante no horizonte, evidenciando-se no fundo do quadro, refletindo sobre a água, o que leva a uma forte conotação sexual. Dele desce uma coluna de luz pálida e misteriosa que se projeta na água.

O artista pintou a natureza com formas simples, linhas onduladas e cheias de força, deixando à vista o movimento do pincel, enquanto os personagens são retratados com pinceladas verticais, assim como o reflexo da luz do sol (ou da lua) e o pequeno arbusto inclinado que mostra flores simbolizando o amor. Esta obra simbolista de Munch, além de repassar ideias e sentimentos, vai bem além da descrição comum do viver cotidiano.

O artista não se preocupou em colocar imagens específicas a fim de guiar o observador na interpretação da cena. O que caracteriza as figuras é a postura, a expressão e a cor dos vestidos de cada uma:

  • o branco simbolizando a virgindade e o gesto de colher uma flor indicando que está apaixonada, ou seja, a inocência com traços platônicos;
  • o vermelho simbolizando a idade do amor, da sedução e da maturidade;
  • o preto simbolizando a viuvez e a resignação diante da solidão.

A obra mostra uma progressão da esquerda para a direita e da claridade para a escuridão, o que cria uma faixa que se põe além da realidade temporal, representada pelo artista com a arrebatada dança na praia. O sol (ou lua) é visto no céu. Mais tarde Munch reconheceu que a inspiração para este quadro foi um verão em Asgardstrand (paisagem da costa norueguesa), onde dançou com o seu primeiro amor. Esta obra, portanto, reflete sua vida interior, transcendendo o simples terreno pessoal — o que era tão comum aos artistas simbólicos. Esta composição, portanto, pode ser vista como um exemplo da propagação internacional das influências, técnicas e ideias simbolistas. Mais à frente veremos que Munch também teve sua passagem pelo Expressionismo.

Ficha técnica
Ano: 1889/1900
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 1,25m x 1,9m
Localização: Galiria Nacional, Oslo, Noruega

Fonte de pesquisa
Edvard Munch / Coleção Folha
História da arte/ Folio

6 comentaram em “A DANÇA DA VIDA (Aula nº 90 A)

  1. Adevaldo R. de Souza

    Lu
    Uma verdadeira obra prima essa tela de Edvard Munch – A dança da Vida –, uma brilhante noite de verão com uma dança ao luar extremamente sensual. O autor deve ter se inspirado em uma peça de teatro para compor as cenas dessa belíssima obra. A composição pode ser considerada uma narrativa em forma de pintura com os três elementos do ciclo da vida: amor, maturidade e morte. A transição das figuras femininas da adolescência para a maturidade sexual até a velhice dá a entender que a pintura lida com o ciclo eterno da vida. A cor branca simboliza a pureza e o primeiro amor. A cor vermelha simboliza a experiência sexual. A cor preta simboliza a perda das ilusões e a viuvez.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Devas

      O Simbolismo é um estilo que tem tudo a ver com uma peça de teatro, pois exige do observador uma compreensão maior do cenário. Os simbolistas, como o próprio nome já indica, usavam muito símbolos, muitas vezes totalmente desconhecidos do observador que tinha que recorrer a explicações para entender a obra. É como você descreve:

      “A composição pode ser considerada uma narrativa em forma de pintura com os três elementos do ciclo da vida: amor, maturidade e morte. A transição das figuras femininas da adolescência para a maturidade sexual até a velhice dá a entender que a pintura lida com o ciclo eterno da vida.”

      Abraços,

      Lu

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  2. Marinalva Autor do post

    Lu
    A Dança da Vida, obra do pintor Edvard Munch, retrata uma dança sob o luar. O cenário não é muito determinante. O que chama mais a atenção são os personagens. Se por um lado existe alegria, do outro há semblantes sombrios e tristes. Um clima tenso e cheio de angústia. O artista produziu obras fantásticas, usando o pessimismo que tinha sobre a vida, depois de toda a tragédia que viveu, como doença e decepções. Foi um artista que sofreu muito e soube passar seus sentimentos através de seus personagens.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Edvard Munch tinha a sensibilidade à flor da pele, tendo repassado-a para suas obras. Também foi um artista expressionista, como veremos mais à frente.

      Abraços,

      Lu

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  3. Hernando Martins

    Lu

    Muito bonita essa obra do pintor norueguês Edvard Munch, criada no final do século XIX, quando o Simbolismo tinha início.
    Apresenta um baile ao luar numa vila norueguesa. Observa-se a lua no fundo se refletindo no mar. Alguns casais dançam com seus pares, destacando-se uma mulher com roupa de cor laranja no centro, simbolizando o amor; uma mulher de roupa branca no lado esquerdo, simbolizando a paz, a vida. No lado direito a mulher de preto simboliza o luto, a morte. O artista quis mostrar que a vida é cheia de acontecimentos, vivemos momentos lúdicos mas é inevitável o fim que é a morte, o fechamento do ciclo da vida.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Trata-se realmente de uma composição muito bonita de Edvard Munch, artista extremamente sensível, cuja vida já foi retratada num filme, cujo nome não me lembro agora. Sempre me alegro ao saber que os meus queridos alunos gostaram da composição.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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