Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor italiano Pietro Perugino (c.1448-1523), tido como um dos mais renomados mestres da Escola da Úmbria e um precursor do Alto Renascimento, dono de um colorido suave e de composições equilibradas, fez parte da guilda de pintores de Florença. Pode ter sido aluno de Andrea Verrochio e Piero della Francesca. Foi professor de Rafael Sanzio que tanto se mirou no exemplo do mestre a ponto de, no século XIX, tal pintura ter sido atribuída a ele.
A composição denominada Cristo Dando as Chaves a São Pedro é uma obra religiosa do artista. O equilíbrio, a harmonia e o uso do espaço tridimensional desta pintura renascentista tornam-na uma obra-prima. Faz parte da ornamentação da Capela Sistina em Roma/Itália. Tinha como objetivo fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). A cena refere-se à passagem bíblica (Mateus: 16,18-19) em que São Pedro recebe as chaves do reino dos céus (chaves essas que viriam a tornar-se seu atributo), destacando a entrega do poder espiritual de Cristo a São Pedro. Pendendo do braço do apóstolo encontra-se outra chave.
As cenas acontecem numa ampla praça. São inúmeras as figuras humanas vistas no afresco em estudo. Seu campo pictórico foi dividido em três planos distintos: primeiro plano, meio termo e fundo.
Em primeiro plano, Jesus Cristo, de pé no centro, usando uma túnica púrpura e um manto azul, serve de divisor para os dois grupos. O conjunto às suas costas é formado por oito pessoas, enquanto à frente estão 12. Entre elas se encontram Pedro, ajoelhado, e outros apóstolos (identificados com um halo, túnica e manto), incluindo Judas (quinta figura à esquerda de Jesus). Pedro recebe as chaves de prata e ouro das mãos do Mestre. Outros personagens presentes ao acontecimento são homens romanos e florentinos, contemporâneas do artista, que também se retratou (figura atrás de Judas). Tal retratação era muito comum à época do Renascimento italiano. Para uma maior harmonia entre as figuras, Perugino retrata-as repetindo as cores (azul, amarelo e verde) e suas posturas.
Servindo de pano de fundo e ocupando o centro da composição está o Templo de Salomão com suas duas varandas. Trata-se de uma imponente edificação, dona de uma arquitetura esplêndida. À direita e à esquerda estão os arcos monumentais do triunfo (Arco de Constantino) com relevo e superfícies dourados. Se medirmos o tamanho das figuras em primeiro plano, veremos que possuem o mesmo tamanho do templo. A perspectiva faz com que as figuras – entre o templo e o primeiro grupo – pareçam bem menores, diminuindo proporcionalmente à medida que se distanciam do primeiro plano, o que dá ao observador a impressão real de distância. Espaço e personagens integram-se na composição num equilíbrio perfeito.
O piso de mármore da praça é formado por grandes retângulos. Outras personagens são vistas no meio da praça, onde são encenadas duas passagens da vida de Cristo: “O Tributo”, à esquerda, e o “Apedrejamento de Cristo”, à direita. Uma grande paisagem descortina-se ao fundo com belas árvores e colinas acinzentadas, a fim de incutir a ideia de distância, e um belo céu azul cheio de nuvens brancas.
Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 335 x 550 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália
Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
https://www.khanacademy.org/humanities/renaissance-reformation/early-renaissance1
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Oi, LU!
Depois de muitos problemas, tenho o imenso prazer de voltar ao seu convívio e usufruir do conhecimento que você nos oportuniza. Obigada, querida, por esse trabalho magnífico, enriquecedor!
Irene
Sinto-me imensamente feliz com o seu retorno, pois andava muito preocupada com a sua ausência. Gostou do meu livro?
Beijos,
Lu