Autoria de Lu Dias Carvalho
O ser humano foi sempre fascinado pelo desconhecido, por aquilo que se encontra além de sua imaginação, quer isso esteja ligado às forças da natureza, quer se relacione aos aspectos da vida humana. A mitologia é uma prova de que, ao não poder contar com a Ciência, a humanidade acabou criando explicações para si mesma. As superstições também fazem parte do fantástico, ainda presente em muitas culturas. Os extraterrestres ainda estão presentes na imaginação da maioria de nós, em pleno século XXI, ansiosos por vê-los aparecer. E quando o esdrúxulo torna-se real, a fascinação avoluma e ganha vida, tornando-se incontrolável.
Os circos e os espetáculos itinerantes de tempos atrás, com suas apresentações funambulescas e estrambóticas, eram comuns em todas as partes do mundo, onde lhes era possível chegar. Raridades bizarras atraiam milhares de espectadores, que podiam vê-las, pagando um preço irrisório. Para complementar a renda dos artistas itinerantes, fotografias das chamadas “monstruosidades” eram vendidas ao final do espetáculo ou de apresentações circenses, e acabavam ilustrando álbuns ou coladas às paredes, ao lado de fotos de ídolos. Muitas vezes, tais seres humanos (ou animais) que fugiam ao padrão comum, faziam mais sucesso do que os ditos artistas. E quanto mais incomum fosse a aparência da pessoa, mais facilmente encontrava um emprego circense. O Barnum & Bailey’s Circus é um exemplo dessa história.
Ainda que, ao explorar deformidades físicas, os circos possam nos parecer hoje totalmente desnaturados e cruéis, essa era a única forma que muitas daquelas pessoas, consideradas anormais para o modelo humano, tinham para manter a si mesmas e a suas famílias, pois não podiam contar com a ajuda de nenhum órgão público e tampouco existiam instituições que pudessem acolhê-las. As famílias eram pressionadas para cuidar de seus deficientes, sendo grande parte delas muito pobres. Se a maioria dos portadores de deficiência física, mesmo em nossos dias, não contam com um suporte do Estado, imaginemos naquela época. E sem falar na fragilidade desses seres de então, sem nenhuma esperança de tratamento, tendo que se adaptar a um mundo que não os aceitava e, ainda por cima, eram detentores de uma saúde extremamente frágil, dependentes de cuidados de terceiros. Ser acolhido por um circo era uma benesse, por incrível que isso possa nos afigurar hoje. Portanto, qualquer julgamento sobre um determinado assunto precisa se ater à época do acontecimento, levando em conta os mais diferentes fatores.
E não pensemos nós que o uso da deformidade física como ganha-pão sumiu de nossa amda Terra. Não. Esse tipo de humilhação humana continua presente, ainda que em menor grau, até mesmo nos países ditos civilizados. Um passeio pelas ruas dessa ou daquela cidade comprovará que os circos e os espetáculos itinerantes desapareceram, mas muitos de seus “artistas anômalos” continuam a povoar as ruas, mendigando. Imaginemos agora, a vida de pessoas assim, presentes nos chamados países subdesenvolvidos, em cujas estradas, ruas e praças exibem-se como se estivessem numa feira de horrores, sujeitas aos mais variados olhares, às mais diversas formas de estranhamento e às poucas mãos que se estendem compadecidas… E viver assim, num mundo em que a perfeição física chega às raias da loucura, deve trazer um sofrimento pungente.
Nota: imagem copiada de http://rockntech.com.br
Lu
Gostei muito do texto, principalmente do último parágrafo. Realmente o bizarro e o desconhecido atraem o ser humano. Nos dias de hoje, os filmes que mais fazem sucesso junto ao público adolescente são os de terror e coquistas do espaço, onde são comuns as cenas de pessoas bizarras, supostos habitantes de outros mundos. Realmente existe uma gama de pessoas bizarras nas ruas das cidades em todo o mundo. Eles são as sombras das elites, que querem expulsá-los para lugares nunca vistos. Essas ações fazem a gente lembrar-se das antigas covas dos leprosos.
Abraço,
Devas
Devas
Sabia que há um grupo fechado que apregoa, assim como Hitler e seus seguidores, que todos os seres doentes e com deficiências, sejam elas mentais ou físicas, devem ser eliminados, para que não gere indivíduos doentes. Esse horror ainda está presente em nosso mundo.
Abraços,
Lu