Arquivo da categoria: Estilos da Arte

A Arte possui vários estilos ou tendências, cada um com uma filosofia ou objetivo comum, seguido por um grupo de artistas durante um certo período de tempo. Eles são classificados separadamente pelos historiadores de arte para facilitar o entendimento.

Irmãos Limbourg – AS MUITO RICAS HORAS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Acima, vemos uma das composições do calendário As Muito Ricas Horas do Duque de Berry, cujo objetivo era mostrar os transcursos do ano. Trata-se de uma obra dos três irmãos Limbourg (Paul, Hermann e Jean), que trabalhavam para o duque de Berry. Esta miniatura retrata uma cena pacata do cotidiano dos camponeses franceses, relativa à Idade Média, quando a sociedade era dividida em nobreza, clero e campesinato.

O mês apresentado é o de fevereiro, quando é inverno na Europa. A neve densa estende-se por toda a paisagem. Em primeiro plano, apresenta-se parte de uma casa de fazenda, onde mora o gerente do senhor feudal. Três figuras estão sentadas em busca do calor de uma lareira. Enquanto a mulher de azul, provavelmente pertencente a uma classe mais elevada, levanta o vestido apenas o necessário, as outras duas figuras (um homem e uma mulher) revelam os órgãos genitais, coisa comum à época. A mulher de azul observa um gatinho branco. Há no ambiente uma cama de casal e algumas roupas dependuradas.

Um homem, vestindo uma túnica rude, tange um burro com sua carga de madeira, em direção à vila e a uma igreja, que aparecem mais ao fundo, sob um céu acinzentado. Ele leva um saco à cabeça para se proteger do frio e do vento. Na idade medieval, as regras em vigor proibiam que os camponeses usassem pele de animais, produto de uso exclusivo dos burgueses e aristocratas. Atrás do camponês, um segundo personagem corta uma árvore. No chão estão vários feixes de lenha.

À direita, uma torre cilíndrica é uma moradia de pombos, pois essas aves eram criadas, principalmente, para que o esterco fosse usado como fertilizante, sendo preferido ao do porco e ao da ovelha. Na parte inferior central, nove pombos estão comendo. Num cercado próximo, encontram-se muitas ovelhas. Ao lado, há vários barris e feixes de lenha. Um homem, que parece se dirigir ao grupo, com a cabeça coberta por um pano branco, está próximo ao pombal.

Próximas ao muro de vime, sobre cavaletes, estão quatro colmeias, só que se encontram vazias, pois no inverno, elas eram colocadas acima do fogo, de modo que as abelhas morressem asfixiadas com a fumaça, o mel derretesse e a cera fosse recuperada. Quando chegava a primavera, novos enxames eram buscados na floresta.

Naquela época, a estação invernal era uma ameaça para a população, que se via vítima da neve e do frio intenso e do perigo que representavam os lobos, ao deixarem a floresta, famintos, para roubarem o gado. Além disso, a madeira tornava-se difícil de ser encontrada. Muitas vezes, a geada matava as plantações, levando os camponeses à fome e,  muito fracos, tornavam-se vítimas de epidemias. Eles também se viam reféns de hordas de soldados que se espalhavam por todo o país, cometendo as piores atrocidades.

Os calendários, um dos principais documentos históricos sobre a vida dos camponeses na Idade Média, tinham como objetivo mostrar as passagens do ano, por isso, os campesinos são representados, ainda que secundariamente, para mostrar as atividades que eram realizadas por eles. E foi dessa forma, marginalmente, que puderam entrar na pintura europeia, afeita apenas aos ricos e poderosos.

Ficha técnica
Ano: 1416
Dimensões: 15,4 x 13,6 cm
Técnica: miniatura
Localização: Museu Conde de Chantilly, no norte da França

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Segall – NAVIOS DE EMIGRANTES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Bem que o senhor poderia, como já evocou por meio do desenho uma visão do “pogrom”, mostrar toda a miséria dos refugiados de hoje diante dos consulados, nos navios, nas ferrovias, nas estradas! Isso teria um efeito monumental de uma parte à outra do mundo, e o senhor com isso criaria um documento de nosso tempo. (Stefan Sweig, escritor)

Eu observo o ser humano como eterno refugiado e desde sempre tratei deste problema na minha arte. (Laser Segall)

Navio de Emigrantes é a maior das telas do artista lituano naturalizado brasileiro, Lasar Segall (1889-1957). Mesmo sendo também um judeu emigrante, para ele o assunto tratava-se de uma temática universal, sempre presente na vida da espécie humana.

A visão que se tem dos emigrantes acumulados no convés do navio é do alto, mas o pintor aproxima os 150 personagens do observador, ao individualizá-los, como se ele estivesse observando cada um dos passageiros, nas mais diferentes situações: mães cuidando de seus bebês, pessoas dormindo, conversando, ensimesmadas, na amurada do navio a observar o mar com suas ondas bravias, etc.

No grande grupo de emigrantes presente na composição encontram-se crianças, mulheres e homens nas mais diferentes idades. Cinco enormes chaminés são responsáveis por fazer circular o ar dos porões.

Além da tristeza, um grande cansaço e desesperança parecem tomar conta dos viajantes. Muitos se recostam uns nos outros, enquanto as crianças amparam-se em suas mães. A maior parte dos passageiros está de frente para a popa da embarcação.

O ponto de fuga da composição é a proa que aponta em direção à nova terra que ainda não se encontra à vista. Na parte superior, à esquerda, atrás das cordas, três gaivotas sobrevoam o navio de emigrantes, indicando que a nova pátria está se aproximando. O céu carregado de nuvens escuras acentua o desalento do grupo por ter deixado para trás a sua querida pátria.

Ficha técnica
Ano: 1939-1941
Técnica: óleo com areia sobre tela
Dimensões: 230 x 275 cm
Localização: Acervo do Museu Lasar Segall, São Paulo/SP, Brasil

Fonte de pesquisa
Lasar Segall/ Coleção Folha

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A IMPERATRIZ TEODORA E SEU SÉQUITO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O mosaico mostrado acima representa  a  Imperatriz Teodora, mulher de Justiniano, imperador do Império Bizantino e seu séquito. Juntamente com o marido, ela é santa da Igreja Católica Ortodoxa, cuja comemoração dá-se no dia 14 de novembro. A obra pode ser assim analisada:

  • Teodora é a figura mais alta do grupo e é a única a ter a sua imagem totalmente destacada, o que evidencia a sua real importância, embora a tradição reze que ela era uma mulher pequena e graciosa. Sua touca alta e a posição em primeiro plano ampliam o seu tamanho.
  • A imperatriz usa um majestoso manto sobre o vestido branco, coberto por muitas joias, sendo que nas suas bordas estão bordados em ouro os três reis magos entregando seus presentes.
  • À direita da imperatriz um dos presentes segura a cortina da porta, tornando visível a escuridão do ambiente por detrás da porta, o que contrasta com a claridade do local ao ar livre, onde se encontra a comitiva.
  • Teodora encontra-se sob um dossel sustentado por colunas de pedra. Ela está encabeçando uma procissão e levando nas mãos um cálice para a igreja.
  • Justiniano, esposo de Teodora, era considerado líder religioso e sacerdote de Cristo na Terra. Por isso, a imperatriz traz um halo dourado, reflexo da luz divina, atrás da cabeça, igualando-se aos santos e apóstolos.
  • A mulher mais próxima à imperatriz, presumivelmente é Antonina, mordoma do palácio, casada com o general Belisário, e tem a seu lado a filha Joanina. Ambas se destacam em relação ao grupo de cinco mulheres na parte direita da composição.
  • Determinados tons de cores eram de exclusividade da família real. Quem usasse alguma delas sem autorização era condenado à morte. Por isso, a mulher à esquerda da imperatriz é tida como Antonina, pois usa um manto de cor semelhante ao de Teodora.
  • A imperatriz traz a insígnia do poder: a tríplice coroa de pedras preciosas com longas fieiras de pérolas, muitas joias adornando a touca, pescoço e ombros e o manto de púrpura.
  • Os dois personagens vistos à direita de Teodora vestem uma indumentária dos dignitários bizantinos. A cor do manto e do pedaço quadrado de pano costurado sobre este determina a classe a que pertencem. Os sapatos branco com preto fazem parte do uniforme.
  • Antonina e as demais cortesãs trazem a cabeça coberta com toucas estampadas, bem de acordo com a moda oriental da época.
  • O mosaico apresenta a única imagem conhecida da Imperatriz Teodora com seus olhos grandes e escuros e seu rosto fino, quando deveria ter cerca de 50 anos.

(Mosaico, século VI d.C., Igreja de San Vitale, Ravena, Itália)

Curiosidades

Mosaico, ou arte musiva, é uma palavra de origem alemã, embora a técnica seja antiquíssima. É um embutido de pequenas peças (tesselas) de pedra ou de outros materiais como (plástico, areia, papel ou conchas), formando determinado mosaico. O objetivo do desenho é preencher algum tipo de plano, como pisos e paredes.

A técnica da arte musiva consiste na colocação de tesselas, que são pequenos fragmentos de pedras, como mármore e granito moldados com tagliolo e martellina, pedras semipreciosas, pastilhas de vidro, seixos e outros materiais, sobre qualquer superfície. Nos dias de hoje, o mosaico ressurgiu, despertando grande interesse, sendo cada vez mais utilizado, artisticamente na decoração de ambientes interiores e exteriores. Hoje, entre as principais figuras do mosaico contemporâneo, destacam-se Marcelo de Melo (Brasil), Sonia King (E.U.A.) e Emma Biggs (Reino Unido).

Fontes de pesquisa:
Tudo sobre arte/ Sextante
A história da arte/ E.H. Gombrich
Los secretos de las obras de arte/ Taschen

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Portinari – RETIRANTES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor brasileiro Candido Portinari (1903-1962) demonstrou no ano de 1944 uma grande preocupação com a situação social do trabalhador brasileiro, tanto é que criou a “Série Retirantes”, uma denúncia social com influências expressionistas, composta por Criança Morta, Emigrantes, Retirantes e Enterro na Rede (presentes no site). Essa série mostra o sofrimento dos trabalhadores nordestinos que eram sempre açoitados pela seca.

Na obra Retirantes, ilustrada acima, o conjunto de personagens é formado por quatro adultos e cinco crianças, todos esquálidos. O grupo é composto por imensas figuras que ocupam o primeiro plano da composição. A obra possui o formato piramidal, cujo vértice superior é formado pela trouxa que a mulher carrega na cabeça. A fisionomia dos personagens demonstra tão profundo abatimento que chega a doer no coração de quem as observa.

A figura do velho que leva um cajado e a do bebê escanchado na cintura da mulher à sua frente são descarnadas, lembrando esqueletos ambulantes. O homem idoso é retratado como se fosse um santo penitente, tamanha é tristeza e o desalento que repassa. Na parte direita da composição um garotinho, vestido apenas com uma camisa, traz à vista uma enorme barriga, evocando a presença de vermes. No centro do grupo uma mulher carrega uma trouxa na cabeça, enquanto traz no braço esquerdo um desmilinguido bebê, cujo rostinho repassa uma extrema piedade.

O homem de chapéu traz um saco na ponta de um pau escorado em seu ombro esquerdo. Com a mão direita ele segura um desalentado garotinho, usando também um imenso chapéu. À sua esquerda estão presentes duas outras crianças. Homem e crianças parecem fixar tristemente o observador, como se lhes pedissem socorro. Todas as gerações são mostradas na composição, sendo afetadas pela seca.

A terra escura está salpicada de ossos, enquanto aves negras de rapina espalham-se pelo céu esquisito. Todo o grupo é composto por tipos magérrimos e acinzentados, aparentando sujeira, e descalços. O sol mostra-se tão feio e sujo quanto os retirantes, figuras que nos trazem a impressão de serem palpáveis.

A paisagem, atrás dos retirantes, é seca, triste e desolada, onde não se vê uma folha verde. Mais ao longe montanhas nuas e ressequidas complementam-na. Existem poucas tonalidades fundamentais na tela (brancas, cinzas e pardas) que têm por objetivo colocar em evidência o contexto estrutural, avivado em poucos pontos  com tons mais quentes que possuem valor meramente decorativo.

Ficha técnica
Ano: 1944
Dimensões: 190 x 180
Técnica: Óleo sobre tela
Localização: Acervo MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Fontes de pesquisa
Portinari/ Coleção Folha
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Picasso – AS SENHORITAS DE AVIGNON

Autoria de Lu Dias Carvalho

picasso1234567   (Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

Quando inventamos o Cubismo, não tínhamos a menor intenção de inventá-lo. Apenas queríamos expressar o que estava em nós. (Picasso)

A composição de Picasso As Senhoritas de Avignon levou nove meses para ser feita, vindo a tornar-se uma das obras responsáveis por revolucionar a história da arte, formando a base para o Cubismo e a pintura abstrata. Ela é o marco, portanto, do início dos experimentos com a linguagem cubista. Mas esta revolucionária obra foi incompreendida até mesmo pelos amigos do pintor, pois esses não aprovaram seu estilo, onde corpos e fundos transformam-se em formas geométricas. O primeiro título que o quadro recebeu foi o de “Bordel Filosófico”. O artista baseou-se na lembrança que teve de um bordel da Calle Avinyo em Barcelona. A obra apresenta um tema incomum e um estilo radical.

Estão presentes cinco personagens na composição, todas nuas, com seus corpos cinzelados rudimentarmente e com seus rostos esquemáticos. A cena tem como inspiração o interior de um bordel da rua Avignon na cidade de Barcelona, local bem conhecido do pintor e de seus amigos. Os corpos apresentam linhas irregulares e quebradas. São figuras dessemelhantes, só tendo em comum a nudez. Suas formas são definidas por contornos. As mulheres e o fundo da composição são feitos de planos angulosos e geométricos. Para fortalecer a composição geométrica, Picasso fez uso da cor azul em algumas partes da pintura.

Observando partes a composição:

1. No primeiro plano da pintura está um prato com frutas, também mostradas de maneira sensual, onde se espalham uvas, maçã, pera e melancia.
2. No centro duas das prostitutas fitam o observador, como se o convidassem provocadoramente para se deliciar com seus corpos. Elas são mais delicadas e realistas do que as demais.
3. À direita uma prostituta, assentada de costas para o observador, também o fita com sua cabeça cubista virada para trás, numa posição inverossímil. Seu rosto tem o nariz torto e os olhos de cores diferentes totalmente desalinhados. Parece usar uma máscara.
4. Acima da prostituta citada acima uma figura usando máscara africana tribal encontra-se de pé, com os braços abertos, abrindo as cortinas.
5. A quinta mulher está próxima à porta, como se convidasse as pessoas para entrarem, contendo uma cortina vermelha aberta. Ela é a mais musculosa das cinco.

O uso de máscaras na composição demonstra uma clara influência da arte africana sobre o pintor. Enquanto pintava As Senhoritas de Avignon, Picasso visitou uma mostra africana que acontecia em Paris. Quando esteve no local, ele já havia terminado o rosto das três mulheres à esquerda, mas não o das duas à direita que refletem uma clara influência da escultura africana que em sua rude estilização encantou o artista.  Portanto, a arte negra exerceu grande influência sobre o artista, com a qual teve contato antes de finalizar a obra em questão.

As Senhoritas de Avignon é uma das composições mais famosas de Picasso, principalmente por mostrar uma maneira diferente de retratar a realidade. É também uma das mais conhecidas obras do século XX. Ela incomodou seus colegas o e os críticos, porque o artista fez desmoronar toda a tradição pictórica ocidental, reinventando uma nova maneira de pintar. Abriu mão da luz e da atmosfera em troca da clareza da forma, assim como baniu tudo que era irreal, indefinido ou vago.

As Senhoritas de Avignon, portanto, falando em termos cronológicos, representa o nascimento do Cubismo. É bom também lembrar que o Cubismo passou por diversas etapas durante o seu desenvolvimento: Cubismo analítico, Cubismo sintético, Cubismo hermético e Cubismo cristalino e tinha por objetivo o desmanche da realidade que seria reconstruída pelo artista, segundo o seu ponto de vista, sendo uma linguagem pictórica extremamente pessoal, sem representação comum, sendo o supérfluo totalmente eliminado. Picasso, a princípio, pensou em incluir na composição duas figuras masculinas: um estudante e um marinheiro que comiam na companhia das mulheres, mas não o fez.

Ficha técnica
Ano: 1907
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 243,9 x 233,7 cm
Localização: The Museum of Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Picasso/ Abril Coleções
Picasso/ Coleção Folha
Arte moderna/ Editra Taschen
Arte/ Publifolha
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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Courbet – O ATELIÊ DO ARTISTA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eu estou no centro, a pintar, à direita estão todos os participantes, isto é, os meus amigos artistas boêmios. À esquerda está o outro lado da vida quotidiana, o povo, a miséria, a riqueza, a pobreza, os explorados e os exploradores, pessoas que vivem dos mortos” (Courbet)

Na composição O Ateliê do Artista, Gustave Courbet mantém o tamanho grandioso das pinturas históricas, mas, por outro lado, pinta o seu estúdio em Paris, tal e qual o vê, sem usar nenhum tipo de idealização. O quadro foi elaborado durante dez meses, para ser exposto na Exposição Universal em 1855, em Paris, mas foi rejeitado pela comissão responsável pela seleção das obras, apesar de ser considerado uma obra-prima do pintor. Aqui estão presentes 30 figuras, mostradas em tamanho natural, ganhando mais destaque a mulher nua, que chama para si o olhar do observador. A composição pode ser dividida em três grupos, levando em conta a posição do observador:

• os amigos (à direita)
• o artista pintando (central)
• as pessoas do “mundo comum” (à esquerda)

No centro da composição, cercado pela rotina diária, o pintor, tendo em mãos sua paleta de tintas e pincel, complementa sua enorme tela. Em torno dele encontra-se um grande número de pessoas das mais diferentes classes sociais. Não há um porquê definido de elas se encontrarem ali reunidas. Segundo o próprio pintor, as que se encontram do lado esquerdo representam “o mundo comum, onde se encontram as massas, a miséria, a pobreza, a riqueza, os explorados, os exploradores, aqueles que prosperam com a morte”, normalmente rejeitados pela arte. E à direita estão “meus amigos, colegas de trabalho, amantes da arte – aqueles que prosperaram com a vida”.

Vamos aos detalhes:

1. Na mesa situada à esquerda do pintor, sobre um jornal, está um crânio, lembrando a presença da morte.
2. No grupo em que se encontram os explorados é possível destacar a presença de um chinês, um judeu, um revolucionário, um operário, um irlandês, um padre, um comerciante de tecidos oferecendo sua mercadoria e um caçador com seus cães.
3. Aos pés do caçador está um chapéu com uma pluma, uma capa, um violão e uma adaga.
4. Atrás do cavalete de Courbet vê-se um boneco articulado, na pose de crucificação, usado pelos artistas tradicionais, simbolizando a arte acadêmica rejeitada pelo pintor. Ele se parece com um santo martirizado e está fora do campo de visão do artista.
5. Courbet pinta uma paisagem de sua terra natal, embora naquela época este tipo de pintura não fosse bem vista pelo academicismo.
6. Ao lado do pintor um garotinho ingênuo e pobre mostra-se extasiado diante da pintura.
7. Atrás de Courbet uma modelo despida representa a verdade nua que guia seu trabalho. Ela e a criança representam o verdadeiro ideal da arte.
8. À direita no grupo dos amigos o poeta Charles Baudelaire lê um livro, recostado a uma mesa de madeira.
9. O escritor Champfleury está assentado no meio do grupo de amigos do pintor.
10. Dois quadros são vistos ao fundo.
11. Na época causou escândalo junto aos puritanos da época a presença de uma criança junto a uma mulher nua.

O Ateliê do Artista não é somente uma das obras-primas do século XIX, mas um documento político, um testemunho da luta travada por Courbert e muitos de seus contemporâneos contra as ideias e as forças dominantes da época.

Ficha técnica:
Ano: 1855
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 361 x 598 cm
Localização: Musée d’Órsay, Paris, França

Fontes de pesquisa:
Arte em detalhes/ Publifolha
Grandes Pinturas/ Publifolha
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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