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O mundo da arte é incomum e fascinante. Pode-se viajar através dele em todas as épocas da história da humanidade — desde o alvorecer dos povos pré-históricos até os nossos dias —, pois a arte é incessante.

OS ARTISTAS E SUAS CORPORAÇÕES (Aula nº 40)

Autoria de Lu Dias Carvalho

As descobertas feitas pelos artistas da Itália e de Flandres (região atualmente localizada na Bélgica) no início do século XV acabou por revolucionar toda a Europa. O fato de que a produção artística, além de servir aos objetivos cristãos ao narrar passagens bíblicas de uma forma comovente e também ser capaz de levar à reflexão, ao apresentar uma pequena parcela da vida real, deu um novo estímulo aos artistas e mecenas (indivíduos que protegem e apoiam as artes, as ciências e os profissionais que trabalham nessas áreas). Nada como a motivação para mudar o curso da história, rompendo com a estagnação que tantos malefícios traz a um povo nos mais diferentes campos de sua trajetória. E foi exatamente isso que o Renascimento fez.

Os artífices, ao deixar para trás as similaridades de suas obras, começaram nas mais diferentes partes da Europa a pesquisar e a realizar experiências com o objetivo de encontrar novos caminhos artísticos. A arte do século XV, ao fazer uso do elixir do vigor e embrenhar-se no espírito da aventura, marcou seu verdadeiro rompimento com a Idade Média. Todas essas mudanças não teriam acontecido, se também não tivesse existido uma mudança na concepção de vida desses povos, pois a arte é sempre o resultado do que acontece num determinado período da história humana, abrangendo os mais diferentes campos: social, político, religioso e econômico.

Para uma melhor compreensão é bom que nos lembremos que até por volta de 1400 (século XIV) a arte em diferentes partes da Europa evoluía lentamente e de maneira muito igual. Recordemo-nos do chamado Gótico Internacional, quando pintores e escultores góticos da França, Itália, Alemanha e Borgonha limitavam-se a criar obras bem parecidas. O mesmo acontecia no campo do saber e até mesmo no político. Só para se ter uma ideia, os homens cultos da Idade Média falavam e escreviam em latim, pouco lhes importando se transmitiam seus conhecimentos na Universidade de Paris (França), de Pádua (Itália) ou de Oxford (Inglaterra). A nobreza dessa época estava voltada apenas para os ideais da cavalaria — lealdade total ao rei ou ao senhor feudal — sem se ater ao que acontecia com o povo ou com qualquer outra nação.

As cidades, seus burgueses e moradores começaram a prosperar em fins da Idade Média. Os castelos e seus barões estavam perdendo a importância de que gozavam até então. Os mercadores usavam seu próprio idioma, opunham-se aos concorrentes estrangeiros e ganhavam cada vez mais força. As cidades passaram a orgulhar-se de sua posição e privilégios no comércio e na indústria. Começou a brotar entre os citadinos um forte orgulho no tocante à nacionalidade.

Artistas e artesãos passaram a organizar-se em corporações (seriam os sindicatos de hoje), também conhecidas como “guildas”, que zelavam pelos direitos de seus membros, garantindo-lhes um mercado para seus produtos. Contudo, não era qualquer um a fazer parte da chamada corporação de ofício. Essas exigiam que o artista fosse de fato um mestre em seu ofício. Somente, então, tinha o direito de montar sua própria oficina, empregar aprendizes (esses nada recebiam pelo trabalho que ajudavam a realizar) e receber encomendas (retratos, retábulos, estandartes, brasões, etc.). Havia também as guildas que não tinham relevância econômica, mas apenas um caráter religioso, beneficente ou de lazer.

Essas corporações eram de grande importância para a prosperidade das cidades, sendo bem aceitas e com o poder de serem ouvidas. Eram tão consideráveis que corporações como as dos ourives, dos tecelões e armeiros, dentre outras, doavam uma parte de suas verbas à fundação de igrejas, à construção de palácios para as guildas e à criação ou ornamentação de altares e capelas, resultando numa grande valorização da arte. O ponto negativo estava no fato de, ao zelar excessivamente por seus membros, impedir que um artista estranho encontrasse emprego ou fosse aceito entre os do grupo. Para transpor tamanha resistência, o artista precisava ser muito famoso, podendo, assim, viajar livremente de uma cidade para outra, principalmente durante a construção das grandes catedrais.

Exercício:
1. Qual foi a importância das cidades para a arte?
2. O que levou os artistas a romperem com a desmotivação em que se encontravam?
3. Petrus Christus – O OURIVES

Ilustração: O Ourives (1449), obra do artista Petrus Christus

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
Renascimento – Nicholas Mann

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TESTE – HISTÓRIA DA ARTE (MÓDULO IV)

Autoria de Lu Dias Carvalho

  1. (Aula 31) Está provado que a cultura clássica (greco-romana) jamais desapareceu totalmente da Europa durante a Idade Média, tendo havido diversas tentativas com o objetivo de revivê-la nos séculos que antecederam o estilo……………..

    1. Bizantino
    2. Românico
    3. Gótico
    4. Renascimento

  2. (Aula 31) A primeira tentativa de reviver a cultura clássica (greco-romana) aconteceu no tempo do Imperador…………………., no final do século VIII e início do século IX.

    1. Rômulo Augusto
    2. Carlos Magno
    3. Constantino
    4. Napoleão Bonaparte

  3. (Aula 32) O período conhecido como “Renascimento” (ou Renascença), palavra que significa “nascer de novo” ou “ressurgir”, aconteceu na:

    1. Idade Antiga
    2. Idade Média
    3. Idade Moderna
    4. Idade Contemporânea

  4. (Aula 32) A fase que corresponde ao Renascimento foi marcada por muitos acontecimentos e transformações políticas, econômicas, religiosas, sociais e culturais. Essa época é responsável pelo:

    1. Fim do feudalismo e início do capitalismo.
    2. Desejo de revisitar o ideal artístico bizantino.
    3. Apreço pela arte antiga dos egípcios.
    4. Retorno aos estilos românico e gótico.

  5. (Aula 33) Do século XIII em diante as cidades do norte da Itália encontravam-se constantemente envolvidas em conflitos entre si. O que acontecia no resto da Europa não era diferente, a exemplo da Guerra dos Cem anos entre Inglaterra e França. Apesar de tanta turbulência, a Itália do Norte diferia-se do restante da Europa em três pontos importantes.

    Marque a alternativa incorreta:

    1. As ruínas romanas durante os séculos XIV e XV foram responsáveis pelo estudo da Antiguidade pelos seus artistas.
    2. Era uma das regiões mais ricas da Itália, onde se situavam as cidades de Gênova, Veneza e Milão.
    3. Essa parte da Itália estava dividida em cidade-estados — diferindo do restante da Europa.
    4. Seus habitantes comungavam o orgulho cívico e de identidade — características insignificantes para o surgimento do Renascimento.

  6. (Aula 33) A máxima de………………. de que “quem não é um cidadão não é um homem, uma vez que o homem é por natureza um ser cívico” propagou com força entre as cidades italianas.

    1. Platão
    2. Aristóteles
    3. Sócrates
    4. Pitágoras

  7. (Aula 34) Importantes famílias partilhavam o domínio das terras italianas, uma vez que a Itália do Renascimento era composta por um grupo de cidades-estados independentes e belicosos entre si.

    Marque a alternativa em que a cidade não corresponde ao domínio da família:

    1. Sforza – Milão
    2. Gonzaga – Mântua
    3. Medici – Roma
    4. Montefeltro – Urbino

  8. (Aula 35) O poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321), na segunda metade do século XIV, condenou todos os escritores clássicos a padecer no Inferno em sua famosa obra intitulada…………………….., simplesmente por não terem sido batizados no cristianismo, mesmo que esses tenham vivido antes do tempo da cristandade.

    1. Divina Comédia
    2. Os Lusíadas
    3. Odisseia
    4. Eneida

  9. (Aula 35) É na literatura “humanista” (palavra que apareceu pela primeira vez no século XVI) que a união entre as crenças do Renascimento e as cristãs tornam-se mais nítidas.

    Todas as alternativas referentes ao “humanismo” da época estão corretas, exceto:

    1. Dos estudos de quem fazia “humanidades” constavam: gramática e retórica, mas dentro dessa grade estavam inseridas: literatura, poesia, história e a habilidade de comunicar-se com a mais absoluta clareza e persuasão.
    2. Não havia um programa “humanista” propriamente dito, mas o estudo da grade citada teve importância ao romper com o currículo tradicional das universidades que se resumia ao estudo de lógica e de métodos repetitivos.
    3. Outro ponto importante do estudo das “humanidades” foi o de destacar mais os valores seculares do que os transcendentais, dando maior ênfase ao concreto do que ao abstrato.
    4. O humanista buscava compreender a si mesmo e a melhorar como indivíduo. A crença comum na Idade Média era a de que o homem encontrava-se totalmente sob a influência da graça de Deus – antropocentrismo.

  10. (Aula 36) Todos os povos — em quaisquer que sejam os tempos — possuem uma simbologia específica, própria de sua cultura. Em razão disso, só não podemos afirmar que:

    1. Os símbolos não possuem significados inerentes, ou seja, em si mesmos.
    2. Os símbolos precisam fazer parte da identidade social e cultural de um povo, num determinado tempo, pois seu significado jamais se modifica.
    3. O simbolismo teve uma função muito importante numa época em que a grande maioria da população era analfabeta.
    4. Tanto a Idade Média quanto o Renascimento contaram com um simbolismo bastante organizado e alguns de seus símbolos ainda fazem parte da cultura de nossos dias.

  11. (Aula 36) Na arte cristã existia uma variada simbologia correlacionada com o espiritual e o terreno. Os símbolos eram muitas vezes combinados de maneira a formar………………..

    1. um provérbio
    2. uma parábola
    3. uma alegoria
    4. um paradoxo

  12. (Aula 36 A) Os mestres florentinos ligados ao círculo de Brunelleschi representavam a natureza com exatidão científica. O corpo humano era criado de acordo com os conhecimentos de anatomia que detinham e das leis da perspectiva. O criador da obra “Os Esponsais dos Arnolfini” — uma das mais notáveis pinturas de todos os tempos — foi:

    1. Donatello
    2. Masaccio
    3. Gioto de Bondone
    4. Jan van Eyck

  13. (Aula 37) O livro dos cristãos — a Bíblia — foi em tempos idos acessível apenas aos cidadãos bem nascidos. Todas as afirmativas sobre esse livro estão corretas, exceto:

    1. As mulheres e as crianças, ainda que “bem nascidas” — mas vistas como inferiores aos homens — tinham pouco acesso às Escrituras Sagradas.
    2. Até mesmo no Renascimento tal livro era um bem extremamente precioso, cujo conteúdo — disponível apenas em latim — era acessível a pouquíssimas pessoas.
    3. No século XIII apareceram as primeiras traduções da Bíblia do latim para o vernáculo falado na Itália, traduções parciais, copiadas à mão e caríssimas.
    4. O latim, para o qual a Bíblia fora traduzida, era o meio principal de comunicação das cidades italianas pelo governo, pelos grandes negociantes e pela Igreja.

  14. (Aula 38) Durante os séculos XIV e XV os estudiosos italianos tiveram uma visão diferenciada e uma compreensão mais crítica acerca da história da Antiguidade (greco-romana), ao buscar encontrar a diferença entre seu tempo e o dos povos que viverem naquele passado distante.

    Todas as alternativas referentes ao passado clássico estão corretas, menos:

    1. Esse olhar mais analítico sobre a Idade Antiga exerceu uma grande influência na arte do Renascimento.
    2. O fato de olhar com pouca acuidade para o passado não significa que os artistas medievais se importassem com esse tempo.
    3. Foi somente no século XV que os artistas renascentistas conseguiram fazer uma investigação mais criteriosa das técnicas e dos temas da arte greco-romana.
    4. Os renascentistas buscaram tudo o que se referia à Antiguidade, restaurando textos clássicos, estudando monumentos antigos ou o que restara deles, etc.

  15. (Aula 39) A ideia de um “renascimento” estava ligada à concepção da Roma exuberante de outrora. Esse sentimento era ainda mais forte na cidade de………….., berço do poeta Dante Alighieri e do pintor Giotto di Bondone.

    1. Roma
    2. Veneza
    3. Milão
    4. Florença

  16. (Aula 39) Donatello e Brunelleschi fizeram um estudo sistemático daquilo que restara das obras greco-romanas com o objetivo de fazer renascer a arte. Isso não significa, porém, que somente o estudo das artes grega e romana seja o responsável pelo Renascimento (ou Renascença). O grande anseio desses artistas em renovar a arte levou-os a buscar contato com……………

    Marque a alternativa incorreta:

    1. a natureza
    2. a ciência
    3. a cultura clássica
    4. o cristianismo

  17. (Aula 39 A) Além de ter sido o pioneiro da arquitetura do Renascimento, o arquiteto florentino Filippo Brunelleschi foi responsável por uma descoberta da maior importância no campo das artes, conhecida como……….., ampliando ainda mais a ilusão de realidade.

    1. perspectiva
    2. bidimensionalidade
    3. escorço
    4. esboço

  18. (Aula 39 A) Todas as afirmativas abaixo dizem respeito a Brunelleschi, exceto:

    1. Era o líder de um grupo de artistas que assumiu a atitude de cortar os laços com as ideias do passado medieval.
    2. Era detentor de pouco domínio sobre as invenções técnicas do estilo Gótico, o que contribuiu para que ele inovasse na construção de abóbadas.
    3. Buscou, através das formas da arquitetura clássica, desenvolver novas maneiras de harmonia e beleza, sendo muito bem sucedido em seu intento.
    4. A história da arte sofreu grande mudança no século XV, ocasionada pelas descobertas e inovações da geração de Brunelleschi.

  19. (Aula 39 B) Trata-se de uma pintura — obra do genial Masaccio — uma das primeiras criadas de acordo com as regras matemáticas do Renascimento, sendo conhecida como:

    1. A Família Sagrada
    2. Os Dois Doadores
    3. A Santíssima Trindade
    4. São João e a Virgem

  20. (Aula 39 C) Donatello foi amigo e conterrâneo de Brunelleschi, com quem fez um profundo estudo do que restara da arte romana. Suas habilidades eram solicitadas em toda a Itália. São obras do escultor, menos:
    1. São Jorge
    2. Davi
    3. O Festim de Herodes
    4. Suzana e os Velhos

Gabarito

 

 

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O ESCULTOR DONATELLO (Aula nº 39 C)

Autoria de Lu Dias Carvalho

     
    (Clique nas gravuras para ampliá-las.)

Dentre as cidades italianas Florença era a que mais se desdobrava para fazer nascer uma nova era artística. E foi exatamente aí que, nas primeiras décadas do século XV, um grupo de artistas, liderados por Filippo Brunelleschi, assumiu a atitude de cortar os laços com as convenções do passado medieval, já cansados das sutilezas e requintes do Gótico Internacional, buscando criar uma arte mais robusta e severa. Do grupo fazia parte o escultor e mestre florentino Donatello (c.1386-1466) que se tornou muito famoso, sendo chamado a trabalhar em diversas cidades italianas.

Donatello foi amigo e conterrâneo de Brunelleschi e, como ele, fez um profundo estudo do que restara da arte romana. Suas habilidades eram solicitadas em toda a Itália, tendo ele viajado muito — período em que aproveitava para estudar as antiguidades encontradas em Roma. Era disputado por um grande número de mecenas que buscavam por seus serviços, mas só aceitava aquilo que era de seu agrado, pois era um artista muito independente. Também tinha o costume de não terminar as obras que começava, mesmo senda elas subvencionadas por seus clientes mais famosos. Fez uma capela monumental — a de Santo Antônio — para a universidade da cidade de Pádua.

A obra intitulada São Jorge (gravura à esquerda) é um dos primeiros trabalhos do escultor. Foi-lhe encomendada pela guilda dos alfagemes e armeiros que tinha o santo guerreiro como seu padroeiro. A escultura de Donatello mostra-se firme em seu espaço, com os pés separados, fortemente plantados no bloco de mármore. São Jorge veste sua armadura e traz um manto amarrado próximo ao pescoço. Seu rosto mostra-se cheio de vigor e concentração, como se vigiasse algo, pronto para entrar em ação. Traz a mão esquerda descansando sobre o escudo decorado com uma cruz, enquanto a direita toca-o como se estivesse pronta para erguê-lo, se necessário fosse.

A estátua de São Jorge repassa a ilusão de vida e movimento, ao contrário das estátuas vistas até então. Seus contornos são bem definidos e sólidos. O artista substitui o sutil refinamento de seus predecessores para criar uma obra vigorosa, focada numa equilibrada observação da natureza. Tanto a fisionomia quanto as mãos de São Jorge mostram-se bem distantes dos modelos tradicionais, comprovando um estudo muito bem feito das características reais do corpo humano.

O relevo intitulado O Festim de Herodes (gravura central) foi feito em bronze pelo artista, com a finalidade de ornamentar uma pia batismal em Siena. Ilustra uma passagem da vida de São João Batista. A cena acontece num palácio clássico e as figuras ao fundo são baseadas em tipos romanos. Mostra o terrível momento em que a cabeça de João Batista é trazida para a princesa Salomé — recompensa que foi pedida a Herodes pelo fato de ela ter dançado para ele. A composição leva os olhos do observador até o salão do banquete e dali o direciona até a galeria dos músicos e a uma sequência de salas e escadas situadas no fundo da composição.

No relevo da obra O Festim de Herodes o carrasco ajoelha-se diante do rei, apresentando-lhe a bandeja com a cabeça do santo. O monarca recua assustado e levanta as mãos em sinal de horror ante tão tenebrosa visão. As crianças presentes na cena choram e fogem atemorizadas. Ocupando o centro da mesa está a mãe da princesa e instigadora do odioso crime — curvada em direção ao rei —, tentando lhe explicar o abominável ato. O vazio em torno dela representa o recuo dos convidados assustados, sendo que um deles tapa os olhos com a mão direita, enquanto os demais cercam Salomé que parece ter parado de dançar. O escultor dá à sua obra uma concepção totalmente nova ao usar a arte da perspectiva.

A estátua em bronze intitulada Davi (gravura à direita) é outra obra do artista que inicialmente ornamentava o o pátio do Palácio dos Medici, feita a pedido de Cosimo. Embora se trate de uma figura do Antigo Testamento, traz uma grande sensualidade. Na sua base havia uma inscrição informando que era um símbolo da liberdade florentina (uma referência à cidade de Florença — vista como um Davi indefeso — contra o gigante — a poderosa Milão). A relação do artista era tão próxima da família Medici que seu corpo foi colocado perto do de Cosimo de Medici na Igreja de São Lorenzo. Donatello apresenta características novas em sua obra:

  • não há um padrão agradável e bem ordenado;
  • há um efeito visível de completo caos;
  • as figuras são rudes e mostram-se angulares nos movimentos;
  • os gestos das figuras são violentos;
  • não há qualquer tentativa de diminuir o horror apresentado pela cena;
  • a nova arte da perspectiva amplia ainda mais a ilusão de realidade.

Aos mestres florentinos do início do século XV não mais agradava repetir as antigas fórmulas repassadas pelos artistas medievais. Seguindo o exemplo dos gregos e romanos — a quem tanto admiravam — começaram a estudar o corpo humano com grande interesse. Tal atitude e método é o que faz a obra de Donatello parecer tão plausível e especial, perpetuando a sua fama até os dias de hoje.

Exercício:
1. Quem foi Donatello?
2. O que você sabe sobre a estátua de São Jorge?
3. Descreva o “Festim de Herodes”.

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
Renascimento/ Nicholas Mann

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A SANTÍSSIMA TRINDADE DE MASACCIO (Aula nº 39 B)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Aprendemos que Brunelleschi (arquiteto e escultor) e Donatello (escultor) — ambos artistas italianos do Renascimento — são tidos como mestres importantíssimos para seu tempo. O pintor italiano renascentista Masaccio gozava dessa mesma importância no campo da pintura. Foi ele o responsável por tornar mais compreensível para seus colegas florentinos muitos dos êxitos matemáticos de Brunelleschi. Esses três artistas são vistos como a síntese do sucesso do Renascimento, ao romper com as fronteiras da convenção e fazer uso de técnicas inovadoras, combinando-as com as tradições antigas (greco-romanas). Estudaremos hoje uma pintura — obra do magistral Masaccio — que foi uma das primeiras criadas de acordo com essas regras matemáticas. Primeiramente é necessário acessar Masaccio – A SANTÍSSIMA TRINDADE e ler o texto com muita atenção, sempre voltando a esse quando se fizer necessário.

Obs.: Os participantes devem ler integralmente o texto indicado pelo link, para aguçar a sua capacidade de interpretação de obras.

  1. Os gregos compreenderam o uso do escorço, os pintores helenísticos eram hábeis em criar a ilusão de profundidade, mas somente……………… foi capaz de criar as leis matemáticas em relação à distância de objetos e pessoas na pintura.

    1. Giotto di Bondone
    2. Fra Angelico
    3. Simone Martini
    4. Fillipo Brunelleschi

  2. O grande mural intitulado A Santíssima Trindade encontra-se localizado na Igreja de Santa Maria Novella, na cidade de ………………, Itália, sendo tido como uma das obras que deram início à pintura renascentista.

    1. Veneza
    2. Roma
    3. Florença
    4. Milão

  3. Foi a primeira vez em que o espaço …………. foi projetado na pintura.

    1. tridimensional
    2. bidimensional
    3. plano
    4. sideral

  4. Ao ver o mural, tamanha era a perfeição do uso da perspectiva linear empregada por Masaccio que as pessoas pensavam que:

    1. A obra poderia despencar sobre a cabeça delas.
    2.  Havia sido aberta uma cavidade na parede e erguida uma capela.
    3. As figuras maciças de grande simplicidade e beleza sairiam a caminhar.
    4. A presença do esqueleto tinha por finalidade assustar os cristãos.

  5. O único gesto presente na pintura é o………………….

    1. de São João enlaçando as mãos.
    2. do doador indicando a esposa.
    3. da Virgem apontando para Jesus.
    4. da mulher indicando o esposo.

  6. O enquadramento em perspectiva das figuras de Masaccio repassa a sensação de que elas……….

    1. estão vivas.
    2. estão se mexendo.
    3. parecem mitológicas.
    4. parecem estátuas.

  7. A abóbada, as colunas e as pilastras lembram a arquitetura……………… tão buscada pelos renascentistas italianos.

    1. clássica
    2. gótica
    3. egípcia
    4. românica

  8. A obra acima apresenta três planos. No superior encontram-se:

    1. Deus Pai, Deus Filho e a Virgem.
    2. Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo.
    3. São João Evangelista, Deus Filho e a Virgem.
    4. O casal de doadores e São João Evangelista.

  9. Na base da composição encontra-se um sarcófago, onde foi pintado um esqueleto — representando todos os seres humanos — com uma inscrição: “O que és, já fui eu; o que sou, tu virás a ser”.

    Marque a alternativa que mais condiz com a inscrição:

    1. “ Fui ontem o que você é e sou agora o que serás.”
    2. “Se não mudares, teu fim será como o meu.”
    3. “O que és, jamais fui eu; o que sou, tu nunca serás.”
    4. “O que sou hoje, serás amanhã, se buscares o bem”.

  10. Este mural de Masaccio é tido como uma das obras que deram início à pintura………….

    1. gótica
    2. românica
    3. helenística
    4. renascentista

Gabarito
1.d / 2.c / 3.a / 4.b / 5.c / 6.d / 7.a / 8.b / 9.a/ 10.d

Obs.: Conheça a vida do artista acessando o link abaixo:
Mestres da Pintura – MASACCIO

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O ARQUITETO FILIPPO BRUNELLESCHI (Aula nº 39 A)

Autoria de Lu Dias Carvalho

     

                                          (Clique nas gravuras para ampliá-las.)

Vimos anteriormente que os italianos continuavam sonhando com a grandeza da Itália, de quando Roma se tornara a capital do mundo civilizado e cujo poder foi consumido pelas tribos germânicas (godos e vândalos) que destroçaram o Império Romano. Eles continuavam almejando a volta ao passado, ou seja,  buscando a ressurreição do período áureo de Roma. Já tomamos conhecimento também de que os italianos, durante parte da Idade Média, ficaram atrasados e menos cônscios do ressurgimento gradual da arte após a prepotência do que se chamou “Idade das Trevas”. Os italianos do século XV, por sua vez, defendiam que o período clássico (greco-romano) fora o responsável pelo florescimento da arte e da ciência — aniquiladas pelos bárbaros do norte europeu — cabendo a eles reviver tudo isso.

Dentre as cidades italianas, Florença — uma dinâmica cidade mercantil — era a que mais se desdobrava para fazer florescer uma nova era. E foi exatamente aí que, nas primeiras décadas do século XV, um grupo de artistas assumiu a atitude de cortar os laços com as ideias do passado medieval. O líder do grupo era o competente arquiteto florentino Filippo Brunellechi (1377-1446) que detinha um total domínio sobre as invenções técnicas do estilo Gótico, o que contribuiu para que ele inovasse na construção de abóbadas. Os florentinos queriam que sua catedral — Santa Maria del Fiore — fosse coroada por um suntuoso zimbório (parte superior, normalmente convexa, que exteriormente remata à cúpula de um grande edifício, sobretudo de igrejas; domo). Contudo, até então, era impossível cobrir o imenso espaço que se situava entre os pilares responsáveis por assentar o zimbório.

Brunelleschi encontrou um meio de resolver o problema, ao deixar de lado o estilo tradicional — o Gótico. Viajou para Roma a fim de estudar as ruínas de seus templos e palácios, criando esboços de suas formas e ornamentos. Buscava, através das formas da arquitetura clássica, desenvolver novas maneiras de harmonia e beleza, sendo muito bem sucedido em seu intento. Arquitetos europeus e americanos usaram suas ideias durante 500 anos. Mas, assim como ele se rebelou contra a tradição arquitetônica gótica, arquitetos do século XX também resolveram abrir mão da tradição renascentista na construção.

Ao contrário de tudo que havia sendo construído até então, Brunelleschi, na sua busca por leveza e elegância, trabalhou com colunas, pilastras e arcos do seu próprio jeito. Além de ter sido o pioneiro da arquitetura do Renascimento, o arquiteto foi responsável por uma descoberta da maior importância no campo da arte — a da perspectiva. Sabemos que os gregos entenderam a arte do escorço e os pintores helenísticos mostraram-se habilidosos na arte de criar a ilusão de profundidade, mas todos eles não conheciam as leis através das quais os objetos aparentam mudar de tamanho à medida que se distanciam do observador. Foi Brunelleschi quem ajudou os artistas a solucionar tal problema, ao dar-lhes os meios técnicos para isso. A nova arte da perspectiva ampliou ainda mais a ilusão de realidade, fazendo com que a arte, sobretudo a pictórica, desse um imenso salto.

A geração que veio após Brunelleschi, Donatello e Masaccio buscou implementar as descobertas feitas por eles, embora isso nem sempre tenha sido fácil, uma vez que novos problemas apareceram, principalmente no que diz respeito às encomendas tradicionais que muitas vezes não se adequavam aos novos métodos. A história da arte sofreu uma grande e decisiva mudança no século XV, ocasionada pelas descobertas e inovações da geração de Brunelleschi em Florença, o que contribuiu para que a arte italiana alcançasse um novo patamar, distanciando-se do resto da Europa. É o que veremos daqui para diante.

Sobre Brunelleschi escreveu Giovanni di Paolo Rucellai: “Nunca houve ninguém, desde os dias em que os romanos governavam o mundo, que executasse assim a arquitetura, a geometria e a escultura”.

Exercício:
1. O que defendiam os italianos do século XV?
2. O que é um zimbório?
3. Quem foi Filippo Brunelleschi e qual foi sua influência sobre a arte?

Ilustração: 1. Zimbório da Catedral de Florença/ 2. Interior do Zimbório/ 3. Catedral de Florença

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
Renascimento/ Nicholas Mann

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DESCOBERTAS DO RENASCIMENTO (Aula nº 39)

Autoria de Lu Dias Carvalho                  

   

                                                         (Clique nas gravuras para ampliá-las)

Vimos em aulas anteriores que a ideia de fazer ressurgir a arte dos famosos mestres gregos e romanos era cada vez mais popular na Itália. O povo italiano ainda carregava na memória a lembrança de uma Roma grandiosa de tempos idos, quando se tornara o centro do mundo civilizado. A ideia de um “renascimento” estava, portanto, ligada à concepção da Roma exuberante de outrora. Esse sentimento era ainda mais forte em Florença, berço do poeta Dante Alighieri e do pintor Giotto di Bondone. E foi exatamente nessa cidade que nas primeiras décadas do século XV um grupo de jovens artistas resolveu levar avante suas novas concepções, colocando-as a serviço de uma nova arte.

Filippo Brunelleschi (1377-1446) — arquiteto encarregado do término da catedral gótica de Florença* (ver figura acima) — foi o líder do grupo. Ele havia dominado todas as invenções técnicas relativas a esse estilo. Viajou para Roma a fim de estudar as ruínas de templos e palácios, fazendo esboços de suas formas e adornos. Seu desejo era criar um novo processo de construção, usando as formas da arquitetura clássica livremente, para dar vida a novos modos de harmonia e beleza. O que fez com sucesso, tanto é que durante 500 anos seus métodos foram usados por arquitetos da Europa e da América.

Assim como Brunelleschi havia se insurgido contra a tradição gótica, os arquitetos, no século XX, passaram a questionar os métodos usados por ele, voltando-se contra a tradição renascentista na construção. Além de ter sido o pioneiro da arquitetura renascentista, Brunelleschi também foi responsável por uma descoberta prodigiosa no campo artístico que viria a dominar toda a arte de séculos consecutivos — a da perspectiva.

Até então os artistas desconheciam as leis matemáticas que mostram que os objetos parecem diminuir de tamanho à medida que se afastam de nós (perspectiva). Sem essa descoberta de Brunelleschi nenhum artista clássico seria capaz de desenhar uma avenida de árvores que nos levam até o fundo do quadro, até sumir no horizonte, como mostra a terceira ilustração à direita (obra contemporânea do pintor russo Leonid Afremov). Foi, portanto, esse arquiteto italiano quem deu aos artistas os meios técnicos para resolver esse problema.

O pintor italiano Masaccio (1401-1428) criou uma das primeiras pinturas seguindo tais regras matemáticas. Sua obra é intitulada “A Santíssima Trindade com a Virgem, São João e Doadores”. Esse gênio, para tristeza do mundo artístico, morreu com 28 anos incompletos, mas, ainda assim, foi responsável por revolucionar a arte da pintura. Ainda iremos estudar com detalhes essa obra sincera e comovente.

No campo da escultura, o mestre florentino Donatello (c.1386-1466) foi o mais importante escultor do grupo de Brunelleschi. Um de seus primeiros trabalhos foi a obra intitulada “São Jorge” (a ser estudada). Ele se tornou muito famoso, sendo seu trabalho disputado pelas cidades italianas, assim como acontecera com Giotto um século antes dele. Ao fazer uso da arte da perspectiva descoberta por Brunelleschi, o escultor ampliou ainda mais a ilusão de realidade em suas belíssimas obras.

Donatello e seu amigo Brunelleschi fizeram um estudo sistemático daquilo que restara dos trabalhos greco-romanos com o objetivo de fazer renascer a arte. Isso não significa, porém — como pensam alguns —, que somente o estudo das artes grega e romana seja o responsável pelo Renascimento (ou Renascença). O grande anseio desses artistas em renovar a arte levou-os a buscar contato com a natureza, com a ciência e com os remanescentes da Antiguidade, tendo por objetivo a realização daquilo que tanto almejavam — um novo estilo de arte.

É fato que o domínio da ciência e o conhecimento da arte clássica ficaram durante certo tempo sob o domínio dos artistas italianos do Renascimento, contudo, acabou também por inspirar os artistas dessa mesma geração no norte Europeu. Eles também buscavam uma arte mais fiel à natureza, distante das sutilezas e refinamentos do estilo gótico Internacional, como prova o escultor transalpino Claus Sluter em sua obra “Os Profetas Daniel e Isaías” (ilustração acima) em que o homem de turbante é Daniel e o calvo é Isaías. Ambos parecem reais em sua postura e dignidade.

*O projeto de Filippo Brunelleschi foi em 1419 o vencedor do concurso de arquitetura para a construção da cúpula da catedral gótica de Florença/Itália, denominada Catedral de Santa Maria del Fiore. Mais de 500 anos depois de sua construção, o domo projetado pelo arquiteto italiano continua sendo a maior cúpula de alvenaria já construída.

Exercício:
1. O que levou ao Renascimento na Itália?
2. O que você aprendeu sobre Filippo Brunelleschi?
3. Cite o nome de três personagens fundamentais para o Renascimento italiano.

Ilustração: 1. Catedral de Santa Maria del Fiore/ 2. Escultura Os Profetas Daniel e Isaías, 1396 – 1404, obra de Claus Sluter/ 3. Pintura de Leonid Afremov.

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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