Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Piazzetta – REBECA JUNTO AO POÇO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Rebeca junto ao Poço é uma obra do pintor italiano Giovvanni Battista Piazzetta (1682-1753), cujo pai, Giocomo Piazzetta, era também artista, sendo gravador e escultor. E foi com seu pai que Giovanni teve sua aprendizagem elementar. Mais tarde foi para Veneza, onde deu continuidade a seus estudos, tendo como mestre Antonio Molinari. Em Bolonha o jovem recebeu influência da pintura de gênero de Giuseppe Maria Crespi. Ganhou grande fama em Veneza, competindo com Giovanni Battista Tiepolo, no que se refere às pinturas religiosas. Mas também criou pinturas de gênero, ilustrações para livros e retratos.

A pintura, em estilo protorrococó, ilustra uma passagem bíblica que aqui se passa a céu aberto. Mostra o momento em que a jovem Rebeca, próxima ao poço aonde foi buscar água, é interpelada por um cavaleiro muito bem vestido que lhe oferece um colar de pérolas. Trata-se, segundo a Bíblia, de um servo de Abraão, enviado à Mesopotâmia, com a finalidade de encontrar uma esposa para seu filho Isaque.  Atrás dele é visto o focinho de um dos dez camelos que o acompanharam na viagem.

Rebeca é mostrada como se fosse uma jovenzinha que se vira para trás, a fim de atender o cavalheiro. Duas outras mocinhas encontram-se próximas a ela, conversando entre si, e alheias ao diálogo entre os dois principais personagens. Uma delas carrega um cajado, o que nos leva a concluir que se trata de uma pastora. Ali também são vistos dois bois e um cão.

A jovem Rebeca, com seus cabelos presos no alto da cabeça e seu vestido excessivamente decotado, pende o corpo para o poço, abraçada a seu vasilhame, enquanto traz a mão esquerda virada para trás, formando um bojo, como se estivesse preparando para receber a joia. Ou estaria ela apenas a segurar seu manto azul, visto apenas à direita? Ela se mostra ao mesmo tempo curiosa e sedutora.

Ficha técnica
Ano: c. 1740
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 137 x 102 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Pieter J. Elinga – MULHER LENDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor holandês Pieter Janssens Elinga (1623–c.1682) era filho do também pintor Gisbrecht Janssens que, supõe-se, foi o responsável por sua formação artística É reconhecido por suas pesquisas com luz, elementos arquitetônicos e a famosa câmara escura. Foi um ativo pintor de cenas de gênero, trabalhando com os efeitos da perspectiva e naturezas mortas. Sofreu influência dos pintores Pieter de Hooch e de Willem Kalf.

A composição Mulher Lendo é uma das famosas obras do artista, que chama a atenção, sobretudo, pela colocação da luz. Elinga apresenta uma cena de interior, na qual uma mulher, sentada numa cadeira de madeira, entretida na leitura de seu livro, encontra-se de costas para o observador. Ela está sozinha num amplo ambiente que repassa intimidade e quietude. A sua imobilidade e a não visão de seu rosto reforçam o silêncio presente no local, envolvendo tudo em derredor.

Em primeiro plano vê-se um par de chinelos vermelhos que introduz o observador no ambiente. Esse tanto pode pertencer à leitora, como a outro membro da casa. À direita, sobre uma cadeira de madeira, com encosto e assento vermelhos de couro, está uma bacia de cerâmica com três maçãs. Ao pé da cadeira vê-se uma almofada escura. No canto, próximo à janela, vê-se outra cadeira semelhante. No meio das duas encontra-se um armário escuro, coberto com uma toalha preta. Acima, na parede, são vistos dois quadros, parecidos com oratórios. À esquerda, atrás da mulher, sendo possível dela divisar apenas uma pequena parte, uma cadeira (ou seria uma cama?) contém um tecido escuro sobre ela.

Ao fundo quatro grandes janelas fazem parte do ambiente. Como são simétricas, levam-nos a crer que duas outras estejam escondidas, sendo o quarto bastante espaçoso, de modo que o espelho dividi-lo-ia ao meio. As três janelas de baixo estão escuras e as de cima iluminadas. O telhado, assim como o piso, é feito de madeira. A fonte de luz vem da esquerda, como mostram os belos matizes de seus reflexos no seu avental branco, em parte da touca e braços, na parede à direita, no assoalho. A luz vista na tela é preponderante e torna una toda a narrativa da composição.

Ficha técnica
Ano: ?
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 75 x 62 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Gerard ter Borch – A CARTA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista holandês Gerard ter Borch (1617-1681), também conhecido como Gerard Terburg, foi um reconhecido pintor de gênero. Era filho de Gerard ter Borch, o Velho, também artista, o que contribuiu para que ele desenvolvesse seu talento ainda muito jovem. Sua irmã Gesina ter Borch também se tornou pintora. É provável que o artista tenha estudado com Willem Cornelisz Duyter ou com Pieter Codde. Foi um artista muito viajado, absorvendo vários tipos de influências. Em Madri, além de ser contratado, ainda recebeu a honraria de “Cavaleiro de Philip IV”, mas acabou retornando a seu país. As obras encontradas do pintor são poucas, cerca de 80, espalhadas por diversos museus, coleções e galerias. As suas pinturas eram muito apreciadas em sua época, sendo ele mais conhecido como um pintor de gênero, especializado sobretudo em representações da vida doméstica da classe média e de seus rituais.

 A composição denominada A Carta é uma pintura de gênero, uma das obras típicas do artista. No ambiente encontram-se três personagens, todos de pé, próximos a uma mesa, sendo um homem e duas mulheres. Ali também está um cãozinho malhado, animal muito presente nos trabalhos do pintor, sobre um banco almofadado, de olho no desenrolar da cena. O grupo forma um triângulo, cujo eixo é a figura central da mulher que se encontra mais desviada para a direita.

A mulher, muito bem vestida e com as mãos escondidas por dentro de seu longo capote, encara o rapaz que gentilmente dobra-se e estende-lhe a mão direita para entregar-lhe uma carta. Atrás dela uma serviçal, visivelmente surpresa, coloca uma bandeja de metal com um jarro dentro sobre a mesa luxuosamente forrada. Ela traz uma mão no fundo da bandeja e a outra na alça do jarro, mas seus olhos estão fixos no estafeta que, pelas vestes, chegou a cavalo. Em cima da mesa também se encontram um castiçal, um tinteiro com uma caneta e um papel embaixo.

O fundo da composição é muito escuro, realçando ainda mais as figuras.

Ficha técnica
Ano: c. 1655
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 56 x 46 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Champaigne – EX-VOTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Philippe de Champagne (1602-1674), de origem flamenga, foi responsável pela introdução das formas artísticas flamengas na pintura francesa. Ele nasceu e estudou em Bruxelas, na Bélgica, mas mudou-se para Paris ainda bem jovem, onde se naturalizou como cidadão francês, tendo, naquele país, tornando-se um reconhecido pintor de retratos.

Champagne teve Jacques Fouquières, que trabalhava com Peter Paul Rubens, como um de seus professores. Trabalhou com Da Lorena, vindo a conhecer Nicolas Poussin, por quem foi influenciado. Também sofreu influência da Escola de Bologna. No início de sua carreira o artista tinha predileção pelas paisagens, optando depois pelas pinturas religiosas. Ficou a serviço de Luís XVIII e de Maria de Médici. Além de trabalhar no Palácio de Luxemburgo, também foi responsável pela ornamentação de igrejas.

A composição denominada Ex-voto, também conhecida por Retrato de Irmã Catherine de Champaigne quando estava Doente e Irmã Catherine Agnès Arnaud, mostra a filha do pintor que era freira da abadia de Port-Royal, sentada, tendo a seu lado, ajoelhada, a abadessa de sua congregação. A cura de Irmã Catherine de Champaigne motivou seu pai a criar esta obra, como motivo de gratidão (oferta votiva), após ela ser milagrosamente curada de uma paralisia que a acometeu por um longo tempo. Conforme relatos da época, ela ficou curada repentinamente após a abadessa ter feito uma novena em sua intenção.

As duas freiras em suas formas escultóricas encontram-se a rezar piedosamente. Catherine está ligeiramente reclinada em sua cadeira, com os pés estendidos sobre uma almofada depositada num banquinho. Traz as duas mãos no colo, próximas a um relicário, encontra-se em postura de oração. Seu rosto expressa grande serenidade, com os olhos voltados para cima (ou seria para a abadessa?). A irmã Agnès traz as mãos postas na altura do peito, sendo que seu rosto expressa o mesmo fervor. Ela traz um rosário de contas brancas na cintura, caindo à sua direita. Ambas usam hábitos (roupagem) semelhantes, maravilhosamente modelados. Uma grande cruz vermelha enfeita-lhes a indumentária de cor clara que contrasta com o preto do véu.

Uma grande cruz de madeira, marcada com pregos, adorna a parede do fundo. Abaixo dela, à direita, está uma mesinha com um breviário. Atrás da Madre Agnès, à esquerda, há uma longa inscrição em latim, dirigida a Jesus Cristo, descrevendo o milagre ocorrido com Irmã Catherine  que estivera doente por 14 meses, tendo parte do corpo paralisado. Raios celestiais descem da parte superior da pintura, incidindo sobre a freira mais idosa, responsável pelo milagre que viria a acontecer. A obra não mostra o momento do milagre, mas o que motivou o acontecimento. Os móveis escassos do ambiente austero são de madeira e corda.

Obs.: Ex-voto  significa na língua latina “de acordo com o voto feito”.

Ficha técnica
Ano: c. 1662
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 165 x 229 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.google.com.br/#q=philippe+de+champagne+ex+voto

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Baugin – NATUREZA-MORTA COM BISCOITOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Lubins Baugin (c.1611-1663) era chamado carinhosamente de “Pequeno Guido” (Le Petit Guide) em razão da forte influência recebida do artista italiano Guido Reni em sua obra. Presume-se que tenha morado em Roma. Teve como professor Simon Vouet, responsável por inseri-lo na pintura italiana. Foi membro da Academia de São Lucas e pintor da corte francesa. Suas obras sobreviventes são pinturas religiosas, excluindo uma, que expressam grande delicadeza e trazem imensas figuras humanas e naturezas-mortas que receberam influências do Maneirismo tardio da Escola de Fontainbleau, muitas vezes tidas como pinturas de outro pintor. O artista usava cores claras em abundância.

A composição denominada Natureza-Morta com Biscoitos ou ainda Sobremesa com Biscoitos, atribuída ao pintor Baugin, é ao mesmo tempo muito simples, disciplinada e austera, além de refletir a influência dos artistas holandeses nos franceses à época. O espaço é composto por grandes superfícies planas e monocromáticas: o preto do fundo, as paredes de pedra à esquerda e a superfície azul da mesa. A pintura mostra uma mesa retangular, da qual se vê apenas uma parte, ocupando um pouco menos do que a metade inferior da composição. Encontra-se forrada com uma toalha azulada, que não cobre as laterais maiores e sobre a qual se encontram uma bandeja com biscoitos, uma garrafa e um copo.

A bandeja com sete biscoitos, maravilhosamente elaborados, como se fossem folhas de pergaminhos enroladas, encontra-se em primeiro plano. Traz uma pequena parte fora da mesa, como mostra sua sombra abaixo, na lateral do móvel. À direita encontra-se uma grande garrafa empalhada, contendo vinho. Mais ao fundo, atrás da bandeja com biscoitos, está um copo de vidro meticulosamente trabalhado, com vinho até o meio. À esquerda estão paredes de pedras. O fundo escuro da pintura dá grande realce aos objetos que se encontram sobre a mesa. A luz, que vem de uma fonte não conhecida, provavelmente de uma janela de frente, mas mais à esquerda, cai sobre o amarelo da garrafa empalhada, ressaltando seu entrelaçado e repassando ao ambiente uma sensação de aconchego. Chama a atenção a sombra dos objetos sobre a mesa.

Ficha técnica
Ano: c. 1633
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 41 x 52 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/oeuvre-notices/le-dessert-de-gaufrettes

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Perugino – APOLO E MÁRSIAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Pietro Perugino (c.1448-1523) é tido como um dos mais renomados mestres da Escola da Úmbria e um precursor do Alto Renascimento. Fez parte da guilda de pintores de Florença, podendo ter sido aluno de Andrea Verrochio e Piero della Francesca. É dono de um colorido suave e de composições equilibradas. Foi professor do maravilhoso Rafael Sanzio. A pintura acima foi atribuída a ele.

A composição denominada Apolo e Mársias, também conhecida como Apolo e Dafne, é uma obra do artista, baseada na mitologia grega. Conta a lenda que a deusa Minerva inventou a flauta e pôs-se a tocá-la, mas Cupido ficou rindo dela por causa de suas bochechas infladas. Aborrecida, ela acabou jogando seu instrumento fora, mas esse foi encontrado pelo sátiro Mársias, que se pôs a tocá-la maravilhosamente. Embevecido com o próprio dom, o flautista teve a audácia de desafiar o deus Apolo para uma competição musical. No trato o vencedor teria direito a dar uma punição ao perdedor. Ao vencê-la, Apolo ata o sátiro a uma árvore e esfola-o como castigo. Segundo a lenda, do sangue do perdedor nasce o rio Mársias, situado na Frígia.

O artista retrata o momento em que os dois competidores encontram-se em ação. Eles estão em primeiro plano, nus, de frente para o observador.  Mársias está sentado, à esquerda, tocando sua flauta, com os olhos voltados para ela, em total concentração. Apolo encontra-se de pé, à esquerda, segurando um bastão com a mão esquerda, enquanto a outra se encontra na cintura. À sua direita está sua lira, pendurada num tronco. Sua cabeça está voltada para o rival. Ao fundo desenrola-se uma paisagem com edificações, lago, árvores e montanhas.

Ficha técnica
Ano: c. 1495
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 39 x 29 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.wga.hu/html_m/p/perugino/z_other/apollo_m.html
https:// Apollo_and_Marsyas_-_Pietro_Perugino_-_Louvre_RF_370

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