Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Pedro Américo – A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição histórica A Libertação dos Escravos, obra do pintor brasileiro Pedro Américo, retrata a Abolição da Escravatura, no Brasil.

Quando se deu tal acontecimento, Pedro Américo postulou pintar uma tela monumental sobre o tema, mas a quase que imediata proclamação da República mudou seus planos. Assim, o que vemos aqui é apenas o esboço do trabalho que seria feito pelo artista, onde figuras alegóricas, em semicírculo, tendo ao redor uma construção clássica, que ocupa o fundo da tela, repassam a impressão de uma arena antiga.

No centro da pintura encontram-se dois escravos ajoelhados diante da figura alegórica que representa a Liberdade. De braços abertos, ela parece abençoá-los. Um garotinho negro está próximo ao grupo, de cabeça baixa, sentado no chão. Às costas do grupo, o demônio, símbolo da escravidão, encontra-se caído e morto.

Na parte superior da tela está a alegoria alada da Vitória, acompanhada dos gênios da Música e do Amor. Uma grande cruz marca o lado direito, ao alto, envolta por anjos com vestes bancas. Sentada em um trono, com um manto verde e murça amarela, uma alegoria traz um cetro na mão. Possivelmente trata-se da figura da princesa Isabel, responsável por assinar a Lei Áurea.

As figuras de várias mulheres estão presentes no quadro, assentadas ou de pé.

Ficha técnica
Ano: 1889
Dimensões: 138,5 x 199 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil

Fonte de pesquisa:
Pedro Américo/ Coleção Folha

Pedro Américo – SÃO JERÔNIMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição São Jerônimo, obra do pintor brasileiro Pedro Américo, foi pintada quando ele se encontrava na Europa.

São Jerônimo, tido como um dos quatro doutores da Igreja Católica, ao lado dos santos Agostinho, Ambrósio e Gregório, tem sido o mais registrado na pintura, nos mais diferentes estilos e modos. A sua representação ao lado de um leão é a mais conhecida.

No quadro acima, a pintura de Pedro Américo foge ao lugar comum. O artista optou por encher totalmente a tela apenas com a cabeça do santo, numa disposição diagonal, da direita para a esquerda. O rosto de São Jerônimo encontra-se todo luminoso, diante de um fundo escuro, que o destaca ainda mais.

Um manto cobre a cabeça do santo, descendo por seus ombros e ocultando-os, deixando à vista apenas parte de sua cabeça calva, com cabelos brancos visíveis na lateral esquerda. Seu rosto, marcado por sulcos profundos, traz  bigode e barbas brancos. Embora os olhos encavados  mostrem-se fechados, repassando a impressão de que o santo está morto, na verdade ele apenas dorme.

Ficha técnica
Ano: 1867
Dimensões: 22 x 16 cm
Técnica: óleo sobre madeira
Localização: Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil

Fonte de pesquisa:
Pedro Américo/ Coleção Folha

Pedro Américo – JOANA D’ARC

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Joana D’Arc é uma obra histórica do artista brasileiro Pedro Américo, baseada na vida da heroína francesa do mesmo nome, no momento em que ela, aos 13 anos de idade, pensou ter escutado a voz de Deus, intimando-a lutar em defesa do soberano francês.

Ajoelhada, de frente para o observador, a figura ocupa a parte central da tela. Ela se encontra no jardim da casa de seu pai, onde algumas tábuas envelhecidas pelo tempo isolam o ambiente. Próximos a ela estão vasos com flores e um recipiente de cobre sobre uma velha mesa. Mais adiante vê-se uma gamela.

A heroína, que mais se parece com uma visão, encontra-se ajoelhada e com as mãos unidas. Seus enormes olhos negros estão voltados para o observador, numa expressão de um enorme anjo na parte clara da obra, cheio de luz, vindo de fora, é uma referência à presença de Deus. Ele traz consigo a espada da libertação.

Curiosidade
Joana D’Arc, uma camponesa analfabeta, recebeu o apelido de “A Donzela de Orleáns”. Esteve presente na Guerra dos Cem Anos como chefe militar, tendo sido queimada viva pelos inimigos, em 1431.  Foi canonizada pela Igreja Católica em 1920, e depois eleita como santa padroeira da França.

Ficha técnica
Ano: 1883
Dimensões: 229 x 156 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro, Brasil

Fonte de pesquisa:
Pedro Américo/ Coleção Folha

Pintores Brasileiros – PEDRO AMÉRICO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Apesentou-se-nos um jovem brasileiro de 11 a 12 anos, Pedro Américo de Figueiredo Mello, que tem para o desenho as mais notáveis disposições. Executa diante de nós com grande rapidez desenhos que nos espantam. (Carta de Jacque Brunet ao governo provencial)

Tenho vontade de seguir a pintura histórica. Não sei se faço bem. (Pedro Américo)

O pintor brasileiro Pedro Américo de Figueiredo e Mello (1843-1906) nasceu na cidade de Areia, no estado da Paraíba, e morreu em Florença, na Itália. Vinha de uma família artística, sendo o avô, Manoel Cristo Mello, músico, assim como o filho Daniel Eduardo de Figueiredo Mello, pai do futuro pintor, que desde pequeno já mostrava seu talento no teatro, no canto e na música, época em que também produzia seus primeiros desenhos, com o objetivo de ornamentar as festas de igreja.

O naturalista Louis Jacques Brunet, que estudava cientificamente o país, e o pintor Bindseil, companheiro de expedição, ao conhecerem o trabalho do garoto, pediram ao governo da província a sua participação como desenhista, no projeto em execução. Também instaram o governo a tomar para si a sua educação, tamanho era o seu talento. E assim agiu o governo imperial, indo o garoto para o Rio de Janeiro, em 1854, aos 11 anos de idade, estudar na Academia Imperial de Belas Artes (Aniba). No ano seguinte, apesar de sua pouca idade, Pedro Américo recebeu duas medalhas de prata e uma de ouro, reafirmando o seu talento.

Depois de quatro anos no Rio de Janeiro, onde foi inclusive apelidado de “papa-medalhas”, pelo número de honrarias obtidas, era tempo de o artista buscar a Europa para aperfeiçoar seu talento. Encontrando-se suspenso temporariamente o Prêmio de Viagem ao Exterior, Pedro Américo escreveu ao imperador, falando-lhe sobre sua vontade de viajar para o exterior, e pedindo ajuda financeira, sendo prontamente atendido. E assim, chegou à França, em 1859, quando contava 16 anos, indo morar no pensionato de Victor Meireles, que viria a ser também um grande pintor. Na cidade luz, ele recebeu lições de Jean-Hippolyte Flandrin, Léon Cogniet, Joseph-Nicolas, Robert-Fleury e Sébastien Cornu, entre outros mestres. Ávido pelo saber, também estudou no Instituto de Física do sr. Ganot e na Sorbonne, frequentando aulas de filosofia e ciências naturais. Ao final do tempo de estudo ganho, esse foi prolongado por dom Pedro II, atendendo o pedido do artista. Enriquecido intelectual e artisticamente, Pedro Américo retornou ao Brasil, em 1864.

No Rio de Janeiro, o pintor passou no concurso para a cadeira de desenho figurado, na Academia. Mas pediu licença e retornou à Europa pouco tempo depois, fato que aconteceu inúmeras vezes durante sua carreira acadêmica. No continente europeu, ele aproveitou para conhecer inúmeros países, em busca de mais conhecimento. Na Bélgica, recebeu o título de doutor em ciências naturais da Universidade de Bruxelas, e, posteriormente, o de professor-adjunto.

Pedro Américo parecia ter predileção pela temática histórica, sendo valorizado pelo governo brasileiro, que queria ter seus feitos lembrados através da pintura, principalmente após sua vitória sobre o Paraguai. A Victor Meirelles também eram encomendadas telas históricas, sendo os dois artistas muitas vezes comparados. Mas também foi vítima de muitas críticas e polêmicas, principalmente na execução da tela Batalha do Havaí, sendo criticado por plágio. Chateado, viajou para a Itália.

O consagrado pintor brasileiro passou a gostar muito dos temas religiosos, talvez pela influência de sua viagem à Itália, tendo feito diversos quadros com tal temática. Também gostava do exercício literário, tendo escrito cerca de quatro romances, vários deles escritos sobre o mundo das artes e das ciências. Mas embora tenha ficado famoso através de suas pinturas históricas, o pintora também compôs várias alegorias, retratos e pinturas de temática religiosa e literária.

Pedro Américo de Figueiredo e Mello, após a proclamação da República, tornou-se deputado pela província da Parahyba do Norte, mas continuou viajando para o exterior. Ao término de seu mandato, voltou à Florença, na Itália, morrendo nessa cidade, aos 63 anos.

Fonte de pesquisa:
Pedro Américo/ Coleção Folha

Almeida Júnior – RECADO DIFÍCIL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Recado Difícil, obra do artista brasileiro Almeida Júnior, é mais uma de suas telas consagradas à temática infantil, sendo esta pintada dentro do universo do caboclo, onde estão presentes duas figuras humanas: uma mulher e um garotinho.

O menino, aparentando ter entre 8 e 12 anos, ocupa o primeiro plano da tela, e se encontra em frente a uma casa de pau a pique. Está humildemente vestido com uma calça amarrada na cintura, cujas pernas estão dobradas um pouco abaixo dos joelhos. Veste uma camisa branca de mangas compridas, aberta na gola, caindo sobre a calça. Traz nas mãos um chapéu preto, junto ao corpo, e tem a cabeça baixa, denotando, ao mesmo tempo, reverência e timidez. Seus pés estão descalços e maltratados.

Encostada na porta de madeira tosca, uma mulher, vestida com uma saia que lhe cobre os pés, blusa de manga comprida e xale vermelho, observa o garoto. Não dá para saber se é ela quem dá o recado ao menino ou é quem o recebe. O fato é que ele se mostra extremamente acanhado, comportamento bem peculiar às crianças do meio rural, naquela época.

A posição vertical da maioria dos elementos da obra conduzem o observador ao garoto, dele passando para a figura da mulher.

Ficha técnica
Ano: 1895
Dimensões: 139 x 79 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil

Fonte de pesquisa
Almeida Júnior/ Coleção Folha

Almeida Júnior – NHÁ CHICA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Que verdade em tudo aquilo (isso)! – no olhar, no beiço estufado prendendo o canudo do pito, na serena expressão da fisionomia, nas vestes, nas rugas, na luz e na sombra! (Correio Paulistano)

Na composição Nhá Chica, obra do artista brasileiro Almeida Júnior, a modelo, segundo Affonso de Taunay, era uma pessoa ligada à família do artista, tendo cuidado de seu pai até a morte.

A modelo é mostrada na janela, usando roupas simples: uma blusa branca de decote redondo sob uma saia cor-de-rosa, com pequenas estampas brancas e várias pregas. No pescoço, ela traz um cordão que vai se esconder debaixo da blusa, possivelmente com uma medalha, tão comum à época.

Nhá Chica, com seu enorme pito, olha para fora da janela com um olhar distante, como se não enxergasse nada além da saudade. Acima do pito pode-se ver a fumaça que sai do canto esquerdo de sua boca, em direção à abertura da janela. Seu rosto envelhecido, visto de perfil, mostra inúmeras rugas. O cabelo preso num coque, deixa cair alguns fios pela testa. A mão direita, com suas veias salientes e dedos maltratados, próxima à tramela, descansa sobre o peitoril de madeira da janela, onde também se encontra uma cafeteira de lata.

Através da janela, é possível ver uma parte da cerca de pau a pique e a mata ao fundo.

Ficha técnica
Ano: 1895
Dimensões: 109 x 72 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil

Fonte de pesquisa
Almeida Júnior/ Coleção Folha