Autoria de Lu Dias Carvalho
Antigamente e ainda hoje, em muitas famílias existia uma grande preocupação com a quebra da virgindade dos filhos homens, como se os hormônios não perturbassem a vida das meninas. No fundo, em tal preocupação estava a marca visível do machismo. De modo que Chico Xavier foi levado a um bordel, por um amigo do pai, a pedido desse, para fazer sua iniciação sexual.
Ao chegar ao prostíbulo, muito comum até mesmo nos vilarejos da época, o rapazinho, ainda imberbe, foi reconhecido por todas as profissionais do ramo, que o rodearam, ávidas por respeito, atenção e fé. Poucos minutos depois, o ambiente havia se transformado num local de preces e “passes”. E Chico saiu dali tão imaculado como entrou, em seu propósito de se manter virgem durante toda a sua vida.
Quando tinha 21 anos, Chico perdeu o seu anjo protetor terreno – sua madrasta. Mas, antes de morrer, ela lhe pediu para não permitir que o marido distribuísse os filhos (6 dela e 9 do primeiro casamento), com fizera antes. Ele lhe promete atender seu pedido. Assim ficou o rapaz, ainda na flor de seus anos, com a incumbência de ajudar a criar os 15 irmãos.
A morte da madrasta foi um duro golpe na vida do rapaz. Com quem iria conversar sobre suas visões? Quem lhe compreenderia o que lhe passava no coração? Sentia-se muito sozinho, apesar das visitas que o espírito da mãe lhe fazia e de seu trabalho no pequeno Centro São Luís Gonzaga. Foi nesse estado de ânimo que, enquanto meditava, junto ao açude da cidade, sobre a perseguição a seu trabalho por parte dos céticos, recebeu a visão daquele que o guiaria ao longo de sua vida – Emmanuel. Mestre rigoroso que lhe exigia disciplina, disciplina e disciplina na divulgação da doutrina dos espíritos.
Certa vez, ao ser atacado pelos descrentes em seus ensinamentos e tido ora como esquizofrênico ora como ambicioso, por escrever compulsivamente e atribuir os escritos a poetas já mortos (Augusto dos Anjos, Castro Alves, Casimiro de Abreu, entre outros), respondeu:
– A dor há muito me convenceu da inutilidade das bagatelas que são ainda estimuladas neste mundo.
Mas nada reduzia os ataques daqueles que dele escarneciam, usando as mais diversas teorias para decifrá-lo: psicopatia, loucura, simulação, anormalidade, estupidez, espiritomania, etc. Uma piada sobre o porta-voz dos mortos machucou-o profundamente:
“Francisco Xavier deve ter pele de rinoceronte para suportar tantos espíritos” – escreveu um padre que abominava o espiritismo. Foi o seu mestre Emmanuel que o consolou:
– Não te aflijas com os que te atacam. O martelo que atormenta o prego com pancadas o faz mais seguro e firme.
Num texto repassado ao filho, o espírito de Maria João de Deus fazia um alerta sobre os riscos da vaidade e da ambição. No texto, ela lhe recomendava a não ver a mediunidade como um presente, mais como uma missão a ser cumprida:
– Seja a tua mediunidade como harpa melodiosa; porém, no dia em que receberes os favores do mundo, como se estivesses vendendo os seus acordes, ela se enferrujará para sempre.
Assim como a mediunidade deve ser usada para o bem, segundo a visão espírita, penso eu que todos os dons recebidos por nós devem ter o mesmo objetivo. Se nada acontece por acaso, está implícita a nossa responsabilidade para com um mundo melhor, ao recebermos certos dons. Pois, como diz o livro sagrado do cristianismo:
“A quem muito foi dado, muito será cobrado.” (Mt 25, 14-30)
Fonte de pesquisa:
As Vidas de Chico Xavier/ Marcel Souto Maior/ Editora Planeta do Brasil Ltda.
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LuDias
Este texto é maravilhoso. Tem uma profundida extraordinária, mesmo para quem não acredita no espiritismo, nele há muitos ensinamentos que nos transformam e nos auxiliam na nossa formação.
E foi surpreendente esta frase de Emmanuel:
“Não te aflijas com os que te atacam. O martelo que atormenta o prego com pancadas o faz mais seguro e firme.”
Esse aconselhamento é muito importante para todos, trazendo-nos a luz da esperança diante de uma metáfora sublime para aqueles que sofrem injustiças, mas que terão, certamente, muita mais força diante da vida.
Maravilhoso!
Ed
Chico Xavier passou por maus bocados em sua vida.
Contudo, em nenhum momento ele perdeu a vontade de ajudar as pessoas.
A sua história é muito bonita.
Somente a sabedoria pode nos ajudar a não dar ouvidos àqueles que nos atacam.
Nada como a indiferença.
Estou resgatando alguns textos do Chico Xavier.
Ele é sempre bem-vindo.
Abraços,
Lu