ESCOLAS DE ARTE NO SÉCULO XV (Aula nº 41)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

        

A valorização dos artistas, graças ao crescimento das cidades, foi fundamental para que a arte fosse olhada sob um novo prisma. Eles não eram mais vistos como simples prestadores de serviços ou pessoas de quem nem se sabia o nome, sendo que nem mesmo assinavam suas obras. Em razão dessa valorização o século XV viu brotar uma série de variadas escolas de arte. Elas surgiam em quase todas as cidades — fossem elas grandes ou pequenas — da Itália, de Flandres e da Alemanha. Eram motivo de orgulho para seus citadinos. Contudo, é bom saber que a palavra “escola” é um tanto equivocada para o que realmente acontecia, uma vez que naquela época não havia escolas de arte, onde jovens alunos ali pudessem frequentar suas aulas.

Ao mostrar seu desejo de ser pintor, a família do interessado pleiteava a colocação do filho como aprendiz na casa de um dos mestres da cidade. Quanto mais rica ela fosse, mais renomado seria o mestre escolhido. O garoto passava a morar com seu mestre e sua família, sempre atendendo ao que lhe fosse solicitado, fazendo de tudo para se mostrar útil e cair nas suas boas graças. Dentre as suas tarefas a serem executadas na oficina estavam: triturar o material para a obtenção das cores e ajudar na execução de painéis de madeira ou telas.

Depois de certo tempo, o aprendiz passava a fazer trabalhos sem importância, como a pintura de um pau de bandeira, por exemplo. Quando o mestre se via sob o peso de muitas encomendas, ordenava que o principiante o ajudasse no acabamento das partes mais fáceis das obras (pintar o fundo já delineado previamente na tela, acabar a pintura das roupas dos personagens secundários numa cena, etc.). À medida que o aprendiz ia expandindo seu talento, sendo capaz de imitar o modo de pintar de seu mestre, ele ia recebendo, gradualmente, tarefas mais complexas, como pintar um quadro em sua totalidade a partir do esboço feito pelo mestre e com a sua supervisão. Jamais recebia remuneração pelos serviços feitos.

Era exatamente assim que as “escolas de pintura” do século XV funcionavam. Eram excelentes centros de aprendizado, saindo dali alunos excepcionais. Essa forma de ensinar também contribuiu para desenvolver uma acentuada individualidade, sendo possível ao historiador de arte, ao analisar uma pintura desse período, saber de qual cidade era originária, a qual fase do Renascimento pertencia e, muitas vezes, descobrir até mesmo quem foi o mestre desse ou daquele pintor. E por falar em fases, é interessante saber que o Renascimento costuma ser dividido em três fases: trecento — referente ao século XIV; quattrocento — referente ao século XV; e cinquecento — referente ao século XVI.

A cidade de Florença/Itália (primeira ilustração acima) foi a grande responsável pelo início da revolução na arte. Masaccio, Brunelleschi e Donatello deixaram um maravilhoso legado do qual fez uso a geração que se seguiu, o que nem sempre era fácil, uma vez que muitos clientes faziam encomendas que ainda se mostravam inalteradas, ou seja, não haviam passado por transformações desde o período anterior, como casas e palácios. Foi o arquiteto florentino Leon Battista Alberti (1404–1472) quem encontrou a solução que é usada até os dias de hoje pela arquitetura.

A ilustração central acima mostra um palácio, construído por Leon, para uma família de ricos moradores florentinos. Ele projetou o edifício com três andares, mantendo-se fiel aos métodos de Brunelleschi e ornamentando a fachada com formas clássicas. Pintores e escultores da Florença quatrocentista muitas vezes tiveram que adequar os novos métodos aos da antiga tradição, ou seja, foi preciso que mestres de meados do século XV tivessem que misturar o velho e o novo, as tradições góticas e as formas modernas.

O escultor italiano renascentista Lorenzo Ghiberti (1378–1455) — pertencente à geração de Donatello — é tido como o maior desses mestres florentinos capazes de harmonizar as novas realizações com a antiga tradição, como mostra sua obra “O Batismo de Cristo”, conforme descrição encontrada no link abaixo. Além disso, ele permaneceu leal a algumas ideias da arte gótica, embora continuasse buscando inovações artísticas. Ele também era fundidor em metal.

Exercício:
1. Qual foi o resultado da valorização do artista no século XV?
2. Como se dava o aprendizado de um candidato a pintor?
3. Lorenzo Ghiberti – O BATISMO DE CRISTO

Ilustração: 1. Florença no século XV / 2. Palazzo Rucellai (1460), obra de Leon Battista Alberti / 3. Pintura de afresco e trituração de cores, c. 1465

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

8 comentaram em “ESCOLAS DE ARTE NO SÉCULO XV (Aula nº 41)

  1. Antônio Messias

    Lu

    A evolução das cidades (burgos) refletia a diversificação de classes sociais, sobretudo pela diversidade de negócios e geração de riquezas, certamente fatores preponderantes na evolução da arte nos mais diversos aspectos.É interessante verificar como a Itália soube preservas a parte histórica de suas cidades, certificada pelo grande número de “burgos” ainda existentes.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      As cidades foram extremamente importantes para a eclosão da arte, principalmente ao permitir que os artistas tivessem seus sindicatos, o que lhes garantia sucesso e proteção no trabalho. A Itália foi e continua sendo um grande celeiro da arte.

      Abraços,

      Lu

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  2. Marinalva Autor do post

    Lu
    Houve muitas mudanças na arte durante o Renascimento. As escolas de arte foram muito importantes para os alunos talentosos, pois esses estudavam diretamente com seus mestres. Os aprendizes passavam por diversas etapas, indo das mais simples às mais complexas. Aprendiam fazendo, mas sem nenhuma remuneração, até chegarem ao profissionalismo. Talentos surgiram em vários campos da arte e muitas de suas obras e conquistas sobrevivem até hoje para nossa alegria.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      O Renascimento foi um período riquíssimo para a arte. Os grandes artistas espalhavam-se pela Itália e pela Europa do Norte principalmente. Inúmeras descobertas foram feitas. A profissão tornou-se valorizada, levando muitos outros a segui-la, daí o grande número de aprendizes no campo artístico. E, como diz, hoje podemos desfrutar de muitas dessas obras maravilhosas.

      Abraços,

      Lu

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  3. Adevaldo R. Souza

    Lu,

    O “Palazzo Rucellai” de Leon Battista Alberti tem seu reconhecimento artístico e seus encantos, entretanto o que chamou minha atenção foi a ilustração de “Florença do século XV”. Como não havia à época as tecnologias modernas para uma fotografia área e como a cidade não possui grandes acidentes geográficos, o autor deve ter utilizado todas as técnicas ensinadas por Masaccio, Brunelleschi e Donatello para mostrar uma Florença vista de cima. Você pesquisou sobre quem assina a obra?

    Abraço,

    Adevaldo

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  4. Hernando Martins

    Lu

    O período renascentista foi realmente revolucionário nas artes, nos costumes, na política e na economia. Houve uma mudança substancial na cultura daquele povo à época. Podemos falar que foi um período iluminado em todos os sentidos, porque houve uma expansão do intelecto dos artistas e isso favoreceu o surgimento de várias escolas de arte em muitas regiões da Europa nesse período.

    A importância do aprendiz junto aos mestres foi fundamental para a continuidade do ofício da arte, ao possibilitar que um grande número de artistas surgissem. É bom sempre lembrar que a arte embora seja dinâmica e transformadora, há sempre uma referência no surgimento de trabalhos belíssimos feitos por esses gênios do Renascimento.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      O Renascimento foi sem dúvida a época áurea da arte, o celeiro dos mais brilhantes artistas, cujos trabalhos são admirados em todo o mundo. O aprendiz foi muito importante na continuidade da arte. Ao ter como professores mestres devotados, vieram a transformar-se em grandes artistas que por sua vez ensinaram outros aprendizes, numa corrente de suma importância para a história da arte.

      Grande abraço,

      Lu

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