OS PROVÉRBIOS, O SEXO E AS MULHERES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O sexo, assim como os demais assuntos inerentes à vida dos seres humanos, não passa despercebido em meio aos provérbios.  Em alguns deles, a conjunção carnal entre dois indivíduos é abordada através de metáforas. Em outros é feita explicitamente, referindo-se a essa ou aquela parte do corpo, de acordo com a visão de cada cultura. É neste âmbito que se pode ver com extrema clareza como a mulher difere do homem no tratamento recebido. O pressuposto, na maioria das culturas, é de que o macho pode tudo, pois nenhuma mancha nele pega, enquanto a fêmea, tida como tola algumas vezes, e leviana noutras, não merece nenhum tipo de confiança, quer por sua ingenuidade e tolice quer por ser libidinosa e leviana.  Por isso, ela tem que ser acompanhada todo o tempo, para que não venha a cair em tentação. Ou seja, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Diz um provérbio russo que “Quando a cabra está no jardim, o bode vigia pela janela”, ou seja, o homem tem que estar sempre de olho na mulher, pois ela não é digna de confiança já que “Mulher, vento e ventura, a qualquer hora muda”. Não se pode dar a ela oportunidade para cair na perdição, uma vez que “Se a cerca é baixa, a vaca ultrapassa-a”, ensina um ditado crioulo. A mulher é muitas vezes comparada a um animal: “Se a vaca fosse honrada, o touro não tinha cornos”, diz um provérbio argentino. É também muito traiçoeira, pois “Quando o marido está fora, a mulher aproveita para brincar”, ensina um provérbio inglês. O “brincar” refere-se ao ato carnal. Ela é tão arisca que, mesmo com o marido, é capaz de traí-lo, como adverte um provérbio hebraico: “Não há adultério pior do que o da mulher que pensa em outro homem, enquanto faz amor com o marido”. E uma metáfora mexicana ensina ao homem que “Qualquer trapo com abertura para a cabeça serve de poncho”, ou seja, qualquer mulher serve para ter relação sexual.

Como é comum a muitas culturas culpar a mulher por ter sido estuprada, tal visão também se reflete nos provérbios, porque eles são a representação do pensamento cultural de um povo. O adágio espanhol que reza: “Não é culpa do ladrão se está aberto o portão” é uma amostra claríssima do que foi dito acima. E se ela não é considerada virtuosa, qualquer um pode tomá-la sexualmente, como deixa bem claro o provérbio jamaicano: “Ninguém recusa uma fatia de pão que já foi cortado”, ou ainda o crioulo que reza: “Se as orelhas estão furadas, qualquer brinco serve”.

O machismo nos provérbios ensina que o homem não deve perder a oportunidade de se aproveitar da fêmea, seja ela assim ou assado, desde que realize seu objetivo. Neste sentido vemos uma série de adágios encorajadores: “Com a luz apagada, todas as mulheres são parecidas” (Tunísia); “Apaga a luz e todas as mulheres são iguais” (Alemanha); “À noite todas as mulheres são iguais” (Itália); “De noite todos os gatos são pardos” (Brasil), etc.

Quando se analisa o homem através dos provérbios, vê-se que ele leva uma vida dupla: quer se casar com uma mulher “pura”, como alega o adágio: “À mulher casta, o marido lhe basta”, mas não abre mão do prazer que lhe proporciona as “lascivas”: “A mulher é como a guitarra: quando lhe tocam, soam”, ou “As mulheres perdidas são as mais procuradas”. Mas, mesmo a mulher sendo de um jeito ou de outro, ela deve sempre se lembrar de que “O cavalo depende do cavaleiro e a mulher depende do homem”, como reza um provérbio árabe.

Assim sendo e sendo assim, resta a nós, mulheres, tocarmos a vida para frente, indiferente aos provérbios de ontem, de hoje e de amanhã, confiantes na importância de nosso papel no planeta Terra. Somos simplesmente maravilhosas!

Ilustração:  Artesanato do Vale do Jequitinhonha/ MG

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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