Siga-nos nas Redes Socias:
Autoria de Lu Dias Carvalho
(Clique nas gravuras para ampliá-las.)
Vimos anteriormente que os italianos continuavam sonhando com a grandeza da Itália, de quando Roma se tornara a capital do mundo civilizado e cujo poder foi consumido pelas tribos germânicas (godos e vândalos) que destroçaram o Império Romano. Eles continuavam almejando a volta ao passado, ou seja, buscando a ressurreição do período áureo de Roma. Já tomamos conhecimento também de que os italianos, durante parte da Idade Média, ficaram atrasados e menos cônscios do ressurgimento gradual da arte após a prepotência do que se chamou “Idade das Trevas”. Os italianos do século XV, por sua vez, defendiam que o período clássico (greco-romano) fora o responsável pelo florescimento da arte e da ciência — aniquiladas pelos bárbaros do norte europeu — cabendo a eles reviver tudo isso.
Dentre as cidades italianas, Florença — uma dinâmica cidade mercantil — era a que mais se desdobrava para fazer florescer uma nova era. E foi exatamente aí que, nas primeiras décadas do século XV, um grupo de artistas assumiu a atitude de cortar os laços com as ideias do passado medieval. O líder do grupo era o competente arquiteto florentino Filippo Brunellechi (1377-1446) que detinha um total domínio sobre as invenções técnicas do estilo Gótico, o que contribuiu para que ele inovasse na construção de abóbadas. Os florentinos queriam que sua catedral — Santa Maria del Fiore — fosse coroada por um suntuoso zimbório (parte superior, normalmente convexa, que exteriormente remata à cúpula de um grande edifício, sobretudo de igrejas; domo). Contudo, até então, era impossível cobrir o imenso espaço que se situava entre os pilares responsáveis por assentar o zimbório.
Brunelleschi encontrou um meio de resolver o problema, ao deixar de lado o estilo tradicional — o Gótico. Viajou para Roma a fim de estudar as ruínas de seus templos e palácios, criando esboços de suas formas e ornamentos. Buscava, através das formas da arquitetura clássica, desenvolver novas maneiras de harmonia e beleza, sendo muito bem sucedido em seu intento. Arquitetos europeus e americanos usaram suas ideias durante 500 anos. Mas, assim como ele se rebelou contra a tradição arquitetônica gótica, arquitetos do século XX também resolveram abrir mão da tradição renascentista na construção.
Ao contrário de tudo que havia sendo construído até então, Brunelleschi, na sua busca por leveza e elegância, trabalhou com colunas, pilastras e arcos do seu próprio jeito. Além de ter sido o pioneiro da arquitetura do Renascimento, o arquiteto foi responsável por uma descoberta da maior importância no campo da arte — a da perspectiva. Sabemos que os gregos entenderam a arte do escorço e os pintores helenísticos mostraram-se habilidosos na arte de criar a ilusão de profundidade, mas todos eles não conheciam as leis através das quais os objetos aparentam mudar de tamanho à medida que se distanciam do observador. Foi Brunelleschi quem ajudou os artistas a solucionar tal problema, ao dar-lhes os meios técnicos para isso. A nova arte da perspectiva ampliou ainda mais a ilusão de realidade, fazendo com que a arte, sobretudo a pictórica, desse um imenso salto.
A geração que veio após Brunelleschi, Donatello e Masaccio buscou implementar as descobertas feitas por eles, embora isso nem sempre tenha sido fácil, uma vez que novos problemas apareceram, principalmente no que diz respeito às encomendas tradicionais que muitas vezes não se adequavam aos novos métodos. A história da arte sofreu uma grande e decisiva mudança no século XV, ocasionada pelas descobertas e inovações da geração de Brunelleschi em Florença, o que contribuiu para que a arte italiana alcançasse um novo patamar, distanciando-se do resto da Europa. É o que veremos daqui para diante.
Sobre Brunelleschi escreveu Giovanni di Paolo Rucellai: “Nunca houve ninguém, desde os dias em que os romanos governavam o mundo, que executasse assim a arquitetura, a geometria e a escultura”.
Exercício:
1. O que defendiam os italianos do século XV?
2. O que é um zimbório?
3. Quem foi Filippo Brunelleschi e qual foi sua influência sobre a arte?
Ilustração: 1. Zimbório da Catedral de Florença/ 2. Interior do Zimbório/ 3. Catedral de Florença
Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
Renascimento/ Nicholas Mann
Views: 26