A VOZ DO DONO

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Autoria de Lu Dias Carvalhotambor1

Segundo o escritor Reinaldo Pimenta em seu livro A Casa da Mãe Joana, a expressão a voz do dono é de origem inglesa (His master’s voice), tendo surgido no século no século XV ou XVI, a partir de um fato verdadeiro, abaixo relatado.

Um cãozinho perdido na rua fora encontrado pela amiga da esposa do político e escritor inglês Sir Thomas More (1478-1535) que acabou dando de presente à senhora More o animalzinho. Já bem apegada ao cão, a esposa de Sir Thomas More surpreendeu-se, certo dia, com a visita de um mendigo que se dizia dono do animal.  Como saber se aquele homem estava falando a verdade?

Sir Thomas More teve uma brilhante ideia. Postou sua mulher num canto da sala e o mendigo no outro. No meio colocou o cão. Pediu então aos dois que chamassem o animal ao mesmo tempo.  O bichinho não titubeou, dirigiu-se ao mendigo, reconhecendo a sua voz. More presumiu, portanto, que o animal reconheceu a voz do dono. Embora com o coração cheio de tristeza, a senhora More  entregou o cão ao mendigo. Mas o dono do animal, ao receber uma moeda de ouro, deixou o bicho com a mulher, talvez por saber que ela poderia lhe dar uma vida melhor, ao invés de o bichinho ficar perambulando pelas ruas com ele.

Não resta dúvida de que os animais reconhecem a voz e o cheiro de seus donos e, sobretudo, são guiados pelo amor que recebem e que sentem por eles, sem jamais indagarem sobre a classe social a que pertencem, ou pedirem algo em troca. É muito comum nas grandes cidades encontrar os mendicantes com seu animalzinho ao lado. Apesar da vida sofrida que leva, ele jamais abandona seu dono. Vejam a ternura que emana da foto acima, tirada na rua de uma grande capital brasileira.

Fonte de pesquisa:
A Casa da Mãe Joana / Reinaldo Pimenta

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NOVO ESTILO – ART NOUVEAU (Aula nº 91)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

       

O estilo denominado Art Nouveau — termo que em francês significa “Arte Nova” — floresceu nas últimas décadas do século XIX. Trata-se de um estilo artístico que se fez presente nas artes gráficas, artes plásticas, artes decorativas, design, arquitetura e escultura. Materiais como cerâmica, madeira, ferro, vidro e cimento foram muito usados por tal estilo.

O termo Art Nouveau em Paris dizia respeito ao nome de uma loja. Na Itália era conhecido por Stile Liberty, nome de uma loja de departamento inglesa. Na Alemanha recebia o nome de Jugendstil em razão do jornal moderno de nome Die Jugend. O maior impacto deste estilo versátil e decorativo, popular em toda a Europa e Estados Unidos, foi sobre as artes aplicadas (ou utilitárias) que passaram por um grande desenvolvimento na década de 1880, época em que pintores, arquitetos e escultores dedicaram-se intensamente à fabricação e à decoração de objetos úteis, como mostram as peças de vidro de Louis Comfort Tiffany (ilustração central) e René Lalique (ilustração à esquerda), assim como os cartazes de Mucha e os desenhos de Charles Rennie Mackintosh.

A Arte Nova, assim como o Simbolismo, abraçou o elemento da fantasia. A diferença encontrava-se no fato de essa buscar primeiramente o efeito decorativo, sendo também o primeiro estilo a contar com a comunicação de massa. Sua influência na arte foi da pintura e arquitetura à arte gráfica e design. Ao abster-se de conteúdo emocional e narrativo, contribuiu para abrir caminhos para o surgimento da arte abstrata. Dentre suas características estão a valorização do trabalho artesanal, o uso das formas da natureza (folhas, flores, etc.) e o uso de símbolos.

O que se buscava através da Arte Nova era, através do planejamento, dar vida a um estilo internacional moderno, tendo como base a decoração. Tinha por características o uso de linhas fluentes muito estilizadas, motivos orgânicos inspirados nas plantas, apreço pelos padrões lineares sinuosos, o predomínio das formas naturais estilizadas (folhas, gavinhas, etc.). As mulheres que figuravam na Arte Nova eram levemente inspiradas nas “femmes fatales” — anteriormente popularizadas pelos simbolistas —, mas sem aludir à sedução, carregando um objetivo meramente decorativo.

Várias fontes contribuíram para dar origem à Arte Nova, como as gravuras japonesas, o movimento britânico Arts & Crafts, as estilizações empregadas por artistas como Paul Gauguin, Vincent van Gogh e Edvard Munch. Tal estilo herdou do movimento simbolista a busca da evocação e da expressão, assim como parte de sua iconografia: lírios, esfinges, vampiros, etc. De certa forma a pintura simbolista também criou uma arte decorativa com o predomínio de referências, associações e sentimentos. A obra “O Beijo” de Gustav Klimt é também considerada como pertencente à Art Nouveau.

O artista hamburguês Otto Eckmann (ilustração à direita) — um dos mais importantes ilustradores da revista alemã Die Jugend (Juventude) — foi um grande seguidor da Arte Nova, tendo criado desenhos para móveis, cerâmicas e papéis de parede. O pintor holandês Jan Toorop que iniciou sua carreira como simbolista acabou abraçando as obras puramente decorativas deste estilo. Hector Guimard criou estruturas fortes e rítmicas que sugeriam insetos e asas de borboletas para as entradas do metrô de Paris. O espanhol Antonio Gaudí foi um grande arquiteto do estilo em Barcelona. Algumas de suas obras podem ser vistas no Parque Güell, em Barcelona, Espanha.

Ao contrário dos outros estilos estudados, a Art Nouveau recebeu nomes diferentes, levando em conta o país onde marcava presença: “Jugendstil” (estilo da juventude) na Alemanha; “Stile Liberty” ou “Arte Nuova” na Itália; “Secessão” na Áustria e na Hungria; Style Glasgow” no Reino Unido; “Style Tiffany” nos Estados Unidos; “Modernista” na Espanha, etc.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
 A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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CACHORRO COTÓ NÃO ATRAVESSA PINGUELA

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Publicado por Lu Dias Carvalho

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Segundo o Pe. Paschoal Rangel em seu livro Provérbios e Ditos Populares, os provérbios populares são oriundos do meio rural, ou seja, são nascidos em meio à gente simples da roça, frutos da observação empírica das pessoas que ali vivem. Nesse meio existe um grande número de provérbios que tem como personagens os animais em razão do fácil contato do homem do campo com os bichos. No caso do provérbio “Cachorro cotó não atravessa pinguela”, o autor pôs-se a imaginar como deve ter nascido esta pérola. Pegando carona nos pensamentos do padre em questão, e pedindo licença para modificar uma coisa aqui e outra ali, eu também imagino como o provérbio nasceu.

O caboclo volta para casa, depois de um dia árduo de serviço, com o lombo queimado pelo sol danado de ardente, toma um banho de caneco no terreiro, come a janta e senta-se lá no terreiro, no banco feito de tora de madeira, acende o pito e põe-se a matutar sobre as coisas da vida. À frente dele corre um fiapo de água, onde era um riacho que sempre desaparece no tempo da seca. Um tronco de ingazeira liga as duas margens. Por ali transitam gente e animais domésticos, indo de um lado para o outro em busca de alimento, ou por falta do que fazer.

O matuto observa Valentia (este é o nome que escolhi) que perdeu o rabo por conta de uma bicheira dos infernos e que só foi curada a troco de muita creolina. O coitado dá dois passinhos na pinguela e retrocede medroso. Encara aquele pau comprido, cria coragem e tenta de novo, e de novo torna a voltar. Tantas vezes tenta o bichinho que acaba se cansando e vem se deitar aos pés de seu dono, todo sem gracinha. O homem, condoído, pega o animal e atravessa com ele nos braços, deixando-o do lado de lá do leito do riacho. Depois toma-o nos braços e o traz de volta.

O roceiro percebe que Lambada e Preguiça passam pela pinguela com a maior facilidade, tendo os rabos levantados e inclinados para um dos lados, mas Valentia não consegue. Teria o animalzinho medo de altura? Ou seria daquele fiapo de água lá no fundo? De água, não, pois o danadinho atravessa até rio a nado. De repente vem a luz: Valentia não tem rabo. É isso! É o rabo que dá o equilíbrio ao bicho para não cair, feito as asas de um gavião que paira lá no alto do céu ou o rabo do gato ao pular. Valentia, coitado, é cotó! Então, conclui o caboclo que cachorro cotó não atravessa pinguela. E nasce o ditado. E espalha-se pelos campos e cidades. E muitas vezes pelo mundo.

Assim, todas as situações difíceis da vida passam a ser vistas como “pinguelas” e o “cãozinho cotó” como sendo as pessoas que lutam para transpô-las. Muitas vezes a dificuldade é tão grande que é preciso que alguém ajude. E você, como acha que este ditado apareceu?

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AS TRÊS NOIVAS (AULA Nº 90 F)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A obra intitulada As Três Noivas é um trabalho simbolista do pintor neerlandês Jan Toorop (1858-1928) em que ele usa ao máximo os recursos expressivos da linha, da cor e do ritmo, ampliando sua relação com o tema. Trata-se de uma composição em friso (banda ou tira pintada em parede), levemente simétrica, com a finalidade de levar o observador a fazer uma série de comparações.

A composição apresenta três noivas como figuras centrais. A que ocupa a parte do meio da obra repassa um ar de inocência. À sua direita encontra-se a “noiva de Cristo” que é recebida com lírios brancos e à esquerda está a “noiva demoníaca”, numa atitude imóvel, hipnótica e medonha, com um enfeite de chifres na cabeça e um colar de caveiras. Ela recebe uma bebida desconhecida.  A noiva representando a inocência é a principal figura. Ela se encontra entre duas forças opostas: bem e mal. Atrás das noivas aparece um coro de cantores, cujos sons são caracterizados por desenhos lineares, linhas curvas na parte considerada bendita da obra e quebradas na parte tida como maldita.

Nos cantos superiores da tela (à esquerda e à direita) apresentam-se mãos cruzadas e sinos de onde saem linhas bem finas que possivelmente têm por finalidade indicar sons. Duas das mulheres que aparecem em primeiro plano agitam sinos menores, de onde saem linhas representando sons. A ação de linhas e ritmos dão grande expressividade à obra em questão.

A pintura representa a luta entre o bem e o mal, luta esta desencadeada pela noiva inocente que se mostra confusa entre a noiva religiosa e a “femme fatale”. Não existe um cenário determinado, o que repassa a sensação de estar fora do tempo e do espaço. Embora Toorop tenha deixado para trás as referências específicas à religião, ele mantém certos traços icnográficos reconhecíveis a fim de que sua obra não perdesse a compreensão. Esta obra simbolista do artista, além de repassar ideias e sentimentos, vai bem além da descrição comum do viver cotidiano.

A composição conhecida como As Três Noivas pode ser vista como um exemplo da propagação internacional das influências, técnicas e ideias simbolistas. Ela apresenta uma série de imagens, sendo que muitas delas mostram sua origem claramente cristã. O artista utiliza essas imagens para trazer à imaginação um conjunto de associações e notas com objetivos especificamente cristãos. A organização rítmica da composição reforça sua expressividade vibrante que repassa toda a obra.

Esta pintura é tida como simbolista, ao eliminar a descrição materialista da vida cotidiana e ao tentar criar um tema geral que traz grande significação espiritual, usando apenas procedimentos sugestivos e expressivos, peculiar ao seu meio, à sua técnica e ao próprio tema da obra.

Ficha técnica
Ano: 1893
Técnica: carvão e lápis de cor sobre papel marrom
Dimensões: 78 cm x 98 cm
Localização Museu Kröeller-Müller, Otterlo, Holanda

Fonte de pesquisa
História da arte/ Folio

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BATER AS BOTAS

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Autoria de Lu Dias Carvalho baleia1

Segundo diziam os antigos, a expressão bater as botas era específica dos endinheirados, pois o calçado era um símbolo de status social, um luxo do qual os desventurados viam-se a anos-luz de distância. Ainda mais em se tratando de botas, artigo luxuoso, feito de couro, à disposição de poucos, símbolo de ostentação e autoridade. Tanto é que todo coronel, graduado ou não, usava tal calçado que muitas vezes subia até a coxa. O tamanho dizia respeito ao seu grau de importância. Como as mulheres não usassem botas, tal expressão só era direcionada aos homens patacudos, é claro.

Os pobres sem eira e nem beira não batiam as botas, apenas esticavam suas canelas finas, desprovidas de músculos, terminadas em pés de sulcos profundos, capazes de esconder toda a miserabilidade que lhes ofertava a vida, sem dó ou piedade. No máximo podiam bater as chinelas ou amarrar o paletó puído, presente de um coronel ou senhor. O mais engraçado é que, num gesto de extrema nobreza, como se vivessem numa sociedade justa, pobres e ricos partiam para “uma vida melhor”, onde supunham que todos chegariam, mas sem o uso de botas, é claro.

Ainda que as injustiças continuem, a expressão bater as botas tornou-se igualitária. Tanto batem as botas, abotoam o paletó ou esticam as canelas os ricos quanto os pobres. E não mais importa o sexo, pois botas e paletós também passaram a fazer parte da indumentária feminina. Sem falar que as botas de hoje também podem ser de borracha ou plástico, trazendo um preço mais em conta, de acordo com o bolso de cada um.

Segundo alguns estudiosos dos ditos populares, esta expressão pode ser fruto da primeira invasão holandesa no Brasil, acontecida em 1624, quando o uso de botas foi estendido aos negros escravos. Como esses não tinham nenhuma destreza no uso de armamentos, acabavam tropeçando em suas próprias botas e caindo, tornando-se um alvo fácil para a mira dos holandeses em luta. Os negros sobreviventes referiam-se aos companheiros que morriam como sendo vítimas das botas, ou seja, os pobrezinhos morriam porque tinham “batido as botas”.

Ilustração: Um Par de Botas, 1886, obra de Van Gogh.

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OS DITADOS E OS TEMPOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Os ditados (ou ditos) populares são uma das mais belas expressões de uma língua. Eles representam a identidade cultural de um povo, mas são também uma pedra no sapato de quem estuda um idioma estrangeiro, pois são difíceis de serem explicados e entendidos, pois jamais podem ser traduzidos ao pé da letra. Muitas vezes, eles extrapolam as fronteiras de um país e agregam-se a outras línguas, depois de sofrer pequenas alterações. Noutras, fogem totalmente à sua origem, como é o caso dos ditados que veremos abaixo.

Dito Popular: “Quem tem boca vai a Roma”.
Original: “Quem tem boca vaia Roma”

Explicação:
Vaia do verbo “vaiar”, diz respeito à época do imperador romano Júlio Cesar.

Dito Popular: “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho carpinteiro”.
Original:  “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro”.

Dito Popular: “Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”.
Original: “Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão”.

Dito Popular: “Cor de burro quando foge”.
Original: “Corro de burro quando foge!”

Dito Popular: “Cuspido e escarrado” (alguém muito parecido com outra pessoa).
Original: “Esculpido em carrara” (tipo de mármore).

Dito Popular: “Quem não tem cão, caça com gato”.
Original: “Quem não tem cão, caça como gato”

Explicação:
Precisa ser astuto, esperto como um gato para caçar.

Dito Popular: “Meu amigo enfiou o pé na jaca”.
Original: “Meu amigo enfiou o pé no jacá”.

Explicação
Antigamente os bares traziam cestas na parte da frente. Tais cestas eram conhecidas como “jacá”. Ali ficavam legumes e frutas para serem vendidos. As pessoas bêbadas, ao sairem do bar, costumavam enfiar o pé no jacá, nascendo daí a expressão.

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