Arquivo do Autor: Lu Dias Carvalho

BIPOLARIDADE – JÁ ESTOU CANSADA!

Autoria de Amanda Toscane

Ver os relatos deste site faz-me ter mais certeza ainda de que meu marido é bipolar. Várias vezes já disse que ele é doente e precisa se tratar, mas hoje tenho a certeza de que é bipolar. Estamos juntos há 13 anos e desde o começo ele já dava indícios de seu problema. É um homem bom e trabalhador que gosta de ajudar as pessoas, mas do nada surta e vira outra pessoa (principalmente se for contrariado). Fica agressivo, quebra tudo que vê pela frente. Depois que passa a raiva fala que quebrou porque eu o provoquei e que fez aquilo para não bater em mim, mas várias já partiu para a agressão, só que eu não permiti.

Há alguns anos descobri que ele faz uso de cocaína, o que agrava mais ainda a sua situação. Várias vezes eu debatia com ele sobre isso. Sumia de casa por uma noite e voltava no outro dia se dizendo arrependido. Permanecia um tempo sem usar a droga e depois voltava. Ele tem compulsão por comprar. Possui uma lábia muito boa em convencer as pessoas, adora mexer com rolo de carro e motos e se eu não o controlar, gasta todo dinheiro, trocando ou comprando motos. O pior é que os carros e as motos que compra nem compensam o negócio feito. Às vezes troca um carro bom por outro que não tem nem comparação de tão ruim e acha que está em vantagem.

Antes trabalhava por conta própria. Pegava uma obra, começava e não terminava e partia para outra, ou então, se ele cismasse de ficar em casa, ficava três ou quatro dias sem fazer coisa alguma. Nada o fazia voltar a trabalhar. Vivia dando desculpa para o dono da obra. Eu via isso e conversava com ele, falava que não era certo, mais não surtia efeito, pois sempre achava que estava com a razão. Ele julga que eu quero acabar com os sonhos dele, porque não concordo com as coisas que quer fazer.

Costuma ser bom e carinhoso comigo, mas na maioria das vezes é ignorante e seco. Após uma briga, eu o chamo para conversar e pergunto se está feliz comigo. Ele diz que sim. Sempre após brigarmos, sou eu quem vai atrás dele para acertamos, mesmo sendo ele o errado. Após a conversa continua frio e eu vou questionar o porquê e ele simplesmente me fala: “Você acha que estou bom com você?”. Ao longo deste tempo em que estamos juntos, tivemos um casal de filhos. Só não me separei dele pelos meus filhos, pois são muito agarrados ao pai, mas às vezes penso que se ficar com ele vou acabar ficando doente. Ele está acabando com minha saúde mental, arruma muita confusão na rua, todos que com ele trabalham reclamam que não aceita estar errado…

Já descobri várias traições por parte dele. Perdoei várias vezes e ele se mostrou arrependido. Agora na era digital está pior. Trabalha em um emprego em que há várias mulheres e ele pega o número de celular delas. Já peguei várias cantadas no zap. Clonei o zap dele, mostrei-lhe as provas, mas mesmo assim nega. Pedi-lhe para ir embora de casa, mas ele não sai. Depois volta ao normal e conversa comigo, como se não tivesse acontecido nada. Ao mesmo tempo costuma fazer declarações para mim nas redes sociais, fala muito bem da família para os amigos, trata-me muito bem perto deles, mas quando chega em casa é frio, seco.  Eu já estou cansada disso. O que ele apronta hoje já nem é novidade para mim, já não me atinge mais como antigamente.

Eu só queria entender porque ele é assim. Diz sempre que sou eu que estou errada. Ele me culpa se algo der errado para ele. Se briga no trabalho, desconta a raiva em mim, quando chega em casa ou até mesmo pelo celular com xingamentos. Não me respeita, mas do nada manda mensagens dizendo que me ama e ama os filhos. Ele é um homem muito bom, mas do nada se transforma, tem manias de grandeza e é muito mentiroso. Neste momento mesmo nós nos encontramos brigados há quatro dias, mas desta vez eu não quis conversar, simplesmente me calei. Ontem ele chegou, tentou conversar comigo normalmente, mas nem respondi, já estou cansada…

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Mestre do Díptico de Wilton – A VIRGEM E O MENINO COM…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada A Virgem e o Menino com Onze Anjos é o painel direito do chamado Díptico de Wilton, obra pertencente ao estilo Gótico Internacional — cujo pintor é desconhecido, sendo chamado de Mestre do Díptico de Wilton. Alguns críticos de arte dizem que se trata de uma obra francesa e outros argumentam ser ela uma obra inglesa, tendo o pintor conhecimento e familiaridade com a arte praticada na corte da França. Mesmo a sua data é baseada em hipóteses.

A Virgem Maria, de pé com seu Menino nos braços, está rodeada por onze anjos, sendo dois ajoelhados e o restante de pé. A cena se passa num campo florido, como mostram as flores aos pés da Virgem — retratadas com bastante fidelidade. Todas as figuras encontram-se vestidas de azul, excetuando o Menino Jesus que usa um pequeno manto amarelo. Ele abençoa o rei Ricardo II — ajoelhado na outra tela pertencente ao díptico.

Os anjos usam coroas de flores, enquanto a Virgem e Jesus trazem halos dourados. Cada anjo traz na túnica — próximo ao ombro direito — o emblema inglês. Sete anjos, com suas enormes asas levantadas, separam a cena do fundo dourado da composição. Um dos anjos carrega uma bandeira com a cruz de São Jorge — símbolo do Reino Unido. Acima, na ponta da haste onde se encontra a bandeira, uma esfera de metal traz impressos um pequeno mapa da Inglaterra e um castelo. A cena é cheia de movimentos.

Ficha técnica
Ano: c. 1395
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 45,7 x 29,2 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
https://www.artbible.info/art/large/560.html
Gotico/ Editora Taschen
https://es.wikipedia.org/wiki/Díptico_de_Wilton
http://www.arqfdr.rialverde.com/5-Edad_Media/Em_Ilustr15.htm
http://www.viajeporlondres.com/londres/museos/nationalgallery/pinturas

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O ESTILO INTERNACIONAL  (Aula nº 30)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Vimos anteriormente que o artista italiano Giotto di Bondone foi responsável por mudar toda a concepção que se tinha sobre a pintura até então. Suas obras repassavam a sensação de que a cena acontecia diante dos olhos do observador ou até mesmo que ele fazia parte do que nelas acontecia. Tais mudanças na pintura aconteceram especialmente na cidade de Florença. A pintura bizantina, até então assimilada pelos artistas italianos, parecia rígida e ultrapassada. A formidável mudança ocasionada por Giotto, contudo, não atingiu toda a Europa de um dia para o outro. Suas ideias alcançaram os países ao norte dos Alpes, enquanto os métodos dos pintores góticos do Norte passaram a ter efeito sobre os mestres meridionais.

Os artistas da cidade italiana de Siena — grande rival de Florença — continuavam atraídos pelo gosto e pelo estilo dos artistas do gótico do Norte, sem, contudo, romper abruptamente com a tradição bizantina. Um contemporâneo de Giotto de nome Duccio (c. 1255/6–1315/18) deu nova vida às antigas formas da pintura bizantina. Os pintores Simone Martini (1285?–1344) e Lippo Memmi (1291-1356) — dois jovens mestres da escola de Duccio — dão uma amostra dessa escola com a belíssima obra denominada “Anunciação” (vista acima), que iremos estudar na próxima aula. 

Os mestres da cidade de Siena tinham predileção por formas delicadas e pela representação de um estado de espírito lírico. Agradavam-lhe as curvas suaves das vestimentas esvoaçantes sobre os corpos esguios. Como podemos ver na ilustração acima, a pintura delicada desses artistas se parece com uma obra de ourives, com suas figuras sobressaindo de um fundo dourado, habilmente distribuídas na composição. Os artistas medievais de antes, por desconhecerem o formato e as proporções reais das coisas, usavam uma maneira especial para ajustar as figuras a um determinado padrão, de modo a formar um arranjo satisfatório na obra. Os artistas de Siena, contudo, superaram isso, levando em conta parte dos ensinamentos do grande mestre Giotto.

 A França ainda era tida como o principal centro cultural da Europa, tendo as ideias e os estilos franceses grande influência no território europeu. Nessa época — final do século XIV — tanto artistas quanto ideias transitavam livremente de um centro para outro, sem que houvesse qualquer rejeição pelo fato de uma realização ser estrangeira ou não. A arte passava por um grande período de abertura. Foi nesse período de final de século marcado por tão grande interação entre os povos europeus que surgiu um estilo conhecido entre os historiadores como “estilo Internacional”. O Díptico de Wilton (ver link abaixo) é um belo exemplo dessa fase. Os artistas desse estilo eram dedicados à observação e às coisas delicadas.

Uma habilidade diferente passou a fazer parte da vida dos artistas dessa época — realizar estudos da natureza e repassá-los para suas composições. Foi adotado o caderno de esboços com exemplares de plantas e animais. A perícia com que os artistas retratavam a natureza, levando em conta um detalhamento cada vez maior, passou a ser apreciado pelo público. Mas os artistas queriam ir além, almejavam adquirir um profundo conhecimento do corpo humano para transpô-lo para suas estátuas e pinturas, como haviam feito os gregos. A partir do momento em que eles passaram a buscar tais conhecimentos, ficava claro que a arte medieval estava cada vez mais ficando para trás, cedendo lugar a um dos períodos mais ricos e interessantes da História da Arte — o Renascimento. 

Exercício
Para o enriquecimento deste texto/aula os participantes deverão responder as duas perguntas e acessar o link abaixo:

1. Qual era a predileção dos mestres de Siena e o que lhes agradava?
2.Como surgiu o estilo Internacional?
3. Pintor Anônimo – O DÍPTICO DE WILTON

Ilustração: 1. A Anuciação, 1333, obra de Simone Martini e Lippo Memmi

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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O SÉCULO XIV E O REFINAMENTO (Aula nº 29)

Autoria de Lu Dias Carvalho

                            

                                               (Clique nas figuras para ampliá-las.)

Já vimos anteriormente que o século XIII ficou famoso pela construção das catedrais, o que exigiu a participação de inúmeros artistas nos mais diferentes ramos da arte. Tomamos conhecimento também de que a Europa de meados do século XII era um continente ainda bem pouco povoado, sendo os mosteiros e os castelos dos barões os mais importantes centros de poder e saber. A Igreja, voltada para a construção de catedrais, dava início ao despertar do orgulho cívico nos burgos e cidades. Contudo, cento e cinquenta anos depois, tais cidades transformaram-se em importantes centros comerciais, onde até a nobreza, abrindo mão de seus palácios resguardados no campo, escolhia morar na cidade, ostentando sua riqueza nas cortes poderosas. Os burgueses tornavam-se cada vez mais independentes tanto do poder da Igreja quanto do domínio dos senhores feudais.

Foi no século XIV que o gosto dos detentores do poder e das riquezas passou a mudar, buscando mais o refinado do que o monumental e imponente. Os arquitetos góticos que até então se dedicavam quase que especialmente à construção de igrejas, passaram a trabalhar na decoração e nos rendilhados intrincados. As igrejas perdiam a sua primazia, dando espaço para os edifícios seculares (municipalidades, universidades, palácios, pontes, etc.). Tanto é que na Inglaterra o estilo gótico puro das primeiras catedrais — denominado estilo Primitivo —, após as mudanças dos métodos dos arquitetos passou a ser chamado de estilo Decorado.

O Palácio dos Doges (ver primeira ilustração acima à esquerda), símbolo de Veneza e uma maravilha do gótico veneziano, é um exemplo do desenvolvimento do estilo tardio do estilo gótico. Além de seus maravilhosos ornamentos rendilhados é também uma edificação grandiosa, a exemplo das catedrais. Outro exemplo característico desse estilo é a janela oeste da Catedral anglicana de Exeter, situada no Reino Unido (ver ilustração central).  É também conhecida como Igreja da Catedral de São Pedro em Exeter.

As esculturas em pedra do século XIV eram bastante encomendadas para ornamentar as igrejas, contudo, os trabalhos feitos em metais preciosos ou marfim ocasionavam grande destaque aos artistas da época. A pequena estátua de prata dourada, esmalte, pérolas e pedras preciosas da Virgem e o Menino (ver ilustração à direita), criada por um ourives francês, é um exemplo desse tipo de trabalho minucioso, sendo conhecida com a “Virgem de Jeanne d’Evreux”. Obras como essa ornavam a capela de um palácio, destinando-se aos cultos particulares.

O exímio ourives deu leveza à figura da Virgem que, ao apoiar a mão no quadril, a fim de sustentar seu Menino, faz uma pequena curvatura, pendendo a cabeça em direção a ele. O pequeno Jesus toca no rosto da mãe. O corpo da Virgem Maria repassa a sensação de balançar suavemente. Tudo neste relicário apresenta um acabamento belo e impecável, a exemplo do manto que desce do braço direito. Na mão direita ela segura um cetro em forma de uma flor-de-lis, decorado com pedras preciosas e pérolas. Esse símbolo muitas vezes representa a monarquia francesa, mas no contexto religioso associa-se à Santíssima Trindade ou à Virgem. A postura da Virgem, conhecida como a “virgem de ternura”, era uma iconografia bizantina, muito comum aos artistas góticos que a adequava ao estilo gótico.

Outro campo em que podemos apreciar a dedicação dos pintores do século XIV no que diz respeito aos detalhes encantadores e finos é o dos “manuscritos iluminados”, tão admirados quanto o saltério, como o “Saltério da Rainha Mary” (ver link abaixo).

Nota: Manuscritos iluminados são livros escritos à mão que foram decorados (iluminados) com ouro, prata ou cores brilhantes. As iluminuras podem incluir pequenas ilustrações (miniaturas), iniciais, bordas ou outros elementos decorativos. Elas eram usadas para indicar divisões no texto, contar histórias e adicionar beleza e elementos visualmente memoráveis aos textos. Os exemplos remanescentes mais antigos de tais obras datam da antiguidade tardia (do século III ao V). A iluminação de manuscritos atingiu seu auge na Europa medieval quando iluminadores, trabalhando dentro de oficinas chamadas scriptorias, produziram saltérios, Bíblias, textos litúrgicos, vidas ilustradas dos santos e outras obras iluminadas. (Biblioteca Digital Mundial)

Exercício
Para o enriquecimento deste texto/aula os participantes deverão responder a uma pergunta e acessar os dois links abaixo:

1. O que são manuscritos iluminados e onde eram usadas as iluminuras?
2. SALTÉTRIO DA RAINHA MARY
3. ILUMINURA DO EVANGELHO DE LORSCH

 Ilustração: 1. Palácio do Doge, (iniciado em 1309, Veneza, Itália)/ 2. Catedral de Exeter c. 1350-1400/ 3. Virgem de Jeanne d’Evreux, c. 1324-39.

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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SALTÉRIO DA RAINHA MARY

 Autoria de Lu Dias Carvalho

A obra acima é uma página do saltério intitulado Saltério da Rainha Mary criada por um artista desconhecido em c. 1310. Na Idade Média um saltério era também um livro de orações, conhecido como “Livro de Horas”. Era muito propagado e tinha por objetivo ensinar as pessoas a ler, no entanto, era de posse de leigos ricos. Segundo o Prof. Pierre Santos (crítico de Arte):

“Nos saltérios eram também registrados cânticos do Novo e do Antigo Testamento, Ladainhas de Todos os Santos e Ladainhas gerais, músicas devocionais de reza coletiva, etc. Os monges copistas foram se especializando cada vez mais, a ponto de criarem, para valorização dos textos, riquíssimas iluminuras ornamentais e ilustrativas que todas as páginas passaram a ser iluminadas até com sofisticação, havendo desenhos que atingiram o nível de sublimes obras de arte. Quando incluso numa bíblia, o saltério ocupava sempre a parte central, significando o momento de descanso, relaxamento e enlevo, tal a sutileza dos salmos em face do caráter sisudo do texto bíblico”.

O saltério em questão apresenta uma cena passada no Templo onde Jesus Cristo explica aos sábios escribas, alguns pontos da doutrina cristã. Ele se encontra sentado sobre uma pilastra. Usa um gesto próprio dos artistas medievais ao representar um professor. À sua frente estão os doutores da lei com as mãos erguidas, estupefatos com a sabedoria do menino e também cheios de admiração. Atrás de Jesus estão seus pais, Maria e José que se entreolham encantados com o saber do filho. Maria traz um livro na mão esquerda (simbolizando sua sabedoria), enquanto José é representado bem idoso, segurando um cajado. Nos nichos à esquerda e à direita são representados seis profetas.

O modo como a história está sendo contada é meio irreal. É provável que o artista ainda não tivesse tomado ciência das inovações do pintor italiano Giotto di Bondone, responsável por mudar totalmente uma cena. Vejamos abaixo algumas inconsistências na obra acima.

  • A passagem sobre Cristo no Templo, segundo a narrativa bíblica, aconteceu quando ele tinha 12 anos de idade, porém aqui ele se parece com um bebê, se comparado às demais figuras.
  • Não existe a ideia de espaço entre os personagens presentes na cena.
  • As cabeças masculinas obedecem a um mesmo padrão de desenho (bocas caídas, sobrancelhas arqueadas e cabelos e barbas encaracolados).
  • Uma segunda cena foi acrescentada à parte inferior da página, sem nenhuma relação com a narrativa bíblica. Trata-se de um tema relativo à vida cotidiana da época — a caça aos patos usando um falcão (falconismo).

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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Ribalta – CRISTO ABRAÇANDO SÃO BERNARDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco, desenhista e gravador espanhol Francisco Ribalta (1565-1628) foi o principal pintor de Madri no início do século XVII, tendo o abandonado o Maneirismo em favor do estilo realista. Foi o primeiro espanhol a ser influenciado pelo novo realismo iniciado por Caravaggio na Itália. Seu uso de luz e sombra a fim de dar solidez às suas formas fez dele o primeiro tenebroso espanhol nativo — um pintor que enfatiza as trevas em vez da luz. Serviu de grande influência para os pintores espanhóis posteriores, durante todo o restante do século XVII. Ele teve inúmeros seguidores, como Jerónimo Jacinto de Espinosa e seu filho Juan que faleceu ainda muito jovem — nove meses após a morte do pai — com 32 anos de idade. Executou vários quadros para o arcebispo Juan de Ribera em Valência.

A pintura religiosa intitulada Cristo Abraçando São Bernardo é uma obra-prima do artista. Trata-se de um trabalho monumental, com uma composição simples em que as formas são muito bem modeladas e de uma iluminação realista. A representação da visão é arrebatadora, obtendo Ribera o máximo efeito. A luz fortemente concentrada no Cristo e em São Bernardo tornam as figuras quase que reais. Obras tardias como esta antecipam os trabalhos de Diego Velázquez, Francisco de Zurbarán e José de Ribera no final do século XVII.

Cristo — ocupando a parte central da composição — traz o corpo ensanguentado pelas feridas ocasionadas pelos pregos e pela coroa de espinhos. Ele desce da cruz para abraçar São Bernardo. Seus pés ainda estão pregados no grosso madeiro. Sua cabeça volta-se com extrema ternura para o santo que desfalece em seus braços. O Salvador ampara-o. São Bernardo, representado à esquerda, é visto como uma pessoa magra, com as maçãs do rosto salientes e olhos fundos e fechados diante da presença do Salvador. Seu rosto, iluminado por um sorriso tênue, exprime um profundo sentimento de enlevo. Dois personagens postados à esquerda e à direita presenciam a cena, ficando praticamente despercebidos no fundo escuro da tela.

Ficha técnica
Ano: 1625/1627
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 158 x 113 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/christ-embracing-saint-
https://www.britannica.com/biography/Francisco-Ribalta#ref11273

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