Arquivo da categoria: Depoimentos/Saúde Mental

Depoimentos de portadores de Transtornos Mentais.

BIPOLARIDADE! AJUDE-ME, POR FAVOR!

 Autoria de Luís Rodrigo

Encontrar este fórum de debate sobre doenças mentais, e em especial sobre a bipolaridade, foi como encontrar um oásis no meio de um deserto. Eu me identifiquei com muitas questões apresentadas aqui. Parabéns pelo trabalho e depoimentos. Obrigado! Ler o comentário de vocês traz senão um alívio, pelo menos uma luz no fim do túnel para mim. Continuem a trazê-los, pois ajuda muitas pessoas como eu, desnorteadas, sem nada conhecer sobre a doença.

Minha companheira é bipolar, mas faz uso de medicamento já faz mais de 10 anos. Estamos juntos há mais de 3 anos. Existem alguns períodos bons, mas há outros em que o convívio com ela é insuportável. Sua irritabilidade fica extrema e ela implica com tudo. Trata-se de uma pessoa altamente crítica e exigente, incapaz de reconhecer as coisas positivas. Apenas critica tudo e reclama por qualquer coisa.

Quando minha companheira morava com os pais, seus ciclos de bipolaridade pareciam ser mais claros. Havia dias em que não saia da cama, por exemplo. Depois que a nossa filha nasceu, acerca de um ano, ela melhorou um pouco, pois se sentiu mais motivada, devido à importância de estar bem para cuidar de nosso bebê. Na divisão entre nós, eu optei por arcar com todas as responsabilidades financeiras dela. Não somente com o básico, mas também com seus caprichos e gostos, na tentativa de aliviar o clima, para que ela cuidasse integralmente da nossa filhinha.

Tenho passado por uma fase sofrida e trabalhosa, pois ela só faz reclamar e enxergar os pontos negativos de tudo. Estou ficando exausto de tanto ceder, de tentar “resetar” o clima com um presente, com um vinho, com um gesto de carinho, sendo que ela mesma não mostra consciência de nada e nem agradecimento. Sempre justifica suas ações baseando-se em fatores externos ou de responsabilidade de outras pessoas.

Receio muito por nossa filha. Minha esposa diz que quer parar de tomar os remédios, mas, como parar, se ela só piora? Estou em dúvida quanto a isso. Procurei terapia para mim agora, para tentar entender o que essa doença implica e quais ajustes de expectativa tenho que fazer em minha vida. Embora tudo isso seja muito sofrível, sou capaz de entender e me ajustar em função de uma situação de força maior (doença), mas não sei até onde é doença ou má fé por parte dela.

É muito difícil este convívio no longo prazo. Todo o amor que tenho por ela está se transformando em frustração, ódio e, por fim, em compaixão, pois entendo que cuido de uma pessoa atormentada. Procurei terapia e a psicoterapeuta que me atendeu não fala, apenas pergunta e escuta. Entendo, mas preciso realmente ouvir informações de um profissional a respeito dessa doença. Preciso saber qual ajuste preciso fazer para poder conviver com a minha esposa. Não quero perder a minha família, nem deixar minha filha para que seja criada por ela sozinha em razão dos seus muitos desvarios.

Alguém me ajude por favor!

Ilustração: Ashes, 1895, Edvard Munch

MEU MARIDO É BIPOLAR E ALCOÓLATRA

Autoria de Marcela Gomes

Eu me envolvi com um homem quando eu tinha 15 anos e ele 25. Era um rapaz muito charmoso na época, inteligente e excêntrico, o que eu gostava nele. Tinha fama de beber e fazer uso de drogas, mas ao meu ver isso fazia parte do charme dele, já que eu era muito nova para entender as coisas. Foi amor à primeira vista!

Fui morar com ele em outro país, quando eu tinha 20 anos. Foi a melhor fase da minha vida, mas sempre tínhamos brigas terríveis por conta da bebida, quando ele ficava muito ciumento. Mas quando voltava à razão, tratava-me como uma princesa. Eu o amava loucamente e ele demonstrava o mesmo. Em razão das fortes brigas eu voltei para o Brasil e ele ficou por lá, porém aqui descobri que estava grávida dele. Ao saber, ele decidiu voltar para tentarmos a vida aqui em nosso país.

Minha gravidez foi o período mais difícil que vivi. O pai dele deu um apartamento para nós dois que nos casamos, mas ele não se adaptou àquela vida. Bebia o dobro, usava drogas em casa e tinha ataques violentos de ciúmes. Eu não podia sair para fazer uma caminhada que ele achava que estava no motel com alguém. Ele me abandonou no meio da minha gravidez e num ato impulsivo, viajou para a China, onde morávamos antes, apenas com a roupa do corpo. Sofri muito. Depois ele voltou, eu ganhei o bebê, mas as coisas só pioraram. Ele viajou e não mais voltou.

Meu esposo me abandonou com nosso filho de dois meses, sendo que minha família é de outra cidade. Eu entrei em depressão. O tempo passou e quando ele voltou foi morar em outro apartamento e não entrou em contato comigo, sendo diagnosticado depois como bipolar. Tempos depois voltou a me procurar e nós voltamos, mas não a morar na mesma casa. Estávamos casados, mas agíamos como namorados, pois a vida sob o mesmo teto não era suportável, devido aos maus hábitos dele. Ficamos por oito anos em casas separadas e mesmo assim era complicado demais. Foram muitas idas e vindas, mas eu ainda sentia algo por ele, acho que dependência emocional e financeira também. Ele despertava o pior em mim em nossas brigas.

Atualmente não nos falamos mais há três meses, desde que ele ameaçou me matar e matar o nosso filho em uma briga que tivemos, só porque o mandei parar de beber, pois eu queria dormir. Para mim foi o fim. Ele é alcoólatra, não é mais funcional, só faz beber o dia inteiro, desde que acorda até quando vai dormir. Está com ascite, inchado, deformado. Largou o psiquiatra faz tempos e se automedica. Toma os medicamentos com bebida alcoólica. Não toma banho por dias, nem escova os dentes. Só faz beber.

Ainda assim, eu sentia pena dele e tentava conviver com ele nos finais de semana. Mas para mim foi o fim, porque mexer comigo era uma coisa, mas mexer com o nosso filho é outra, de modo que meu coração endureceu. Ele não admite ser bipolar, apesar de ter sido diagnosticado. Não quer se tratar de acordo com as diretrizes dos médicos. Pensa que sabe mais que os especialistas no assunto. É triste ver alguém que você amou tanto acabar, tornar-se outro completamente diferente. Você sente saudades daquela pessoa, mas não a acha mais, é como se ela tivesse morrido…

Ilustração: O Bebedor de Absinto, Pablo Picasso

BIPOLARIDADE – JUNTOS SOMOS MAIS FORTES

Autoria de Pedro Silva

Vendo os diversos depoimentos aqui editados, venho contar um pouco do meu passado e presente no convívio com uma esposa bipolar. Espero poder ajudar outras pessoas que se encontram em tal sofrimento.

Estou junto a minha esposa há cerca de 20 anos. Sempre nos demos bem. Claro que existem aquelas briguinhas de casal. Estamos casados há 11 anos e temos uma filha de 7 aninhos. Desde que a conheci, ela passava por depressões todos os anos. Ia ao médico que lhe receitava alguma medicação e passado um mês ficava bem, isso na altura dos 16 anos. Ao longo dos anos ela percorreu vários psiquiatras, psicólogos, de tudo um pouco. Receitavam variadas medicações, sendo que umas davam resultado outras nem por isso, mas o problema todo é que quando se sentia bem, deixava de tomar a medicação, e isto durante todos os anos.

As coisas começaram a agravar-se depois do nascimento de nossa filha. Logo depois de nascer a criança, ela começou com a depressão. Até um ano e meio tive de ser eu a fazer tudo para a criança, pois ela não estava em condições. Não é nada fácil cuidar da casa e da filha, nunca dormir para dar leite e tratar da menina e depois ter que sair para trabalhar de manhã. Foi um caminho complicado, mas no fundo sinto-me mais forte, porque tenho uma menina que adora o pai. Adorei fazer tudo isto em prol de minha filha.

Como disse anteriormente, a partir daí começou a complicar. A minha esposa começou a ter outros relacionamentos, deixava de nos ligar, alterava-se conosco, começava a mudar a sua maneira de ser, a comprar muitas roupas, a gastar o dinheiro todo, a usar roupas mais provocantes, quando então descobri o seu primeiro caso. Conversamos muito e consegui perdoá-la. Como todos nós sabemos não é fácil, mas fiz isso pela nossa família.  Eu amava muito a minha esposa, como ainda a amo.

Passou mais um ano e ela voltou a fazer tudo novamente depois de tantas promessas e de ir a várias consultas de terapias de casal. Foi tudo em vão. Eu estava desesperado, não suportava tanta dor pelo que estava a passar. A minha cabeça não aguentava mais. E mais uma vez consegui perdoá-la. Ela contava que não sabia explicar o porquê de fazer aquilo, de procurar outros homens. Dizua que era a adrenalina que não largava as pessoas. Eu ouvia as conversas. Ela era outra pessoa que eu não conhecia. Mais uma vez desculpei-a.

No meio dos anos continuava a ter depressões como sempre tinha, depois voltava a me trair. Andou nessa vida por cerca de 7 anos. Tudo isso que passei começou-me a afetar-me. Comecei a ter problemas de ansiedade e crises de pânico, coisa que nunca esperava ter por me sentir sempre forte. Passou a ser um desespero, porque já não dava atenção a minha filha que foi sempre a minha força. Depois de conversarmos novamente, antes de botarmos um ponto final na relação, ela se comprometeu a irmos a uma psicóloga e nessa conversa fomos aconselhados a buscar um psiquiatra. Senti-me melhor depois de falarmos com a psicóloga. Ela foi muito clara com a minha esposa, o que me deu alguma força.

Fomos a uma psiquiatra e contamos tudo o que se passava. Ela foi clara, dizendo que o problema da minha esposa era por ser bipolar. Não tinha nenhuma dúvida. Neste atual momento a minha esposa está a fazer o início da medicação e espero que dê resultados, para voltarmos a ser felizes. Só consegui passar por tudo isto por amá-la muito.  Por isso, compreendo todos vocês pelo que passaram. É uma dor insuportável, e não desejo isso a ninguém.

Desculpem o meu desabafo, vou dando notícias. Quero agradecer pelo excelente blogue que permite partilharmos a nossa dor. Juntos somos mais fortes!

Ilustração: Mulher Chorando, Pablo Picasso.

RELAÇÃO AMOROSA E BIPOLARIDADE

Autoria de Carlos José Cipriano

A minha namorada (ela tem 39 anos e eu 31) terminou comigo faz dois meses. Morávamos juntos há praticamente quatro anos. No começo tínhamos um relacionamento perfeito, coisa de filme. Nós nos entendíamos em tudo, até mesmo além do limite esperado. Ela mesma dizia que a gente não brigava e vivia muito bem. Em relação ao sexo a nossa sintonia era algo fora do comum para a maioria dos casais.

Hoje consigo ver claramente que ela tinha fases depressivas. Após iniciar uma etapa financeira ruim na nossa vida (provocada por ela), uma fase eufórica começou — bem parecida com um relato que li aqui — entre o fim de um ano e começo do outro. A libido começou cair e passamos a ter relações sexuais duas ou três vezes ao mês. Chegamos a ficar dois meses sem qualquer tipo de relação amorosa. Cheguei a perguntar a ela se tinha “enjoado” de mim. Eu me sentia muito mal, pois até o beijo era diferente de antes.

No que diz respeito à questão financeira, percebi que se tratava de outro escape dela que gastava muito com roupas, mercado e, por último, com a decoração do apartamento onde morávamos. Até a forma de me tratar havia mudado. Eu sempre a chamava de minha esposa, mas notei que ela já me chamava apenas de namorado e ficava muito irritada se eu a contrariasse até mesmo nas coisas mais simples e insignificantes.

Na primeira vez em que ela teve uma crise eufórica, eu tive que chamar o SAMU. Fiquei com medo de acontecer algo mais grave, pois começou a gritar de madrugada, a me morder, a me unhar e dizer que eu estava a machucá-la. Após esse acontecimento falei-lhe para irmos a um médico. Ela resistiu, mas acabou indo, porém nunca aceitou tratamento e acredito que convenceu o médico de que não tinha nada. Ele apenas a diagnosticou como tendo sobrecarga de trabalho.

Agora no final de 2020 voltou a fase eufórica. Tentei lhe dar um calmante, mas ela literalmente surtou. Acabou me humilhando, falando coisas absurdas, distorcidas, surreais e me expulsou de sua vida. O filho dela — hoje já adulto — conseguiu levá-la a um outro médico que a diagnosticou com bipolaridade. Queria até mesmo interná-la e receitou-lhe remédios bem fortes. Ela novamente não aceitou qualquer tipo de tratamento, sob a alegação de que não tem nada e que apenas trabalha demais.

Hoje estou menos pior que antes, tentando evitar falar com ela, mas é uma vontade absurda de correr até ela e abraçá-la. No início eu tentava lhe falar todos os dias, mandava mensagens, procurava vê-la… Porém vi que isso estava me fazendo mal, deixando-me muito triste e sem ânimo. Eu a amo, queria viver para sempre com ela, mas realmente é muito pesado conviver com uma pessoa bipolar, quando essa não aceita o que tem e se recusa a fazer tratamento.

Identifiquei aqui vários relatos iguais ao que passei com a minha companheira até então. Claro que tive falhas em certos momentos, pois eu não sabia como lidar com seu comportamento instável. Na primeira vez em que ela surtou, fui extremamente paciente, como sempre, mas não adiantou nada, e da última vez tentei ser mais firme, seco, porém também de nada adiantou. Ainda fica uma esperança de ela aceitar se tratar e voltarmos, mas sei que isso é quase impossível. No seu caso vejo hoje também um ciclo. Ela trabalha muito, gasta tudo, compra algumas coisas e depois se desfaz e acaba se prejudicando e a quem está ao seu lado. Já teve vários namorados e já prejudicou muitos deles.

A única coisa da qual não posso dizer nada é sobre infidelidade. Nunca vi nada disso, mas sei que ela tem algo estranho com seus relacionamentos. Parece “enjoar” de um mesmo parceiro depois de certo tempo, pois basta terminar um relacionamento e rapidamente entra em outro. Depois de nossa separação eu já a vi no dia de Natal, saindo do trabalho com um ex-namorado. Eu a amo e espero que um dia aceite se tratar para o seu próprio bem.

Ilustração: Arlequim de Barcelona, 1917, obra de Picasso

CASADA COM UM BIPOLAR E PORTADOR DE…

Autoria de Hella Andino

Sou casada com um bipolar e portador de HIV há treze anos.

No início deste ano, através de um depoimento que li, eu me identifiquei com a pessoa e comecei a notar que meu casamento não era tão perfeito como eu imaginava. De uma hora para outra comecei a perceber coisas que em minha ingenuidade, acreditava que eram feitas por amor, apenas provas de amor, e tudo em nome da nossa família. Eis minha história:

Conheci um rapaz e com um mês de namoro nós fomos morar juntos e eu logo engravidei do nosso primeiro filho, o que parecia um conto de fadas. Eu tinha a certeza que tinha encontrado o amor da minha vida. Com um ano de casados, ele descobriu ser portador de HIV. Eu não sabia ao certo nem o que era essa doença, mas o apoiei e ele, com um jeitinho todo amoroso, conseguiu me manipular e me convencer a fazermos sexo sem preservativo. Eu me sinto tão boba e ao mesmo tempo envergonhada com isso.

Engravidei do nosso segundo filho, ainda acreditando que vivia um conto de fadas, pois ele me fazia entender que era a “minha luz no fim do túnel”. Nesse período ele descobriu a bipolaridade. Sua infância foi bem difícil, tendo sua mãe se envolvido com drogas, ele foi torturado e houve a separação de seus pais. Porém, antes de me conhecer, ele também se envolveu com drogas.

Eu, como uma mulher apaixonada, certa de que meu casamento era feliz e perfeito, continuei apoiando-o em todos os sentidos. Os anos foram passando, cheio de proibições e eu sempre achando que era por amor, sendo uma boa esposa, cedendo e apoiando-o em tudo. Com 5 anos de relacionamento engravidei do meu terceiro filho. Na gravidez descobri que estava também com o vírus HIV. Sim, pessoal, ele me contaminou. Aí começaram também os episódios suicidas, as agressões psicológicas e o quebra-quebra de coisas em casa.

Neste ano, exatamente em fevereiro, como citei em cima, parece que eu acordei de um pesadelo, ao ler uma postagem sobre “agressão psicológica”. Percebi que aquilo que eu estava vivendo se tratava da mesma coisa.

Após uma briga sem motivos graves, como sempre ele fazia e depois me mandava embora, aceitei ir embora de verdade. Fui para a casa da minha mãe. Foram três dias de puro inferno. Ele me ligava e também ligava para todos da minha família. Não tive um minuto de paz, até que, muito pressionada pelas circunstâncias, pois ele não queria mais comer e falava em suicídio, resolvi voltar para não me sentir culpada, se algo acontecesse de ruim. Para ele tudo ficou normal.

Chegou a pandemia do Covid-19. Ele ficou e ainda e continua afastado do trabalho todos esses meses. Na semana passada entrou em mais um episódio de surto, alegando que eu não o amava e que faço tudo para ficar distante dele, ameaçando de novo se matar… Estou buscando ajuda psicológica, pois não sei mais o que fazer…. Só sei que não estou feliz e que esse amor é doentio e está acabando com a minha vida. Não posso viver mais assim!

Por favor, ajudem-me!

Ilustração: Mulher Chorando, 1947, obra de Candido Portinari

BIPOLARIDADE – JÁ ESTOU CANSADA!

Autoria de Amanda Toscane

Ver os relatos deste site faz-me ter mais certeza ainda de que meu marido é bipolar. Várias vezes já disse que ele é doente e precisa se tratar, mas hoje tenho a certeza de que é bipolar. Estamos juntos há 13 anos e desde o começo ele já dava indícios de seu problema. É um homem bom e trabalhador que gosta de ajudar as pessoas, mas do nada surta e vira outra pessoa (principalmente se for contrariado). Fica agressivo, quebra tudo que vê pela frente. Depois que passa a raiva fala que quebrou porque eu o provoquei e que fez aquilo para não bater em mim, mas várias já partiu para a agressão, só que eu não permiti.

Há alguns anos descobri que ele faz uso de cocaína, o que agrava mais ainda a sua situação. Várias vezes eu debatia com ele sobre isso. Sumia de casa por uma noite e voltava no outro dia se dizendo arrependido. Permanecia um tempo sem usar a droga e depois voltava. Ele tem compulsão por comprar. Possui uma lábia muito boa em convencer as pessoas, adora mexer com rolo de carro e motos e se eu não o controlar, gasta todo dinheiro, trocando ou comprando motos. O pior é que os carros e as motos que compra nem compensam o negócio feito. Às vezes troca um carro bom por outro que não tem nem comparação de tão ruim e acha que está em vantagem.

Antes trabalhava por conta própria. Pegava uma obra, começava e não terminava e partia para outra, ou então, se ele cismasse de ficar em casa, ficava três ou quatro dias sem fazer coisa alguma. Nada o fazia voltar a trabalhar. Vivia dando desculpa para o dono da obra. Eu via isso e conversava com ele, falava que não era certo, mais não surtia efeito, pois sempre achava que estava com a razão. Ele julga que eu quero acabar com os sonhos dele, porque não concordo com as coisas que quer fazer.

Costuma ser bom e carinhoso comigo, mas na maioria das vezes é ignorante e seco. Após uma briga, eu o chamo para conversar e pergunto se está feliz comigo. Ele diz que sim. Sempre após brigarmos, sou eu quem vai atrás dele para acertamos, mesmo sendo ele o errado. Após a conversa continua frio e eu vou questionar o porquê e ele simplesmente me fala: “Você acha que estou bom com você?”. Ao longo deste tempo em que estamos juntos, tivemos um casal de filhos. Só não me separei dele pelos meus filhos, pois são muito agarrados ao pai, mas às vezes penso que se ficar com ele vou acabar ficando doente. Ele está acabando com minha saúde mental, arruma muita confusão na rua, todos que com ele trabalham reclamam que não aceita estar errado…

Já descobri várias traições por parte dele. Perdoei várias vezes e ele se mostrou arrependido. Agora na era digital está pior. Trabalha em um emprego em que há várias mulheres e ele pega o número de celular delas. Já peguei várias cantadas no zap. Clonei o zap dele, mostrei-lhe as provas, mas mesmo assim nega. Pedi-lhe para ir embora de casa, mas ele não sai. Depois volta ao normal e conversa comigo, como se não tivesse acontecido nada. Ao mesmo tempo costuma fazer declarações para mim nas redes sociais, fala muito bem da família para os amigos, trata-me muito bem perto deles, mas quando chega em casa é frio, seco.  Eu já estou cansada disso. O que ele apronta hoje já nem é novidade para mim, já não me atinge mais como antigamente.

Eu só queria entender porque ele é assim. Diz sempre que sou eu que estou errada. Ele me culpa se algo der errado para ele. Se briga no trabalho, desconta a raiva em mim, quando chega em casa ou até mesmo pelo celular com xingamentos. Não me respeita, mas do nada manda mensagens dizendo que me ama e ama os filhos. Ele é um homem muito bom, mas do nada se transforma, tem manias de grandeza e é muito mentiroso. Neste momento mesmo nós nos encontramos brigados há quatro dias, mas desta vez eu não quis conversar, simplesmente me calei. Ontem ele chegou, tentou conversar comigo normalmente, mas nem respondi, já estou cansada…