Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Cézanne – NATUREZA MORTA COM…

Autoria de Lu Dias Carvalho

Cézanne é a mãe de todos nós. (Pablo Picasso)
Cézanne é o pai de todos nós (Henri Matisse)
Ele está para a arte moderna como Giotto para o Renascimento. (Robert Cumming)

O pintor francês Paul Cézanne (1839 – 1906) era filho do exportador de chapéus Louis-Auguste Cézanne que depois se tornou banqueiro, e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irmãs, Marie e Anne, nutrindo uma relação mais forte com a primeira que sempre tomava o seu lado, em relação ao autoritarismo do pai. Cézanne e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma relação secreta.

A composição intitulada Natureza-morta com Cupido de Gesso é uma obra-prima do artista. Foi criada quando ele já se encontrava no ocaso de sua vida. Cézanne – que não se interessava pelas convenções criadas pelo Renascimento – dirigia seu olhar apaixonado para objetos comuns, sem qualquer convencionalidade, como nos mostra esta obra em que ele apresenta um Cupido de gesso ao lado de frutas.

À direita, na parte superior, é possível ver uma pequena parte de seu ateliê com pinturas encostadas na parede.  Próxima aos quadros encontra-se o que parece ser uma enorme maçã verde que se mostra muito grande para o local distante que ocupa e, por isto, deveria ser vista bem menor. É interessante notar que o piso do ateliê do artista parece se inclinar para cima, isto porque ele não se atinha às teorias do Renascimento e da arte que viria a seguir.

Um grande Cupido de gesso ocupa o centro da tela, virado para a direita, sobre uma base. Atrás de sua cabeça, uma faixa marrom-avermelhada faz parte da parede do ateliê, o que ajuda a distorcer a perspectiva, imbuindo a obra de uma característica abstrata. Sobre a mesa estão frutas e legumes, não sendo possível defini-los. Para Cézanne o importante era pintar aquilo que ele via, ou seja, forma e cor, atento à relação entre os objetos. Por isso, é possível ver muitas linhas de contorno nas frutas.

É interessante observar, à esquerda, um pano azul que não cobre a mesa, mas que parece se levantar no ar e no qual são vistas duas frutas e uma taça. Também são vistas frutas num prato, sobre parte do pano azul que cobre a mesa, ou seja, há um quadro dentro do outro, o que leva o observador a confundir seus limites, como se tudo não passasse de uma ilusão. A garrafa de licor de menta domina a parte esquerda da composição.

O pintor usou uma paleta bem limitada na obra, harmonizando azuis, vermelhos e verdes-terra. Muitas sombras são criadas pelos objetos, em diferentes direções, trazendo a sensação de que existem muitas fontes de luz. Isso acontecia porque o artista pintava uma obra durante um extenso período de tempo, o que tornava as sombras diferentes, pois se referiam a diversas partes do dia.

Ficha técnica
Ano: c. 1894
Técnica: óleo sobre papel sobre painel
Dimensões: 70 x 57 cm
Localização: Courtauld Institute Galleries, Londres, Grá-Bretanha

Fonte de pesquisa
A arte em detalhes/ Robert Cumming

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Claude Lorrain – UM PORTO DE MAR

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Claude Lorrain (1600 – 1682), cujo nome legítimo era Claude Gellée, tornou-se conhecido como “Le Lorrain”, nome relacionado com a região em que nascera. Ao mudar-se para Roma, o artista teve como mestre o pintor de arquitetura Agostino Tassi, vindo posteriormente a estudar com Gottfried Sals – pintor de arquitetura e paisagens – quando se encontrava em Nápoles.  Acabou se tornando um dos famosos paisagistas de Roma, tendo se inspirado inicialmente nas paisagens idealizadas de Annibale Carraci e nas dos pintores holandeses que residiam naquela cidade. Embora seu estilo fosse lírico e romântico, acabou mais tarde aproximando-se de Nicolas Poussin. A vista do mar era um tema constante nas obras de Lorrain, assim como lembranças da Antiguidade Clássica que sempre davam um toque de solenidade antiga às suas obras.

A composição Um Porto de Mar – uma paisagem imaginária põe em evidência a capacidade que Claude Lorrain tinha para captar o sentido passageiro da hora fugaz, ao usar tênues matizes de luz. O arco triunfal visto na pintura, à direita, foi inspirado no Arco de Tito, presente no Fórum Romano, dando à pintura certo ar de ostentação. A névoa matinal ainda cobre parte da vista. Um complexo jogo de luz espalha reflexos cintilantes sobre a água, misturando-se à bruma.

São muitos os personagens presentes nesta obra. Três deles conversam entre si na entrada do arco triunfal, perto do qual se encontra uma embarcação com quatro pessoas e uma outra parada, mais distante, próxima às árvores. Na margem duas mulheres aguardam a travessia, uma delas sentada sobre uma arca, conversa com um dos remadores, enquanto dois outros organizam três grandes tábuas a fim de possibilitar o embarque. Um dos dois barcos rentes à margem traz dentro um remador, enquanto o segundo é manejado por três homens. À esquerda, uma embarcação maior, coberta com uma lona, repassa seu carregamento para uma menor. Mais ao fundo estão dois barcos a vela. O reflexo do sol, ainda tênue, dá a sensação de tratar-se de um balão preso ao barco.

Ficha técnica
Ano: 1674
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 97 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Mestres da Pintura – CLAUDE LORRAIN

Autoria de Lu Dias Carvalho

Claude Lorrain é o mais perfeito pintor de paisagens que o mundo já viu. Tudo é adorável, tudo é amável, tudo é comodidade e repouso; o sol calmo do coração. (John Constable)

 Lorrain nos leva à paz de cenários arcádicos e terras imaginárias. (Joshua Reynolds)

O pintor francês, desenhista e gravador Claude Lorrain (1600 -1682), cujo sobrenome era Gellée,  tornou-se conhecido como “Le Lorrain” em razão do local de seu nascimento – o ducado de Lorraine (ou Lorena). Foi aluno de Agostino Tassi em Roma. Estudou também com Gottfried Sals que era pintor de arquitetura e de paisagens, quando esteve em Nápoles. Tornou-se um famoso paisagista, inspirando-se, mais tarde, no estilo de Nicolas Poussin com quem manteve grande amizade.

Lorrain tinha paixão pela Itália, tendo passado em Roma grande parte de sua vida. Chegou a tornar-se membro da Academia de Roma, não tardando a transformar-se no principal pintor paisagista daquele país, chegando a receber bons honorários. No início de seus trabalhos, ele se inspirou nas paisagens idealizadas de Annibale Carraci e nos pintores holandeses que trabalhavam em Roma e, mais tarde, aproximou-se do estilo de Nicolas Poussin, embora sua abordagem fosse mais lírica e romântica. Seus patronos eram quase todos italianos, mas veio a tornar-se popular, após a sua morte, entre os ingleses.

 A fama de Claude Lorrain adveio, sobretudo, da habilidade com que captava os efeitos naturais da luz e por ter introduzido o sol, como fonte de luz, em algumas de suas pinturas, como pode ser visto em “O Embarque da Rainha de Sabá”. O pintor romântico inglês William Turner – tido por muitos como um dos precursores da modernidade na pintura em razão dos seus estudos sobre cor e luz – sofreu grande influência de Claude Lorrain. Segundo contam, o famoso paisagista inglês do século XIX exigiu que as duas telas que doou à Galeria Nacional de Londres ficassem ao lado de “O Casamento de Isaque e Rebeca”, obra de Lorrain.

Claude Lorrain gostava de usar a perspectiva aérea, assim definida pelo crítico de arte Robert Cumming: “É uma ilusão óptica baseada num fenômeno científico pela qual as cores na natureza perdem sua intensidade ao longe, devido ao crescente volume de ar”.

Até cerca de seus 20 anos, os detalhes da vida do artista são obscuros. Sabe-se através de descrições que ele era um homem profundamente observador e gentil com seus alunos e com as pessoas que trabalhavam para ele, mas era um indivíduo iletrado. O artista faleceu aos 82 anos de idade.

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman
Arte em Detalhes/ Robert Cumming
Wikipédia

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Piero de Cosimo – ADORAÇÃO DO MENINO JESUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Piero di Cosimo (1462-1521), cujo nome original era Piero di Lorenzo, nasceu e morreu na cidade de Florença. Ali estudou com Cosimo Rosseli, tendo inclusive trabalhado com seu mestre nos afrescos da Capela Sistina em Roma, onde pintou O Sermão de Cristo que se tornou a sua primeira obra conhecida. Foi em homenagem ao seu mestre que adotou o sobrenome Cosimo.

A composição religiosa intitulada Adoração do Menino Jesus tem a forma de um tondo (composição realizada sobre um suporte de formato redondo no interior de um disco) e é obra do artista. No que parece ser um estábulo encontram-se a Virgem Mãe, seu Menino, o pequeno João Batista e dois anjos músicos com suas cornetas. Através da abertura vê-se uma paisagem, onde são vistas algumas edificações e São José cuidando dos animais.

O pequenino Jesus, em primeiro plano, encontra-se sentado num lençol branco e escorado num saco. Está abraçado à cruz que simboliza o seu futuro martírio. João Batista, de joelhos, traz as duas mãozinhas em forma de oração, com os olhos fitos no recém-nascido. Atrás e João Batista e de pé, a Virgem também traz as mãos postas, enquanto contempla seu filho Jesus. Todas as atenções estão voltadas para o Menino Jesus.

Ficha técnica
Ano: 1505
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 140 cm de diâmetro
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

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Canaletto – A RECEPÇÃO DO EMBAIXADOR FRANCÊS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Uma das marcas do estilo de Canaletto são os desenhos que ele cria com luz e sombra. Uma parte surpreendentemente grande do panorama está na sombra, mas o que o olho fixa são suas áreas luminosas. (Robert Cumming)

O pintor e gravador italiano Canaletto (1697 – 1768), cujo nome de batismo era Giovanni Antonio Canal, era filho do pintor e cenógrafo Bernardo Canal – seu primeiro mestre – e de Artemisia Barbieri. Era também tio do pintor Bernardo Belloto. O seu interesse inicial foi a cenografia, trabalhando como pintor de cena teatral, tendo feito uma viagem de estudo a Roma. Foi influenciado pelos artistas Giovanni Paolo Panini e Luca Carlevarijs – esse último especializado em pinturas de vedute (vistas) –  ao pintar o cotidiano da cidade e de sua gente.

A composição intitulada A Recepção do Embaixador Francês – também conhecida como A Recepção do Embaixador do Imperador no Palácio dos Doges – é uma obra-prima do artista, sendo um de seus primeiros trabalhos. Apresenta uma das vistas mais famosas do mundo. Aqui está o coração da próspera Veneza que havia sido um importante império marítimo e nação mercante do passado. Contudo, esta pintura, feita no início do século XVIII, já não enquadra a Veneza de tempos idos e que não tardaria a cair sob o domínio de Napoleão Bonaparte.

A composição mostra a recepção feita ao embaixador francês, assim como os venezianos – divididos entre cidadãos comuns e nobreza – distintos pela vestimenta e posição. Pelo que se conhece da paixão de Canaletto pelas vistas (vedute) é possível que a sua preocupação com a vista era bem maior do que com os rituais relativos à cerimônia do Estado. Canaletto é reconhecidamente o grande mestre dos efeitos fugazes.

Luxuosas embarcações fazem entrada pelo Grande Canal, à esquerda. As barcaças estatais estão decoradas em ouro e prata, sendo conduzidas por homens com elegantes uniformes. À esquerda dessas estão as humildes gôndolas.

O Palácio do Doge – Piazzetta – para o qual todos convergem, ergue-se ostentosamente à direita, tomando grande parte da composição. A edificação é uma mistura de dos estilos gótico e bizantino. No meio do palácio há um balcão, onde se realizam as cerimônias. Adornando-o estão diversas estátuas religiosas, O leão alado de São Marcos ali se encontra. Na parte mais alta está a estátua da Justiça. Um imenso balcão que toma o Palácio Doge de ponta a ponta mostra-se apinhado de gente. Há inclusive pessoas fora do balcão, sentadas. O mesmo acontece na ponte à direita.

À esquerda da Piazzetta encontra-se a Biblioteca e atrás dela está a Casa da Moeda – uma das famosas construções do império veneziano. Duas gigantescas colunas são vistas à esquerda, entre o Palácio Doge e a Biblioteca. Numa delas está o leão alado – símbolo de São Marcos, padroeiro de Veneza. Na outra coluna está a estátua de São Teodoro. A famosa Igreja Maria della Salute com sua arquitetura barroca é vista à esquerda. O Palácio do Doge tem sobre si uma pesada nuvem escura, enquanto há uma grande luminosidade à esquerda.

Ficha técnica
Ano: 1729
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 184 x 265 cm
Localização: Coleção particular, Milão, Itália

Fontes de pesquisa
A arte em detalhes/ Robert Cumming
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

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Mestres da Pintura – CANALETTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Uma das marcas do estilo de Canaletto são os desenhos que ele cria com luz e sombra. Uma parte surpreendentemente grande do panorama está na sombra, mas o que o olho fixa são suas áreas luminosas. O pintor se delicia nesse infindável jogo de luz, com limites definidos de luminosidade e sombra. (Robert Cumming)

O pintor e gravador italiano Canaletto (1697 – 1768), cujo nome de batismo era Giovanni Antonio Canal, era filho do pintor e cenógrafo Bernardo Canal – seu primeiro mestre – e de Artemisia Barbieri. Era também tio do pintor Bernardo Belloto. O seu interesse inicial foi a cenografia, trabalhando como pintor de cena teatral, tendo feito uma viagem de estudo a Roma. Foi influenciado pelos artistas Giovanni Paolo Panini e Luca Carlevarijs – esse último especializado em pinturas de vedute (vistas)   – pintando o cotidiano da cidade e de sua gente.

Canaletto (pequeno Canal) tornou-se muito conhecido por suas paisagens venezianas, embora tenha pintado também visões imaginárias, sendo que muitas vezes o real e o imaginário não apresentassem uma demarcação nítida. Ele possuía uma observação aguçada da realidade aliada ao exímio uso da perspectiva, junto a um profundo grau de sensibilidade. Além de fazer uso desse tripé, o artista conseguia matizes atmosféricos através do jogo de luzes e sombras e por usar um colorido diferenciado do céu. Em muitas de suas obras ele agregava cenas de gênero – o que dava mais vida às suas telas.

O artista foi para a Inglaterra, onde permaneceu durante 10 anos, pintando paisagens inglesas (vedute). Executou inúmeras vistas do rio Tâmisa e também de casas de campo. Contudo, ele não logrou muito êxito por lá e sua viagem não lhe rendeu o esperado sucesso financeiro. Só lhe restou voltar a Veneza, onde suas paisagens venezianas eram altamente admiradas. Mas mesmo em sua terra, o artista acabou caindo no esquecimento. Morreu sem ter conseguido o reconhecimento merecido na Itália.

Segundo alguns estudiosos da obra do artista, ele fez uso da câmera escura, (instrumento óptico através do qual os raios solares passam, refletindo a imagem que se deseja pintar), o que lhe possibilitava fazer desenhos mais precisos, ao reproduzir proporções e perspectivas, isso porque os detalhes arquitetônicos de seus trabalhos eram extremamente evidentes e detalhados. Porém, os desenhos ou meros esboços deixados pelo artista sugerem que ele tomava notas ao ar livre e, em seu estúdio, usava réguas e bússolas para aperfeiçoá-los.

Canaletto foi um importante pintor de vistas ou “vedutista”, tornando-se muito famoso. As vistas de Veneza – terra natal do artista – eram muito procuradas pelos turistas que iam visitar a Itália da época. As pinturas, gravuras ou desenhos topográficos recebiam o nome de “vedute” (vistas em italiano). Canaletto era um dos mais importantes pintores deste quesito. Dentre seus alunos estavam Bernardo Belloto, Francesco Guardi, Michele Marieschi, Gabriele Bella, Giuseppe Mortti, dentre outros.

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman
Arte em Detalhes/ Robert Cumming
Wikipédia

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