Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Joachim Patenier – JORNADA AO SUBMUNDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Jornada ao Submundo, também conhecida como Paisagem com o Lago Estige, é uma obra do pintor Joachim Patenier (c.1485 – 1524), também conhecido como Joachim Patinir, que foi um grande mestre em Antuérpia. É tido como o pioneiro na pintura de paisagens na arte ocidental.

A pintura representa uma enorme paisagem, que se abre para bem distante. Nela se vê um amontoado de rochas dolomitas e o rio Estige ao meio, que, quanto mais distante, mais azul torna-se. À esquerda está o Paraíso (os Campos Elísios) com seus anjos, árvores frutíferas, montanhas e lagos. À direita encontra-se o Inferno (o Tártaro), com o fogo brotando de toda parte, soltando fuligem preta, e um ser gigantesco (Cérbero) à sua entrada.

O barqueiro Caronte, de pé e nu, levando apenas um pano branco ao ombro, conduz sua embarcação. Ele leva à frente apenas uma pobre alma morta. Sua nau toma a direção do Inferno, deixando para trás o Paraíso. O motivo da pintura é mínimo, em relação ao tamanho da paisagem. O pintor usou o tema em questão como pretexto para compor sua imensa paisagem.

Segundo a mitologia grega, Caronte, filho de Nix, a Noite, era o barqueiro de Hades (Plutão), deus do mundo inferior e dos mortos, cujo reino situava-se nas profundezas da Terra, sendo também conhecido por Hades. Tal tarefa, nada lisonjeira, de levar as almas dos que morriam em seu barco, para atravessar o rio Estige e o Aqueronte, responsáveis por separar o mundo dos vivos do dos mortos, coube ao barqueiro, em razão de um castigo que lhe foi aplicado por Zeus, quando esse tentou afanar a Caixa de Pandora.

Apesar de velho e macilento, Caronte possuía uma energia inimaginável. Sua barca estava sempre cheia, com ele sozinho no remo. Carregava desde mortais comuns a heróis. Era quem determinava os que deveriam embarcar ou não. Os escolhidos eram as almas que passaram pelos ritos fúnebres. E aos infelizes, que não tinham como pagar sua passagem, ou cujos corpos não foram enterrados (mortos em tempestades, por exemplo), cabia a triste sina de perambular, durante cem anos, pelas margens de tais rios. Havia uma tradição na Grécia antiga, que era a de colocar na boca do morto uma moeda, para pagar ao barqueiro a travessia.

Ficha técnica
Ano: c. 1522
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 64 x 103 cm
Localização: Museu del Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Mitologia/ LM

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Vermeer – A ARTE DA PINTURA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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É uma virtuosa exibição do poder do artista de invenção e execução, encenada em uma versão imaginária de seu estúdio. (Walter Liedtke)

Nenhuma outra pintura integra, tão perfeitamente, técnica naturalista, espaço bem iluminado e uma composição integrada complexa. (Albert Blankert)

Poucas pinturas em toda a história da arte parecem tão perfeitas como esta. Maestria de Vermeer e extraordinária técnica. A luz cristalina que ilumina a cena, a pureza dos volumes e do distanciamento psicológico, exclusivo das figuras, são todas as características de seu trabalho que aqui atingem um nível extraordinário de refinamento. (Alejandro Vergara)

A composição alegórica denominada A Arte da Pintura é uma obra do pintor holandês Jan Vermeer, um dos maiores artistas da pintura holandesa. É tida como uma das mais importantes obras-primas de todos os tempos. Encontra-se entre as 50 pinturas mais famosas do mundo. É também conhecida como O Ateliê do Artista, A alegoria da Pintura, O Artista e seu Estúdio ou O Pintor no Seu Estúdio. Vermeer tinha tanta estima por esta obra que, mesmo endividado, recusou vendê-la, o mesmo acontecendo com sua família, após sua morte. Trata-se dos trabalhos mais complexos do grande mestre.

Embora se trate de uma alegoria, a representação visual de A Arte da Pintura é realista, como mostram a luz que entra pela janela, à esquerda, o mapa da Holanda, a águia de duas cabeças que aparece no lustre central, que é o emblema da dinastia dos Habsburgos, da Áustria, etc. A iconografia desta obra é bem complexa. A partitura musical representa Euterpe, a deusa da música. A máscara de gesso simboliza Talia, a musa da comédia. O livro representa Polímnia, a música da canção sacra. Contudo, se a máscara estiver representando a escultura e o livro de notas aberto seja uma demonstração de um plano arquitetural, este quadro pode ser entendido como uma disputa entre as artes, sendo a pintura a vencedora.

A modelo usada na pintura representa Clio, musa da História, que tem como atributo o livro e a corneta. O livro em sua mão tanto pode ser de Heródoto ou Tucíades. No livro são registrados os feitos heroicos da História, enquanto a trombeta simboliza a fama que um artista pode alcançar através de sua arte. Ela traz os olhos baixos, como se fitasse algo sobre a mesa. O pintor poderia estar relacionando a história com a pintura. Alguns estudiosos do assunto veem na modelo a representação da Poesia. São diferentes as leituras, sendo todas elas incertas, pois falta a verbalização do autor do trabalho. O importante  é a fascinação que a obra transmite.

O pintor, usando roupas do século XV, faz sua pintura num cavalete que aponta para o mapa, à sua frente, representando as 17 províncias dos Países Baixos. À esquerda, próxima ao pé do mapa e no nível da gola da modelo, está a assinatura do artista: “I. Ver-Meer”. Sobre a tela há um tento, instrumento usado para firmar a mão do artista, quando esse estiver pintando detalhes. A proteção almofadada das pontas do tento impede que a tela sofra qualquer dano. Uma imagem esboçada em giz é vista na tela, mas o artista inicia a pintura a partir da coroa de louro da retratada. A postura de sua mão direita, em relação a esse detalhe, indica que a mão do artista também está sendo coroada pela sua arte.

Uma cadeira, com o assento e recosto em couro, ornada com tachões e babados, encontra-se em primeiro plano, como se convidasse o observador para assentar-se ali, e observar de longe o artista em seu trabalho, mas sem atrapalhá-lo. Próxima à cadeira está uma luxuosa cortina de tapeçaria, pintada com desenho de flores e folhas, puxada de tal maneira que o pintor possa ser visto, trabalhando. Trata-se também de um convite para que o observador adentre na sala. Atrás dela se esconde a fonte de luz que inunda o ateliê, vinda da esquerda para a direita.

Parte de uma mesa é vista entre a cadeira e a modelo. Sobre ela, tecidos drapeados caem em forma de cascata, banhados pela luz que entra no ambiente, vinda de uma parte isolada à esquerda. Uma máscara de gesso encontra-se sobre a mesa, provavelmente simbolizando que a pintura é uma arte de imitação. Atrás do cavalete vê-se uma segunda cadeira semelhante à primeira. A suntuosa cortina, à esquerda, posicionada em primeiro plano, tem o seu próprio reflexo proeminente.

O piso, composto por ladrilhos de mármore branco e preto, em diagonal, direcionam o olhar do observador de um lado para o outro. No teto, as vigas formam um desenho horizontal em harmonia com as barras do mapa. Um vistoso candelabro dourado que traz a águia de duas cabeças dos Habsburgos, pende do teto, acima da cabeça do pintor. O candelabro não possui velas, talvez seja essa uma referência à diminuição do poder da família real espanhola.

Tudo chama a atenção nesta maravilhosa e complexa pintura, mas é impossível deixar de observar os pontos extremamente brilhantes que o artista em seu perfeccionismo transforma em contas de luz que mais se parecem com pérolas vistas de longe. Podemos observá-los, sobretudo, na cortina, nos tachões das duas cadeiras e no candelabro.

Nesta tela em que o artista mudou o eixo da composição bem para a direita fica mais uma vez patente a pormenorizada observação da luz e a precisão no uso da cor por parte de Vermeer que retrata um pintor  (possivelmente ele) e sua modelo, num ateliê. Segundo algumas fontes, o pintor, visto na composição, poderia ser um autorretrato de Vermeer e a modelo sua própria filha. Porém, tudo não passa de conjecturas.

Este quadro, também identificado como Retrato de Vermeer em um Aposento com Diversos Acessórios, passou por uma longa história. Depois de passar por vários donos, acabou nas mãos de uma família austríaca. Tempos depois caiu em mãos do ditador nazista Adolf Hitler que com ele ornou seus aposentos particulares em Berchtesgaden em 1942, voltando depois ao museu em 1945. Ainda bem que não o destruiu.

Ficha técnica
Ano: c. 1665/1668
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 120 x 100 cm
Localização: Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Arte em detalhes/ Publifolha
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.essentialvermeer.com/cat_about/art.html#.

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Del Piombo – A MORTE DE ADÔNIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada A Morte de Adônis é uma obra do pintor italiano Sebastiano del Piombo, também conhecido como Veneziano.

Vênus, a deusa da beleza e do amor, acompanhada de seu filho Cupido, deus do amor, e de seu séquito, lamenta a morte do jovem Adônis, seu amante.

Segundo o mito, a deusa, após ferir-se com a seta de seu filho Cupido, avistou o encantador Adônis e quedou-se de amores por ele, tomada por uma paixão tão incontrolável  que essa lhe tirara o gosto por outros prazeres. A deusa chegou ao ponto de deixar o Monte Olimpo – morada dos deuses – para viver com seu amado.

Adônis era muito moço e, portanto, cheio da impetuosidade comum aos jovens. Ainda que fosse advertido pela deusa quanto ao perigo de lidar com os leões e os javalis, esse não levou a sério o ensinamento. E acabou morrendo após ser atacado por um javali, quando Vênus encontrava-se longe, incapaz de protegê-lo.

Ao chegar ao local, onde encontrava o corpo de Adônis envolto no próprio sangue, a deusa, para consolar-se de sua imensa dor, transformou o sangue do amado numa flor parecida com a romã, conhecida por anêmona ou flor-do-vento.

Ficha técnica
Ano: c. 1513
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 189 x 295 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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Van Gogh – OS COMEDORES DE BATATA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quis dedicar-me conscientemente a expressar a ideia de que essa gente que, sob essa luz, come suas batatas com as mãos, também trabalhou a terra. Meu quadro exalta o trabalho manual e o alimento que eles mesmos ganharam tão honestamente. Por isso, não desejo que ninguém o considere belo nem bom. (Van Gogh)

Por favor, peço que me envie o que você encontrar de figura nos meus desenhos antigos; eu pretendo refazer o quadro dos camponeses na mesa, com efeito à luz de lâmpada. Aquela tela deve agora ser preta, talvez eu consiga refazê-la de memória. (Carta de Van Gogh a seu irmão Theo)

Rostos ásperos e lisos, de cabeça baixa e lábios grossos, não afilados, mas cheios e semelhantes aos das pinturas de Millet. (Van Gogh)

O que eu penso sobre o meu próprio trabalho é que a pintura dos camponeses comendo batatas, que eu fiz em Nuenen, é afinal a melhor coisa que fiz. (Van Gogh em carta à irmã Guillemina)

A composição denominada Os Comedores de Batata é uma obra-prima do pintor holandês Vincent van Gogh, feita sob influência do realismo do pintor Millet. Ela se encontra entre as 50 mais famosas pinturas do mundo. O pintor fecha com ela a sua primeira fase, conhecida como sua fase holandesa de pintura.

Antes de concluir sua famosa tela, Van Gogh pintou cerca de 50 rostos de camponeses, como se fizesse rascunhos para chegar a essa maravilhosa pintura, portadora de grande intensidade dramática. O artista repassa para o observador a penúria em que vivem os camponeses, assim como a melancolia e a desesperança que carregam. Comprometido com a vida dos pobres, esta obra é um manifesto contra as desigualdades sociais, fato que muito machucava o pintor.

Van Gogh gostava de retratar as pessoas do campo, as mulheres em seus afazeres diários e a natureza. Não lhe agradava a sociedade burguesa e o seu pedantismo. O artista devotava uma grande paixão aos camponeses e trabalhadores, principalmente pelos valores morais e religiosos que carregavam. Amava-lhes a nobreza da simplicidade, mesmo diante da vida difícil que levavam. E achava que o mundo rural em que viviam, era menos corrupto do que o da cidade. Preferia a essência de tal realidade para pintar seus quadros. Tanto é que uma de suas obras-primas é a tela intitulada Os Comedores de Batata, onde expõe com destreza e alma uma complexa composição de figuras. Nela, ele domina com maestria os tons escuros.

Os Comedores de Batata é uma pequena tela em que se encontram retratados cinco camponeses em torno de uma mesa tosca de madeira, de formato quadrad. São quatro mulheres e um homem. Eles fazem uma frugal refeição, fruto da pobreza em que vivem. Vê-se que o local é extremamente simples, alumiado por uma fraca luz de lampião, centrada no meio do grupo, clareando os personagens. As figuras estão vestidas com roupas austeras, levando a supor que se encontram no inverno. Um velho relógio de corda marca as horas na parede à esquerda. O pintor retrata o grupo da forma mais real possível, com seus traços grosseiros, mãos maltratadas e certa desesperança no rosto. Os tons escuros são realçados pela luminosidade do lampião.

A camponesa à direita serve quatro canecas de café de cevada e malte, enquanto a mulher à sua direita, com a sua caneca na mão, aguarda sua vez. No canto inferior direito da tela está outra chaleira, provavelmente sobre o fogão, do qual se vê apenas uma pequena parte. As batatas quentes levantando fumaça são servidas numa mesma vasilha para todo o grupo.

Na obra de Van Gogh chamam a atenção:
• as vigas à mostra iluminadas pelo lampião;
• as duas janelas ao fundo com formatos diferentes e a porta à esquerda;
• a coluna à direita que divide parte do ambiente;
• a moldura e um relógio de corda pendurados na parede;
• os vasilhames pendurados acima da mulher à direita;
• a grande vasilha com batatas ainda quentes e as mãos ossudas das figuras;
• as cadeiras rústicas.

Embora a composição Os Comedores de Batata não tenha sido um sucesso em sua época, nem mesmo chegando a ser exibida no Salão, conforme pedido do artista, atualmente é tida como uma das obras-primas de Van Gogh, colocada no mais alto patamar pela comunidade artística, sendo vista tal e qual o pintor queria que fosse.

Ficha técnica
Ano: 1885
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 82 x 114 cm
Localização: Amsterdã, Holanda

Fontes de pesquisa
Van Gogh/ Coleção Folha
Van Gogh/ Girassol
http://www.vangoghgallery.com/painting/potatoindex.html
http://www.vggallery.com/visitors/004.htm

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Rubens – A QUERMESSE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada A Quermesse, também conhecida como A Feira da Aldeia ou Dança dos Camponeses, é tida como uma das mais belas pinturas de paisagem do artista barroco Peter Paul Rubens, o mais importante de todos os pintores flamengos do século XVII. Nela ele segue os passos de Pieter Bruegel, o Velho, ao apresentar uma pintura com aldeões, numa cena tradicionalmente flamenca.

Na pintura Rubens apresenta uma festa numa aldeia, ao ar livre, com mais de 70 figuras em cores brilhantes, mas com pouca definição em relação aos traços fisionômicos. As figuras estão divididas em grupos, sendo retratadas diversas situações. A movimentação e a alegria dos camponeses mostram a animação que ali reina. Embora haja muitos personagens e encontrem-se em grupos, o pintor conseguiu uma grande unidade em sua obra.

Os acontecimentos narrados são típicos da vida daquela gente simples: casais abraçados, mães amamentando seus filhos, homens com jarras e copos nas mãos, uma velha virando um copo de cerveja na boca de um homem, grupos rodopiando freneticamente ao som da música ou simplesmente conversando, pessoas deitadas, músicos tocando (debaixo da árvore), alguns se acariciando, um homem assentado sobre um barril e caído sobre uma mesa, etc.

A festa desenvolve-se em frente a uma grande casa, pintada em tons de terra, circundada por grandes árvores, onde pessoas jovens e velhas divertem-se. Chamam a atenção, sobretudo, as saias rodadas das mulheres que se avolumam, aumentando a sensação de movimento rápido. À direita, na parte inferior, estão os tachos e vasilhames, onde foi colocada a comida. Um cão procura por restos, enquanto patos e uma galinha fazem o mesmo.

Rubens, além de ter feito trabalhos em conjunto com Pieter Bruegel, o Velho, também foi influenciado pelo artista, como prova o quadro descrito, sendo, sem dúvida alguma, um grande herdeiro de seu estilo. Nesta paisagem o pintor coloca o homem como elemento principal da paisagem e não como elemento secundário.

Embora este tipo de composição trouxesse um pretexto para denunciar os vícios, Rubens não faz uso de tal prerrogativa. Ele tinha por objetivo harmonizar formas e cores, ao retratar a divertida festa na aldeia, cujo motivo não se sabe ao certo. Tanto pode ser a comemoração de um casamento como o término de uma colheita, uma vez que feixes de trigo são vistos em primeiro plano à esquerda. A animação contrasta com a quietude da paisagem.

Com sua técnica apurada, rápida e de cores brilhantes, Rubens serviu de inspiração para muitos pintores franceses, inclusive para o famoso pintor Watteau em suas pinturas denominadas “fêtes galantes”.

Ficha técnica
Ano: 1635
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 149 x 261 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/village-fete
Rubens/ Taschen

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David – O RAPTO DAS SABINAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Rapto das Sabinas, obra do pintor francês Jacques-Louis David, mostra o momento em que as mulheres Sabinas estão sendo raptadas pelos soldados romanos, numa praça da cidade, o que gera um grande tumulto, sendo visível o horror nelas estampado. Este mito faz parte da história da fundação de Roma.

A batalha é travada entre Rômulo, à direita, empunhando uma lança, conforme mostra o emblema do escudo, e Tácio, líder dos Sabinos, à esquerda, que empunha uma espada, ambos encontram-se nus. Entre eles, em primeiro plano, está Hersília, a filha de Tácio, vestida de branco. Ela se coloca entre eles, com os braços abertos, na tentativa de paralisar o conflito.

Atrás do trio, a batalha é feroz, com as mulheres sabinas lutando valentemente contra os soldados romanos. Uma mãe mostra seu filho, como a pedir paz, em nome dele. Outras se encontram agachadas, tentando proteger suas crianças. Uma mulher, segurando uma criança, agarra a perna esquerda de Tácio, possivelmente sua esposa. Na parte esquerda da composição, vê-se o esplêndio templo que Rômulo, fundador de Roma, segundo a mitologia, dedicou ao deus Júpiter, o deus dos deuses.

Segundo a lenda, o local onde Roma estava sendo fundada reunia pessoas dos mais diferentes tipos. Dentre essas existiam apátridas e criminosos. Havia muitos homens no lugar, mas as mulheres eram escassas. Foi então que Rômulo, o fundador da cidade, prometeu arranjar mais algumas. Para consegui-las, ele usou um estratagema: fez com que se espalhasse o boato de que havia encontrado um altar subterrâneo de um novo deus. A seguir, organizou uma grandiosa cerimônia sacrificial. Dentre os convidados estava o povo vizinho, os Sabinos. Durante a festa ardilosa, as filhas dos Sabinos foram raptadas. Foi permitido que os demais voltassem para o lugar de onde vieram, excetuando suas filhas. Ainda, segundo a lenda, o sinal para o ataque seria dado por Rômulo. Ele se levantaria, abriria seu manto e o atiraria sobre seus ombros.

David usou esta composição, cujo tema pertence à antiguidade clássica, no intuito de expressar a necessidade de uma reconciliação entre os diferentes grupos civis envolvidos na Revolução Francesa.

“De fato faz mais sentido que o nome da obra seja “A intervenção das mulheres Sabinas”, porque na ocasião do rapto, os sabinos foram pegos de surpresa, portanto não estavam armados. Eles prepararam-se por dois anos para atacar os romanos e entraram em Roma por um portão, com auxílio de uma sabina traidora de Roma. Durante a batalha as mulheres sabinas, que haviam se afeiçoado aos seus raptores, pois agora eram mães e esposas suas, intervieram levantando as crianças em seus braços, suplicando pelo fim da batalha. As crianças representam a paz entre os dois exércitos, pois eram netos de sabinos e filhos de romanos. A obra é fantástica!” (Carolina Dutti, leitora deste espaço)

Ficha técnica
Ano: 1799
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 385 x 522 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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