OS TELHADOS VERMELHOS (Aula nº 88 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

 Uma bela pintura, uma pequena casa escondida na floresta que nos impressionou com seu toque forte e simples. (Crítica à época)

 Não defina muito de perto os contornos das coisas; é a pincelada de valor correto e cor que deve produzir o desenho. (Camille Pissarro)

O pintor francês Jacob Abraham Camille Pissarro (1830–1903) desde pequeno mostrava a sua inclinação pela pintura. Em Paris encantou-se com as telas de Camille Corot e tornou-se amigo de Paul Cézanne, Claude Monet, Charles-François, dentre outros artistas impressionistas. Teve quase todos os seus quadros destruídos por ocasião da guerra franco-prussiana, quando se mudou para a Inglaterra. Ao retornar a Paris, passou a pintar na companhia de Cézanne, influenciando-se mutuamente. Foi um dos fundadores do Impressionismo e um dos mais importantes artistas responsáveis pela coesão do grupo. Tornou-se famoso por ter sido o primeiro impressionista a trabalhar com a técnica da divisão de cores, obtida através do uso de manchas de cor isoladas. Também trabalhou com os neoimpressionistas, como Georges Seurat e Paul Signac, e fez uso do pontilhismo. São características de sua obra uma paleta de cores cálidas e a firmeza com que captava a atmosfera, através de um trabalho definido de luz. Foi professor de Paul Gauguin e de Lucien Pissaro, sendo esse último seu filho.

A composição Os Telhados Vermelhos é uma obra-prima de Camille Pissarro que a pintou enquanto trabalhava ao lado de seu grande amigo Paul Cézanne, ambos usando o mesmo tema. A paisagem refere-se a um canto de uma aldeia com efeito de inverno. Um pequeno conjunto de edificações agrícolas com suas grandes chaminés e janelas azuis aparece por entre as árvores desfolhadas de um pomar que parecem formar uma teia. Para divisá-las é necessário passar primeiro pelas árvores com seus troncos e galhos retorcidos em primeiro plano.  As árvores ao fundo possuem os troncos verticais.

O artista fez esta composição ao ar livre, sem fazer uso de um esboço ou desenho, apenas fazendo o acabamento de memória em seu estúdio. As cores marrom e laranja avermelhado que colorem as superfícies dos telhados, esparramam-se por diversos pontos da tela. Elas estão nos campos e nas plantas vistas em primeiro plano, assim como ao fundo. Neste trabalho ele deixa evidente o seu senso de construção, com a forma sendo desenvolvida aos poucos. Ele sobrepõe camadas de cor de modo a criar uma densidade madura e um tom rico.

Para pintar “A Cote des Boeufs”, encosta também chamado “Côte de St. Denis”, o artista posicionou-se acima da colina e à esquerda.

Ficha técnica
Ano: 1877
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 54,5 x 65,5 cm
Localização: Museu de Orsay, França, Paris

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.musee-orsay.fr/en/collections/works-in-focus/painting/commentaire_id/red-roofs-.
http://www.camillepissarro.org/the-red-roofs-a-corner-of-a-village-winter-effect.jsp

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O BAMBAMBÃ DO PEDAÇO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

bambã

 Zeca de Sá Quelé achava-se o bambambã da cidade desde o dia em que as moças do lugar resolveram elegê-lo o rapaz mais garboso do pedaço. Tomando o título como um passaporte para os embelecos amorosos, Zeca transformou-se literalmente num “pegador”, um machão. O fraco do moço eram as garotas de fora, às quais chamava de “sangue novo”. Não dava bolas para as conterrâneas que morriam de amores pelo mancebo que se achava a última bolacha do pacote. Desprezava todas.

Foi numa festa para comemorar a inauguração de uma agência bancária que Zeca enrabichou-se pela visitante Samantha com “th”, como ela deixava bem claro, com seus cabelos dourados despencando-lhe pelas costas, os lábios carnudos breados de carmim e um longo pescoço, sempre cingido por um exótico xale de seda vermelha. Os dois dançaram, bem grudadinhos, a noite inteira, trocando beijos e amassos.

A cidadezinha de Zeca no que perdia em tamanho ganhava em língua, de modo que mal o dia amanhecera, espalhando o cheiro de café coado pelo ar, o nome do moçoilo já andava de boca em boca, ou melhor, de porta em porta, pois de acordo com o costume local as pessoas ficavam nas calçadas de manhã e à tardinha, perto das portas, mexericando sobre o que sabiam e o que supunham ser verdade. O assunto que rolava de ponta a ponta do lugar era que Zeca estava de namoro com um travesti.

Dois dias depois, com a certeza de que fora enganado pelo “sangue novo”, e não mais aguentando as alfinetadas das línguas ferinas e o desprezo das donzelas, até então relegadas ao segundo plano, o bambambã caliente, fazendo-se de morto, pegou o ônibus para São Paulo, com a desculpa de que fora convidado para ser modelo. Dizem as más línguas que há mais de oito anos não volta à cidade natal.

A expressão “bambambã” veio do quimbundo (língua da família banta, falada em Angola pelos ambundos). Significa exímio, bom no que faz. A repetição da palavra (bamba, bamba) acabou transformando em bambambã. “Lá em casa todo mundo é bamba, todo mundo bebe, todo mundo samba…“.

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CAPO DI NOLI (Aula nº 88 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                 (Clique na imagem para ampliá-la.)

Libertemo-nos! Nosso objetivo deve ser o de criar harmonias belas. (Paul Signac)

O pintor neoimpressionista francês Paul Signac (1863–1935) era filho único de um comerciante. Teve grande importância na criação da técnica de pintura denominada Pontilhismo. Junto ao seu amigo Georges Seurat, a quem ensinou tal técnica, fundou a Sociedade dos Artistas Independentes. Eles são tidos como os dois grandes nomes do chamado Movimento do Divisionismo, também conhecido como Pontilhismo ou Neoimpressionismo e ainda Pintura dos Pontos. Gostava de pintar principalmente paisagens. Exerceu influência sobre o Fauvismo e o Cubismo. O artista era um autodidata. Aprendeu sobre o Impressionismo apenas observando suas obras.

O Pontilhismo (do francês pointillisme) é uma técnica de desenho e pintura, na qual o artista usa pequenas manchas e pontos para formar as imagens. É um estudo científico da cor e da divisão sistemática do tom, antes praticado instintivamente pelos artistas impressionistas. Parte do princípio de que a linha não tem nenhuma razão para existir, como forma de delimitação da natureza retratada. Os artistas que utilizavam esta técnica davam maior importância ao uso “matemático” das cores, dispostas na obra em justaposição e não através de mesclagens. Ao contrário das técnicas clássicas de pintura, o artista, ao optar pelo Pontilhismo, não faz a mistura das cores primárias para criar novas tonalidades e tampouco o uso de linhas para formar os traços dos desenhos.

A composição intitulada Capo di Noli (nome de uma cidade italiana próxima de Gênova) é uma obra harmoniosa do artista, na qual ele obtém uma extrema policromia ao usar cores intensas e luminosas, fazendo uso de pinceladas horizontais e verticais. Enquanto os penhascos, à esquerda, e a vegetação, à direita, recebem pinceladas verticais, o caminho e o mar tranquilo são criados com pinceladas horizontais. Também existem pequenas manchas (céu próximo ao horizonte) e pinceladas diagonais que se cruzam (próximo ao primeiro plano). Este tipo de aplicação da cor pura foi responsável por influenciar os pintores do início do século XX – fauves na França e expressionistas na Alemanha.

A pintura representa uma região mediterrânea com rochedos brancos e vermelhos à esquerda, árvores verdejantes à direita, um horizonte violeta claro ao fundo, céu e mar azuis e sombras com pingos dourados pela luz do sol. Duas figuras humanas, um homem e uma mulher, estão presentes na cena. Nove barcos a vela estão ancorados no mar. Ramalhetes de folhas e flores estão embutidos nos rochedos brancos.

Nesta paisagem o que importa ao artista é a textura de cor, diferentemente dos impressionistas que buscavam a impressão de uma cena natural. O arranjo de toques de cores, como se elas formassem um mosaico, quando olhado à distância cria na retina do observador a visão de uma paisagem ensolarada e atemporal.

Ficha técnica
Ano: 1898
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 91,5 x 73 cm
Localização: Wallraf-Richartz-Museum, Fundação Corboud, Alemanha

Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://www.wallraf.museum/en/collections/19th-century/masterpieces/paul-signac-
https://es.wikipedia.org/wiki/Capo_di_Noli,_cerca_de_Génova

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O APRENDIZ DE FEITICEIRO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A expressão aprendiz de feiticeiro refere-se a uma pessoa que desencadeia forças e depois se vê incapaz de controlá-las, ou seja, não dá conta do recado. Tal expressão nasceu de uma fábula do escritor alemão Goethe, uma das mais brilhantes figuras da literatura alemã e do Romantismo francês, que conta o seguinte:

O mestre em feitiçaria ensinou a um novo aluno algumas palavras cabalísticas secretas, mas o pupilo, sem a presença do professor, resolveu testá-las por conta própria, de modo que ordenou a um cabo de vassoura que fosse ao rio buscar um balde de água para ele tomar um banho. E prontamente foi obedecido, só que não conseguia fazer parar o cabo de vassoura que parecia estar com todo o gás. Ele ia ao rio e voltava trazendo água. Se fosse gente poderia ser dito que estava com fogo no rabo ou com o diabo no corpo. Gente ou não o fato é que o cabo de vassoura parecia fora de si.

O aluno curioso passou a ficar desesperado, sem saber que medida tomar para conter tanta água. Então, partiu o cabo de vassoura ao meio, pensando quebrar as pernas do eficiente operário, mas o tiro acabou saindo pela culatra. Em vez de um cabo de vassoura, agora eram dois a  trazerem-lhe água. Desesperado, o aluno começou a cortar os cabos, pensando estar a cortar-lhes as pernas. Quanto mais os dividia em pedaços, mais os ajudantes multiplicavam-se. O aprendiz já estava se afogando debaixo daquele mundaréu de água, quando foi salvo pelo gongo com a chegada do feiticeiro que botou um fim naquela bizarra situação.

Na vida real existem muitos aprendizes de feiticeiro que não entendem de determinados assuntos, mas botam o nariz em tudo, na maioria das vezes sem serem chamados. E acabam dando com os burros n’água, pois não é mais possível voltar atrás.

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SALVO PELO GONGO

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Autoria de Lu Dias Carvalhotina1

Conta-se que antigamente na Europa, por causa do pouco espaço para enterrar os mortos, abriam-se os caixões e retiravam os ossos que eram depositados em ossuários, ficando o túmulo para o próximo defunto, fato que também vem acontecendo nos dias de hoje em razão do aumento da população e da escassez de espaço para os cemitérios, contudo não há o perigo que rondava as pessoas naqueles tempos.

Naquela época, a medicina nem mesmo engatinhava, talvez balbuciasse, o que levava ao túmulo muitos vivos com catalepsia, mas tido como mortos. De modo que, ao se abrir o caixão para a retirada dos ossos, a tampa encontrava-se toda arranhada pelo lado de dentro, o que indicava que aquela pobre vítima fora enterrada viva e que tentara se livrar inutilmente dos obstáculos que a impediam de voltar ao mundo dos vivos. E para matar no ninho o problema, uma atitude foi tomada. Nasceu a ideia de socorrer os mortos/vivos, pois ninguém queria carregar nas costas o peso de enterrar alguém vivinho da silva. E a coisa estava ficando feia com o aumento das vítimas.

Uma ideia foi posta em prática. Ao se fechar o caixão, uma tira de pano ou uma corda era amarrada ao pulso do falecido, passada através de um buraco feito no ataúde e atada a um sino que ficava do lado de fora da cova. Após o enterro uma pessoa ficava postada ao lado do túmulo, mantendo guarda durante dias de modo que, caso o suposto morto viesse a acordar, os gestos agoniados de seu braço badalariam o sino e ele seria retirado do local. Não é de se estranhar que a vítima caísse dura no chão, ao ver o buraco em que literalmente se metera, sem a sua vontade. Quando acontecia de alguém tocar o sino, dizia-se que foi “Saved by bell”, o que na tradução para o português ficou como “Salvo pelo gongo”.

Ainda bem que nos dias de hoje ser “Salvo pelo gongo” não mais alude a tal fato, mas a ser tirado de uma enrascada em que se estava prestes a cair. Mas posso imaginar que nos rincões que ainda carecem de médicos, tal situação ainda possa acontecer, pois não é fácil diagnosticar a catalepsia. Existe outra explicação para o surgimento da expressão “Salvo pelo gongo” que alguns acham ter nascido no século 17, em Londres, Inglaterra, quando um guarda do palácio de Windsor foi pego dormindo em serviço.  Ele se defendeu dizendo que até ouvira o sino da igreja bater 13 vezes durante a noite, sendo portanto, “save by the bell” (salvo pelo gongo). Escolha a que achar melhor.

 

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BIPOLARIDADE – SOU UMA MULHER BIPOLAR

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Autoria de Maria Amália Silva

Fui diagnosticada com bipolaridade aos 26 anos de idade, tenho agora 38. Sempre tive um comportamento incomum. A minha mãe correu vários médicos, psicólogos, terapeutas, mas nada que levasse a algum lado. Fui mãe a primeira vez aos 19 anos, fruto de um planejamento mal feito. Nunca quis ter filhos, mas o “grande amor” que vivia naquela altura queria por tudo ser pai. Eu nem me lembro de pensar nos riscos. Fui e concretizei o sonho dele. Que grande loucura, vi depois, quando me abandonou grávida de oito meses. Foi muito difícil, mesmo, mas tive a ajuda da família. Levei dois meses chorando, desejando morrer e pensando em como o faria, mas consegui me recuperar, mas não totalmente.

Dois anos depois, fui confrontada com o suicídio do meu pai. Sabendo o que sei hoje, concluo que também era bipolar, mas sem diagnóstico. Foi tão surreal! Peguei as rédeas da situação e tratei da família, de tudo. Nunca senti necessidade de fazer luto, acho que sempre o entendi. Fui tendo altos, baixo, mas nada que fosse alarmante. Era solteira, quase tudo era normal.

Quando tinha 26 anos, tive o meu primeiro surto de euforia. Sexualmente muito ativa, tudo era festa, não havia hora de comer e nunca tinha sono, nem precisava dormir. Dava conta de tudo. Do trabalho, da filha, das saídas. Sempre no mais alto de mim. O que me levou a procurar ajuda foi ter ficado paranoica por não dormir. Cheguei a estar nove dias sem uma hora de sono. Aí já tudo me irritava, já estava a ficar deprimida, zangada e com desinteresse por tudo. Tantas horas no vazio levava a minha mente a todo lado. Comecei em sofrimento. Sentia-me só e não via sentido na vida. Pensei muitas vezes em suicídio. Uma das vezes não conseguia dormir e tomei a caixa toda de sedativos. Fui encontrada pela minha irmã que me levou à urgência médica. Fui medicada. Finalmente consegui dormir e me levantar um pouco do buraco em que tinha entrado. A medicação foi longe demais e houve a elevação de humor novamente. Outro tratamento. Parecia agora equilibrada.

Quando conheci o meu ex-marido, estava a recuperar da minha primeira grande crise de euforia e medicada havia quatro meses. Ele não acreditava em desiquilíbrio da química da mente. Convenceu-me de que não precisava de medicação e eu deixei os remédios. Pareceu-me que ele estava certo e que estaria sempre ali para me ajudar, como foi acontecendo. Estivemos juntos ao todo quase 11 anos, oito de casados. Tive vários episódios, incluindo mais ou menos um ano em que estive em crise depressiva. Lembro-me de me deitar todos os dias a pensar que não queria acordar no dia seguinte, e ficava triste por acordar.

Alguns picos de elevação de humor, mas que serenaram sem grandes problemas envolvidos. Chegamos a estar um mês separados. Mas ele dizia que me amava e ia tomar conta de mim. Eu o amava e estava disposta a perder os medos e traumas e arriscar realizar o seu sonho de ser pai. Lutei vários anos com esse assunto, mas o meu amor por ele levou a melhor. Há quatro anos fiquei grávida, correu bem, mas nos últimos dois meses não consegui dormir. Eu culpava a barriga, o calor, o desconforto, tudo. Não podia mostrar que estava em pânico com o facto de ir passar novamente pela experiência de ser mãe, pois comprometi-me com este sonho.

Dediquei-me inteiramente às milhas filhas e marido. Nunca cuidei de mim, nem da minha saúde mental. Fiquei em casa a cuidar da mais nova. Eu vivia todos os dias em pânico, temendo que algo acontecesse, sempre assustada, sempre tomando conta de tudo. Comentava por vezes com o meu marido. Mas nunca foi dada importância. Ao fim de dois anos e meio eu estava completamente esgotada, deprimida, só chorava. Novamente a minha mente deu uma reviravolta. A euforia instalou-se. Afastei o meu marido, pedi a separação, fiz de tudo para ele se afastar. Mas nunca deixei de amar aquele homem. Não tenho muita noção de todos os acontecimentos. Quando caí em mim, pedi ajuda médica, estou medicada até agora. Com a medicação a funcionar fui ganhando noção de alguns acontecimentos. Sinto muita falta do meu marido, quero-o de volta, mas ele já tem outra pessoa neste momento.

Ainda tenho muitas questões na minha mente, gostaria de obter respostas, gostaria de voltar a tê-lo ou conseguir esquecê-lo, pois este assunto está a mexer muito comigo, a fazer-me sofrer muito. Não quero cair novamente. Quero arranjar explicação sem me vitimizar, mas não consigo entender que a culpa seja minha realmente, pois simplesmente desconectei da realidade e deixei de ter noção. O que não ajuda em nada para arrumar o assunto e seguir em frente, seja em que sentido for.

Ilustração: Noite de Verão, 1889, Edvard Munch

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