Arquivo da categoria: Estilos da Arte

A Arte possui vários estilos ou tendências, cada um com uma filosofia ou objetivo comum, seguido por um grupo de artistas durante um certo período de tempo. Eles são classificados separadamente pelos historiadores de arte para facilitar o entendimento.

A ARTE DO ROCOCÓ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O Rococó teve como origem a França, no século XVIII, onde surgiu como um estilo meramente decorativo e um desdobramento do Barroco. O termo é tido como uma combinação bem-humorada da palavra “rocaille” (palavra francesa que pode ser traduzida como “concha”) e “barroco”. Segundo alguns estudiosos do assunto, foi atribuído a um aluno do pintor Jacques-Louis David, logo após a Revolução Francesa, no intuito de zombar do rebuscamento do estilo burguês. Artistas da época achavam que tal estilo não passava de uma diminuição cômica do Barroco, objetivando apenas expressar sentimentos aprazíveis. Esse sentido pejorativo prosseguiu até metade do século XIX, perdendo toda a conotação negativa daí para a frente.

Dentre as principais características da arte do Rococó podem ser citadas: o nivelamento e a falta de tridimensionalidade na decoração; o excesso de elementos curvos de rocaille, enroscando-se em anéis assimétricos de curvatura oposta; desenhos assimétricos; e a representação da vida profana e da futilidade da aristocracia que buscava na arte apenas o prazer. Além disso, muitas de suas formas foram influenciadas pelas características arquitetônicas do Barroco francês, porém niveladas e de proporções menores, sem a monumentalidade desse.

O período de dominância do Rococó foi responsável pelo aparecimento de uma grande atividade no campo da decoração, com a predominância de objetos pequenos, feitos de prata ou de porcelana. É dessa fase o conhecido “estilo Luís XV”, datado de 1730 a 1760, visto em mobiliários e decorações durante o reinado do monarca que lhe deu tal nome. As cenas pastorais também se encontravam presentes. Nelas, as figuras aristocráticas cediam lugar a pastoras e pastores em jogos de sedução. Nos temas narrativos, os putti (anjos ou cupidos) reforçavam a história. Nas artes uma profusão de arabescos, motivos de conchas, linhas curvas e desenhos assimétricos davam destaque à decoração.

O Rococó foi de certa forma uma reação ao estilo Barroco. Dominou a arte europeia durante a maior parte do século XVIII, dando destaque à elegância, à futilidade e à beleza decorativa. Contudo, não se desenvolveu da mesma maneira nos países europeus, para onde foi levado por artistas expatriados e também através de gravuras. Na Inglaterra esteve mais ligado ao desenho mobiliário. No sul da Alemanha tornou-se um aperfeiçoamento do estilo Barroco e na Itália foi um avanço decorativo do Barroco italiano. A partir da década de 1770 foi, aos poucos, cedendo lugar ao Neoclassicismo.

Muitos temas encontrados na arte barroca estiveram presentes no Rococó, a exemplo de temas simbólicos e mitológicos, mas que não mais detinham um conteúdo de seriedade. Muitas das vezes não passavam de pretexto para as apresentações eróticas do nu feminino. A temática sobre o amor era, sem dúvida, a mais popularizada. O fête galante — tema que aludia a jovens casais ricos e elegantes, passeando alegremente por parques idílicos — teve em Jean-Antoine Watteau seu pioneiro, sendo a composição intitulada O Embarque para Citera, concluída em 1717, sua obra-prima.

O estilo Rococó teve grande influência sobre a arquitetura, a pintura e a decoração de interiores. Era ao mesmo tempo uma reação ao Barroco e um aprimoramento deste. A diferença fundamental estava na rejeição ao excesso de pompa e na grandiosidade apresentadas pelo estilo anterior. A arte do Rococó pecava, sobretudo, pela ausência de um conteúdo sério, uma vez que as obras carregavam um estilo excessivamente decorativo. Dentre os grandes nomes desta arte estão Jean-Antoine Watteau, François Boucher, Jean-Honoré Fragonard e Canaletto pintando cenas de Veneza. Na escultura, o estilo Rococó eliminou o vigor das linhas retorcidas do Barroco, tendo como principal nome o escultor francês Jean-Antoine Houdon.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Teste – A ARTE DO ROCOCÓ
Boucher – MULHER NUA
Watteau – O EMBARQUE PARA CITERA
Fragonard – O BALOIÇO
Canaletto – VISTA DE VENEZA NA…

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Caravaggio – A CONVERSÃO DE SÃO PAULO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571 – 1610) nasceu no calmo povoado de Caravaggio, próximo à cidade de Milão, e cujo nome acabou por incorporar-se a seu nome. Também existe a hipótese de que o pintor tenha nascido em Milão. Era filho de Fermo Meresi, arquiteto e decorador de Francisco Sforza, duque de Milão e marquês da pequena Caravaggio, e de Lucia Aratori. Aos cinco anos de idade vivia em Milão com seus pais, cidade ocupada pela Espanha. Além das tensões geradas pela ocupação estrangeira, a fome e a peste também se faziam presentes. Em razão da peste, a família do futuro pintor retornou ao povoado de Caravaggio, que também acabou sendo alcançado pela doença que ceifou a vida do pai, do avô e do tio do garoto. Lucia, a mãe, optou por permanecer ali com os filhos, distanciando-se do fanatismo religioso e da violência política que se espalhavam por Milão.

A composição intitulada a Conversão de são Paulo é uma obra do artista barroco. Foi criada quando ele se encontrava no ápice de sua carreira. Apresenta o momento dramático da conversão de Paulo ao cristianismo, ou seja, quando ele é derrubado do seu cavalo por uma luz divina, ao fazer uma viagem a Damasco. Esta pintura foi encomendada por Tibério Cezari, tesoureiro do papa Clemente VII, para ornar a capela da Igreja de Santa Maria del Popolo, em Roma, onde permanece até os dias de hoje.

Esta obra, a exemplo de outras do artista, despertou polêmica quando apresentada. Os críticos do trabalho alegaram que o realismo do tema pareceu grosseiro e inadequado para o fim a que se destinava. Sabiam, no entanto, que Caravaggio tinha predileção pelo suspense e por um alto grau de realismo em sua pintura, condizendo com a dramaticidade da arte barroca, o que o levou a exercer influência sobre a obra de muitos artistas, sobretudo pelo uso dramático da iluminação.

Na obra em evidência, Caravaggio faz uso do claro-escuro (tradução literal da palavra italiana chiaroscuro) o que reforça os volumes e as formas que ganham destaque com o emprego da luz e da sombra. O uso denso da luz também é responsável por adicionar solidez à composição, o que ajuda na compreensão da temática.

Em sua obra Caravaggio não se atém ao elemento divino, mas ao humano, como comprova o cavalariço, mostrando-se mais preocupado com o cavalo assustado do que com os gestos grandiosos de Paulo, ante sua conversão sobrenatural, ou seja, não chama a sua atenção para a luz que derruba o cavaleiro.

O cavalo, de costas para o observador, ocupa a maior parte da tela. A luz divinal incide sobre a parte de seu corpo, o que ajuda a definir seus contornos. A posição do casco de sua pata direita suspenso no ar, como se fosse descer sobre o corpo de Paulo, amplia ainda mais a dramaticidade da cena ao causar suspense no observador. O artista usou a iluminação nesta parte para reforçar a dramaticidade. Além de parte do corpo do animal, também se encontra iluminado o aperto nas rédeas, ocasionado pela mão firme do cavalariço, a fim de evitar um acontecimento nefasto.

São Paulo, figura central da obra, situado em primeiro plano, deitado no chão com os braços estendidos para cima, mostra grande perplexidade com o que está lhe acontecendo. Segundo as escrituras, Cristo aparece na sua frente, quando ele é cegado por uma luz intensa — momento em que se dá a sua conversão. Contudo, o artista demonstra o caráter divino de tal passagem bíblica através dos olhos cegos e fechados do santo, assim como por seu gesto expressivo em meio a uma luz dourada.

São Paulo usa um manto vermelho e sobre ela está sua espada, ambos representando a sua vida até então como soldado romano, carrasco dos cristãos. O manto estendido no chão também leva ao Jesus bebê, e a pose desprotegida de Paulo, com os braços levantados, enfatiza também a ideia de seu renascimento espiritual.

Ficha técnica
Ano:  1600/1601
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 2,30 m x 1,75 m
Localização: Capela de Santa Maria del Popolo, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte / Editora Sextante
A história da arte / E.H. Gombrich

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Teste –  A ARTE DO BARROCO

(Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

Quatro estilos de arte surgiram na Idade Moderna: Renascimento, Maneirismo, Barroco e Rococó. O estilo denominado Barroco surgiu entre o início do século XVII e o XVIII. Uma de suas características era o interesse pela Antiguidade clássica, tornando-se, assim, uma continuidade do Renascimento. Embora o termo “barroco” (palavra portuguesa que significa pérola imperfeita) já estivesse em uso desde a Idade Média, significando um raciocínio equivocado que confundia o falso com o verdadeiro, nas artes ele teve um objetivo diferente, sendo usado para criticar os excessos de um estilo visto como a degeneração dos princípios clássicos.

  1. São características do estilo Barroco, exceto:

    1. Predominância das emoções sobre a razão.
    2. Intenso contraste entre luz e sombra.
    3. Uso de efeitos ilusórios de profundidade.
    4. Total desinteresse pela Antiguidade clássica.

  2. A __________, embora se encontrasse politicamente enfraquecida, continuava sendo a maior potência cultural na Europa.

    1. Itália
    2. Alemanha
    3. França
    4. Espanha

  3. O Barroco chegou ao continente americano levado:

    1. pelos pintores e escultores portugueses.
    2. por D. João VI e sua numerosa corte.
    3. pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
    4. pelas Cruzadas vindas de Portugal.

  4. Todas as alternativas relativas à arquitetura barroca estão corretas, exceto:

    1. Substituição da verticalidade praticada na Idade Média.
    2. Busca de efeitos teatrais causados por combinações de luz e sombra.
    3. Contrastes entre o cheio e o vazio e entre formas côncavas e convexas.
    4. Uso de proporções geométricas.

  5. Um dos grandes nomes da pintura barroca, responsável por adotar em suas obras grande dramaticidade com fortes contrastes de luz e sombra foi:

    1. Plabo Picasso.
    2. Caravaggio.
    3. Rafael Sanzio.
    4. El Greco.

  6. A escultura barroca repassa:

    1. grande sobriedade.
    2. racionalidade nas formas.
    3. um sentimento de paz.
    4. intensa dramaticidade.

  7. O Barroco foi trazido ao Brasil por missionários e tinha por objetivo:

    1. Enriquecer a Academia Brasileira de Artes.
    2. Doutrinar os devotos da fé cristã.
    3. Criar decoração para o palácio da família real portuguesa.
    4. Dar maior credibilidade à arte brasileira.

  8. O Barroco em sua versão brasileira tem como destaque o escultor e arquiteto mineiro Antônio Francisco Lisboa, cujo apelido era:

    1. Mestre Chico.
    2. Mão de Ouro.
    3. Aleijadinho.
    4. Tiradentes.

  9. A vasta obra do artista da pergunta anterior encontra-se nas cidades mineiras de:

    1. Congonhas, Ouro Preto, São João Del Rei e Sabará.
    2. Ouro Preto, São João Del Rei, Sabará, Congonhas e Diamantina.
    3. Diamantina, Ouro Preto, Tiradentes, Congonhas e Mariana.
    4. Sabará, Ouro Preto, Diamantina, Congonhas e São João Del Rei.

  10. O nome do complexo arquitetônico e paisagístico, obra de Aleijadinho, patrimônio nacional, tombado em 1939 e considerado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1985 é:

    1. Complexo Nossa Senhora do Brasil.
    2. Complexo de Bom Jesus de Matosinhos.
    3. Complexo de São Judas Tadeu.
    4. Complexo de São José dos Campos.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO BARROCO
Caravaggio – A CONVERSÃO DE SÃO PAULO
Rubens – A DEPOSIÇÃO
Vermeer – MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA

Gabarito
1d  / 2a / 3c / 4a / 5b / 6d / 7b / 8c / 9a / 10b

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A ARTE DO BARROCO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O estilo Barroco surgiu entre o começo do século XVII e o meio do século XVIII e, assim como o Renascimento, mostrava interesse pela Antiguidade clássica. Nascido em Roma, na Itália, espalhou-se por toda a Europa, principalmente pelos países católicos, tendo fortes laços com a Contrarreforma religiosa (resistência da Igreja Católica à disseminação da Reforma Protestante).

O termo “barroco” — palavra portuguesa que significa pérola imperfeita — era usado desde a Idade Média, com uma intenção ofensiva, ao referir-se a um raciocínio ilógico que confundia o falso com o verdadeiro, mas ao transferir-se para as artes, passou a ser usado para criticar os excessos de um estilo visto como uma degeneração dos princípios clássicos. Assim fizeram os classicista do século XVIII, ao mostrar seu desprezo ou o desafio das regras clássicas pelos pintores do século XVII, principalmente os escultores e arquitetos com suas obras excêntricas e extravagantes. Contudo, no século XIX, os estudiosos da arte alemães passaram a fazer um uso imparcial do termo “barroco” para descrever a arte do século XVII.

Os papas e os cardeais do século XVII foram os grandes mecenas de uma arte que objetivava expressar fervor religioso. Em razão disso, a glória do martírio, as visões e êxtases dos santos tornaram-se temas dominantes, principalmente na pintura e na escultura (ver ilustração acima: O Êxtase de Santa Tereza, 1652, escultura de Bernini). Essa intensa gama de emoções foi mostrada com todos os recursos de uma linguagem retórica de gestos e expressões. A Igreja Católica criou diretrizes para os artistas, impulsionando-os a criar obras realistas, capazes de tocar o sentimento das pessoas. No que diz respeito ao mundo secular, os monarcas, imbuídos da doutrina do direito divino dos reis, também abraçaram o novo estilo.

Ao deixar para trás a arte renascentista, os artistas barrocos passaram a mostrar o brilho mais radiante das cores, a usar uma pincelada mais livre e expressiva, criando mais riqueza de contrastes, texturas e a fazer um intenso uso de luzes e sombras. Além da temática religiosa, os retratos ganharam espaço nessa época, assim como a paisagem. Os temas alegóricos e mitológicos foram os mais buscados pelos mecenas mais sofisticados e a pintura de gênero ganhou vida, principalmente na Holanda.

O objetivo da escultura barroca era elevar os pensamentos dos fieis à glória do céu, como mostra o interior de uma igreja barroca com suas inúmeras esculturas, pinturas decorativas, o uso do dourado, do estuque e dos mármores de cores vistosas. O trabalho dos artistas barrocos era o de apelar pelas emoções do observador, o de convencê-lo em relação à fé. Por isso, as cenas eram representadas de maneira a capturar o momento mais importante da ação dramática que se destacava em razão de contrastes chamativos de luzes e sombras, o que tornava o efeito de uma obra barroca imediato e extasiante.

Os artistas barrocos criaram ousados efeitos assimétricos e movimentos diagonais. Na arquitetura barroca formas e espaços são organizados com maior força, tendendo a fluir e a fundir-se. Além disso, há a combinação de três artes — pintura, escultura e arquitetura — produzindo um efeito único, o que pode ser visto nas igrejas erguidas com tal estilo.

Embora o Barroco tenha se oposto ao Maneirismo do final do século XVI — quando os artistas preocupavam-se mais com o virtuosismo de que com os sentimentos — dele conservou certos elementos, como a intensa emoção e o senso de movimento, mesclando-os com mais dinamismo.

A arte barroca em sua forma mais pura apresentou-se apenas nos países católicos, principalmente na decoração das igrejas. Os principais países católicos em que este estilo floresceu foram: Itália, Espanha e as Flandres (que hoje são mais ou menos a atual Bélgica). Entre os países protestantes a Holanda e a Inglaterra tiveram um papel de destaque neste estilo, principalmente na pintura.

Roma foi a cidade italiana mais ligada ao Barroco, tendo se transformado num centro de produção e debate artísticos. Para lá convergiam artistas de toda a Europa, com a finalidade de estudar as antiguidades clássicas e a arte da Alta Renascença. Michelangelo Meresi da Caravaggio e Annibale Carraci — dois mestres italianos — foram os grandes responsáveis pelo início do período barraco. O mais influente pintor flamengo foi Peter Paul Rubens. O escultor, arquiteto, decorador, pintor e desenhista Gian Lorenzo Bernini foi um dos nomes de destaque da escultura barroca.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Caravaggio – A CONVERSÃO DE SÃO PAULO
Rubens – A DEPOSIÇÃO
Vermeer – MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA
Teste – A ARTE BARROCA>

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Pontormo – A DEPOSIÇÃO DA CRUZ

Autoria de Lu Dias Carvalho

 O pintor italiano Jacopo Carucci (1494 – 1556) nasceu na cidade de Pontormo, na Toscana, apelido que viria a dotar em sua arte. Teve como mestre Leonardo da Vinci e Piero di Cosimo, vindo depois a entrar para o ateliê de Andrea del Sarto, tendo desenvolvido um estilo maneirista distinto. Em 1522 foi morar no monastério da Ordem dos Cartuchos, onde pintou uma série de afrescos, cujo tema era a Paixão e a Ressurreição de Jesus Cristo. Foi professor de seu filho adotivo Agnolo Bronzino e também colaborador de Michelangelo. Suas últimas obras receberam a influência das gravuras de Albrecht Dürer, por quem nutria grande admiração e seguiu o modelo de Michelangelo. Assim como Rosso Florentino, Pontormo tornou-se o expoente máximo do Maneirismo, com seus trabalhos dramáticos e expressivos.

A obra intitulada A Deposição da Cruz, também conhecida como A Lamentação, tida como uma obra prima de Pontormo e um dos melhores trabalho do estilo maneirista, levando em conta que se afasta audaciosamente das regras da Renascença, foi criada como um dramático altar-mor para a capela Barbadori, de Filippo Bruneleschi, em Florença.

Embora o artista tenha usado um tema cristão comum à arte, sua interpretação foge à regra, tamanha é a dramaticidade nela presente. Mesmo se tratando da deposição da cruz, essa não se encontra presente na obra. Cristo também está ligeiramente afastado do centro da composição. Não há preocupação por parte do artista para representar o espaço tridimensional e a escala tradicional. A imagem é plana e os copos apresentam-se torcidos.

A virgem Maria está desfalecendo e seu braço direito parece buscar apoio em alguém para que não caia. Em volta dela os personagens parecem flutuar, convergindo para o centro da composição, criando efeito espiral que leva o olhar do observador no sentido anti-horário em torno da densa massa de corpos, até alcançar o corpo sem vida de Jesus Cristo.

O artista usou cores fortes, sendo um dos motivos a falta de luz na capela. A cena é cheia de emoção, o que é típico das obras maneiristas. A natureza está presente nas bordas da pintura e em razão do rosa e do azul vibrante da roupagem das figuras, ela parece desbotada.

O corpo retorcido e seminu de Cristo ganhou um tratamento escultural. A Virgem foi apresentada numa escala maior em relação às demais figuras da composição. Sua expressão está marcada por um intenso sofrimento, atingido profundamente o observador que se comove com uma mãe que perdeu seu filho amado.

A mulher à direita, de frente para a Virgem, com suas vestes de cores fortes, atrai o olhar do observador para o seu corpo em movimento, com o objetivo de oferecer apoio à mãe de Jesus. As cores vibrantes de sua vestimenta contribuem para a beleza decorativa da obra e reflete os tons da pele do apóstolo agachado que sustenta parte do corpo de Cristo, equilibrando-se nas pontas dos pés. seu olhar de súplica é direcionado ao observador, como se o convidasse a participar da intensa dor vivida pelo grupo.

Ficha técnica
Ano:  1525 a 1528
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 3,13m x 1,92m
Localização: Capela Barbadoni, Florença, Itália.

 Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte / Editora Sextante
A história da arte / E.H. Gombrich

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A ARTE DO MANEIRISMO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Segundo afirma o professor E.H. Gombrich em seu livro A História da Arte, “Por volta de 1520 todos os amantes da arte nas cidades italianas pareciam concordar em que a pintura tinha atingido o ápice da perfeição. Homens como Michelangelo e Rafael, Ticiano e Leonardo tinham feito tudo o que gerações anteriores haviam tentado fazer. […] e — conforme se dizia — tinham até superado as mais célebres estátuas da antiguidade grega e romana”.

Alguns artistas, acreditando em tal afirmativa, passaram apenas a imitar o trabalho desses mestres do Renascimento, ocasionando muitas vezes resultados ridiculamente cômicos. Foi por isso que muitos críticos, entendendo que os jovens pintores erravam ao imitar tais artistas, passaram a chamar essa fase das artes de “período maneirista”. Outros, no entanto, não aceitaram a hipótese de que a arte tivesse chegado ao seu limite. E, assim, nasceu uma pintura cheia de significado, o que muitas vezes tornava-a obscura, a não ser para os mais eruditos.

O termo “maneirismo” passou a descrever todo esse período em razão de suas características estilísticas. George Vasari, pintor, escritor e arquiteto italiano, foi o primeiro a usar a palavra italiana “maniera” (maneira, estilo) em relação às obras de seus conterrâneos, entretanto a palavra “maneirismo” passou a ser usada como um termo depreciativo pelos críticos posteriores que consideravam tal estilo apenas como uma transição afetada entre o Renascimento e o Barroco. No século XX o termo “maneirismo” passou a ser usado de um modo neutro, embora às opiniões continuem divergindo quanto à definição do estilo e o seu período exato.

As raízes do Maneirismo estão fincadas na Itália, tendo ali se desenvolvido entre os anos de 1520 a 1610. A cidade de Florença foi o seu berço. Alguns historiadores da arte veem o novo estilo como uma reação ao excesso de harmonia clássica, enquanto outros enxergam-no como uma evolução. Mas de modo geral as definições deste estilo dizem respeito à distorção ou ao excesso de refinamento dos ideais da última fase do Renascimento. Quer alguns o achem um estilo refinado e emocional ou afetado e decadente, não se pode negar o alto grau de tensão e dramaticidade que alcançou, tanto no uso de figuras alongadas em poses exageradas, como por suas cores e luzes fortes, acompanhadas da distorção de escala e perspectiva.

O Maneirismo foi espalhado pela Europa em todo o século XVI através de italianos expatriados e de artistas estrangeiros que estudaram na Itália. Chegou a tornar-se o “estilo oficial” de muitas cortes, ornamentando palácios e mansões da aristocracia. Este estilo chegou ao fim, segundo alguns estudiosos do assunto, com o surgimento dos irmãos Carraci e Caravaggio por volta de 1600. As gravuras foram outra fonte da disseminação maneirista.

A pintura maneirista introduz vários pontos de vista numa mesma obra, exibindo um cenário de irrealidade. Existem muitos elementos em torno da figura principal que já não fica mais centralizada. O drama é intensificado. As figuras são alongadas e os músculos sem contornos. Os rostos são melancólicos e as vestes detalhadamente trabalhadas. Uma luz forte é jogada sobre os objetos, produzindo sombras com a finalidade de elevar a dramaticidade. Tal estilo alcançou um alto patamar tanto na intensidade emocional de Jacopo Pontormo como na sensualidade elegante de Agnolo Bronzino — dois grandes nomes da pintura maneirista.

A escultura maneirista tem como principal característica a figura serpentinata (modelo emprestado dos gregos que acreditavam que a forma sinuosa era o meio indicado para expressar movimento). Benvenuto Cellini, Giambologna e Parmegianino são três grandes mestres do campo escultural. A arquitetura passou por modificações nos padrões clássicos: alterações nos ritmos estruturais, na funcionalidade de elementos, na ilusão de perspectiva e na lógica aristotélica. Andrea Palladio é um dos mestres desse período.

Fora da Itália podem ser citadas as cortes de Fontainbleua, na França e Praga, na Boêmia, como os mais importantes cenários do Maneirismo. Alguns críticos do passado chegaram a avaliar o estilo distorcido e o ritmo fluido de El Greco (Doménikos Thotokópoulos) — arquiteto, escultor e pintor grego que desenvolveu sua carreira na Espanha — como sinais de insanidade, mas é impossível desconhecer o fervor espiritual que brota de suas obras.

Dentre as características do Maneirismo está o alongamento intencional dos corpos e das proporções, cujo grau varia de um artista para outro. Esse movimento com ideias centrais uniu um grupo de artistas. Giuseppe Arcimboldo foi um artista maneirista da corte dos Habsburgo, sendo posteriormente uma inspiração para o movimento Surrealista, ao criar retratos simbólicos de seres humanos, usando a disposição criativa de frutas e legumes, levando as excentricidades do Maneirismo a um novo patamar. Em suma, o estilo maneirista não primava por ser coerente e único, mas por ser uma maneira de vivenciar o próprio estilo como sendo uma entidade diferenciada e pessoal.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Teste – A ARTE DO MANEIRISMO
Parmigianino – VIRGEM DO PESCOÇO LONGO
Pontormo – A DEPOSIÇÃO DA CRUZ

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
Arte/ Publifolha

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