Arquivo da categoria: História da Arte

O mundo da arte é incomum e fascinante. Pode-se viajar através dele em todas as épocas da história da humanidade — desde o alvorecer dos povos pré-históricos até os nossos dias —, pois a arte é incessante.

NOVO ESTILO – CUBISMO III (Aula nº 97)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Uso da Colagem

A colagem, na medida em que reforçava sua relação com o Cubismo, passou a influenciar o método de todos os artistas do grupo, encantados com um meio que se exprimia com base num processo de corte, colagem e dobradura do objeto. O sucesso entre eles foi tamanho que chegaram a pintar quadros que imitavam colagens. E como era de se esperar, o Cubismo Sintético ofereceu uma visão mais decorativa da arte, tornando-se mais popular junto aos críticos e ao público. Teve seu apogeu com Henri Matisse, chegando até os movimentos posteriores do século XX, principalmente à Pop Art. A pintura cubista, a partir de c. 1912/1913, já trazia muita influência da colagem.

O mais interessante na colagem é que não se tratava de símbolos, pois o elemento usado representava a si mesmo (jornais, caixas de fósforos, cartões de visitas, etc.). E, de acordo com o desejo dos cubistas, trazia a arte para mais próximo da realidade. O artista Juan Gris no seu quadro intitulado “O Lavatório” (1912), fez uso de um pedaço de espelho. Tanto Picasso quanto Gris fizeram colagens humorísticas e inventivas em suas primeiras obras usando tal técnica.

O uso de materiais cada vez mais fortes fez com que a influência da colagem se espalhasse em obras tridimensionais, permitindo que o Cubismo se tornasse uma escultura que se abre. Vazios e sólidos passaram a ter o mesmo valor artístico. Artistas como Jacques Lipchitz e o escultor russo Alexander Archipenko que fez a primeira escultura “com um furo” (Mulher Andando), liderados por Picasso, tomaram o mesmo caminho. Na arte pictórica pode-se dizer que a colagem só foi assumida como meio de expressão por Pablo Picasso, Georges Braque e Juan Cris, pelo menos na maior parte. Ainda assim, Picasso e Braque, que tinham trabalhado muito anos juntos, com a invenção da colagem, deixaram as diferentes personalidades reaparecerem.

Os combates bélicos (Primeira e Segunda Guerra Mundiais e a Guerra Civil Espanhola) afetaram profundamente o Cubismo. Os artistas, aterrorizados com os horrores vistos e ouvidos, começaram a transformar suas obras, principalmente Fernand Léger e Georges Braque, modificando totalmente seu estilo após 1918. Pablo Picasso e Georges Braque acabaram se separando, uma vez que o segundo foi servir no front (1915), onde foi seriamente ferido e, ao retomar à pintura mais tarde, não mais adotou as formas geométricas, preferindo pincelada suaves e livres.

O fato é que “As Senhoritas de Avignon” (Les Demoiselles d’Avignon), obra de Pablo Picasso, foi responsável tanto pelo Cubismo quanto por toda a arte moderna. Ao fracionar uma imagem, o Cubismo contribuiu para o aparecimento do Orfismo, do Raionismo e do Futurismo. E ao botar a geometria em primeiro plano, serviu de apoio para a arte Supremista e Construtivista. Com o uso da colagem, o Cubismo antecedeu o Dadaísmo, o Surrealismo e a Pop Art. Com o uso de superfícies planas preparou o caminho para o Expressionismo Abstrato, estilos que veremos à frente.

Ilustração: Natureza-morta com Xadrez (1915), Juan Gris, o artista agrega a técnica da colagem.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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NOVO ESTILO – CUBISMO II (Aula nº 96)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Fases do Cubismo

Os pintores cubistas foram além da teoria de Cézanne — teoria essa que retratava as formas da natureza como geométricas —, ao representar num mesmo plano aos lados de um objeto, de modo que suas faces ficassem de frente para o observador. O uso de um objeto tridimensional no mesmo plano dava-se através do uso de linhas retas e formas geométricas, sem nenhuma preocupação com a aparência da realidade. Os artistas cubistas, portanto, abriram mão da perspectiva, fizeram a geometrização das formas e passaram a usar cores neutras (branco, preto, cinza e tons de castanho e ocre, etc.).

O movimento cubista pode ser dividido em duas fases: o Cubismo Analítico (1909) e o Cubismo Sintético (1911) que se diferem em razão das seguintes características:

Cubismo Analítico — retrata o período inicial do movimento, sendo visto como um Cubismo mais sofisticado, bem mais próximo das técnicas pictóricas tradicionais. Fazia a decomposição dos elementos que compunham uma obra, com o objetivo de mostrar a visão total de todos os ângulos e lados, numa ordem de planos sucessivos e sobrepostos, ficando a figura menos identificável. As passagens criadas necessitavam ser reconhecidas pelo observador, exigindo que ele se tornasse um participante efetivo. Para Juan Gris o que Cubismo Analítico fazia era partir de um detalhe (um motivo visto) até chegar a uma generalização (a pintura).

Cubismo Sintético — buscou tornar a figura mais reconhecível e adicionou elementos como o vidro, pedaços de madeira, metais, letras, números e objetos, a fim de que a composição, além de tornar-se mais visual, provocasse sensações táteis. Desaprovava alguns dos princípios do Cubismo Analítico. Levava em conta a realidade da imagem que passou a fazer parte do mundo real. Para Juan Gris o que Cubismo Sintético fazia era partir da generalidade da superfície e dos materiais usados pelo artista, até chegar a uma imagem especial e única criada por ele.

As pinturas cubistas analíticas mostravam imagens frias e achatadas, mas a partir de 1911 pequenas mudanças estavam sendo introduzidas na arte cubista, como mostra a composição “Ma Joli” de Pablo Picasso que era o título e também o refrão de uma canção popular francesa. Ao adicionar tais palavras à sua composição, o artista, fazia, ao mesmo tempo, uma dedicatória à sua amante Marcelle e personalizava e humanizava a imagem pouco reconhecível de uma mulher tocando violão. Por sua vez, o cubista Juan Gris mostrava-se menos rebuscado e mais tradicional, com o objetivo de tornar sua obra mais reconhecível e calorosa como pode ser visto em “Retrato de Picasso”.

Na fase do Cubismo Sintético muitas texturas passaram a ser exploradas, dando maior ênfase ao uso de uma combinação ou “síntese” de diferentes estilos numa única obra. Essa fase teve início em 1912 e perdurou por toda a década de 1920, tendo dela participado artistas como Robert Delaunay, Francis Picabia, Jean Metzinger, Fernando Léger e Marcel Duchamp.

Os pintores cubistas estavam cientes de que era preciso tornar sua parte mais compreensível para o público. O pintor Fernand Léger, por exemplo, ao criar uma série de pequenas pinturas bem delineadas em cores primárias — um pouco distante das obras de Picasso e Braque —, repassou ao Cubismo um ânimo diferente e uma nova estética no mundo da arte pictórica, ao romper com as regras de perspectiva, escorço, textura e o uso do chiaroscuro, elevando o Cubismo a um mundo modernista, guiado pela tecnologia. Da série “disco” de Léger, a mais notável é conhecida como “A Saída do Ballets Russes”, ilustração acima, em que ele fez uso de uma paleta alegre de amarelos, vermelhos e azuis, além do preto.

As mudanças cromáticas de Fernando Léger, agregadas ao desenvolvimento da colagem por Picasso e Braque, contribuíram para impelir as mudanças e apressar a visão da crítica e do público em relação ao Cubismo que entra na segunda fase sintética. Nessa fase os artistas preocupavam-se menos com o método de observação e mais com o processo de estruturação e planejamento da obra. A cor ganha um papel mais forte e as formas — ainda fragmentadas e planas — tornam-se maiores e mais decorativas. Materiais como fragmentos de jornais e pedaços de tecidos são muitas vezes adicionados à tela, representando de antemão a colagem.

O Cubismo que se iniciou com as artes plásticas, acabou se espalhando por outras manifestações artísticas, como a Poesia e a Literatura. Quanto à existência de tal movimento no Brasil, aqui não existiram pintores tidos como cubistas, sendo o Cubismo apenas objeto de estudo, no entanto, diversos artistas modernistas viram-se por ele influenciados.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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NOVO ESTILO – CUBISMO I (Aula nº 95)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Início do Cubismo

No início do século XX diversos pintores europeus não mais se atinham a criar a ilusão de profundidade e volume em seus trabalhos. Buscavam novas alternativas que alterassem a tradição ocidental. A arte africana, por exemplo, não levava em conta as ideias ocidentais referentes ao naturalismo e à beleza.  Foi o Cubismo, ao trabalhar com representações de objetos e espaço, o grande responsável por romper com as convenções até ali existentes. Em seu começo tal movimento era tanto intelectual e conceitual, assim como voltado para a análise visual.

O Cubismo surgiu em Paris nas primeiras duas décadas do século XX, sob a liderança dos pintores Pablo Picasso e Georges Braque, sendo que o último teve inicialmente aversão por tal estilo, como deixou explícito em 1907, ao conhecer a pintura “As Senhoritas de Avignon” (Les Demoiselles d’Avignon), composição que ilustra este texto, juntamente com os pintores André Derain, Henri Matisse e o crítico de arte Guillaume Apollinaire. Os quatro amigos desprezaram a pintura de Picasso.

Pablo Picasso e Georges Braque eram grandes admiradores da obra pós-impressionista do pintor francês Paul Cézanne, principalmente no que dizia respeito à sua abordagem plana e abstrata. Cézanne, ao contemplar a natureza, via nela formas geométricas básicas, tais como: esfera, cone e cilindro. E numa exposição póstuma de sua obra, apresentada no Salão de Outono em 1907, encontraram o incentivo para o movimento cubista.

Assim como Cézanne, o mestre pós-impressionista, os participantes do Cubismo reafirmavam que a arte não era uma cópia da natureza, mas, sim, um paralelo dela. A arte africana foi outra influência de destaque para o novo estilo, como fica claro nos rostos semelhantes a máscaras da composição acima. Também buscaram na arte africana uma paleta de tons e cores naturais terrosos que se tornaram predominantes nas obras iniciais do Cubismo.

Picasso e Braque, pelo fato de abraçarem juntos o movimento cubista, tornaram-se os líderes. Entre os anos de 1907 e 1912 ambos compuseram os primeiros quadros cubistas, tidos hoje como analíticos — período em que faziam experiências tanto com a câmera como através do olho, buscando compreender como era possível apreender uma imagem, mas também a maneira como a mente processava-a.

Para um melhor entendimento, Picasso e Braque “decompuseram” intelectualmente as estruturas, a fim de analisá-las e posteriormente recriá-las. Ao pintar de forma tonal, fazendo uso do cinza, preto, azul, verde e ocre, os dois pintores compuseram imagens severas, mostrando visões complicadas e múltiplas de um objeto limitado a planos sobrepostos, opacos e transparentes. O resultado eram imagens achatadas, tendo suas formas naturais restritas a figuras geométricas, principalmente cilindros, esferas e cones. A princípio eles se concentraram na natureza-morta e na figura, buscando seus temas na vida parisiense.

Braque, ao passar o verão de 1908 em L’Estaque, sul da França, criou uma série de paisagens com edifícios em estilo cubista analítico. Ao ver tais pinturas, o marchand Daniel-Henri Kahnweiler, surpreso com sua originalidade, aceitou promover seu trabalho e o de Picasso. Nesse mesmo ano organizou uma exposição em sua própria galeria. Ali se encontrava a obra intitulada “Casa L’Estaque” de Braque que foi avaliada negativamente pelo crítico de arte Louis Vauxcelles que usou o nome de “cubismo” na revista Gil Blas. No seu artigo ele criticava o artista por compor quadros, reduzindo tudo a “contornos geométricos e cubos”.

Os dois amigos foram aos poucos reduzindo sua escala cromática, passando de uma variedade básica do verde ao marrom, até atingir quase uma monocromia de cinzas vivos. O desenho, por sua vez, foi se transformando numa estrutura linear, frequentemente retilínea, enquanto a pintura era espalhada como uma camada protetora, indo de um extremo a outro da tela. A partir de 1911 Picasso e Braque experimentaram diversos modos de reforçar a realidade da superfície pictórica. O estilo monocromático e texturizado inicial do movimento cubista cedeu lugar a uma pintura plana, normalmente com cores vivas e com superfícies evidentes na obra de Pablo Picasso e Georges Braque.

Não se pode negar que o Cubismo estava muito além da sua época, o que levou a maioria dos críticos e do público a rejeitá-lo, ainda assim, muitos artistas em Paris adotaram-no, sendo Juan Gris — pintor francês de origem espanhola — um grande destaque nas últimas fases do Cubismo, a partir de 1912.

Os cubistas passaram a criar imagens de pessoas, lugares e objetos domésticos fazendo uso de uma série de planos ilusórios. Eles faziam uso, ao mesmo tempo, do achatamento medieval de campo e das ilusões renascentistas de volume, resultando na criação de um espaço raso, no qual podiam mesclar padrões de superfície e ambiguidades espaciais com objetos parados, vistos a partir de pontos de vista em movimento. Contudo, os chamados “Cubistas de Salão”, com suas obras menos complexas, estilisticamente falando, buscaram temas com muitas figuras, com o objetivo de atrair um público maior.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Kandinsky – IMPROVISAÇÃO III (Aula nº 94 F)

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Improvisação III é uma obra expressionista do artista russo Wassily Kandinsky (1866-1944) em que ele mostra grande liberdade no uso de cores intensas, contornos arrojados e sombras fortes. Suas inflamadas e amplas pinceladas diagonais, feitas de cores vivas, refletem a influência adquirida do Fauvismo. O cavaleiro em seu cavalo azul, sob a forma de São Jorge que derrotou o dragão, remete a uma figura de adoração dos ícones da Igreja Ortodoxa russa que teria influenciado o artista em sua infância.

As áreas de cor recebem contornos escuros, dando à pintura uma firmeza especial. É possível notar que à medida que o artista encaminha-se para a abstração, vai modificando a maneira de empregar o contorno, transformando-o num modo de desenhar formas abstratas dentro de uma área de cor.

As duas figuras verdes que se mostram conversando, à esquerda, continuam sendo um segredo do artista, mas elas, com certeza, dizem respeito a algumas particularidades do mundo dos homens, pois é comum encontrar em muitas das “Improvisações” de Kandinsky a separação entre o lado esquerdo e o direito da pintura, sendo que o primeiro remete ao mundo material e o segundo ao mundo espiritual.

Kandinsky em várias obras relativas à série “Improvisações” deixa o tema em segundo plano, a fim de que a cor alcance o ápice de seu potencial expressivo. Nesta obra ele apresenta um cavalo e um cavaleiro (figuras comuns à sua obra), sendo que o cavaleiro azul transforma-se num símbolo da procura do artista pelo renovamento espiritual, quer diga respeito à arte, quer diga respeito à sociedade.

Entre os anos de 1009 e 1914 Kandinsky criou 35 “Improvisações” numeradas e mais outras tantas que não receberam numeração. Para muitas delas ele criou desenhos e variações preparatórios. Assim, ele as definiu: “Especialmente inconscientes, na maior parte despertando de repente expressões de eventos de um caráter interior e, portanto, impressões da natureza interna”.

Para o pintor todas as cores traziam um significado espiritual, pois, a cor, assim como os sons da música, explicava ele, é o acesso para a alma. O vermelho, por exemplo, de acordo com a sua nuança, poderia remeter a uma chama ou a pensamentos de uma flauta e, quando escuro, aludia ao de um violoncelo.

Ficha técnica
Ano: 1909
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 94 cm x 130 cm
Localização: Museu Nacional de Arte Moderna, Centro Pompidou, Paris, França

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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O DESTINO DOS ANIMAIS (Aula nº 94 E)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Existe coisa mais misteriosa para um artista do que a ideia de como a natureza se espelha nos olhos dos animais? Como será que um cavalo, uma águia, uma corça, um cachorro veem o mundo? (Franz Marc)

 O pintor expressionista alemão Franz Marc (1880–1916) estudou teologia e filosofia, ingressando no mundo da arte em 1900, dedicando-se à pintura de paisagens tradicionais. Tornou-se conhecido por usar animais como tema de seus trabalhos e pelo uso incomum que fazia das cores primárias brilhantes. Justificava a sua predileção pelos temas animais sempre dizendo que a beleza e a espiritualidade desses lhe pareciam superiores às presentes nos seres humanos. 

Franz Marc foi apaixonado pela obra de Van Gogh e pelo trabalho dos impressionistas. Fez amizade com o pintor August Macke, quando passou a simplificar seu estilo e a usar a cor de um modo não naturalista. Conferia significado às cores que usava. Fez parte do grupo simbolista Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul). Influenciado pelo Futurismo de Robert Dalaunay assumiu o estilo abstrato nos últimos anos de sua vida.

A composição intitulada O Destino dos Animais é uma obra do artista, na qual ele apresenta os cavalos verdes. Observem com atenção. Uma égua está chorando, ao ver sua cria correndo aterrorizada em direção a uma árvore de tons sanguíneos caída, o que para ele era o símbolo do domínio material e da ruína ocasionada pelo homem. A égua e sua cria são verdes e adentram no quadro da esquerda para a direita.

Um desacompanhado cervo azul, com a parte inferior amarelada, ocupa a parte central da composição. Segundo a simbologia do artista, ele representa a gentileza. O cervo curva a cabeça ao receber o golpe que o abate, representado por um fino raio de luz alaranjada que vem em diagonal, da direita para a esquerda e atravessa a composição. A árvore tombada também atravessa em diagonal a composição, em sentido contrário ao do raio. As cores usadas dizem respeito a determinados atributos psicológicos:

  • azul – masculinidade, austeridade e intelecto;
  • amarelo – feminilidade e alegria;
  • vermelho – materialidade e dominação.

Ficha técnica
Ano: 1913
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 1,96 m x 2,66 m
Localização: Kunstmuseum, Basileia, Suíça

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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DUAS MULHERES NA RUA (Aula nº 94 D)

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor alemão Ernst Ludwig Kirchner (1880–1938) estudou arquitetura em Dresden e fez um curso de arte em Munique. Foi responsável por formar o grupo expressionista alemão Die Bücke com mais três colegas de faculdade, também amantes da pintura. Passou um tempo nos lagos Moritzburg para pintar nus em ambientes naturais. Em Berlim criou uma série de pinturas tidas como ponto de destaque do Expressionismo. À medida que envelhecia, seu estilo ia se tornando cada vez mais abstrato.

A composição intitulada Duas Mulheres na Rua é uma obra expressionista do pintor que executou uma série de pinturas, nas quais mostra cenas das ruas berlinenses, com a tensão característica da vida nas metrópoles.

Duas mulheres bem vestidas, com peles e chapéus de penas, de acordo com o estilo da época, são as figurais centrais da obra. Elas possuem tamanhos distintos. Trazem rostos de forma triangular, simplificados, lembrando máscaras (o artista era fã do primitivismo). As figuras apresentam certa distância do observador. O desenho anguloso e o sombreamento cruzado e forte repassam movimento à pintura.

As figuras ocupam praticamente toda a tela, dentro de uma perspectiva muito reduzida, sem que haja qualquer referência ao horizonte. Só é possível ao olhar do observador viajar através dos profundos decotes em V das duas mulheres ou de suas cabeças excessivamente ornamentadas.

O arco cor-de-rosa à direita tem por objetivo equilibrar a composição e remete aos suntuosos edifícios de Berlim. O pintor deixa sua marca de arquiteto ao criar as roupas das duas mulheres de uma forma escultural, remetendo à arquitetura. O artista em sua composição fez uso de cores ácidas e luminosas que ganham ênfase com seu desenho expressivo e com as pinceladas que ele deixa à vista. Sua paleta, muito comum à época, reduz-se aos tons de verde, amarelo, rosa e preto.

Ficha técnica
Ano: 1914
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 120,5 cm x 91 cm
Localização: Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, Düsseldorf, Alemanha

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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