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Textos sobre variados tipos de arte

Bassano – ENTRADA DOS ANIMAIS NA ARCA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Jacopo Bassano (c. 1517-1592), cujo nome verdadeiro era Giacomo da Ponte, nasceu numa família de pintores. Estudou com o pai, Francesco Bassano, o Velho, e também como Bonifazio Veronese em Veneza. Foi influenciado por Ticiano, Lorenzo Lotto, Tintoretto, pelos maneiristas, entre outros. Suas obras mostram uma luminosidade esplêndida, exatidão nos detalhes e elementos narrativos simples. No início de seus trabalhos sua pintura possuía um estilo mais popular, contudo, com o passar dos anos, ela foi evoluindo até encontrar uma síntese perfeita, próxima do colorido de alguns dos grandes mestres italianos, como Tintoretto e Veronese, com figuras vibrantes. O artista é tido como um dos mais representativos do final da Renascença veneziana, pioneiro nas pinturas paisagísticas venezianas.

A composição intitulada Entrada dos Animais na Arca de Noé é uma obra do artista. Apresenta a figura bíblica de Noé, responsável pela construção da Arca, segundo o Antigo Testamento (livro maior dos cristãos) a ordenar o desfile majestoso de animais que sobem a rampa, antes da chegada do dilúvio. A cena acontece no nascer do dia, momento antes de ter início o dilúvio.

Noé, figura mais importante da pintura, encontra-se de joelhos. Ele recebe os primeiros raios de sol da manhã que antecede o dilúvio. Encontra-se no centro da composição, barbudo e usando uma túnica vermelha. Está acompanhado de sete membros de sua família em meio aos mais diversos casais de animais.

A maioria dos animais caminha em direção à Arca, enquanto outros ainda descansam, esperando pacientemente a sua vez. Apesar do grande rebuliço da partida, não há sinal de desordem. Todos parecem tomados por grande paciência. O céu encontra-se repleto de aves das mais diferentes espécies que voam em direção à Arca, onde encontrarão o abrigo esperado, a fim de que suas espécies não sejam extintas. Outras tantas estão numa grande árvore, próxima à subida da rampa.

Todas as figuras humanas trazem a cabeça voltada para baixo, atentas aos seus afazeres para a partida, excetuando Noé que olha em direção à entrada dos animais na Arca. No meio da rampa encontra-se um casal de felinos – leão e leoa.

A Arca localiza-se na extremidade da tela e não na parte central. O artista mostra em seu trabalho apenas uma pequena parte dela. Somente são vistos seu flanco, uma grande rampa e uma porta que serve de entrada e onde se vê uma figura masculina responsável por receber os bichos.

O mais importante para Jacopo Bassano era mostrar os animais e não a arca. Sendo assim, não havia a necessidade de inseri-la por inteiro na composição, mas tão somente fazer uma leve menção a ela. Presume-se que, para criar os animais com tanta perfeição, o artista deva ter feito um estudo sobre eles antes, o que mostra o quanto era um excelente desenhista. Esta pintura é tida como uma das primeiras abordagens do artista em relação aos temas do Antigo Testamento que mais tarde seriam objeto de diferentes versões por sua oficina, onde trabalhavam seus filhos.

Ficha técnica
Ano: c. 1570
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 207 cm x 265 cm
Localização: Museu del Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
O livro da arte/ Martins Fontes
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Konemann

Church – AS CATARATAS DO NIAGARA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor estadunidense Frederic Edwin Church (1826-1900) foi aluno de Cole Catskill, sendo apontado como seu sucessor na escola americana de pintura paisagística. Suas paisagens possuem um grande formato e são detalhadas no tratamento da natureza, mostrando seu profundo conhecimento das ciências naturais. As muitas pinturas criadas em vários países que visitou mostram seu grande interesse pela botânica, geologia e fenômenos meteorológicos, mostrados de uma forma romântica, normalmente apresentando o amanhecer ou o findar do dia. Ele acreditava que não era preciso ir a Londres ou a Paris em busca de inspiração, bastava apenas pintar a natureza no estado em que fora criada antes do aparecimento do homem.

A composição intitulada As Cataratas do Niagara é uma obra-prima do artista. Em sua composição ele retrata as mundialmente conhecidas cataratas encontradas no território dos EUA. Ao examinar o quadro, o observador vê-se tomado pelo sentimento de poder sem limites exalado pela natureza, repassado principalmente pela vastidão da imagem paisagística. O artista conseguiu alcançar tal objetivo, ao usar um formato pictórico pouco comum em que a largura é quase o dobro da altura, e também pelo modo ousado com que mostrar a cachoeira em formato de ferradura, o que possibilita ao observador ver a imensa massa de água cair fragorosa à sua frente.

Ao fundo – de ponta a ponta do quadro – uma pequena faixa de terra, postada horizontalmente, reforça as vastas extensões da queda de água que se expõe diante do observador, contribuindo para aumentar a sensação de proximidade com a natureza. O ar de enigma presente na obra repassa a impressão de mistério, elevando o tema para o campo do simbólico.

Frederic Edwin Church, apesar de ter criado uma obra exuberante no que diz respeito ao tema, usa uma paleta de tons pálidos e delicados. Observe que o céu de tonalidade violácea funde-se com o arco-íris e com a névoa oriunda dos salpicos da água, espelhando-se nas trevas da água conturbada do primeiro plano.

A obra em estudo foi exposta pela primeira vez em 1857 em Nova York, angariando um grande sucesso para o autor, contribuindo para ampliar a fama da ainda jovem arte estadunidense na Europa que a partir daí ganhou uma notável atenção. O quadro foi exibido em Londres no mesmo ano, sendo que o jornal “The Times” elogiou o trabalho paisagístico do artista. Na França a pintura recebeu, 10 anos depois, uma medalha na Feira Mundial de Paris de 1867.

Ficha técnica
Ano: 1857
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 108 cm x 229,9 cm
Localização: The Corcoran Gallery of Art, Washington, EUA

Fonte de pesquisa
Obras-primas da pintura ocidental/ Taschen

Bazille – BANHISTAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Jean Fréderic Bazille (1841-1870) não contou com o incentivo de sua rica família inicialmente, pois essa queria que ele estudasse medicina.  Contudo, ele acabou ganhando a anuência de seus pais que passaram a apoiar sua carreira artística. Infelizmente o jovem pintor teve uma vida muito curta, sendo morto na guerra Franco-prussiana, antes mesmo de completar 30 anos de idade. Embora não houvesse tido tempo de ser representado nas exposições expressionistas, foi o responsável pela ideia de criar exposições independentes, sem ter que passar pelo processo rigoroso de um comitê extremamente conservador que rejeitava todas as obras que não rezassem na sua cartilha. Foi grande amigo de Monet e Renoir.

A composição intitulada Banhistas é uma obra do artista que mostra um dia quente de verão, o que leva oito jovens a buscar a água azulada e fresca de um lago. Dois jovens encontram-se dentro da água, enquanto os demais estão no relvado. Todos usam calção de banho, excetuando o rapaz de pé na margem e o outro debaixo da árvore, em segundo plano, ainda de calças compridas. Presume-se que o garoto dentro da água também esteja usando calção. Dois rapazes brincando de luta ocupam a parte central da tela. Na beirada do lago um deles está de pé, cismativo, recostado numa árvore e outro se encontra deitando, acompanhando a brincadeira dos amigos.

O relvado verde é composto por duas fileiras de árvores. Ao fundo um majestoso céu azul salpicado de nuvens brancas compõe a cena prazerosa e tranquila. É provável que o artista tenha se baseado numa experiência pessoal.  O tratamento que ele dá à luz e sombra e à cor já é um prenúncio para as técnicas impressionistas. Nota-se um preciso estudo do movimento na figura dos jovens em suas diferentes ações e atitudes.

Ficha técnica
Ano: 1869
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 158 cm x 159 cm
Localização: Fog Art Museu, Harvard University, Cambridge, Inglaterra

Fonte de pesquisa
Obras-primas da pintura ocidental/ Taschen

JAN STEEN  –  A FESTA DE BATIZADO

Autoria de Lu Dias Carvalho                                                             (Clique na imagem para ampliá-la)

O pintor Holandês Jan Steen (cerca de 1625-1679) era casado com Margaretha Van Goyen, filha do seu mestre em Haia, Jan Van Goyen. É visto como um dos mais importantes pintores do seu país do século XVII. Em sua extensa e variada obra encontram-se trabalhos narrativos e alegóricos, paisagens e retratos. Predominam sobretudo as pinturas de gênero. Ele gostava de reproduzir a vida do povo em pintura simples e alegres, a exemplo de Bruegel que gostava de retratar camponeses.

A composição intitulada A Festa de Batizado trata-se de uma pintura de gênero, obra do artista holandês em estudo, cujo tema já está expresso no título.

Numa grande sala reúne-se um grupo composto por quinze pessoas e um bebê. Todos se mostram alegres e ativos. Ali se encontram parentes e amigos do casal festivo. À esquerda vê-se um enorme vão para a cama, onde a mãe é vista deitada, tendo ao seu lado duas mulheres, uma delas de pé e a outra sentada numa cadeira de madeira, de costas para o observador.

Uma grande mesa ocupa o centro da sala em torno da qual se reúnem as pessoas. O pai, de pé, segura seu bebê enrolado num manto vermelho, como se esse fosse uma boneca de tão rígido que se mostra. Uma mulher, de costas para o observador, arrasta uma enorme cadeira de madeira para sentar-se. Duas outras preparam num imenso caldeirão algum tipo de alimento. No chão são vistos utensílios, dentre os quais estão uma bandeja com pão e um almofariz. Cascas de ovos espalham-se pelo chão e também o que parece ser um ovo inteiro.

A figura no primeiro plano (mulher de costas para o observador) usa roupas coloridas e alegres. Ao contrário das demais, não usa toucas ou panos na cabeça, mas um grande coque, deixando seus cabelos a descobertos, o que era incomum à época. Seu colete combina com o manto do bebê e o tecido da cadeira atraindo o olhar do observador. O berço do bebê é visto em primeiro plano, à esquerda.

Ficha técnica
Ano: 1664
Dimensão: 89, 9 cm x 108,6 cm
Técnica: Óleo sobre tela
Localização: Wallace Collection, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
História da Arte/ E. H. Gombrich

Girolamo Batoni – ENEIAS FUGINDO DE TROIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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 Pompeo Girolamo Batoni (1708-1787), pintor italiano do período do Rococó, teve grande prestígio em Roma, sendo dono de uma retratística muito apreciada principalmente pelos aristocratas ingleses. Quando iam à Roma, eles encomendavam retratos pomposos, representados em cenários cheios de antiguidades, ruínas e obras de arte, o que era próprio do estilo do adotado pelo pintor. Foi aprendiz de Sebastiano Conca e Francesco Imperiale.

A composição denominada Eneias Fugindo de Troia é uma obra do artista. Mostra Eneias — um valente guerreiro troiano protegido pelos deuses —, fugindo da cidade de Troia que se encontra em chamas. Leva às costas o seu pai Anquises, já bastante idoso, e tem o filho Lulo, ainda criança, agarrado às suas vestes. Atrás deles está sua mulher Creusa, correndo, a acompanhá-los. A cena é mostrada com o grupo já fora da cidade, tendo às costas suas muralhas e no céu os clarões das chamas provocadas pelo incêndio.

Creusa, com as vestes esvoaçando ao vento, mostra-se visivelmente amedrontada, enquanto segue o marido, o filho e o sogro. Seu rosto volta-se para a sua direita, como se observasse algo aterrador. Seu braço direito estendido repassa a impressão de que ela busca se agarrar ao esposo. A distância entre ela e o pequeno grupo já sugere a separação que haverá entre eles, quando Creusa se perderá pelo caminho.

Eneias era filho da deusa Afrodite e Anquises. Ele teria que fugir, conforme conselhos de sua mãe, para levar avante o nome de Troia, ainda que fosse em outras terras, contudo, para sua infelicidade, na fuga sua mulher perde-se dele.

Ficha técnica
Ano: c. 1750
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76,7 x 97 cm
Localização: Galleria Sabauda, Turim, Itália

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch

Barocci – ENEIAS FUGINDO DO INCÊNDIO DE TROIA

Autoria de Lu Dias Carvalhoenetroia

A composição denominada Eneias Fugindo do Incêndio de Troia é uma obra do pintor Federico Barocci que mostra Eneias — um valente guerreiro troiano, protegido pelos deuses — fugindo da cidade troiana e levando às costas o seu pai, Anquises, já bem idoso, tendo o filho Lulo segurando suas vestes, à direita. Atrás do grupo está sua mulher Creusa.

Eneias era filho da deusa Afrodite e Anquises. Ele teria que fugir, conforme conselhos de sua mãe, para levar avante o nome de Troia, ainda que fosse em outras terras. Contudo, na fuga, sua mulher perde-se dele.

O pintor mostra fogo espalhando-se e edifícios caindo, assim como o estreito e tumultuado local por onde passa o grupo, como forma de mostrar que a cidade está sendo destruída pelos gregos. A distância entre Creusa e Eneias é também indicativa da separação que acontecerá entre ambos. A cena é mostrada com o grupo ainda dentro da cidade.

Ficha técnica
Ano: 1598
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 179 x 253 cm
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch