Arquivo da categoria: Estilos da Arte

A Arte possui vários estilos ou tendências, cada um com uma filosofia ou objetivo comum, seguido por um grupo de artistas durante um certo período de tempo. Eles são classificados separadamente pelos historiadores de arte para facilitar o entendimento.

Giovanni Bellini – PIETÀ (III)

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Bellini (c.1430-1516) nasceu em Veneza numa família de artistas. Era também conhecido pelo apelido de Giambellino. Seu irmão mais velho, Gentile Bellini, era também pintor.  Teve o pai, o respeitado pintor Jacopo Bellini, responsável por levar o Renascimento a Veneza, como primeiro mestre, que se dedicou intensamente a transformar seus dois filhos em importantes pintores. Giovanni tornou-se depois aluno de Andrea Mantegna, seu cunhado, que influenciaria grandemente sua arte. O foco de seu trabalho foi Veneza, onde teve sua própria oficina, sendo nomeado pintor oficial da cidade. Teve como aluno Ticiano, Giorgione, Lorenzo Lotto, entre outros grandes nomes da pintura.

A composição piramidal intitulada Pietà é uma obra do artista Giovanni Bellini que muito prezava  esta temática. Neste trabalho, criado quando tinha 70 anos, ele enfrenta um grande desafio formal no sentido de conter o corpo adulto de Jesus no colo de sua mãe, sentada, de modo que a composição ficasse convincente. Ao postá-la no chão, com traços envelhecidos, o artista dá ênfase à sua humildade e também ao seu grande sofrimento. Ele concentra a cabeça da Virgem no centro da composição, na parte superior, enquanto na parte inferior a união do manto azul com o vestido roxo divide a parte inferior da tela.

Esta pintura tinha como objetivo a devoção pessoal e privada, relembrando a crueza da crucificação de Jesus, representada por marcas de sangue em suas mãos, pés e torso. Aqui o artista concentra toda intensidade da cena em Maria — a mãe sofredora. Ela se despede de seu filho morto, embalando-o em seu colo, momento antes de ser depositado no sepulcro.

A pintura possui proporções pequenas, mas, ainda assim, os personagens, totalmente solitários na imensa paisagem, parecem grandes. Eles se encontram em primeiro plano, separados por uma cerca viva com flores brancas do resto da paisagem que mostra ao fundo uma cidade murada e colinas que se levantam ao longe, como se delimitassem o divino do terreno.

O artista mostrou-se exímio ao criar a cerca viva atrás da Virgem. As plantas obedecem a uma simbologia específica pela relação que têm com a cura. O amaro dente-de-leão remete ao sofrimento ocasionado pela Paixão de Cristo; as flores brancas de morangueiro simbolizam as virtudes; as violetas a humildade; e os espinhos – vistos à esquerda da cabeça de Jesus – simbolizam a dor física e espiritual. A árvore com os ramos cortados à esquerda diz respeito à Árvore da Vida, cuja madeira serviu para fazer a cruz da crucificação. Mas nela ainda se vê um único galho com folhas, simbolizando a esperança. Nas pedras, situadas abaixo da árvore, está a assinatura do artista: “JOANNES BELLINVS”.

Ficha técnica
Ano:  c. 1505
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 65 cm x 90 cm
Localização: Galeria da Academia, Veneza, Itália

 Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte / Editora Sextante
A história da arte / E.H. Gombrich

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Piero della Francesca – POLÍPTICO DE SANTO ANTONIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Piero Della Francesca (c. 1416 – 1492) foi redescoberto no século 19 por artistas, historiadores, críticos e colecionadores, como aconteceu com Sandro Boticelli e Jan Vermeer, tornando-se hoje um dos artistas mais conhecidos e admirados do Renascimento italiano. O uso que fez da cor, da luz, da perspectiva e da precisão matemática, para obter clareza, calma e qualidade monumental continuam extasiando aqueles que têm acesso às suas obras, que impressionam pela serenidade, grandeza e exatidão matemática.

A composição intitulada Políptico de Santo Antonio é uma obra do artista. Foi encomendada pelas freiras franciscanas do Convento de Santo Antonio em Perúgia/Itália, levando mais de uma década para ficar pronta.

Na parte central da composição encontra-se a Virgem Maria e o seu Menino, tendo dois santos de cada lado. À esquerda estão São João Batista e Santo Antonio de Pádua, enquanto à direita posicionam-se São Francisco de Assis e Santa Isabel da Hungria, protetora dos franciscanos. Eles se encontram sobre um fundo dourado.

Na parte de baixo do retábulo são retratados episódios da vida dos santos. Na parte superior da obra está a cena da Anunciação. Entre a Virgem em pose rígida e o anjo vê-se um túnel de colunas coríntias. Esta parte da obra parece não casar muito bem com a parte central. Alguns estudiosos da arte acreditam que tenha sido adaptada à parte central por ordem do convento.

Na parte superior do políptico está a pomba da Anunciação, centrada numa auréola com raios de luz que convergem em direção à Virgem. As linhas de perspectiva no pórtico de colunas, logo abaixo, convergem em direção a uma parede distante no intuito de criar uma grande sensação de profundidade.

Ao receber o Arcanjo Gabriel com sua imagem sólida e tridimensional, a Virgem abaixa a cabeça e cruza os braços diante do peito, demonstrando sua submissão à vontade de Deus Pai. Ela traz na mão seu livro de orações, entreaberto, demarcando-o com o dedo. O arcanjo também traz os braços cruzados sobre o peito.

Na parte de baixo, onde são retratadas passagens da vida dos santos, São Francisco de joelhos mostra suas mãos chagadas. A imagem de Cristo crucificado é vista pairando na escuridão do céu. Santo Antonio de Pádua, situado na parte central, tem o contorno de sua cabeça raspada bem delineado, refletindo-se na sua auréola, o que mostra a habilidade do maravilhoso artista que foi Piero della Francesca.

Ficha técnica
Ano:  c. 1467/1469
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 3,38 m x 2,30 m
Localização: Galleria Nazionalle dell’Umbria, Perúgia/Itália

 Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte / Editora Sextante
A história da arte / E.H. Gombrich

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A ARTE DO RENASCIMENTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A queda do Império Romano fez com que a Itália se fragmentasse, perdesse sua unidade política e permanecesse, durante muitos séculos, numa situação confusa. Os historiadores posteriores denominaram tal período de Idade Média. Alguns estudiosos chegaram a classificá-lo como Idade das Trevas. Quanto à ideia de Renascimento, essa teve origem em Petrarca, poeta italiano do século XIV que dividiu a história em eras: a idade de ouro da Antiguidade Clássica, a Idade das Trevas (após a queda do Império Romano) e a Idade Moderna (época do renascer dos valores da Antiguidade clássica)

O estilo renascentista surgiu numa época efervescente em que aconteciam grandes transformações nos mais diferentes campos: religioso, político, social, econômico e cultural, período em que houve a derrocada do feudalismo e teve início o capitalismo. Nesse caldeirão de mudanças estava embutido o interesse em revisitar o ideal clássico, o que aconteceu primeiramente na Itália e posteriormente no norte da Europa, fazendo a transição entre o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

O humanismo nasceu desse caldeirão de transformações que aconteciam nos mais diversificados campos. A filosofia humanista, baseada nos conceitos clássicos, não aceitava o enfoque teológico que vigorava na Idade Média que rezava que o raciocínio intelectual só poderia ter um ponto de partida: o studia humanitatis (o estudo do homem e suas capacidades).

O termo “renascimento” é uma referência ao ressurgir do interesse pelas riquezas intelectuais e artísticas da Grécia e da Roma antigas. Houve uma busca pelas obras de autores clássicos (Platão, Aristóteles, Cícero e Homero), até então esquecidos, o que trouxe uma visão mais humanista que tinha como prioridade o homem e suas realizações. Mas isso não quer dizer que a religião tenha saído de foco, uma vez que a veneração e a simbologia cristãs continuavam em pauta, servindo de inspiração para os artistas da Renascença. Contudo, a nova abordagem ia de encontro aos ensinamentos da Igreja Medieval que não dava prioridade ao homem, sob a justificativa de que a humanidade não era capaz de alcançar qualquer coisa sem a ajuda de Deus.

Os artistas e intelectuais italianos voltaram-se para a arte e para as ideias da Antiguidade, pesquisando em mosteiros e bibliotecas estrangeiras, decifrando manuscritos em latim e grego.  Interessaram-se primeiramente pela literatura e depois pela escultura e arquitetura e a seguir pela música e ciência. À medida que revisitavam esse passado artístico, redescobriam a beleza do mundo clássico nas ruínas arquitetônicas, nas esculturas, nos antiquíssimos manuscritos da literatura grega e romana, criando um novo movimento cultural que viria a espalhar-se pela Europa que se desfazia de suas amarras medievais.  

A pintura e a escultura tornaram-se realistas ao retratar o mundo visível, ao contrário do que acontecia na arte medieval, quando a representação era simbólica e dizia respeito apenas ao reino celestial.  Em relação aos edifícios renascentistas houve a substituição da verticalidade do estilo gótico, visto na Idade Média, por um modelo baseado em uma escala mais humana. A escultura, que não mais se encontrava servil à arquitetura, presa em paredes,  procurava representar o homem de uma maneira mais realista, estudando seu corpo e caráter. Passou a ser colocada em pedestal, a fim de ser vista por todos os lados.

A pintura renascentista passou por cinco grandes transformações: 1- uso da perspectiva  segundo os princípios matemáticos e geométricos; 2 – uso do realismo que vê o homem como expressão de Deus, mas que merece destaque; 3 – a ilusão de volume conseguida pela introdução da técnica do claro/escuro; 4 – o uso de cores em tons esfumados; e 5 – o surgimento de estilos diferentes entre os artistas, valorizando o individualismo.

O retorno ao mundo clássico foi muito importante para a arte. A pintura, a escultura e a arquitetura sofreram transformações radicais. A arte devocional, que na Idade Média era plana e linear, tornou-se mais naturalista, com uma reflexão mais cuidadosa da forma humana e da natureza, havendo também o desenvolvimento de técnicas artísticas como a perspectiva.

A cidade italiana de Florença abraçou com intensidade o novo pensamento, vindo a tornar-se o berço do Renascimento. Recebeu várias contribuições de renomados artistas, como Brunelleschi e Michelangelo na arquitetura; Donatello na escultura; Massacio na pintura e o genial Leonardo da Vinci em diferentes segmentos. A viagem de Brunelleschi e Donatello, juntos, a Roma, no intuito de estudar as ruínas da cidade, inclusive fazendo escavações, foi importantíssima para o desenvolvimento da arte italiana, sobretudo para a arquitetura e a escultura.

Presume-se que Brunelleschi tenha sido o primeiro artista a demonstrar os princípios da perspectiva linear (técnica na qual o artista pode criar a impressão de profundidade tridimensional numa superfície plana). Ele foi também um dos primeiros mestres da Renascença a descobrir as leis da perspectiva de um único ponto de fuga, postas em prática por Masaccio. Em relação à geometria básica, acredita-se que o arquiteto, teórico de arte e humanista italiano Leon Battista Alberti seja o responsável por sua descoberta.

A Renascença — revolução cultural e intelectual que revolucionou o mundo das artes e que se passou na Europa entre os séculos XIV e XVI — começou na Itália e espalhou-se rapidamente pelos países do norte da Europa. Ao abraçar tal movimento, os artistas nórdicos deram mais importância a certos aspectos do novo movimento. Enquanto os italianos estavam mais ligados à cultura greco-romana, a Renascença nórdica inspirava-se na Reforma Protestante, nutrindo grande interesse pela representação da imagem humana e por retratar o mundo visual de forma realista.

Os artistas nórdicos foram os pioneiros na composição em três-quartos. Foram reconhecidos principalmente pela habilidade que detinham ao retratar detalhes microscópicos, texturas, metais, reflexo de luz, etc. Na Europa setentrional o Renascimento situa-se entre o fim do século XIV até o fim do século XVI. No início do século XVI, os artistas do norte da Europa criaram novos gêneros de pintura. Albrecht Aldorfer foi o primeiro a pintar paisagens a óleo sem figuras e nem narrativa. O pintor Hans Holbein com sua composição intitulada “Os Embaixadores” antecipa o gênero da natureza-morta. E Pieter Bruegel, o Velho, ao retratar camponeses no trabalho ou no lazer, como em “Jogos Infantis”, faz as primeiras pinturas com cenas do cotidiano.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Teste – A ARTE DO RENASCIMENTO
Giovanni Bellini – PIETÀ (III)
Hans Holbein, o Moço – OS EMBAIXADORES
Piero della Francesca – POLÍPTICO DE SANTO ANTONIO
Pieter Bruegel, o Velho – JOGOS INFANTIS

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
Arte/ Publifolha

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Teste – A ARTE MODERNA NO BRASIL

(Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

Muitos artistas e intelectuais brasileiros participaram da Semana de Arte Moderna no Brasil, realizada entre os dias 15 e 17 de fevereiro de 1922, cujo evento representou uma renovação nas artes brasileiras. Essa manifestação, contudo, já havia começado anos antes com exposições de Lasar Segall em 1913 e de Anita Malfatti em 1917, além de atividades literárias da conscientização acerca do momento em que se vivia e das transformações artísticas que aconteciam na Europa.

  1. Foi o responsável por aproveitar essas transformações para valorizar as raízes brasileiras que iriam orientar os artistas plásticos no país:

    1. Oswald de Andrade
    2. Victor Brecheret
    3. Menotti Del Picchia
    4. Mário de Andrade

  2. O movimento denominado ___________ mostrava as novas propostas estéticas através da divulgação em jornais.

    1. Brasil Brasileiro
    2. Terra Brasil
    3. Pau – Brasil
    4. Terra das Palmeiras

  3. Mais tarde, em 1928, o quadro e intitulado “Abaporu” (cujo nome significa antropófago em tupi-guarani) deu nome a um segundo movimento denominado:

    1. Brasileirinho.
    2. Brasilianismo.
    3. Canibalismo.
    4. Antropofágico.

  4. O quadro “Abaporu” foi uma criação da artista plástica de nome:

    1. Tarsila do Amaral.
    2. Anita Malfatti.
    3. Francisca Júlia.
    4. Yara Tupynambá.

  5. O novo estilo dos artistas brasileiros tinha como característica a compreensão de que, como antropófagos, eles poderiam:

    1. assimilar as formas importadas e criar algo totalmente nacional.
    2. criar, através do estudo importado, obras tão boas como as dos europeus.
    3. ignorar a arte dos artistas estrangeiros, para não interferir na nacional.
    4. Todas as respostas estão corretas.

  6. O grupo de artistas do movimento modernista brasileiro se iniciou com:

    1. a criação da pintura Abaporu.
    2. a semana de arte moderna de 1922.
    3. a chegada de um grupo de artistas vindos da Europa.
    4. uma lei criada pelo presidente Washington Luiz.

  7. Escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret foi um dos mais importantes artistas modernistas de nosso país. Uma de suas monumentais esculturas encontra se em frente ao Parque do Ibirapuera em São Paulo. É intitulada:

    1. Musa Impassível.
    2. Ponto de Equilíbrio.
    3. Homenagem aos Imigrantes.
    4. Monumento às Bandeiras.

  8. São obras de Tarsila do Amaral, exceto:

    1. Carnaval em Madureira.
    2. Cartão Postal.
    3. O Homem de Sete Cores.
    4. Operários.

  9. São obras de Anita Malfatti, exceto:

    1. A Chinesa.
    2. O Farol.
    3. Estudante Russa.
    4. Estrada de Ferro Central do Brasil.

  10. O famoso quadro de Tarsila do Amaral intitulado _______ encontra-se na Argentina.

    1. A Negra
    2. Apopuru
    3. Pescador
    4. Segunda Classe

Obs.: Conheça mais sobre a obra que ilustra este texto:
Tarsila – ABAPORU

Gabarito
1a / 2c / 3d / 4a / 5a / 6b / 7d / 8c / 9d / 10b

 

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A ARTE GÓTICA

Autoria de Lu Dias Carvalho

                      

O estilo Gótico nasceu na França, no século XIII, sendo identificado como a “Arte das Catedrais”. As mudanças políticas e econômicas que já se faziam sentir nos séculos anteriores também afetaram o campo artístico, produzindo uma grande revolução na arte, como era de se esperar. Contudo, o termo “gótico” só foi aparecer no século XVI, quando Giorgio Vasari, escritor, pintor e arquiteto italiano, relacionou tal período — num sinal de desprezo — com os godos — povo bárbaro que invadiu Roma por volta dos anos 400. Antes disso era chamado de “estilo ogival”, devido ao seu elemento característico — o arco ogival.

O estilo Gótico manifestou-se sobretudo no que tange à arquitetura, quando se descobriu que era possível fazer edificações com pedra e vidro, desde que os cálculos dos arquitetos estivessem corretos. Tratava-se de um estilo revolucionário de construção, mas, para isso, fez-se necessário que certas inovações técnicas ganhassem vida.  Uma regra importante na construção das catedrais é que elas deviam se erguer acima de todas as outras edificações da cidade, o que remetia à noção de proximidade do homem com Deus. Portanto, não é de se surpreender que para isso houvesse o predomínio da dimensão vertical sobre a horizontal — uma das características mais marcantes deste estilo.

O estilo Gótico espalhou-se de Ïle-de-France por toda a Europa, apresentando variedades de formas, de acordo com as tradições de cada região europeia. Por isso, pode-se dizer que há um gótico francês, alemão, italiano, espanhol, etc.

O chamado Gótico Internacional surgiu na Europa no final do século XIV. Dentre as suas principais características podem ser destacadas: uma narrativa marcante, refinamento decorativo, detalhamento naturalístico preciso, realismo das superfícies e cores exuberantes. Seu caráter internacional deu-se em consequência da semelhança entre as tendências estilísticas e técnicas que surgiram em centros geograficamente distantes. Existe uma expressiva aura de meditação e propósito nas mais importantes obras desse estilo, ainda que seu contexto seja assinalado pelo excesso de detalhes e, muitas vezes, extravagância. 

As catedrais góticas apareceram no norte da França durante a segunda metade do século XII. A arquitetura gótica afirmou-se nas regiões nórdicas da Europa, entre os séculos XII e XIII. A Catedral de Notre-Dame (Paris/França) teve sua construção iniciada em 1163 como uma obra de devoção à Maria. É uma das igrejas mais famosas do mundo e Patrimônio da UNESCO (ilustração à esquerda). O Duomo de Milão (imagem à direita) é, em dimensão, a maior igreja gótica existente.

O Prof. E.H. Gombrich em seu livro intitulado “A História da Arte” descreve maravilhado o interior das igrejas góticas: “No interior de uma catedral gótica somos levados a compreender a complexa interação de trações e pressões que mantêm a grandiosa abóbada em seu lugar. As paredes das novas igrejas eram formadas por vitrais polícromos que refulgiam como rubis e esmeraldas. Os pilares, nervuras e rendilhados despendiam cintilações douradas. […] Os fieis que se entregavam à contemplação de tanta beleza podiam sentir que estavam mais próximos de entender os mistérios de um reino afastado do alcance da matéria”.

A escultura relacionada com o período Gótico era feita em função da arquitetura das catedrais. As figuras eram alongadas para o alto, exageradamente caracterizadas pela verticalidade do estilo gótico. As feições eram caracterizadas de maneira que o devoto pudesse reconhecer com facilidade o personagem representado, uma vez que o objetivo era, através da ilustração, que os fiéis tivessem a compreensão dos ensinamentos religiosos. As esculturas adornavam o exterior das catedrais, enquanto no interior ficavam recolhidas em nichos.

A pintura por sua vez, não teve o papel fundamental desempenhado em outras épocas da história da arte, durante o período Gótico. Como nas catedrais góticas predominavam os espaços vazios, havendo ausência de paredes compactas, não interrompidas por aberturas, tornava-se impossível a decoração pictórica, o que contribuiu para que os ciclos narrativos pintados sobre as paredes (afrescos) acabassem desaparecendo.  A Itália, contudo, fugiu à regra, uma vez que a verticalidade e a leveza de suas igrejas não chegaram ao mesmo nível de outras regiões europeias.  Isso permitiu a sobrevivência da pintura com temas religiosos.

A pintura gótica foi precursora da pintura renascentista, tendo como característica o realismo. Como o declínio do Sacro Império Romano rompera com o seu papel unificador na cultura cristã ocidental, houve uma transformação dos temas religiosos na arte, dando-se um incentivo cada vez maior aos elementos de fantasia e de devoção pessoal. Personagens e cenas religiosas tornaram-se os principais temas do período Gótico, contudo alguns artistas acabaram por se distanciar de seus predecessores góticos ao adotar uma observação mais acurada da natureza e uma habilidade técnica exuberante em suas obras.

O “gótico flamengo”, cuja maturidade deu-se no século XV, diz respeito às obras produzidas na região de Flandres (hoje trata-se aproximadamente da Bélgica e de Luxemburgo). Ao rejeitar a elegância cortês e os ornamentos extravagantes do “gótico internacional”, os artistas flamengos acabaram criando um novo realismo em que as cenas excessivamente dramáticas deram lugar a retratos da vida doméstica, onde a espiritualidade e a realidade conviviam lado a lado. Esse período contou com grandes mestres da pintura, a exemplo de Jan van Eyck, Rogier van der Weyden, Hans Memling, Hugo van der Goes, etc.

Os grandes avanços conseguidos pela arte flamenga nos primeiros anos do século XV foram fundamentais para a Renascença, cuja origem encontra-se na Itália, vindo a espalhar-se por grande parte da Europa.

Curiosidade
O vitral, surgido no Oriente, foi um dos elementos chaves do estilo gótico.  Os vitrais eram muito utilizados nas catedrais góticas, sobretudo pela sensação de espiritualidade que repassavam, quando a luz externa atravessa os vidros coloridos. Os cristãos da Idade Média pensavam que a luz vinha diretamente de Deus. Os temas religiosos neles representados, além de embelezar as catedrais, também instruíam os devotos, pois a maior parte deles era analfabeta.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Teste – A ARTE GÓTICA
Giotto – A LAMENTAÇÃO DE CRISTO
Irmãos Limbourg – AS MUITO RICAS HORAS
Petrus Christus – O OURIVES
Pintor Anônimo – O DÍPTICO DE WILTON
Simone Martini – CRISTO CARREGANDO A CRUZ

Van der Goes – O TRÍPTICO PORTINARI
Van Eyke – OS ESPONSAIS DOS ARNOLFINI

Weyden – DEPOSIÇÃO DA CRUZ

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-medieval/arte-gotica/

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VILLA DEI MISTERI

Autoria de Lu Dias Carvalho

           

A imagens vistas acima mostram uma cena esplêndida que faz parte de um conjunto de afrescos maravilhosamente preservados. Esta riqueza da arte romana foi descoberta perto de Pompeia — cidade soterrada pelas lavas do vulcão Vesúvio, no ano de 79 d.C. — na Itália, nas ruínas de uma suntuosa villa romana — a Villa Misteri — que, para a alegria da Arte teve apenas pequenas danificações por ocasião de seu soterramento.

O afresco com a cena em questão encontra-se localizado na parte da frente da villa, no seu cômodo mais importante, conhecido como triclinium ou sala de jantar. Dentre as cores vistas na composição encontram-se o azul e o verde, o que indica que o proprietário da villa era muito rico, pois esses pigmentos eram caríssimos à época. O afresco faz parte de uma série de quadros onde são retratados os “mistérios” de um ritual de iniciação exclusivamente feminino. Historiadores da arte presumem que se referia ao ingresso de uma jovem “como mulher” na sociedade da época, quando a novata passava por uma morte e um renascimento simbólicos. O ritual está ligado a Dionísio — deus da agricultura e da natureza, da fecundidade, da alegria e do teatro, inspirador da fertilidade e também chamado de deus do êxtase, conhecido na mitologia romana como Baco.

Uma sacerdotisa encontra-se entre os presentes para acompanhar a jovem mulher no decorrer do ritual de iniciação. A pintura tem como fundo uma parede vermelha, diante da qual se encontram as figuras em meio a colunas pintadas. Algumas delas estão sentadas e outras de pé sobre uma estreita borda verde que passa impressão de palco. Os personagens parecem maiores do que os humanos.

A figura sentada de costas para o observador é a sacerdotisa. Ela usa um lenço na cabeça e uma coroa de murta sobre ele. Sua mão esquerda desvela uma bandeja, cujo conteúdo é desconhecido, enquanto a direita paira sobre uma vasilha, dentro da qual uma criada, usando uma coroa de murta, derrama um líquido, possivelmente água para a sacerdotisa lavar suas mãos.

Figuras mitológicas ali também se encontram. Sileno, companheiro e tutor de Dionísio, encontra-se de pé no centro da composição e toca uma lira. À sua esquerda um sátiro, sentado, toca uma flauta de Pã, enquanto uma ninfa, também sentada, alimenta uma cabra, enquanto outro caprino mostra-se de frente para observador.

A iniciada está de pé na lateral direita da pintura. Ela traz o corpo virado para a sua direita e a cabeça voltada para a esquerda, mostrando-se muito assustada com o ritual. Um véu esvoaçante cobre suas costas.

Curiosidade
O afresco é uma técnica de pintura que consiste em pintar sobre gesso ou argamassa ainda molhada, aplicando pigmentos puros aos quais se adiciona apenas água.

Ficha técnica
Afresco (detalhe)
Dimensão: 1,62 m de altura
Localização: Pompeia/Itália

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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